UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL
UNIDADE ACADÊMICA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
Efeito do tamanho da partícula e do tempo de armazenamento na qualidade
bromatológica e na incidência de microrganismos da silagem da parte aérea da
mandioca (Manihot esculenta Crantz, 1766)
CENIRA MONTEIRO DE CARVALHO
RIO LARGO – ALAGOAS
2008
CENIRA MONTEIRO DE CARVALHO
Efeito do tamanho da partícula e do tempo de armazenamento na qualidade
bromatológica e na incidência de microrganismos da silagem da parte aérea da
mandioca (Manihot esculenta Crantz, 1766)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Produção Vegetal, da Unidade Acadêmica do
Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal
de Alagoas, como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre. Área de concentração: Forragicultura.
Orientadora: Profa. Dra. Edna Peixoto da Rocha Amorim
Co-orientadora: Profa. Dra. Edma Carvalho de Miranda
RIO LARGO – ALAGOAS
2008
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecária Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale
C331e
Carvalho, Cenira Monteiro de.
Efeito do tamanho da partícula e do tempo de armazenamento na qualidade
bromatológica e na incidência de microrganismos de silagem da parte aérea da
mandioca (Manihot esculenta Crantz, 1766) / Cenira Monteiro de Carvalho.
– Rio Largo, 2008.
48 f. : tabs. e grafs.
Orientadora: Edna Peixoto da Rocha Amorim.
Co-Orientadora: Edma Carvalho de Miranda.
Dissertação (mestrado em Agronomia : Produção Vegetal) – Universidade
Federal de Alagoas. Centro de Ciências Agrárias. Rio Largo, 2008.
Inclui bibliografia.
1. Mandioca – Silagem. 2. Resíduos vegetais – Degradação. 3. Conservação
vegetal. 4. Forragem. I. Título.
CDU: 633.493
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.
(Vida - Charles Chaplin)
Agradecimento Especial
Obrigado Senhor,
Porque és meu amigo, porque sempre
comigo tu estás a falar: no perfume das
flores, na harmonia das cores e no mar
que murmura o teu nome a rezar.
Escondido Tu estás, no verde das
florestas nas aves em festa, no sol a
brilhar. Na sombra que abriga, na
brisa amiga, na fonte que corre ligeira
a cantar.
Te agradeço ainda porque na alegria
ou na dor de cada dia posso Te
encontrar. Quando a dor me consome,
murmuro o Teu nome e mesmo sofrendo,
eu posso cantar, Obrigado Senhor
(Autor desconhecido)
Dedico
Ao meu querido pai Anivaldo Monteiro de Carvalho
(in memoriam) que em tão pouco tempo de convívio conosco,
nos preparou para esta vida e a flor mais bela do meu
jardim, minha mãe, Eunice Galdino de Carvalho, que
mesmo em tempos difíceis sempre sobe ser forte para nos
mostrar o que a vida tem de mais belo;
À minha querida avó, Emerita Ortência de Omena,
que aos seus 97 anos ainda é a fonte de sabedoria de nossa
família;
Aos meus amados irmãos: Janice, Iara, Tânia,
Márcia, Nádia, Jeane, Jussara e Jarbas, sempre amigos
e carinhosos;
À pessoa com quem divido minhas aflições, momentos
de carinho, sonhos e muitas emoções, Carlos Kleber
(Linhos), que com sua paciência infinita e seu amor, soube
sempre perdoar meus defeitos e as minhas ausências;
Ao meu “potinho de mel”, Klebinho, que sempre
docemente diz sua frase – mamãe, te amo no fundo do meu
colação (coração).
Enfim, aos meus maravilhosos sobrinhos que de vez em
quando, me permitem ser criança para alegrar meus dias.
Agradecimentos
À Dra. Profa. Edna da Rocha Amorim Peixoto, por ter acreditado na minha pessoa e
ter aceitado me orientar, mesmo sem saber o que poderia vir acontecer no desfecho deste
trabalho. À ela a minha eterna admiração e gratidão.
À Dra. Profa. Edma Carvalho de Miranda por ter iniciado este trabalho e pela força
nas horas em que pensei em desistir desta caminhada, minha estima especial.
Ao meu amigo zootecnista Luciano Lopes por permitir a coleta do material para a
ensilagem em sua propriedade e por está sempre disposto a colaborar no que for possível.
Ao quarteto amigo: Beatriz Farias, Cristhiane Bazílio, Maria Emília Menezes e
Jaqueline Maria da Silva; pessoas indispensáveis no decorrer dessa maratona. A elas o meu
eterno carinho e agradecimentos.
Ao doutorando João Gomes pelas análises estatísticas e por me socorrer no
momento em que eu achava que tudo estaria perdido, meu infinito apreço.
Aos Professores Dra. Sonia Salgueiro Machado e Dr. Luiz Carlos Caetano por ter
aberto as portas dos seus laboratórios e permitido que eu desempenhasse parte deste
trabalho.
Ao Prof. Dr. Antônio Euzébio Goulart Sant’Ana que me permitiu subir mais um
degrau na vida acadêmica, pela amizade, pelos conselhos de um sábio e pela bolsa de
pesquisa cedida.
À Dra. Denise Maria Pinheiro pelo incentivo em obter o título de mestre.
À amiga Sandra Maria Quintela Souza Aguiar pelos ensinamentos, pela amizade de
sempre e descontração nas horas vagas.
Às amigas Josiane Luna e Raquel Ferreira, sempre dispostas a ajudar no que for
preciso.
Ao amigo Aldy dos Santos pela confecção de algumas vidrarias utilizadas para
realização deste trabalho.
Aos colegas Júlio César da Silva e Élida Fernanda Marins por ter ensinado técnicas
de desenvolvimento de microrganismos, processo indispensável na realização dos
experimentos microbiológicos.
Aos colegas de sala de aula Josemildo Verçosa e Alexandre Duarte pela ajuda nos
estudos e ânimo nas horas de desespero.
Aos funcionários da Pós-graduação Marquinhos e Geraldo, sempre dispostos em
auxiliar aos alunos no que fosse preciso.
Aos professores pelos ensinos transmitidos em especial à Dra. Edna Amorim, Dra.
Edma Miranda, Dra. Iracilda Lima e o Dr. Eurico Lemos pela clareza na didática
permitindo assim que as aulas se tornassem sempre agradáveis.
Ao Dr. Cyro Cabral pelo empréstimo de sua vasta literatura e considerações
relatadas no início dos experimentos.
Enfim a todos aqueles que contribuíram para que a realização deste trabalho fosse
concretizada.
SUMÁRIO
Capítulo 1 – Efeito do tamanho da partícula e do tempo de
armazenamento na qualidade bromatológica e na
incidência de microrganismos da silagem da parte aérea
da mandioca (Manihot esculenta Crantz, 1766)
RESUMO
SUMMARY
1.1. INTRODUÇÃO
1.2. REVISÃO DE LITERATURA
1.2.1. Aspectos Gerais da Cultura Mandioca
1.2.2. Importâncias Sócio-econômica e Nutricional
1.2.3. A Parte Aérea da Mandioca
1.2.4. Silagem da Parte Aérea da Mandioca
1.2.5. Microflora da Mandioca
1.2.6. Microflora da Silagem
1.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.4. OBJETIVOS
1.4.1. Objetivo Geral
1.4.2. Objetivos Específicos
1
3
3
4
5
6
7
8
10
15
15
15
Capitulo 2 - Influência do tamanho de partículas e tempo de
armazenamento na bromatologia da silagem da parte
aérea da mandioca
RESUMO
SUMMARY
2.1. INTRODUÇÃO
2.2. MATERIAL E MÉTODOS
2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.4. CONCLUSÕES
2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO
20
21
22
30
31
Capítulo 3 - Incidência de microrganismos na silagem da parte
aérea da mandioca (Manihot esculenta Crantz) com
diferentes tamanhos de partículas e tempos de
armazenamento
RESUMO
SUMMARY
3.1. INTRODUÇÃO
3.2. MATERIAL E MÉTODOS
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.4. CONCLUSÃO
3.5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
39
40
41
45
46
CAPÍTULO 1
Efeito do tamanho da partícula e do tempo de armazenamento na qualidade
bromatológica e na incidência de microrganismos da silagem da parte aérea da
mandioca (Manihot esculenta Crantz, 1766)
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência do tamanho de partículas e tempo
de armazenamento sobre a qualidade bromatológica e a incidência de microrganismos
na silagem da parte aérea de mandioca. Foram confeccionados mini-silos experimentais
contendo a parte aérea de mandioca (hastes e folhas) que receberam tamanhos de
partículas diferentes (sem corte; 1,5; 2,5 e 3,5 cm) as quais foram armazenadas por
tempo de armazenamento de 3, 15, 30 e 45 dias. Inicialmente, analisou-se a composição
bromatológica desse material, obtendo então os níveis de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), material mineral (MM), fibra de detergente neutro (FDN), fibra de
detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), lignina, pH e poder tampão (PT). O
tratamento que não recebeu trituração (0,0 cm), apresentou os melhores níveis
bromatológicos para a silagem da parte aérea da mandioca e o melhor tempo de
armazenamento foi o de 30 dias. A última fase deste trabalho constou do isolamento,
caracterização e quantificação de microrganismos incidentes na silagem da parte aérea
da mandioca. Nessa etapa observou-se que os tratamentos com 15 dias de
armazenamento obtiveram a maior ocorrência de microrganismos, sendo eles prováveis
bactérias totais.
