Saúde e Comunidade III AULA O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □Porque discutir sintoma como diagnóstico? Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Roteiro: - Magnitude do problema - Como este tema aparece na bibliografia internacional - Perfil das queixas - Como este problema de saúde aparece na bibliografia internacional e nacional - Que pistas a nomenclatura do problema – MUPS ; SEM – nos dá sobre a compreensão do que se trata este problema e sobre o seu manejo? - A evolução dos sintomas que não chegarão a se constituir como elementos de um conjunto de sintomas que permitirão a definição de uma doença – prognostico. - Todo o sintoma que não constituem-se em elementos parte de um conjunto de sinais e sintomas que permitirão o diagnóstico de doença, constituirão, por conta disso, diagnóstico de “problema” psicológico? Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Porque discutir o tema – magnitude do problema: - 15 a 50% das queixas que aparecem na atenção primária são sintomas físicos não explicáveis pelo modelo biomédico - 50% das pessoas que visitam o médico não tem uma doença biológica de base (Kleinman,A. Et alli. Culture, Illness, and Care: Clinical Lessons From Anthropologic and Cross-Cultural Research. Annals of Internal Medicine 1978; 88:251;2006) - A maior parte dos problemas de saúde – em torno de 80 a 90% apresentados em regime ambulatorial são benignos e enquadramse num número limitado de entidades clinicas. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Perfil mais comum das queixas: - Cefaleias - dispepsia ("indigestão“, “dor de estomago”, eructação (arrotos), empachamento, peso, pirose (queimação), náusea, etc...) - Dor nas costas - Fraqueza - Cansaço , fadiga - Tonteiras Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Como este problema de saúde aparece na bibliografia internacional e nacional ? - Bibliografia internacional - MUPS - Medical Unexplained physical symptoms - Bibliografia Nacional – SEM – Sintoma sem explicação médica Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Que pistas a nomenclatura do problema – MUPS e SEM – nos dá para compreendermos melhor do quê se trata este problema e do seu manejo? Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Porque este sintomas são identificados como sintomas sem explicação médica (SEM)? - O que seria um explicação médica? sintoma com Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Porque este sintomas são identificados como sintomas sem explicação médica (SEM)? - O que seria um sintoma com explicação médica? - Para responder a esta pergunta é preciso se recuperar o caminho do raciocínio clínico! Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - O que se pretende com o raciocínio clinico? Qual o seu propósito central? Estabelecer o diagnóstico de doença Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - A prática médica gira em torno da construção de diagnósticos de doenças. Mas como o clinico pensa para estabelecer o diagnóstico? Quais são os passos/ etapas do raciocínio clinico? Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Como se dá o raciocínio clinico: nível I – o fluxo do raciocínio estabelecimento do diagnóstico: sintoma Sinal síndrome clínico para doença Obs: . A queixa tanto pode aparecer sob forma de sintoma como forma de sinal Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Quando o médico ouve uma queixa – seja ela expressão de um sinal ou de sintoma – ele buscará definir uma síndrome. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Como o médico faz para identificar a síndrome ( conjunto de sinais e sintomas que costumam aparecer juntos e sugerem a possibilidade de presença de algumas doenças)? . busca outros sintomas e/ou sinais através da história clinica e do exame físico; Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - O que pode acontecer quando ele realiza este exercício? . hipótese 1a: queixa= sintoma -> encontra outros sintomas e sinais -> define síndrome; . hipótese 1b: queixa = sintoma -> encontra outros sintomas -> define síndrome; . hipótese 1c: queixa = sintoma -> encontra outros sinais -> define síndrome; . hipótese 1d: queixa = sintoma -> encontras outros sinais e/ou sintomas e NÃO define síndrome; . Hipótese 1e : queixa = sintoma -> não encontra outros sinais e sintomas e não define síndrome Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - O que pode acontecer quando ele realiza este exercício? . hipótese 1a: queixa = sinal -> encontra outros sinais e sintomas -> define síndrome; . hipótese 1b: queixa = sinal -> encontra outros sintomas -> define síndrome; . hipótese 1c: queixa = sinal -> encontra outros sinais -> define síndrome; . hipótese 1d: queixa = sinal -> encontras outros sinais e/ou sintomas e NÃO define síndrome; . hipótese 1e : queixa = sinal -> não encontra outros sinais e sintomas NÃO define síndrome Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Nível 2 do raciocínio clinico – estabelecimento do diagnóstico da doença Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Nível 2 do raciocínio clinico: - Definida a síndrome, como são definidas as doenças na prática médica contemporânea? Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias Dúvida frequente: - para se estabelecer diagnóstico de doença (diagnóstico nosológico) será sempre necessário, previamente, se estabelecer diagnóstico da síndrome (diagnóstico sindrômico)? Não! há doenças que são diagnosticadas sem que uma síndrome seja identificada!! Quando isto se dá? Quando existe 1 sinal ou 1 sintoma patognomônico (a presença deste signo caracteriza especificamente 1 doença) Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Como definimos as doenças prática médica contemporânea? na Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ nas tradições diagnósticas contemporâneas há modos diferentes de definição das doenças. □ os critérios de definição são : a) a sintomatologia; b) a localização anatômica; c) os mecanismos funcionais alterados; d) a causa; Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Para 50% das pessoas que apresentam algum mal estar – físico!!! - e nos procuram, não é possível constituir diagnóstico segundo estes moldes. Problema do médico? Não, limitação do MÉTODO de definição das doenças!!! Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Considerando os critérios de definição de doença existentes hoje, o diagnostico de doenças, só é possível para 50% das pessoas que procuram o cuidado primário em saúde. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias Conclusões parciais: □ este método é inadequado para 50% dos pacientes que chegam na atenção primária. □ Quando este método é utilizado para este conjunto de pacientes desrespeitamos a experiência de sofrimento destas pessoas. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias Conclusões parciais: □ As alternativas que o método nos deixa são limitadas. Vejam algumas: a) dizer “ o senhor não tem nada!” b) não se conformar com o fato de não ter podido dar um diagnóstico e submeter a pessoa a investigações desnecessárias c) ignorar que o elementos presentes na história e no exame físico não lhe permitiram dar sequer o diagnóstico sindrômico e, a despeito disso, instituir um tratamento que será, obviamente, desnecessário. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias Conclusões parciais: □ Para 50% das pessoas que procuram o cuidado primário em saúde fica impossível seguir o raciocínio clínico em todos os seus passo, processo que supostamente levaria ao diagnóstico de doença. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Na atenção primária é muito comum que o raciocínio clinico seja interrompido entre o primeiro e o 3º nível! 50% , ou menos dos problemas da SPS sintoma Sinal Síndrome DOENÇA Até 50% das5%555 queixas na APS Lembrem-se: - Há sinais sem sintomas; - Há sintomas sem sinais; -Há sinais sem experiência de adoecimento - Há sintomas sem experiência de adoecimento - Há doenças sem experiência do adoecimento -Há experiência de adoecimento sem doença - No contexto da atenção primária o estabelecimento do diagnóstico de doença, nos moldes do método clínico, acontecerá para 50% , ou menos, das pessoas que buscam o médico. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Dois exemplos de problemas comum na APS que não se adéquam ao método vigente de estabelecimento de diagnóstico de doença: a) um problema em que se estabelece o diagnóstico sindrômico e não se estabelece o diagnóstico nosológico: sintoma Sinal Síndrome diarreica DOENÇA b) Um problema que é incompatível com o estabelecimento do diagnóstico sindromico e do diagnostico nosológico : Sintoma MUPS/SEM Sinal Síndrome DOENÇA Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Exemplo a - diarreia : - diarreia (sintoma) + febre, desidratação e dor à palpação do abdômen (sinais) = diagnóstico de síndrome diarreica (por indefinição do agente causal). - Para se estabelecer o diagnóstico da doença, o agente causal teria que ser identificado. Nem sempre isto será necessário !! sintoma Sinal Síndrome diarreica DOENÇA Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Exemplo a – diarreia - Lembrem-se: . o diagnóstico sindrômico pode ser suficiente para se iniciar o tratamento, (pense no problema exemplo) . O diagnóstico sindrômico não necessariamente será um diagnóstico de 2ª classe; . O tratamento que não está centrado na causa – tratamento sintomático – não necessariamente é inferior. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Exemplo a – diarreia : - Pense na importância do tratamento de uma diarreia aguda, que dura alguns poucos dias (em média 2), de provável causa infecciosa (bacterianas e virais são as mais comuns ), num jovem hígido, num idoso com saúde frágil e em bebês. - CONTROLAR a febre, a desidratação, a queda de estado geral, nos dois últimos casos, pode salvar vidas! - Controlar, em muitas situações clinicas. é tão importante quanto curar!!! Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Exemplo a – diarreia : - Exemplo: diarreia (sintoma) com (febre, desidratação e dor à palpação do abdômen) = diagnóstico de síndrome diarreica (por indefinição do agente causal). Isso não impede que se inicie o tratamento!) - Lembrem-se: em muitos casos o diagnóstico sindromico pode ser mais que suficiente para definir o tratamento. - O que pode permitir o inicio do tratamento nesta situação? Uma outra compreensão da noção de “causa”: a) agente etiológico (atitude do pesquisador) b) articulação do suposto agente etiológico, com aspectos relacionados à predisposição individual, e ao ambiente c) uma outra compreensão do desafio do trabalho médico – controlar e aliviar são ações tão relevantes quanto curar!!! Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Que outras perguntas são necessárias quando fica impossível seguir o raciocínio clínico que supostamente levaria ao diagnóstico da doença: sintoma - Sinal Síndrome DOENÇA Outras perguntas devem ser feitas quando não se pode chegar ao diagnóstico da doença: . Trata-se de um caso grave? . Trata-se de um caso urgente? . Há necessidade de diagnóstico preciso? . Qual o risco de um diagnóstico incorreto para o paciente? Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Exemplo a – diarreia: sintoma Sinal Síndrome diarreica DOENÇA - A resposta a estas perguntas estão fora do âmbito exclusivo do diagnostico sindromico e nosológico. Elas demandam um diagnóstico situacional (situação de saúde, de vida, de ambiente, de contexto ) Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias Exemplo b – SEM: Sintoma SEM Sinal Síndrome DOENÇA . . problema não se adequa ao padrão de diagnostico de doença . . a despeito desta incompatibilidade, tem bom prognóstico Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Exemplo b – SEM - Como diagnosticar: a ) Colher história do sintoma (tempo, duração, circunstancia de aparecimento, etc) e da pessoa b) identificar, pelo relato, fatores predisponentes e precipitantes dos SEM c) identificar, pelo relato, outros sintomas não relatados que permitiriam descartar a hipótese de SEM d) identificar história do “tratamento” recebido anteriormente para este episódio de SEM e) identificar, pelo relato, fatores relacionados ao médico que podem ocasionar o SEM – má comunicação Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Exemplo b – SEM: f)identificar, pelo relato, a historia de tratamentos para outros problemas de saúde que possam cursar com sintomas semelhantes aquele referido no SEM g) fazer exame físico adequado, h) a partir da consideração dos itens a a h, pode-se dizer da probabilidade de ser efetivamente um SEM ou de ser um sintoma inespecífico inicial de alguma patologia. i ) Uma boa história pode indicar também a probabilidade do SEM se cronificar. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ O diagnostico nem sempre é possivel, a não ser que o médico se contente em ser impreciso. Por muitas vezes teremos que tratar queixas (perspectiva do paciente)/ sintomas (perspectiva do médico). □ Porque é muito importante saber disso? Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Qual é o prognóstico dos SEM ? Bom! Costuma se resolvem em 2 a 4 semanas A boa comunicação médicopaciente é um fator que favorece esta evolução Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Prognósticos menos comum do SEM: - Cronificação (SEM Cronificado) - Cursar com outros sintomas psiquiátricos (ansiedade e depressão) que, por sua vez , não constituem diagnóstico psiquiátrico. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias □ Prognósticos menos comum do SEM: - “evoluir” para uma patologia psiquiátrica. Não é a evolução mais comum mas pode acontecer ( “evoluir” para um transtorno de somatização. Esta evolução depende da articulação complexa de diferentes fatores ) - Favorecer o aparecimento e desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão) Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - SEM e ansioso: transtorno depressivo e apenas 5% desenvolverão transtorno de depressão e ansiedade! Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - SEM e transtorno de somatização: . os SEM crônicos poderão ou não, dependendo de vários fatores relacionados à apresentação do sintoma, e/ou da forma como se articula com outros sintomas psiquiátricos, ser definido como um quadro de transtorno de somatização,. . Os quadros assim definidos precisarão de um cuidado especializado. Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - Variáveis que influem para a produção do diagnóstico e do projeto terapêutico para uma doença, síndrome ou sintoma: “Historia” dos sinais e sintomas (objetiva e vivida) Recursos do serviço Recursos do ambiente Diagnostico Caráter agudo ou crônico do quadro (sintoma/sindrome/ doença História pessoal; História familiar; Historia social Aula O manejo de sintomas como diagnóstico: uma questão central no contexto da APS para todos os grupos e faixa etárias - O peso das variáveis varia para a produção de diagnóstico de problemas tipo SEM, de síndromes e de doenças. “Historia” dos sinais e sintomas Recursos do serviço Recursos do ambiente Diagnostico de sintoma Caráter agudo ou crônico do quadro História pessoal; História familiar; Historia social