Relacionamento interpessoal e feedback - uma parceria de sucesso
*Bernardo Leite
Como garantir resultados sustentáveis?
É tão surpreendente afirmar que teremos muito mais resultados se o ambiente entre as
pessoas for bom. Mas, afinal, precisaríamos afirmar isso?
Infelizmente, parece que sim, mesmo que o fator gregário do ser humano seja unanimidade,
desde os primórdios da civilização. No entanto, admitimos: manter um relacionamento
interpessoal adequado é esforço diário, não é um fato natural.
Encontramos razões das mais diversas possíveis para não simpatizar com alguém. Desde uma
mal-entendido, passando pelas preferências dos chefes, resvalando nas competições sobre
tudo, até... não sabemos porque, mas não gostamos dele (dela).
O tema é bem abrangente, mas como temos que ser objetivos, vamos direto ao ponto. A base
do relacionamento interpessoal é: o relacionamento intrapessoal.
Isso é, se o relacionamento interpessoal refere-se aos outros, o intrapessoal refere-se a como
nos relacionamos conosco. Ou seja, como enfrentamos nosso maior inimigo. É nesse ponto
que temos que nos deparar com todos os fatores que fazem e fizeram parte de nossas vidas,
de forma geral, dentro de um raciocínio de causa e efeito, afinal nós somos o que fazemos e o
que sentimos.
Estamos falando de desenvolvimento e do seu primeiro passo, o autoconhecimento. Não
poderemos exercer uma ação efetiva de desenvolvimento sem esse esforço inicial de
autoconhecimento. No próprio planejamento estratégico organizacional devemos iniciar pela
identificação dos pontos fortes e fracos.
É aqui que o feedback dá sinal de vida. Já afirmamos que não há desenvolvimento sem
feedback. Por exemplo, qual a nossa expectativa após a prova? Resposta: a nota, ou seja, o
feedback.
Não conseguiremos desenvolvimento sem o feedback, que também nos possibilita ter uma
melhor compreensão de como os outros nos veem. Que imagem eles têm de mim? Como
trabalhar a percepção dentro das organizações.
Tudo isso para que? Definitivamente, para melhorar a produtividade e ter mais lucro. Sem
qualquer dúvida. E é nesse ponto que salientamos: quando vão dar o crachá para a emoção?
Que história é essa de dizer que contratamos só o profissional (a pessoa fica lá fora)?
Já está mais do que na hora de enfrentarmos essa situação de maneira objetiva e humana.
Para encerrar, vou comentar um fato ocorrido durante umas das pesquisas de Grogory
Bateson (pensador e pesquisador inglês da área de comportamento em geral). Analisava-se o
processo de aprendizagem dos golfinhos. A cada dia de treinamento era reforçado um novo
tipo de salto dando-se um peixe para o golfinho quando ele desse o salto esperado. Um fator
importante é que o golfinho só ganhava um peixe (reforço) se o salto fosse novo (saltos
antigos não eram reforçados). Os golfinhos são, reconhecidamente, inteligentes e, em 15 dias
estavam prontos para um espetáculo.
Mas Bateson percebeu um detalhe estranho, pois o treinador jogava peixes ao golfinho fora do
treinamento. Bateson questionou o motivo. O treinador respondeu: "Ah, é para manter as
coisas amigáveis, naturalmente. Afinal, se não tivermos um bom relacionamento ele não vai se
dar ao trabalho de aprender alguma coisa". Pois é, golfinhos!
Bernardo Leite é psicólogo com especialização em Administração de
Empresas. Tem experiência de mais de 20 anos em empresas de diversos
segmentos empresariais, em nível gerencial e diretivo. É palestrante e
articulista na área de gestão, comportamento organizacional e estratégia,
autor de vários livros entre eles dois best sellers: O Ciclo de Vida das
Empresas e Dicas de Feedback.
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