Palavras-chave: conservação vegetal, forragem, degradação, microflora
SUMMARY
This study aimed to evaluate the influence of particle size and time of storage on the
quality chemical, stability and the incidence of aerobic microorganisms on silage aerial
part of cassava. We made experimental mini-silos containing the shoot of cassava
(stems and leaves) that received different sizes of particles (0, 1.5, 2.5 and 3.5 cm) and
time of storage, 3, 15, 30 and 45 days. In the first stage of work, looked up the chemical
composition of this material, then getting the levels of dry matter (DM), crude protein
(CP), mineral material (MM), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber,
(FDA), ether extract (EE), lignin, pH and buffer power (PT). At the end of the analysis
concluded that the treatment that received no grinding, particle size of 0.0 cm, showed
the highest levels bromatologics for silage of the aerial part of cassava and the best time
was the storage of 30 days. In the second phase was observed aerobic stability of silage
of the aerial part of manioc, where for 10 days, twice a day (8:00 and 15:00 h), was
collected at room temperature and the temperature of silage with the aid of a digital
thermometer. The degradation occurred only when the temperature of the silage reached
2 ° C above the ambient temperature, the latter ranged from 23.5 to 28 ° C. From this
observation evidenced out that the largest decline occurred in the sixth day, thus say that
the silage can be considered stable. The last phase of this work consisted of isolation,
characterization and quantification of microorganisms incidents on silage of the aerial
part of cassava. At that stage it was observed that treatment with 15 days of storage
obtained a higher occurrence of microorganisms, which are bacteria totals.
Keywords: plant conservation, forage, degradation, microphora
1
1.1. INTRODUÇÃO
A mandioca, Manihot esculenta (Crantz, 1766) é nativa do Brasil e desde que os
navegadores portugueses chegaram a nossas terras encontraram-na sendo utilizada
como alimento e estimulantes para os índios (PRATA, 1983). Ela ainda hoje representa
a base da alimentação brasileira, principalmente nordestina.
Essa cultura possui como características uma raiz tuberosa comestível, composta
por várias camadas das quais a mais externa, felema, é uma película de proteção que
apresenta diversas colorações (parda ou marrom, branca, cinza, rosada, dentre outras),
sua superfície pode ser lisa, meio-rugosa, rugosa, muito rugosa. Abaixo desta vem o
córtex e o floema que encerra as células ricas de amido e apresenta-se na cores: creme,
amarela, rósea, roxa, violácea ou branca. O floema possui o ácido cianídrico, princípio
tóxico da planta, e finalmente a polpa, parte carnosa, é constituída de fibra e rica em
amido, possuindo a coloração branca (CONCEIÇÃO, 1981).
A mandioca é um vegetal que não requer muito cuidado, pois prospera em
qualquer tipo de solo inclusive em terras arenosas e pobres em minerais, porém
apresenta nestas condições qualidade inferior. A temperatura ideal para o cultivo deste
vegetal é em média de 20ºC, todavia não há inconveniente nenhum ir até 27-28ºC
(PEIXOTO, 1963). Suporta muito a seca e quando o grau térmico cai abaixo de 15ºC,
há uma paralisação na atividade (PRATA, 1983).
A importância do cultivo desta euforbiácea pode estar vinculada a três aspectos:
de subsistência, cultural e econômico. Ela é empregada na alimentação animal como
fonte de energia, geradora de emprego e de renda, de maneira especial, nas áreas pobres
da região Nordeste (CEREDA, 2002).
A produção da mandioca visa o melhor aproveitamento da raiz, onde maior parte
está direcionada a fabricação de farinha, porém as folhas têm ótimas características
nutricionais e nela se destacam os teores de proteína, vitaminas e minerais. Entretanto,
até certo tempo atrás, a população brasileira não possuía o costume de consumir esta
parte da mandioca, exceto nas regiões Norte e Nordeste do País que a usa em um de
seus pratos típicos denominado de maniçoba (CEREDA & VILPOUX, 2003). A oferta
como forma de alimento aos animais também é pouco difundida, pois após a colheita da
raiz a parte aérea na maioria das vezes é deixada no campo, gerando assim um grande
desperdício (CARVALHO, 1998).
2
Já há alguns anos, a parte aérea da mandioca vem sendo introduzida em
multimisturas, como suplemento alimentar para crianças desnutridas; na fabricação de
farelo da folha para nutrição animal; de carvão prensado (briquete), que tem como
matéria-prima o caule e é ecologicamente recomendado (LATINA, 2006). A parte
superior da mandioca também é conservada, na forma de ensilagem, para ser ofertada
aos animais em épocas de secas, quando o alimento se encontra em escassez.
O processo de ensilagem vem atenuar o desperdício da parte aérea da mandioca;
preservar os nutrientes existentes, principalmente a proteína que nas folhas está em
maior proporção; tornar menos onerosa a forma de alimentar os animais, entre outras
vantagens. Porém o processo de ensilagem apresenta também seus problemas, como:
contaminação com microrganismos indesejáveis, devido o mau manuseio durante o
preparo da ensilagem e presença de substância tóxica, o ácido cianídrico (HCN).
3
1.2. REVISÃO DE LITERATURA
1.2.1. Aspectos Gerais da Cultura da Mandioca
A mandioca é originária de regiões tropicais como a América do Sul,
provavelmente da região Nordeste e Central do Brasil, onde já era cultivada pelos
índios. Segundo CAMARGO (2003) a mandioca foi descrita pela primeira vez no ano
de 1573 por Magalhães Gandavo, porém o nome científico foi dado originalmente por
Crantz em 1766 (CEBALLOS & CRUZ, 2002).
Esse vegetal é uma dicotiledônea pertence à família Euphorbiaceae, do gênero
Manihot. Este gênero possui várias espécies, tendo em destaque a M. ultilissima Pohl
(sinonimia da espécie M. esculenta Crantz, 1766) e M. dulci Pax, onde a diferença
botânica entre as duas possivelmente está no fruto, com aspecto alado, para a primeira, e
liso, para a segunda (SUZUKI, 2006).
A M. esculenta é um arbusto perene, que possui folhas simples com coloração
variando, de púrpura até verde claro, de acordo com a idade da planta e o tamanho das
folhas varia conforme a cultivar e depende muito das condições ambientais. O caule é
de grande importância, o qual é utilizado para a multiplicação vegetativa. A mandioca
possui ainda flores femininas e masculinas, sendo as femininas ligeiramente maiores
que as masculinas e fruto de forma ovóide e globular (CEBALLOS & CRUZ, 2002).
Esse vegetal tem cinco fases fisiológicas, sendo quatro ativas e uma de repouso
vegetativo, a primeira fase trata-se da brotação da maniva que ocorre após o sétimo dia
do plantio, quando as raízes alcançam cerca de 8 cm de comprimento, aparece a
primeira brotação e aos 10-12 dias emergem as primeiras folhas; a segunda fase aborda
formando este sistema, constituído de raízes fibrosas que são responsáveis pela absorção
da solução do solo; a terceira fase revela o desenvolvimento da parte aérea que tem
duração de 90 dias e durante esse tempo cada cultivar desenvolve seu aspecto típico; a
quarta fase corresponde ao engrossamento das raízes de reserva onde ocorre a migração
das substâncias de reserva, sacarose e açúcar comum, para as raízes de armazenamento
e também ocorre a lignificação das ramas; por fim a última fase é onde a planta entra
em repouso e perde suas folhas naturalmente, encerrando assim a sua atividade
vegetativa (TERNES, 2002).
TAFUR (2002) revela que, as folhas nos três primeiros meses de idade da planta
têm prioridade sobre a formação das raízes e que do terceiro ao sexto mês do cultivo há
4
um aumento no índice de aérea foliar e depois baixa à medida que as folhas mais velhas
caem por falta de luz solar em sua parte basal.
A mandioca requer um solo profundo, bem drenado cheio de humo, produz em
melhores condições em solos silicosos do que em terrenos quimicamente tratados. Os
solos idéias para plantar mandioca devem ter uma textura fina, possuindo elementos
minerais básicos para planta, como: N, P, K e Ca. Porém não tolera terrenos
encharcados, pois em épocas de chuva quando a água não é drenada a planta torna-se
clorótica e os tubérculos apodrecem (PRATA, 1983).
A cultura da mandioca consegue produzir sob diversas condições climáticas, as
temperaturas muito altas são mal suportadas, porém resiste muito à seca. As chuvas de
primavera são sempre bem vindas, pois favorece a brotação das manivas e o
desenvolvimento de nova haste (PEIXOTO, 1963), porém temperaturas abaixo de 15º C
retardam a brotação da maniva e diminuem ou paralisam sua atividade vegetativa
(OTSUBO & LORENZI, 2004).
Por apresentar tolerância a diversos tipos de clima e solo ela é cultivada em
diversas regiões do mundo (FERRI, 2006), tendo como principal produtor mundial a
África, destinando esse alimento no combate à fome (GOEBEL, 2005).
No Brasil é cultivada em todo território, onde as regiões Nordeste e Norte são as
maiores produtoras e consumidoras (CARDOSO & SOUZA, 2002). No ano de 2003 o
valor da produção de mandioca foi de R$ 3,28 bilhões, ocupando a 11ª posição no
“ranking” da produção agropecuária brasileira (TSUNECHIRO, 2004).
O cultivo da mandioca no Estado de Alagoas abrange todas as microrregiões, o
município de Arapiraca se destaca como maior produtor do estado, seguido de Palmeira
dos Índios, da microrregião Serrana do Sertão Alagoano e de São Miguel dos Campos,
representando assim 82% da produção total do Estado, no ano de 1995/96 (SAMPAIO
et al., 2003).
1.2.2. Importâncias Sócio-econômica e Nutricional
A importância econômica da mandioca vem desde o período imperial,
precisamente no final do século XVIII, onde D. Pedro I e os Irmãos Andrada
elaboraram um projeto de Constituição de interesse da elite agrária que se tornou
conhecido como “Constituição da Mandioca”, onde o voto censitário tinha como
parâmetro a quantidade de terra, baseada na quantidade de mandioca plantada e farinha
5
produzida, pois a mandioca era alimento dos escravos, o que indiretamente baseava a
quantidade de escravos (GOEBEL, 2005).
A cultura da mandioca tem um papel importante no Brasil, constituindo um
produto básico na alimentação humana; é utilizada também na alimentação animal; é
fonte geradora de emprego e de renda, para agricultores e consumidores de baixo poder
aquisitivo, sobretudo, nas regiões mais pobres do País (TAFUR, 2002).
Em Alagoas a raiz da mandioca é bastante utilizada na alimentação humana, na
forma de farinha. Na região Agreste do Estado as raízes são comercializadas em maior
proporção para caminhoneiros e em menor para as casas de farinha; no Sertão alagoano
as raízes são transformadas em sua maior parte em farinha; na Zona da Mata é
predominante o processamento de farinha e no litoral norte alagoano, no município de
Maragogi, cerca de 70% dos produtores abandonam as folhas no campo (SAMPAIO et
al., 2003).
A atividade mandioqueira abrange não só a produção de farinha, como também
o processamento de fécula e inúmeros produtos industriais. Estima-se que essa atividade
venha gerar, no Brasil, um milhão de empregos diretos (CARDOSO & SOUZA, 2002).
Notavelmente a raiz da mandioca é fonte de carboidrato, de minerais tendo em
destaque os teores de fósforo e cálcio, a ocorrência de ferro é muito baixa, há também
vitamina A e C, todavia a presença desta última é destruída durante o processo culinário
ou industrial (CEREDA, 2002). Já a folha da mandioca é rica em proteína e em
vitamina A, contém vitamina C, tiamina e niacina. Os minerais mais encontrados são:
ferro, cálcio, manganês e zinco, porém apresenta baixo teor de carboidrato
(PENTEADO & FLORES, 2001).
1.2.3. A Parte Aérea da Mandioca
A parte aérea da mandioca é constituída pelas hastes principais, galhos e folhas
em proporções variáveis. É considerada como um resíduo gerado na colheita das raízes
que possui ótimas características nutricionais (FERRI, 2006).
É um produto que possui uma quantidade de proteína maior que a maioria das
forragens tropicais, onde as folhas apresentam 28-32% e as hastes e os talos 11%
(CARVALHO et al., 2002). Essa porção também é rica em vitaminas, especialmente A,
C e do complexo B, o conteúdo de minerais, por sua vez, é relativamente alto,
6
especialmente cálcio e ferro, contém três vezes mais ácidos graxos e o dobro de fibra
que as raízes (VALENCIA, 2002).
Devido a grande quantidade desse material encontrar-se desprezada no solo,
após a colheita da raiz, é necessário a viabilidade do uso deste em
indústrias
alimentícia, farmacêutica, dentre outras, assim como na alimentação humana ou animal
como fonte de alternativa protéica (FERRI, 2006).
O uso da parte área na alimentação, seja ela humana ou animal, tem seu fator
limitante que é a presença do ácido cianídrico (HCN) ocorrendo em níveis mais altos
nas folhas, ramos e casca da raiz, com acentuadas diferenças entre as variedades
(CARDOSO JÚNIOR et al., 2005).
A mandioca é a cultura que apresenta em todos os seus tecidos, com exceção das
sementes, grandes quantidades dos glicosídeos cianogênicos linamarina e lotaustralina,
ocorrendo acentuadas diferenças entre as variedades. Nas folhas, ramos e casca da raiz
encontram-se níveis mais altos desses glicosídeos do que na polpa das raízes tuberosas.
Essa concentração é maior nas folhas jovens do que nas adultas. O córtex de uma raiz
de variedade mansa pode conter maior teor de cianeto do que a polpa de uma variedade
brava (CONCEIÇÃO, 1981).
BOLHUIS (1954) classificou a mandioca como: mansa, aquela que apresenta
menos de 50 mg de HCN por Kg de polpa fresca; intermediária, de 50 a 100 mg de
HCN por kg de polpa fresca e em brava, acima de 100 mg de HCN por kg de polpa
fresca. BORGES et al. (2002) classificam como mansa, variedades que apresentam
100mg de HCN por Kg de polpa de raiz fresca. Já aquelas com concentrações acima de
100 mg de HCN por Kg de polpa de raiz fresca são denominadas bravas, impróprias
para o consumo in natura, sendo indicadas para a indústria, onde durante o
processamento sua toxicidade é bastante reduzida.
1.2.4. Silagem da Parte Aérea da Mandioca
A conservação de forragens através do processo de ensilagem é uma das
melhores formas de manter os nutrientes existentes na planta. Visto que à parte área da
mandioca é rica em proteína, em algumas vitaminas e minerais e que essa porção da
planta é desperdiçada no campo algumas pesquisas vêm sendo desenvolvidas para
amenizar este desperdício, como também amenizar os custos onerosos na alimentação
animal e melhorar a sua conservação bromatológica (AZEVEDO et al., 2006;
7
BOAVENTURA et al., 2000). A folha também é transformada em farinha, e esta é
adicionada a uma multimistura fornecida às crianças desnutridas pela pastoral da
criança.
Segundo CARVALHO et al. (1983) para uma melhor conservação da silagem o
corte da rama de mandioca deve ser de 5 cm acima do solo,
pois possui maior
porcentagem de carboidratos solúveis essenciais para a ocorrência de uma boa
fermentação lática.
A fermentação lática é realizada por bactérias anaeróbicas, produtoras de ácidos
láticos, durante o processo de ensilagem. Os ácidos produzidos pela fermentação de
substratos presentes na planta reduzem o pH da massa ensilada, inibindo a ação de
enzimas e de microrganismos capazes de promover a sua deterioração (TOMICH,
2003).
De acordo com NEUMANN et al. (2007) o Brasil possui poucos trabalhos de
pesquisa que visa às perdas ocorridas durante o processo de ensilagem, em especial, não
se dispõe de dados sistemáticos produzidos sobre as perdas que ocorrem durante a
“ensilagem” e “desensilagem” do material.
1.2.5. Microflora da Mandioca
A bactéria Phytomonas manihotis causadora da bacteriose é o microrganismo
que causa os maiores prejuízos a cultura da mandioca no Brasil, em regiões de clima
úmido o ataque é mais intenso. Essa doença é conhecida como murcha, mal da
mandioca, gomose, dentre outras denominações. Ela acomete as partes herbáceas da
extremidade da planta, onde obstrui completamente os vasos condutores de seiva, e
conseqüentemente as folhas começam a murchar e caem. A doença é detectada pela
presença de uma goma resinosa creme-clara no caule (PRATA, 1983).
O fungo Diplodia theobromae Pat. é o causador da podridão preta das raízes que
aparece em plantas enfraquecidas e raízes com lesões durante o período de repouso. O
fungo Rhizopus nigricans Ehrenb causa a podridão mole das raízes, agindo nas raízes
arrancadas e armazenadas em locais úmidos e contaminados, ele penetra nos tubérculos
que apresentam feridas (PRATA, 1983).
VIEGAS (1943a e b) revela a ocorrência de fungos como: Oidium manihotis P.
Henn que ataca quase que exclusivamente a folha da mandioca; Sclerotium rolfsii Sacc,
causador da podridão do colo, atacando o colo da planta privando a mesma de água,
8
ocasionando a murcha das partes aérea; Phyllosticta manihobae em folhas de Manihot
ultilissima Pohl; Exidiopis manihoticola sobre hastes de Manihot ultilissima Pohl, bem
como nas de Manihot sp. (espécies selvagens) nas matas e de Fusarium aquaeductuum
var. médium Wr. em manivas de mandioca.
TEIXEIRA (2004) isolou a bactéria do gênero Bacillus da raiz, caule e folhas de
mandioca, do total de isolados deste gênero 60% foram do B. cereu, 16,3% B. pumilus e
B. megaterium.
Porém SUZUKI (2006) revela que estudos sobre a presença de microrganismos
na cultura da mandioca é muito restrita.
1.2.6. Microflora da Silagem
Os microrganismos existentes naturalmente nas forragens, microflora epífita, são
responsáveis pela fermentação das silagens (MANGINELLI et al., 2003), essa
fermentação sofre influência de acordo com tipo e o número de bactérias existentes na
planta (PINTO, 2006), e varia de acordo com o tipo de forragem, estádio de maturidade
das plantas, clima, corte e condicionamento das forrageiras (PEDROSO, 2003).
A composição da microflora epífita consiste de fungos, as leveduras, e as
enterobatérias que são os microrganismos existentes em maior número nas forragens,
estes competem com os lactobacilos pelos açúcares durante a ensilagem, sendo
considerados indesejáveis (BOLSEN et al., 1992).
PEREIRA & REIS (2001) descreve que há tempos vem sendo estudado a
presença de bactérias na parte aérea da planta a ser ensilada, tendo-se constatado que
estas são em sua maioria aeróbias estritas (ex. Bacillus e Clostridium), o que contribui
pouco ou nada para o processo de fermentação da silagem. Contudo, em condições
ideais, a pequena quantidade de bactérias láticas presentes na forragem podem se
multiplicar em quantidade suficiente para promover um padrão de fermentação ideal
(MORAIS, 1999).
As bactérias da silagem podem ser: homofermentativas, produtoras de ácido
lático, ou heterofermentativas, produtoras de ácido acético mais ácido lático. O aumento
no número das homofermentativas pode reduzir o pH final da silagem, aumentar o
conteúdo de ácido lático, diminuir a produção de efluentes e a perda da matéria seca
durante a conservação da silagem (McDONALD et al., 1991). Por outro lado as
9
heterofermentativas controlam o desenvolvimento de leveduras e têm eficiência no
aumento da estabilidade aeróbica das silagens (KUNG Jr. & RANJIT, 2001).
Diante do exposto pode-se enfatizar a necessidade de estudos com silagens de
resíduos agrícolas para a alimentação animal, principalmente na região Nordeste onde
não há produção de milho e soja, suficientes para dar suporte à criação animal, sendo
estes os principais produtos alimentícios ofertados aos animais, propiciando assim um
maior custo alimentar, sobretudo para o pequeno produtor. Outro aspecto a considerar,
seria a diminuição dos desperdícios desses materiais que são jogados ao campo, onde na
sua menor parte serve como adubo verde, como fonte de nutrientes para o solo, no caso
da mandioca o nitrogênio seria o principal, já que as folhas são ricas em proteína.
10
1.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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15
1.4. OBJETIVOS
1.4.1. Objetivo Geral:
Determinar a qualidade bromatológica da silagem da parte aérea da mandioca,
com diferente tamanho de partícula e diferentes tempos de armazenamento dos silos,
assim como quantificar a incidência de microrganismo existente nesse material.
1.4.2. Objetivos Específicos:
- Avaliar a influência do tamanho de partículas e diferentes tempos de armazenamento
na qualidade bromatológica da silagem da parte aérea da mandioca;
- Avaliar e quantificar a presença de microrganismo na silagem da parte aérea da
mandioca com diversos tamanhos de cortes e períodos de armazenamento.
CAPÍTULO 2
1
Influência do tamanho de partículas e tempo de armazenamento na
bromatologia da silagem da parte aérea da mandioca
1 - Artigo enviado à Revista Archivos de Zootecnia em 20 de fevereiro de 2008.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diversos tipos de partículas e
diferentes tempos de armazenamento na qualidade bromatológica da silagem da parte
aérea da mandioca (Manihot esculenta Crantz). O experimento foi realizado no
Laboratório de Bromatologia do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade
Federal de Alagoas. O material foi picado de maneira a propiciar três tamanhos de
partícula (1,5; 2,5 e 3,5 cm) e uma testemunha (sem corte) sendo compactadas em
micro-silos e armazenados durante quatro tempos diferentes (3, 15, 30 e 45 dias). Após
o período de armazenamento foram coletadas amostras dos tratamentos para análise de
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE),
fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, pH e poder
tampão (PT). O tratamento que não recebeu trituração, a testemunha, apresentou os
melhores valores bromatológicos para a silagem da parte aérea da mandioca e o melhor
tempo de armazenamento foi o de 30 dias.
Palavras-chave: conservação vegetal, qualidade nutricional
SUMMARY
The objective of this work was to evaluate the influence of various types of particles
and different times of chemical storage on the quality of silage of the aerial part of
cassava (Manihot esculenta Crantz). The experiment was performed in Laboratory
Bromatology of the Institute of Chemistry and Biotechnology, Federal University of
Alagoas. The material was bitten so as to provide four of particle sizes (0, 1,5; 2,5 and
3,5 cm) being compacted into micro-silos and stored for four different times (3, 15, 30
and 45 days). After the period of storage samples were collected for analysis of the
treatment of dry matter (DM), mineral matter (MM), crude protein (CP), ether extract
(EE), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber ( ADF), lignin, pH and buffer
power (PT). The treatment that received no grinding, particle size of 0,0 cm, showed the
highest levels bromatologics for silage of the aerial part of cassava and the best time
was the storage of 30 days.
Keywords: Conservation plant, nutritional quality
20
2.1. INTRODUÇÃO
A silagem de forrageiras é uma das principais formas de armazenamento de
volumoso e a mais utilizada em quase todo o mundo. A vantagem é que fornece
alimento palatável durante o período de seca, onde a produção de forrageiras é escassa e
permite dessa maneira, melhor utilização dos recursos regionais disponíveis (Gimenes
et al., 2005).
A mandioca (Manihot esculenta Crantz, 1766), espécie arbustiva pertencente à
família Euphorbiaceae, atualmente é um importante componente na alimentação de
mais de 500 milhões de pessoas no mundo (Goebel, 2005), estando entre os oito
produtos mais consumidos no mundo e o terceiro nos trópicos (Butolo, 2002).
A produção mundial deste vegetal no ano de 2004 foi de 202.500 de toneladas
de raízes, sendo a Nigéria líder com a produção de 38.000,00 de toneladas e o Brasil
segundo maior produtor mundial com 24.000,00 de toneladas (FAO, 2006).
A importância econômica dessa cultura está na produção de raízes tuberosas e
feculentas que são utilizadas na alimentação humana e animal (Suzuki, 2006).
A parte aérea (hastes e folhas) deste vegetal é aproveitada na alimentação
animal, na forma de silagem, e também na alimentação humana na forma de maniçoba,
prato típico da região Amazônica do Brasil a base de folha, ou na forma de farinha
como suplemento alimentar (Cereda e Vilpoux, 2003).
Carvalho e Kato (1987) afirmam que cerca de 14 a 16 milhões de toneladas da
parte aérea são deixadas no campo e se perdem. Esse material, tido como desperdício
poderia ser convertido em leite e carne pelos animais.
Os galhos e as folhas da mandioca podem ser utilizados como forragem verde ou
conservada, na forma de feno ou de silagem. O valor nutricional existente na parte aérea
da mandioca é pouco divulgado e a literatura é escassa quanto ao potencial do uso desta
forragem na alimentação animal.
Os valores bromatológicos encontrados por Modesto et a., (2004) para matéria
seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA) e lignina de 25,20%; 19,5%; 51,0%; 41,0%; 12,4%, respectivamente,
dados que corroboram com a afirmação de Carvalho et al. (1993) que descrevem que a
quantidade de proteína nas folhas desta euforbiácea é maior do que o encontrado na
maioria das forrageiras tropicais.
21
Este trabalho tem como objetivo determinar a influência do tamanho de
partículas e tempo de armazenamento na qualidade bromatológica da silagem da parte
aérea da mandioca.
2.2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente experimento foi conduzido no Laboratório de Bromatologia e
Nutrição Animal do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de
Alagoas, Estado de Alagoas.
A parte aérea (hastes e folhas) da mandioca cultivar Cariri Branca, com
aproximadamente 20 meses de idade foi coletada em um cultivo de propriedade
particular, na cidade de Coité do Nóia, região central do Estado de Alagoas.
Esse material foi retirado da planta, 15 cm acima do solo, e logo após levada a
um armazém onde foi realizado o processo de ensilagem. Para tal processo foi utilizado
um picador e moedor (Nogueira – DMP-4, rotação 3300RPM, motor elétrico WEG 7,5),
para realização da trituração do vegetal.
O material coletado foi picado em três diferentes partículas, corte em lâminas de
3,5; 2,5 e 1,5 cm, sendo em seguida compactado e ensilado em mini-silos
confeccionados com garrafas de polietileno (PET) de dois litros de capacidade. Para o
preparo de uma unidade foram necessárias duas garrafas que serviram para compor um
mini-silo. Logo após a ensilagem cada mini-silo foi pesado individualmente. Para efeito
comparativo da ensilagem, sem o material ter sido submetido a cortes, uma unidade
experimental foi composta com o material inteiro, tendo esse recebido as mesmas
condições para o processo de ensilagem que o material picado. Os mini-silos foram bem
compactados e vedados com lona preta.
Durante o processo de ensilagem foram colhidas, ensacadas, etiquetadas e
congeladas amostras de 1,0 kg da forragem fresca de cada tratamento para análises,
bromatológicas, compondo assim as análises comparativas e iniciais do experimento.
Todo o material ensilado foi transportado para o laboratório e amoldados em
caixas de águas vazias, capacidade de 1000 L, onde foram separados de acordo com os
tratamentos, e submetidos a quatro tempos de armazenamento, sendo 3; 15; 30 e 45
dias.
No momento da abertura dos silos retirou-se uma alíquota da parte central,
aproximadamente 100 gramas, para a realização das análises bromatológicas. Essas
22
foram secas em estufa com ventilação forçada (65 ºC) por um período de 72 horas, para
a determinação de matéria seca (MS); matéria mineral (MM); proteína bruta (PB) pelo
método micro-Kjeldahl; extrato etéreo (EE) segundo as recomendações de Silva e
Queiroz (2002); fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA)
com determinação de lignina segundo Van Soest et al. (1991).
De cada silo, uma amostra fresca (9 g) foi retirada para as determinações dos
valores de pH, que foi obtido utilizando-se leitura através de um medidor de pH aferido
com soluções-padrão de pH 4,0 e 7,0. O poder tampão (PT) foi determinado em
amostras congeladas, de acordo com a técnica descrita por Playne & McDonald (1966).
O delineamento experimental usado foi em blocos casualizados, com quatro
repetições, em arranjo fatorial 4 x 4, correspondente a quatro tipos de corte e quatro
tempos de armazenamento. Para a análise estatística, os dados foram submetidos às
análises de variância e regressão, utilizando-se o programa SAEG.
2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a abertura dos silos foi observado a ocorrência de lixiviação em alguns
tratamentos, porém em pequena quantidade, esse material foi descartado e
desconsiderado.
A composição bromatológica da parte aérea da mandioca (M. esculenta) antes
da ensilagem está apresentada na tabela I. Os valores numéricos permitem inferir que
houve uma modificação na qualidade bromatológica do material apenas com o
processamento, onde pode-se observar que o material que não sofreu corte apresentou
os menores teores para MS (22,69%); FDN (28,26%) e Lignina (3,08%) quando
comparado ao material que recebeu o maior corte, 3,5 cm, no qual os valores para estas
mesma variáveis foram de 27,18%; 59,58% e
6,60% para MS; FDN e Lignina,
respectivamente. Entretanto, observa-se valores mais elevados para PB (20,32%); MM
(5,45%); FDA (66,60%); EE (7,28%); pH (5,30%) e PT (6,36 e.mg de HCl/100g de
MS) para o material que não foi cortado, quando comparado àquele que recebeu o corte
de 3,5 cm.
23
Tabela I – Composição bromatológica dos componentes antes da ensilagem
Variáveis (%)
Material fresco
1
MS (%)
PB2 (%)
FDN3 (%)
FDA4 (%)
Lignina (%)
MM5 (%)
EE6 (%)
pH
PT7(e.mg de HCl/100g de MS)
1
Sem corte
22,69
20,32
28,26
66,60
3,08
5,45
7,28
5,30
6,36
Corte da silagem (cm)
1,5
2,5
28,60
27,39
6,42
6,68
26,89
50,12
53,94
29,16
4,36
5,76
2,95
3,30
3,82
1,53
4,80
4,90
7,59
7,11
3,5
27,18
6,53
59,58
44,16
6,60
2,31
3,36
4,90
5,89
Matéria seca; 2Proteína bruta; 3Fibra em detergente neutro; 4Fibra em detergente ácido; 5Material mineral
(Cinza); 6Extrato etéreo; 7Poder tampão.
A literatura é controversa com relação ao tamanho da partícula a ser ensilada,
havendo dúvidas sobre os benefícios propiciados pelo corte de tamanho menor. Assim,
Igarasi (2002) afirma que uma melhor compactação no silo e melhoria nas propriedades
fermentativas é geralmente conflitante com o aumentando nas perdas ocorridas na
forma de líquido intracelular, devido ao maior rompimento da parede celular, seja no
ato da picagem, por extravasamento ou na forma de efluente no silo. Neste sentido,
Dulphy & Demarquilly (1973) e Woolford (1984), relatam que o aumento da densidade
proporcionado pela picagem fina do material facilita a expulsão de ar, levando à maior
perda por efluentes devido ao rompimento da parede celular e ao extravasamento
exagerado do conteúdo celular.
Os resultados obtidos da bromatologia da silagem da parte aérea da mandioca
estão apresentados na tabela II. O tamanho da partícula influenciou todas as variáveis
estudadas (p<0,01), sendo que o tratamento que não recebeu o corte apresentou os
maiores valores para PB, FDN, FDA, MM, Lignina, pH e PT, exceto para a MS cujo
resultado foi o mais baixo observado (30,68%). Estes resultados, quando submetidos à
análise de regressão (figura 1), observou-se comportamento linear para a MS (ŷ =
33,989+ 5,5207x; R2 80,60 %), PB (ŷ = 19,667- 4,749x; R2 85,78 %), FDN (ŷ = 59,319
– 2,494x; R2 83,63 %), MM (ŷ = 18,612-2,5865x; R2 99,83 %) e quadrático para FDA
(ŷ = 56,993+0,286x - 0,4239x2; R2 85,47), EE (ŷ = 10,37-6,3271x + 1,26040x2; R2
94,99), Lignina (ŷ = 8,9965 – 3,579x – 0,6452x2; R2 99,98) e pH (ŷ = 7,2919 – 2,1529x
+ 0,4241x2; R2 98,42 %).
24
Tabela II - Valores médios obtidos na avaliação bromatológica da silagem parte aérea da mandioca (M. esculenta Crantz)
Tratamentos
MS
PB
FDN
FDA
LIG
MM
EE
pH
PT
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
e.mg de HCl/100 g de
MS
Tamanho da
partícula –T (cm)
Sem corte
1,5
2,5
3,5
Armazenamento-A
(em dias)
3
15
30
45
CV (%)
Valor de F
T
A
TXA
30,68b
47,30a
49,31a
50,07a
21,95a
9,47b
5,95c
5,68c
60,65ª
53,67b
52,24b
52,01b
57,18a
55,65a
56,04a
52,45b
8,99a
5,59b
4,85b
5,51b
18,62a
14,60ab
12,36b
9,46b
38,98b
52,89a
53,43a
32,04b
23,69
13,58a
9,20b
10,37b
9,90b
12,04
59,84ª
54,66ab
51,76b
52,32b
11,52
52,01b
46,28b
65,74a
57,30ab
23,76
4,97b 17,30a
4,78b 11,09b
7,35a 14,63ab
7,83a 12,01ab
40,32
46,84
12,22**
16,23**
0,95ns
57.51**
35.81**
27.26**
6.69**
5.47**
1.49ns
0.38ns
6.33**
0.95ns
8.83**
6.33**
2.51ns
5.75**
3.01*
1.78ns
10,57a
2,84b
3,48b
3,29b
7,33a
4,85b
4,76b
4,88b
18,26b
25,62ab
33,27a
28,76ab
6,47a
3,84b
5,88ab
3,98ab
55,06
5,33ab
5,25b
5,86a
5,38ab
11,47
17,95b
33,34a
41,44a
13,18b
52,31
28.26**
3.68*
1.51ns
63.73**
3.10*
3.79*
3.32*
14.47**
0.96ns
Médias seguidas de mesma letra dentro de cada variável não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade;
** indica resultado altamente significativo em nível de 1% de probabilidade pelo teste F;
* indica resultado significativo em nível de 5% de probabilidade pelo teste F;
ns indica um resultado não significativo
25
Mesmo não tendo apresentado diferença entre os tratamentos que receberam os
distintos tamanhos de corte, fica evidenciado (figura 1) que o teor de MS aumentou de
forma linear entre o material que não foi cortado (30,68 %) e os que receberam os cortes
de 1,5; 2,5 e 3,5 cm, sendo estes valores de 47,30; 49,31 e 50,07 % respectivamente.
Isto implica dizer que com o menor tamanho de corte haverá um maior estrangulamento
na estrutura celular e conseqüentemente uma maior quantidade do líquido intra-celular
escorrerá para o meio externo, proporcionando assim um maior conteúdo de massa seca.
Os resultados encontrados neste estudo são mais elevados do que aqueles encontrados
por Oliveira (1984), que relata valor de 24,19% para MS da silagem do terço superior
da rama da mandioca e por Modesto et al., (2004) estudando também silagem da parte
aérea da mandioca observou para a matéria seca (MS) valor de 25,20%. Ainda Faustino
et al. (2003) encontraram valor de 22,32 e 25,51%, respectivamente para a silagem da
parte aérea da mandioca inteira e triturada.
O comportamento observado para a PB, FDN e MM foram semelhantes, quando
seus conteúdos foram diminuídos à medida que o tamanho de corte aumentou, cabendo
destaque para a PB cujos valores de 21,95 % no material inteiro decresceu para 9,47,
5,95 e 5,68 % quando este foi cortado em 1,5, 2,5 e 3,5 cm, respectivamente (tabela I).
Modesto et a., (2004) encontrou 19,5% para PB quando estudaram a silagem da parte
aérea da mandioca triturada, resultados também ressaltados por Faustino et al. (2003)
que obtiveram para a silagem da parte aérea da mandioca inteira e triturada, valores para
PB de 21,17% quando a planta não sofreu tratamento e de 19,19% quando triturada.
Ainda Alencar et al. (1988) ao estudarem épocas e sistemas de corte da rama de
mandioca, encontraram PB média de 24,30%. Os teores de PB da silagem inteira foram
superiores aos observados nas forrageiras, que são utilizadas na alimentação de vacas
em lactação, podendo ser comparados aos teores de PB da alfafa (19,2%) (Carvalho e
Kato, 1987).
De acordo com Vilela (1998), durante a primeira fase de fermentação pode haver
intensa proteólise gerando peptídeos e aminoácidos, sendo posteriormente decomposto
em amônio e aminas. Neste aspecto, McDonald et al. (1991) relatam terem sido
observados perdas na proteína em cerca de 50%, o que ocasiona alto teor de aminas na
silagem e leva ao menor consumo voluntário pelos animais. Embora não tendo sido
quantificada a amônio e aminas nos diferentes tratamentos, os resultados encontrados
demonstram uma grande perda de proteína nos tratamentos que foram cortados, levando
a ser considerado que as enzimas vegetais que degradam proteínas são ativas em pH
26
superior à 5, valores próximo foram encontrados neste estudo. Esta provável degradação
de proteínas poderia também ser responsável pelos altos valores encontrados para o
60
50
40
30
20
10
0
ŷ= 33,989 + 5,5207x
R2 = 0,806
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0
ŷ= 59,319 - 2,494x
R2 = 0,8363
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Média de MM (%)
Média de Lignina (%)
2
0
1
1,5
2
2,5
3
2,5
3
3,5
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
tamanho de partícula (cm)
4
0,5
2
R2 = 0,8547
0
6
0
1,5
ŷ = 56,993 + 0,286x - 0,4239x2
3,5
ŷ = 8,9965 - 3,2579x + 0,6452x 2
R2 = 0,9998
8
1
58
57
56
55
54
53
52
tamanho de partícula (cm)
10
0,5
tamanho de partícula (cm)
Média de FDA (%)
Média de FDN (%)
tamanho da partícula (cm)
62
60
58
56
54
52
50
ŷ= 19,667 - 4,749x
R2 = 0,8578
25
20
15
10
5
0
Média de PB (%)
Média de MS (%)
poder tampão.
3,5
ŷ = 18, 612 - 2,5865x
R2 = 0,9983
20
15
10
5
0
0
tamanho de partícula (cm)
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
12
10
8
6
4
2
0
Média de pH
Média de EE (%)
tamanho de partícula (cm)
ŷ= 10,37 - 6,3271x + 1,2604x 2
R2 = 0,9499
8
ŷ = 7,2919 - 2,1529x + 0,4241x2
6
R 2 = 0,9842
4
2
0
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0
3,5
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
tamanho de partícula (cm)
tamanho de partícula (cm)
ŷ= 17,735 + 9,3082x- 1,679x 2
R2 = 0,8818
40
30
20
10
0
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
tamanho de partícula (cm)
Figura 1. Percentagem da porção bromatológica da silagem da parte aérea da mandioca
(M. esculenta) em função do tamanho da partícula
Os resultados encontrados para FDN e MM, não corroboram com aqueles
encontrados por Faustino et al. (2003) quando não obtiveram diferenças quando
compararam a silagem da parte aérea da mandioca inteira ou triturada, cujos teores de
FDN e MM foram de respectivamente 40,70; 41,20 e 7,54; 7,97%. Entretanto são
27
similares aqueles encontrados por Modesto et a., (2004) para FDN (51,0%)
provavelmente devido à semelhança do material utilizado, já que a confecção das
silagens do presente trabalho foi realizada com a planta inteira (hastes e folhas) e com
idade de aproximadamente 20 meses.
Pode-se observa na figura 1 que houve uma diminuição nos teores de FDA, EE
e Lignina, à medida que os cortes da forrageira foram aumentando de tamanho, sendo
estas perdas na ordem de 0,286, 6,3271 e 3,257%, respectivamente, para cada cm de
aumento no corte, ressaltando-se porém que, para o EE e Lignina os resultados
encontrados na tabela II não foram diferentes (p>0,05) entre os tamanhos de corte e
que apenas para o FDA os resultados não diferiram daquele que não foi cortado.
De acordo com a figura 1 o pH apresentou o maior valor para o tratamento que
não foi cortado (7,33) diferindo (p<0,01) daqueles que sofreram os cortes e estes não
diferiram entre si. Os resultados para o PT apontam que houve diferenças (p<0,05)
tendo sido encontrado o maior valor (33,27 e.mg de HCl/100 g de MS) para o
tratamento no qual a forrageira foi cortada a 2,5 cm e o menor para aquele que não
recebeu corte (18,26 e.mg de HCl/100 g de MS). Todavia, os resultados observados
para o PT não acompanham os efeitos ocorridos nos teores de pH sugerindo assim que o
poder tamponante não influenciou nesta variável, haja vista que, observando-se a tabela
II, o valor de pH não apresenta diferença
nos tratamentos que receberam corte
enquanto o poder tamponante não. Segundo Ávila et al. (2006) o poder tampão de uma
forragem consiste em sua capacidade de resistir às variações de pH.
O tempo de armazenamento tabela II, influenciou (p<0,01) os valores de MS,
PB, FDN, FDA, Lignina, PT e de EE, MM e pH (p<0,05). Quando submetidos à análise
de regressão, foram observados comportamento quadrático para a MS (ŷ =
33,111+2,0336x - 0,0457x2; R2 99,88), PB (ŷ = 13,952-0,3072x + 0,005x2; R2 70,96),
FDN (ŷ = 61,449-0,5705x + 0,0082x2; R2 99,97), PT (ŷ = 8,9817+2,71626x - 0,0578x2;
R2 95,55) e linear para a Lignina (ŷ = 4,3702+0,080x; R2 85,21).
Os valores de MS foram menores para as silagens abertas aos 3 e aos 45 dias,
sendo respectivamente de 38,98 e 32,04 %, e diferiram daquelas que foram abertas aos
15 (52,89 %) e 30 dias (53,43 %). A figura 2 ilustra o comportamento desta variável,
onde percebe-se uma queda nos valores a partir do trigésimo dia de armazenamento. Os
valores de MS adquiridos nas silagens com 3 e 45 dias de armazenamentos estão dentro
dos padrões preconizados para a conservação da massa ensilada cujos valores ideais
devem se situar entre 26% e 38%. (Silva, 2001). Silva et al. (2004) mostram situação de
28
oscilações nos teores de MS tal qual observada neste trabalho, no qual atingiu o valor
máximo de MS e logo após começou a decair de acordo com o aumento de tempo da
fermentação.
ŷ=13,952Média de PB (%)
Média de MS (%)
60
50
40
2
30
ŷ = 33,111+ 2,0336x - 0,0457x
20
R = 0,9988
2
10
0
0
15
30
0,3072x+0,005x2
R 2 = 0,7096
15
10
5
0
0
45
15
15
30
Média de FDA (%)
Média de FDN (%)
ŷ= 61,449 - 0,5705x +0,0082x 2
R2 = 0,9997
0
45
6
4
2
0
0
15
15
30
Armazenamento (dias)
20,00
Média de MM (%)
Média de Lignina (%)
0
ŷ= 4,3702 + 0,0801x
R2 = 0,8521
8
ŷ =47,094 + 0,5888x - 0,0069x2
R2 = 0,3522
70
60
50
40
30
20
10
0
Armazenamento (dias)
10
45
Armazenamento (dias)
Armazenamento (dias)
62
60
58
56
54
52
50
30
30
45
45
ŷ= 17,078 -0,2873x+0,0043x 2
R2 = 0,3997
15,00
10,00
5,00
0,00
Armazenamento (dias)
0
15
30
45
ŷ = 6,1231 - 0,0701x + 0,0007x 2
R2 = 0,2641
8
6
Média de pH
Média de EE (%)
Armazenamento (dias)
4
2
0
0
15
30
45
ŷ = 5,1247 + 0,0353x - 0,0006x2
R2 = 0,3752
5,9
5,8
5,7
5,6
5,5
5,4
5,3
5,2
5,1
0
Armazenamento (dias)
15
30
45
Armazenamento (dias)
ŷ= 8,9817 + 2,7162x - 0,0578x 2
R2 = 0,9555
50
40
30
20
10
0
0
15
30
45
Armazenamento (dias)
Figura 2. Percentagem da porção bromatológica da silagem da parte aérea da mandioca
(M. esculenta) em função do armazenamento
Os menores valores para a PB foram encontrados para as silagens abertas aos 15
(9,20 %), 30 (10,37 %) e 45 dias (9,90 %), e estes não diferiram entre si, apenas o
29
tratamento aberto ao terceiro dia diferiu dos demais (p<0,01) cujo valor observado foi
13,58 %. A diminuição desta variável durante os dias de armazenamento pode ser
melhor visualizada na figura 2. Estes resultados estão próximos aos de Azevedo et al.
(2006) que obteve, em seu trabalho com silagem da parte área de cultivares de
mandioca, níveis de PB de 9,01% para a cultivar “S 60-10” e 9,56% para “Fepagro RS
13”, como também estão acima da exigência mínima de PB nas dietas para ruminantes
(7%) Van Soest (1994). Estes mesmos resultados estão de acordo com Bacha (2006)
que defende a diminuição dos teores de PB à medida que a planta envelhece.
Os resultados encontrados para FDN diferiram (p<0,01) entre os tempos de
armazenamento, sendo os maiores valores obtidos aos 3 (59,84 %) e 15 (54,66 %) dias
de abertura dos silos, embora os resultados demonstrem que entre 15, 30 (51,57 %) e 45
(52,32 %) de armazenamento estes valores não divergiram.
A figura 2 evidencia que os teores de FDA, MM, EE e pH não apresentou
nenhuma correlação, eu seja, não se ajustou a nenhum modelo, e que o teor de FDA a
partir dos 15 dias de armazenamento sofreu uma diminuição. Para a FDA, os maiores
valores encontrados (p<0,01) foram aqueles quando os silos foram abertos aos 30 e 45
dias, com 65,74 % e 57,30%, respectivamente, e os menores aos 3 e 15 dias (52,01 % e
46,28 %). Os resultados referentes aos teores de FDN e FDA encontrados no presente
estudo discordam do que relata Bacha (2006) onde expõe que com o a maturidade da
planta ocorre o engrossamento da matriz parede celular e, portanto o aumento de todos
os componentes fibrosos para parede celular.
A lignina diferiu entre os tratamentos (p<0,01), sendo os maiores valores
observados quando os silos foram abertos aos 30 (7,35 %) e 45 dias (7,83 %) e os
menores entre aos 3 e 15, (4,97 e 4,78 % respectivamente) Esta variável apresentou
comportamento linear (figura 2) aumentando a medida que os dias de abertura dos silos
foram crescendo.
Matéria Mineral e Extrato Etéreo apresentaram diferenças entre os tempos de
armazenamento (p<0,05) e comportamento similares, onde os menores valores foram
obtidos aos 15 dias de abertura, 11,09 % e 3,84 % e os maiores valores aos 3 dias 17,30
% e 6,47 %, respectivamente. Porém os mesmos apresentaram decréscimos oscilantes
com o passar dos dias, assim como foi mostrado no trabalho com capim elefante cv.
cameron desenvolvido por Braga et al. (2001) onde observaram que quanto maior a
idade de corte da planta menor será o teor de MM e EE.
30
Com os dados obtidos na figura 2, pode-se afirmar que o pH da silagem com 3
dias de armazenamento é maior que àquele da silagem sofreu 15 dias de armazenagem,
porém estes são inferiores daqueles em que a massa ensilada recebeu 30 e 45 dias de
conservação, apresentando assim oscilação. Esse fato também ocorreu no trabalho com
capim tanzânia realizado por Ávila et al. (2003), no qual observaram uma redução no
pH aos 7 dias de ensilagem, próximo aos 14 dias um pequeno aumento, voltando a cair
novamente até aos 56 dias, obtendo assim uma silagem com um pH de 4,33. A elevação
dos valores de PT estimados neste trabalho, durante os 15 e 30 dias de armazenamento,
33,34 e 41,44% respectivamente, são prováveis modificações químicas que ocorrem
durante o processo de fermentação, nas silagens, como a formação de ácido acético e
lático (Magalhães, 2002).
2.4. CONCLUSÕES
- O tempo de armazenamento influencia na qualidade bromatológica da silagem da parte
aérea da mandioca;
- A silagem que não recebeu corte (0,0 cm) apresenta a melhor composição
bromatológica;
- O melhor tempo de armazenamento é o de 30 dias.
31
2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Woolford, M.K. 1984. The silage fermentation. New York: Marcel Dekker, 350p.
35
ANEXO
42
CAPÍTULO 3
Incidência de microrganismos na silagem da parte aérea da mandioca
(Manihot esculenta Crantz) com diferentes tamanhos de partículas e
tempos de armazenamento
42
RESUMO
Avaliou-se a incidência de microrganismos na silagem da parte aérea da mandioca em
diferentes cortes (1,5, 2,5 e 3,5 cm) e sem corte, servindo como testemunha, como
também em diferentes tempos de abertura (3, 15, 30 e 45 dias) do silo. As análises
microbiológicas constaram do isolamento e contagem a partir do extrato diluído (25 g
MV + 225 mL de água destilada). Esse extrato foi inoculado em placa de Petri,
contendo BDA, logo após ocorreu a repicagem em meio YEPD, e depois a coloração de
gram. A análise estatística desse material foi obtida por dados transformados em raiz do
número de UFC/mL, a partir da análise de variância, usando o teste de Scott Knott
(p<0,05), através do programa estatístico SAEG. Para a silagem da parte aérea da
mandioca que não recebeu corte verificou o maior número de unidade formadora de
colônia (UFC/mL), 8.8861 UFC/mL, e aos 15 dias de armazenamento foi observado o
maior número de bactérias 10.9072 UFC/mL. Os resultados mostraram a viabilidade do
uso de silagem da parte aérea da mandioca, uma vez que observou boa conservação da
massa ensilada.
Palavras-chave: fermentação, baterias, conservação
42
SUMMARY
It was evaluated the incidence of micro silage of the aerial part of cassava in various
cuts (0, 1.5, 2.5 and 3.5 cm) but at different times of opening (3, 15, 30 and 45 days).
The microbiological analyses consisted of isolation and counting from the diluted
extract (25 g MV + 225 mL of distilled water). This statement was inoculated into the
Petri plate, containing PDA, occurred soon after the repicagem in YEPD medium, and
then the color of gram. Statistical analysis of this material was obtained by data
transformed into root of the number of CFU / mL, from the analysis of variance, using
the test of Scott Knott (p <0.05), through statistical programme SAEG. Where silage of
the aerial part of cassava that cut appeared not received the greatest number of colony
forming unit (CFU / mL), 8.8861 CFU / mL, and the 15 days of storage was observed as
many bacteria 10.9072 CFU / mL. The results indicated the viability the use of silage of
the aerial part of cassava, the data transformed indicated a good conservation of silage
Keywords: fermentation, bacteria, conservation
39
3.1. INTRODUÇÃO
Tradicionalmente a mandioca (Manihot esculenta Crantz, 1766) é uma cultura
produzida em quase todo território brasileiro, porém não é aproveitada totalmente
apesar de ser muito conhecida. Esse fato deve-se a pouca divulgação no que diz respeito
ao âmbito nutricional, no qual a planta apresenta grande teor de proteína em sua parte
aérea que é desperdiçada nos campos após a colheita da raiz. Esse desperdício poderia
ser amenizado com a transformação desse material na alimentação para animais, na
forma de feno ou silagem (MODESTO, 2006).
A silagem é o processo de armazenamento de forragem que preserva o valor
nutritivo de plantas forrageiras com o mínimo de perdas (CARVALHO, 1998). Neste
processo a forragem verde colocada no silo passará por modificações, até atingir a
estabilidade com a redução de pH ideal (3,8 a 4,2) e a inibição de microrganismos
indesejáveis (WOOLFORD, 1984).
Na ensilagem devem-se observar todas as etapas do processo como época ideal
de colheita, tamanho adequado da partícula para correta compactação, tempo de
enchimento do silo, boa compactação e vedação do silo para evitar infiltração de ar e
água, tudo isto para se ter um produto final de boa qualidade (PINTO, 2006).
O material a ser ensilado e o tipo de microrganismo que atuará durante o
processo de fermentação é que irá indicar a qualidade da silagem (JOBIM, 1997).
A fermentação ocorre na fase anaeróbica da massa ensilada com o desenvolvimento das
bactérias epifíticas, produtoras do ácido lático. Nesse período ocorre a redução do pH
que afeta a ação das enzimas e de microrganismos indesejáveis que atuam na
deterioração da silagem (TOMICH et al., 2003).
As bactérias ácidos láticas, sob condições anaeróbicas, são responsáveis pela
fermentação natural dos açúcares e ácidos, tendo como produto final ácido lático e ácido
acético (SANTOS et al., 2001). Estas são denominadas de homofermentativas,
produtoras de ácido lático ou heterofermentativas, produtoras de ácido acético e
propiônico (PEDROSO, 2003).
Manter o ambiente em anaerobiose durante a fase de fermentação e
armazenamento é um fator importante para a preservação do valor nutritivo do material
ensilado. Este experimento teve como objetivo avaliar a presença de microrganismos
que atuam no processo fermentativo da silagem da parte aérea da mandioca (M.
40
esculenta Crantz, 1766) sobre diferentes tamanhos de partículas e tempos de
armazenamento.
3.2. METODOLOGIA
A etapa de silagem do presente trabalho foi realizada no Laboratório de
Bromatologia e Nutrição Animal do Instituto de Química e Biotecnologia da
Universidade Federal de Alagoas, situado em Maceió, Estado de Alagoas.
O material utilizado para silagem foi proveniente da parte aérea da mandioca da
variedade Cariri Branca, originária da cidade de Coité do Nóia, localizado na região
central do Estado de Alagoas.
Para o processo de silagem foi obtida parte aérea da mandioca (hastes e folhas),
15 cm acima do solo, o qual foi triturado por um picador e moedor (Nogueira – DMP-4,
rotação 3300RPM, motor elétrico VEK 7,5) outra parte do material não foi triturado,
sendo este utilizado como controle.
O material foi picado com corte de 1,5; 2,5 e 3,5 cm e logo depois foi
compactado e ensilado em mini-silos confeccionados com garrafas de polietileno (PET)
de dois litros de capacidade. Utilizaram-se duas garrafas para confeccionar um minisilo. Após a compactação do material no mini-silo, ocorreu à pesagem individual e
posteriormente a esse processo, os mini-silos foram vedados com lona preta.
Os mini-silos foram amoldados em caixas de água vazias, capacidade de 1000 L,
onde foram separados de acordo com o tempo de armazenamento de 3; 15; 30 e 45 dias,
sem a presença de luz. Decorrido o tempo proposto de armazenamento, foram coletadas
alíquotas de aproximadamente 100 g para as análises microbiológicas, identificadas,
acondicionadas em sacos plásticos, mantidas resfriadas, -18º C, para quantificação de
microrganismos totais.
A determinação microbiológica deste trabalho foi realizada no Laboratório de
Biotecnologia de Plantas e Fitoterapia do Instituto de Química e Biotecnologia da
Universidade Federal de Alagoas, situado em Maceió, Estado de Alagoas.
O estudo microbiológico constou do isolamento e contagem a partir de extratos
diluídos (25 g MV + 225 mL de água destilada) de acordo com SPECK (1976). Foi
obtido 1 mL desse extrato filtrado e adicionado em tubos de ensaio contendo 9 mL de
água destilada e esterilizada, realizando assim diluições em série (partindo-se de 10-1 a
até 10-4).
41
Posteriormente foi retirado desse material 1 mL para a inoculação em placas de
Petri contendo meio de BDA (Batata- Dextrose - Agar). Quarenta e Oito horas após,
realizou-se a contagem das Unidades Formadoras de Colônias (UFC/mL) existentes nas
placas de Petri. Em seguida foi realizada a repicagem dos microrganismos para placas
contendo meio YEPD (Extrato de Levedura – Peptona - Dextrose - Agar), utilizando-se
a diluição (10-3), tendo em vista que a diluição em série (10-4) não apresentou
crescimento
significativo,
48
horas
após
as
colônias
foram
caracterizadas
macroscopicamente de acordo com a forma, formato da borda, pigmentação, superfície
e consistência.
Determinou-se a coloração de Gram das bactérias detectadas, conforme método
descrito por MARIANO & ASSIS (2005): preparou-se um esfregaço a partir de uma
solução bacteriana diluída em lâminas flambadas. Posteriormente essas lâminas foram
banhadas em soluções de cristal de violeta, lugol, álcool etílico e safranina. Em seguida
as lâminas foram lavadas com água destilada, secas com papel absorvente e levadas à
observação em microscópio óptico.
A partir das placas com presença de fungos foram preparadas lâminas com
crescimento fúngico, que foram levadas para o Laboratório de Fitopatologia, da
Unidade Acadêmica do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de
Alagoas para identificação.
Os dados observados na análise microbiológica foram transformados em raiz do
número de UFC/mL para satisfazer às exigências da estatística paramétrica. As análises
foram obtidas a partir da análise de variância, teste de Scott Knott (p<0,05), através do
programa estatístico SAEG.
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a abertura dos silos foi percebido um forte odor de ácido acético. A
literatura revela que esse aspecto na silagem deriva da presença de bactérias
heterofermentativas que fermentam carboidrato a ácido acético, principalmente
(CASTRO, 2002). Bactérias dessa natureza propiciam uma melhor estabilidade aeróbica
nas silagens, controlando a população de microrganismos indesejáveis, que degradam a
massa ensilada, como as leveduras (PEDROSO, 2003).
Após a averiguação através do microscópio observou-se que 96,875% são
bactérias gram positivas e apenas 3,125% gram negativas. Este resultado, de certa
42
forma, poderia ser esperado, uma vez que o processo de fermentação em silagem é
realizado por bactérias anaeróbicas, gram positivas, produtoras de ácido lático como
também por bactérias gram negativas, enterobactérias, que competem com as bactérias
ácido láticas pelos açúcares existentes na massa ensilada (ÁVILA, 2007).
Constatou-se também a presença do fungo do gênero de Aspergillus sp., 5
UFC/mL, em um micro-silo com três dias de armazenamento, esse gênero também
ocorreu no trabalho de GUIM et al. (2006) que relatou a presença de várias espécies de
Aspergillus em silagem de vagens de algaroba, onde foi encontrada entre 6,79 a 0,62
UFC/mL. Ainda GUIM et al. (2006) revela que esse gênero de microrganismo produz
micotoxinas que afetam a saúde animal e humana, através de efeitos carcinogênicos.
Todavia, a presença dessa toxina vai depender de vários fatores, pois a detecção de
espécies de fungos não indica a presença dessas substâncias. A ausência desse
microrganismo nos demais micro-silos, pode-se justificar por que os fungos requerem
somente água, oxigênio e uma fonte aceitável de substrato para crescimento (BATISTA
et al., 2006).
Os dados da ocorrência de microrganismos obtidos nas silagens da parte aérea
da mandioca com diferentes tamanhos de partículas e tempos de armazenamento são
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Valores médios obtidos na avaliação microbiológica da silagem parte aérea
da mandioca (M. esculenta Crantz)
Tratamentos
UFC/mL
Tamanho da partícula –T (cm)
0
8.8861a
1,5
4.4036b
2,5
3.6586b
3,5
3.0470b
Armazenamento-A (em dias)
3
1.4410c
15
10.9072a
30
5.6714b
45
1.9756c
CV (%)
70,402
Valor de F
T
9,07*
A
24,61*
TXA
0,96*
Médias seguidas de mesma letra dentro de cada variável não diferem entre si estatisticamente pelo teste
de “Skott Nott” a 5% de probabilidade;
* indica resultado significativo em nível de 5% de probabilidade pelo teste F
43
O tamanho da partícula, o tempo de armazenamento, assim como a interação
entre os dois parâmetros atribuídos a silagem da parte aérea da mandioca apresentou
influência na variável estudada (p<0,05), sendo que o tratamento que não recebeu o
corte apresentou o maior valor 8.8861 UFC/mL, diferindo dos demais e o tratamento
com 15 dias de armazenamento apresentou o maior nível de UFC/mL, 10.9072
UFC/mL.
A Figura 1 apresenta a incidência microbiológica nos diferentes tamanhos de
Média de UFC/mL
partícula da silagem da parte aérea da mandioca.
10,000
8,000
6,000
UFC/mL
4,000
2,000
0,000
0 0,5 1 1,5
2 2,5
3 3,5
4
Tamanho de Partícula
Figura 1 – Incidência de microrganismos na silagem da parte aérea da mandioca com
diferentes tamanhos de partícula
De acordo com a figura 1 percebe-se que há uma regressão onde o maior número
de microrganismos, prováveis bactérias, é encontrado nas silagens que não receberam
corte, apresentado uma redução na população desse microrganismo nos demais
tratamentos. A má compactação da massa ensilada no material que não recebeu corte
proporciona um ambiente aeróbico e úmido, o qual é apropriado para o
desenvolvimento de microrganismos.
A Figura 2 mostra que o processo de armazenamento da silagem da parte aérea
da mandioca tem um nível baixo no número de bactérias, aos 15 dias apresenta o melhor
pico e nos demais dias começa decair.
Média de UFC/mL
44
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0,000
UFC/mL
0
15
30
45
Dias de Armazenamento
Figura 2 – Evolução temporal da população de microrganismos da silagem da parte
aérea da mandioca
ALLI et al., (1983) analisaram o desenvolvimento microbiano de silagem de
cana-de-açúcar e perceberam que a população inicial era de 6,15 log UFC/g MV,
aumentando no primeiro dia da ensilagem, até aproximadamente 7 log UFC/g MV, e
depois desse ponto decresceu atingindo 3,3 log UFC/g MV aos 21 dias. PEDROSO
(2003) apresentou uma curva semelhante a este trabalho, pois a população inicial de
bactéria era de 4,58 log UFC/g MV, ao terceiro de ensilagem essa população subiu para
7,47 log UFC/g MV e a partir daí começou a reduzir constantemente alcançando 3,60
log UFC/g MV aos 45 dias de conservação.
Os resultados deste trabalho estão de acordo com a literatura (SANTOS &
ZANINE, 2006), onde nos primeiros dias do processo de ensilagem, ainda na presença
de oxigênio algumas bactérias começam a se desenvolver. Após o esgotamento de todo
oxigênio da massa ensilada, começa a fase anaeróbica, onde os microrganismos
anaeróbicos começam a crescer, nesta fase há uma acentuada queda no pH, devido a
transformação de açúcares em ácidos. Logo depois vem a fase de estabilidade onde
ocorre queda no nível de pH, provocando a inibição da população de bactérias,
interrompendo o processo fermentativo.
A população de microrganismos existente no material ensilado sofre profundas
modificações
durante
a
ensilagem,
resultantes
das
condições
anaeróbicas
(SCHOCKEN-ITURRINO et al, 2005).
McDONALD et al., (1991) descrevem que o crescimento de microrganismo
pode ser evitado pela presença de ácidos orgânicos fracos, como o ácido fórmico,
acético e propiônico. Estes são capazes de se difundir através da membrana plasmática
na sua formação não dissociada, diminuindo o pH do citoplasma, afetando
negativamente a glicólise e o sistema de transporte ativo das células, dependente do pH
e da concentração dos açúcares do meio.
45
3.4. CONCLUSÃO
A maior incidência de microrganismo na silagem da parte aérea da mandioca
(M. esculenta Crantz, 1766) ocorreu nos tratamentos que não receberam corte e com 15
dias de armazenamento.
46
3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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UFAL UNIDADE ACADÊMICA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS