Isabel Maria Cabral Ferreira Soares Formas de intervenção das Artes Marciais na Hiperatividade Mestrado em ensino da educação física nos ensinos básico e secundário (Ao abrigo da Recomendação do CRUP) UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO VILA REAL, 2013 I Isabel Maria Cabral Ferreira Soares Formas de intervenção das Artes Marciais na Hiperatividade Orientador: Prof. Dr. Nuno Domingos Garrido Relatório expressamente elaborado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário cumprindo o estipulado no decreto-lei n° 107/2008, de 25 de Junho UTAD Vila Real – 2013 II “… uma criança com PHDA não é mal educada, mas impulsiva, sem a latência na resposta que nos faz ponderar e adequar a reacção, …” “… o problema é muitas vezes criador de um cansaço para além do imaginável, …” Nuno Lobo Antunes (2009, p.180) III Dedicatórias À única sucessora da Arte Marcial Jinha Kenpo Drª Sofia Soares Ao Mestre e Fundador da Arte Marcial Jinha Kenpo Dr. Jorge Soares – Mestre Jinha A todos os que praticam ou praticaram Kenpo Se algum dia sentires a minha falta, olhe para o horizonte e vê a nossa estrela cintilante, na penumbra do céu, e lembra-te: sou eu que te beijo em silêncio, e te sussurro ao ouvido: “Adoro-te meu Anjo” IV Agradecimentos Ao Professor Doutor Nuno Garrido, por ter aceite ser meu Orientador, pelo aconselhamento, acompanhamento, auxílio e disponibilidade em todo este meu percurso, assim como pelos conhecimentos transmitidos ao longo deste caminho. Ao Mestre, D. Jorge Soares (Mestre Jinha), por ter fundado a Arte Marcial Jinha Kenpo e que tudo partilhou comigo e com ele aprendi a técnica da Arte Marcial Jinha Kenpo e pela possibilidade que me deu em me tornar Mestre nesta Arte Marcial e de a fazer crescer até ao limite. A todos os atletas da Jinha kenpo, que comigo como Mestre deram os seus primeiros passos, cresceram, participando ativamente na minha definição como pessoa e Mestre/treinador, pois sem eles e sem a sua preciosa colaboração não seria possível fazer este trabalho ajudando-me com ele a ser melhor profissional e melhor pessoa. A todos os amigos que fiz e … perdi no Jinha Kenpo. Aos meus pais, por tudo (Mãe)… À minha filha, Dr.ª Sofia Soares, que é especial e única, por me fazer o favor de existir, pelo seu olhar, por acreditar que eu sou capaz…sem isso não seria possível, por me ajudar a fazer a caminhada desta dura vida sempre com um sorriso. A todos, Bem-haja V Índice Geral AGRADECIMENTOS ................................................................................................ V Índice de figuras ...................................................................................................... VIII Resumo....................................................................................................................... IX Abstract ....................................................................................................................... X Introdução .................................................................................................................... 1 1-Hiperatividade ........................................................................................................... 4 1.1-Origem da hiperatividade....................................................................................... 7 2-Dificuldades de aprendizagem percetivo-cognitivo ............................................... 12 2.1-Diagnóstico e avaliação da hiperatividade........................................................... 13 3-Intervenção.............................................................................................................. 15 3.1-Intervenção farmacológica ................................................................................... 15 3.3-Intervenção Comportamental-cognitiva .............................................................. 16 3.4-Intervenção combinada ........................................................................................ 19 4-Desporto/Exercício Físico....................................................................................... 21 5- Kenpo ..................................................................................................................... 24 5.1- A Arte do Jinha Kenpo ....................................................................................... 26 5.1.1. Objetivos da Federação e Associações Jinha Kenpo ....................................... 28 5.1.1.1. Caracterização do Contexto Desportivo........................................................ 29 5.1.2.Caracterização do contexto desportivo da Federação de Defesa Pessoal Jinha Kenpo ......................................................................................................................... 30 5.1.3. Caracterização do Processo/Forma de Treino .................................................. 31 5.2- A história do Chúan Fa (Kenpo) ......................................................................... 44 6- METODOLOGIA .................................................................................................. 52 6.1- Participante ......................................................................................................... 52 VI 6.2- Delineamento do estudo...................................................................................... 53 7- Instrumentos .......................................................................................................... 56 7.1- Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry, 1980) ......... 56 7.2- Escala de Conners ............................................................................................... 57 7.3- O desenho ........................................................................................................... 58 7.4- Rorschach............................................................................................................ 59 8- Procedimento ......................................................................................................... 60 9- Resultados .............................................................................................................. 62 Resultados da análise dos dados obtidos com o Bernardo Almeida ...................... 69 Resultados da análise dos dados obtidos com o Jorge Rebelo ............................... 71 Resultados da análise dos dados obtidos com o Pedro Santos ............................... 73 10- Discussão ............................................................................................................. 76 Conclusão ................................................................................................................... 86 Bibliografia ................................................................................................................ 88 ANEXOS ................................................................................................................... 91 VII Índice de tabelas Tabela 1: Indicadores de hiperatividade em momentos evolutivos distintos (Guitiérrez-Moyano e Becoña, 1989) .......................................................................... 9 VIII Resumo Este trabalho incidirá na problemática das Artes Marciais e da hiperatividade, onde iremos focar os fatores da hiperatividade e se a prática das artes marciais tem estratégias para a combater. Este trabalho está dividido em duas partes fundamentais. Na primeira parte faremos uma revisão da literatura sobre a problemática em questão e na segunda parte apresentamos o ponto de análise para a longa viagem que é a profissão docente/treinador/Sensei (mestre). Esta análise é um diário de vida em edificação onde irei refletir e relatar as diversas vivências do meu percurso consolidadas ao longo do constante processo de aprendizagem, terminando com enquadramento da prática profissional onde são feitas referências ao contexto institucional e funcional. PALAVRAS-CHAVE: Artes Marciais; Atividade Física; Hiperatividade IX Abstract This work will focus on the issue of Martial Arts and hyperactivity, where we will focus on the factors of hyperactivity and practice martial arts have strategies to combat it. This work is divided into two key parts. In the first part we review the literature on the issue in question and the second part we present the analysis point to the long journey that is the teaching profession / coach / Sensei (teacher). This analysis is a diary of life in the building where I will reflect and report on the various experiences of my journey consolidated over constant learning process, ending with the professional practice framework where references are made to the institutional and functional. KEY-WORDS: Martial Arts, Physical Activity; Hyperactivity X Introdução Uma criança hiperativa parece que está sempre em movimento, não consegue parar quieta. Ficar sentada durante uma aula pode ser uma tarefa impossível e quando isso acontece não consegue ficar quieta no lugar. São crianças, que estão sempre a mexer em tudo e falam intensamente, chegando a interromper-se e a interromper os outros. Dão respostas sem deixarem o outro concluir a pergunta, saltam de uma atividade para outra sem parar, etc. Estas crianças são caracterizadas pela gravidade e a permanência dos comportamentos inadequados, passando isto para termos leigos, parece que a criança foi ligada à corrente e nunca mais acaba a energia. Para minimizar os efeitos que a hiperatividade tem na criança, na família e na sociedade existem métodos próprios, como tratamentos farmacológicos, tratamentos comportamental-cognitivo ou tratamentos combinados, que engloba ambos os tratamentos mencionados. A prescrição medicamentosa é um método frequente e tradicional, diz Inmaculada Garcia (2001), devido à facilidade de administração e à rapidez dos seus efeitos, mas os resultados obtidos não se mantêm eternamente. A psicóloga Paula Temudo, no Centro de Desenvolvimento da Criança do Hospital Pediátrico de Coimbra, avisa que os medicamentos são importantes, mas devem ser encarados como uma muleta, a grande chave da terapêutica está na mudança de atitude. Essa mudança de atitude pode estar dependente das terapias comportamentais, mas são terapias morosas e implicam uma motivação não só da criança como dos pais, e o meio que envolve a criança tem que ser adequado. Mas, seja qual for a técnica a utilizar tem de se ter em conta o estado clínico da criança, o meio para aplicar técnicas comportamentais e a aceitação dos adultos face às terapêuticas. Segundo Vasquez, 1997 os procedimentos perturbadores e os obstáculos da aprendizagem, que lhes estão ligadas, são manifestações muito frustrantes para o 1 professor e para a criança, podendo levar ao desenvolvimento de sentimentos mútuos de repulsão ou mesmo de adversidade. Tendo em vista o que foi mencionado, podemos dizer que as crianças hiperativas estão bem acompanhadas, mas se olharmos com atenção percebemos que elas dependem de conjunto de fatores, independentes da sua vontade, para conseguirem encontrar um bem-estar. O ideal seria um tratamento ou uma terapia que possibilita-se à criança hiperativa encontrar o bem-estar sem ter que depender de tantos fatores. Talvez exista um tal tratamento ou terapia. Com um legado de mais de 700 anos, a nossa linhagem de Kenpo remonta à antiga China do século XIV, de onde foi levado para Okinawa e para o Japão. Do vigésimo primeiro descendente desta tradição, mestre Masayoshi Mitose, que levou o Kenpo ao ocidente no início do século XX, o Mestre Ed Parker, que reformulou e sistematizou a arte, temos uma arte marcial rica em conteúdo e tradições e que agora começa a ser difundida em Portugal através do Jinha Kenpo e do seu fundador Mestre Jorge Soares (Mestre Jinha). A principal meta do Kenpo é desenvolver o autocontrolo e a autoconfiança do Kyu (praticante), gerando assim força interior e equilíbrio, aspetos que o acompanharão para toda a vida. Pode ser praticado por crianças, homens e mulheres, independente da idade, peso ou altura, já que se adapta às características de cada indivíduo, potencializando as suas habilidades e trabalhando para melhorar as suas carências. Os treinos são cooperativos, respeitando a individualidade de cada aluno e desenvolvendo não só o seu físico, mas também o seu espírito, o caráter e a disciplina. 2 Os movimentos são naturais, fluidos e de fácil aprendizagem, seguindo sempre uma sequência lógica e enfatizando a defesa pessoal. A sua principal característica é um fluxo veloz e fulminante de golpes em pontos vitais do corpo, a fim de neutralizar rapidamente o agressor. Com a prática da Jinha Kenpo, o Kyu (aluno/praticante) desenvolve: - Habilidade para autodefesa; - Autocontrole e autoconfiança; - Concentração e reflexos; - Maior consciência corporal e motora. O desporto pode ser encarado como uma terapia eficaz. Especialistas da Organização Mundial de Saúde consideram o desporto, para crianças/jovens, como sendo um meio para adquirirem a plenitude das suas capacidades físicas e mentais, uma vez que o desporto é uma resposta positiva às incertezas naturais de uma criança ou adolescente, porque, para além do prazer, leva a criança ou o adolescente a experimentar a dificuldade e o progresso, o gosto pelo aperfeiçoamento, estimulando e fortificando a personalidade no seu todo. O Kenpo é uma arte de defesa pessoal que tem por base a filosofia do Budô1, que focaliza o desenvolvimento do carácter humano, fortalecendo o corpo e a mente, disciplinando os instintos primitivos e aprimorando-se a personalidade. Assim, temos como objetivo saber se a prática de uma arte marcial, como o Jinha Kenpo, influencia o desenvolvimento de uma criança hiperativa. Queremos saber se esta prática “desportiva” pode ser encarada como uma terapia ou tratamento para crianças consideradas hiperativas. 1 Bu = Controlo da violência, disciplina de vida, estabelecimento de normas e leis de conduta, conquista de segurança, contribuição pessoal para a pacificação e enriquecimento da sociedade e Dô = caminho, método, doutrina ou atalho. 3 1-Hiperatividade Tecnicamente, a hiperatividade, é denominada por “Distúrbio Hiperativo e de Défice de Atenção” (DHDA), que até aos dias de hoje encontra-se em constante investigação, com o objetivo de encontrar os pressupostos que a compõem. Assim, ainda não podemos dizer que a hiperatividade é, isto porque os diversos saberes que se dedicam ao seu estudo encontram de dia para dia novas informações que por vezes contradizem outras já existentes. Por exemplo, Garcia (2001), refere que foram realizados estudos neurológicos a crianças hiperativas, com a suposição de que estas crianças iriam apresentar um número mais elevado de sinais neurológicos menores (dificuldades de equilíbrio, torpor e uma deficiente coordenação motora fina) quando comparadas com as crianças não hiperativas. Mas o resultado não foi conclusivo, pois nem todas as crianças hiperativas têm sinais neurológicos menores, e também por estes sinais terem sido encontrados em crianças não hiperativas. Mesmo assim inúmeros trabalhos foram realizados durante os últimos vinte anos, segundo Lopes (2003) a investigação sobre a hiperatividade/DHDA tem-se mantido num plano teórico e fundamentalmente descritivo, existindo poucos trabalhos com o objetivo de criarem um modelo do DHDA, algo que para além de explicar o que é esta síndrome possa renovar a investigação nesta área. Apesar de ainda não existirem modelos que preencham os requisitos necessários sobre o que é a hiperatividade/DHDA houve quem reunisse as inúmeras investigações realizadas para construir um modelo. Russel Barkley, em 1997, elaborou o modelo mais aprofundado e heurístico até hoje conhecido (Modelo híbrido das funções executivas e relação dessas quatro funções com a inibição comportamental e com os sistemas de controlo motor) O DHDA é, segundo Barkley, caracterizado por um défice no desenvolvimento da inibição comportamental. Esta desinibição comportamental resulta na perturbação das quatro funções executivas ligadas à auto-regulação, o que confere ao comportamento e 4 cognições as características apontadas anteriormente, nomeadamente a impulsividade, hiperactividade, inconveniência social, dificuldades de manutenção das tarefas e, em geral, no soçobrar de eventuais objectivos face à “atracção do momento”. O indivíduo é pois “controlado pelo momento” e procura maximiza-lo, em vez de procurar maximizar o futuro. Os défices ao nível das funções executivas, para além de radicarem num controlo inibitório pobre, interferem significativamente com inúmeras competências do indivíduo, nomeadamente: (1) fixar ou manter em memória da trabalho imagens mentais ou relacionadas com acontecimentos externos, de forma a que o indivíduo as consiga utilizar; (2) recorrer à experiência anterior para lidar com acontecimentos actuais; (3) antecipar consequências; (4) estabelecer objectivos e planos de acção; (5) evitar reagir a estímulos que provavelmente interferem com o comportamento orientado para objectivos; (6) utilizar o discurso interno para auto-regulação e comportamento orientado para objectivos; (7) regular o afecto e a motivação face às exigências das situações; (8) separar o afecto da informação (ou os sentimentos dos factos); (9) analisar e sintetizar (Barkley, 1994) (Lopes, 2003, pág. 61-62) João Lopes (2003) afirma que os sujeitos hiperativos apresentam problemas significativos de atenção, impulsividade e hiperatividade. As crianças hiperativas apresentam normalmente níveis de atividade substancialmente superiores à média, quer seja a nível motor, quer seja a nível vocal. Os profissionais que lidam com estas crianças, indicam todos, que o seu comportamento é caótico, inquieto, não focalizado para um objetivo ou finalidade e têm falta de persistência, afirma Inmaculada Garcia (2001). De acordo com João Lopes (2003) estas crianças são descritas pelos pais como “falando de mais”, “não sendo capazes de estar quietas”, “parecendo ter bichoscarpinteiros”. Os professores apresentam-nas como “estando constantemente fora do lugar sem autorização”, “respondendo fora de vez”, “respondendo fora de tempo”, “fazendo barulhos inapropriados”, etc. Portanto, trata-se de crianças desordenadas, descuidadas, que não prestam atenção ao que se passa na sala de aula, que mudam continuamente de tarefa e apresentam uma atividade permanente e incontrolada, sem se dirigir a um determinado objetivo ou fim. 5 Tais crianças têm dificuldade em permanecer quietas e sentadas e costumam responder precipitadamente, mesmo antes de se haver finalizado a formulação das perguntas. Para além disso, mostram-se impacientes, não são capazes de esperar pela sua vez nas atividades em que participam com os outros indivíduos e interrompem as tarefas ou atividades dos companheiros e dos membros de família. Pelo facto de as suas condutas refletirem uma fraca consciência do perigo, podem sofrer, facilmente, acidentes e quedas. São desobedientes, parece que não ouvem as ordens dos adultos, e, portanto, não cumprem as suas intenções. Consequentemente, também costumam ter problemas com os colegas, dado que, para além disso, têm dificuldades nos jogos cooperativos e no ajustamento do seu comportamento às normas ou às regras dos mesmos. (Garcia, 2001, p. 12) Mas, segundo Inmaculada Garcia (2001), as investigações têm mostrado que as crianças hiperativas são um grupo heterogéneo onde as características associadas a este distúrbio não iguais para todas as crianças, que para além de não aparecerem em todos os casos também não aparecem de forma permanente. Devido a este facto, percebemos a dificuldade que há quando se trata de organizar e classificar os sintomas associados à hiperatividade/DHDA, e por sua vez a criação de um modelo eficiente. Assim vamos ter em conta o modelo de Barkley (1994), apresentado por João Lopes (2003), que já foi referido atrás, e uma vez que é considerado o modelo mais aprofundado e heurístico conhecido. Assim temos que a hiperatividade, segundo Barkley (1994), é caracterizada por um défice no desenvolvimento da inibição comportamental que resulta na perturbação das funções ligadas à autorregulação2, que confere ao comportamento, a impulsividade, a hiperatividade, a inconveniência social e dificuldades de manutenção das tarefas, e interferem significativamente com inúmeras competências do indivíduo. 2 De acordo com João Lopes (2003), a auto regulação emerge da interação das capacidades neurológicas e das interações com o meio social, que estimula, encoraja e recompensa tais comportamentos. 6 1.1-Origem da hiperatividade Inmaculada Garcia (1998) comenta o facto de a maioria dos peritos considera que a hiperatividade tem uma origem heterogénea, ou seja, não se pode, com o conhecimento de hoje, confinar a origem da hiperatividade a um mecanismo ou fator, assim é considerado por Garcia (2001) que existem múltiplos fatores interagindo, cada um deles exercendo o seu efeito continuamente. A principal razão apontada por Inmaculada (1998), para a dificuldade da identificação dos fatores que contribuem para o surgimento da síndroma, é o facto de “as crianças hiperativas constituírem um grupo muito amplo e diverso no que respeita aos comportamentos que manifestam e aos seus fatores etimológicos”. Desde que se começou a estudar esta síndrome pensou-se que estivesse relacionado com causas biológicas, afirma Inmaculada (2001), deste modo os primeiros estudos centraram-se neste pressuposto. Os trabalhos realizados neste campo pretendiam verificar a relação existente entre a hiperatividade e as alterações estruturais e funcionais do cérebro. Não obstante, as hipóteses que se utilizam actualmente indicam que as lesões do cérebro, mais do que provocar distúrbios específicos e, concretamente, a hiperactividade, exercem a sua influência mediante uma maior vulnerabilidade da criança aos problemas psicológicos. Isto significa, pois que as lesões físicas do cérebro não são necessariamente causas de comportamento hiperactivos, e, pelo contrário, a manifestação de condutas tais como a actividade motora excessiva, impulsividade, a falta de atenção, etc., não supõem inevitavelmente que a criança tenha sofrido alguma alteração cerebral não detectada antes de consultar o especialista. (Garcia, 2001, p. 29) Anteriormente, foi mencionado um outro estudo, apresentado por Inmaculada Garcia (2001), que tinha como suposição, que as crianças hiperativas iriam apresentar um número mais elevado de sinais neurológicos menores (dificuldades de equilíbrio, torpor e uma deficiente coordenação motora fina) quando comparadas com as crianças não hiperativas. Mas o resultado não foi conclusivo, pois nem todas 7 as crianças hiperativas têm sinais neurológicos menores, e também por estes sinais terem sido encontrados em crianças não hiperativas. Um dos outros fatores que foram realçados foi a influência do ambiente prénatal e as possíveis complicações durante a gravidez, podendo este fatores influenciar o aparecimento do distúrbio hiperativo. Gold e Sherry (1984), mencionaram o facto que o abuso de álcool durante a gravidez é responsável por défice de atenção, problemas de aprendizagem, perturbações do comportamento e atraso psicomotor (cit. Garcia, 2001). Inmaculada (2001) menciona o facto de vários especialistas defenderem que os partos prematuros e o baixo peso à nascença contribuírem para os problemas de comportamento infantil. Mas, estudos longitudinais referem que os problemas pré-natais e perinatais não influenciam as crianças de igual modo. Digamos que a sua influência não é universal. Podemos então afirmar que uma criança com baixo peso à nascença, complicações durante a gravidez e problemas neonatais, não significa que tenham, ou possam vir a ter, problemas psicológicos, afirma Garcia (2001). Segundo João Lopes (2003), os parentes biológicos de crianças hiperativas têm tendência a apresentar problemas relacionados com o álcool, conduta, hiperatividade e depressão em maior grau que os de crianças normais. O autor afirma que o papel da hereditariedade na manifestação da hiperatividade é inequívoco, uma vez que estudos realizados com familiares e com gémeos de crianças hiperativas têm revelado dados significativos quando à influência da hereditariedade na manifestação da hiperatividade. Com os dados disponíveis podemos verificar que fatores biológicos, genéticos e ambientais, apresentam influências no aparecimento de comportamentos hiperativos, mas não existem dados que demonstrem a prevalência de qualquer de 8 um dos fatores mencionados, afirma Inmaculada (2001), daí considerar-se uma etiologia multifatorial. Por esta razão, quando os especialistas vinculados ao âmbito infantil têm de explicar a origem das condutas hiperativas manifestadas por uma determinada criança, procuram avaliar em que medida houve a intervenção de condições biológicas, parto prematuro ou peso baixo à nascença, influências genéticas e variáveis ambientais, nível socioeconómico, saúde mental dos pais e modelos educativos adotados por estes. Em cada caso, as diferentes manifestações do distúrbio dependerão da proporção em que cada um destes agentes causais está representado. (Garcia, 2001, pp. 39, 40) Tabela 1: Indicadores de hiperatividade em momentos evolutivos distintos (Guitiérrez-Moyano e Becoña, 1989) 0 - 2 anos 2 - 3 anos 4 – 5 anos A partir dos 6 anos Problemas no ritmo do Imaturidade da Problemas de Impulsividade sono e durante a linguagem expressiva adaptação social Défice de atenção alimentação; Atividade motora Desobediência social Insucesso escolar Períodos curtos de excessiva Dificuldades em seguir Comportamentos sono e despertar Escassa consciência do norma antissociais sobressaltado perigo Problemas de Resistência aos Propensão para sofrer adaptação social cuidados habituais numerosos acidentes Reatividade elevada aos estímulos auditivos Irritabilidade 9 1.2-Identificação de uma criança hiperativa Quando falamos de crianças hiperativas a ideia geral que surge são crianças que não param quietas, pequenos furacões que nunca se esgotam, mas se perguntarmos a um especialistas a resposta não será tão linear. Para identificar, o mais corretamente possível, uma criança hiperativa é frequente recorrer ao uso de critérios de diagnóstico consensualizados e comummente aceites, afirma Inmaculada (2001). Neste sentido a Organização Mundial de Saúde, em 1992, considera os seguintes aspetos como determinantes no diagnóstico da hiperatividade: (1) presença conjunta dos sintomas básicos - falta de atenção, inquietude e mobilidade excessiva; (2) estimativa da gravidade dos problemas, tomando como referência a idade e o nível intelectual da criança; (3) avaliação do carácter permanente ou situacional das alterações; (4) observação direta dos sintomas; (5) ausência de psicose e distúrbio afetivo; (6) início precoce e persistência temporal dos sintomas. As crianças hiperativas constituem um grupo muito amplo, diverso e heterogéneo no que diz respeito aos comportamentos, aos ambientes em que surgem e às causas desse comportamento, afirma Inmaculada (2001), deste modo é importante aceitar padrões de identificação e diferenciar as crianças hiperativas das crianças com outros tipos de problemas. Muitas vezes podemos encontrar crianças com outro tipo problemas, que não a hiperatividade, que podem, perfeitamente, levar as pessoas a suspeitar que existe a possibilidade de síndrome. Podemos encontrar outros problemas que podem apresentar sinais e sintomas semelhantes aos encontrados na hiperatividade. Uma criança com comportamento impulsivo pode provir de uma educação negligenciada ou demasiado permissiva, o insucesso escolar pode ser resultante de dificuldades específicas do aluno e devemos 10 ter em conta que o insucesso escolar é um efeito do comportamento da criança e não uma premissa que diferencie a criança hiperativa da criança não hiperativa. A falta de atenção, característica dos hiperativos, também é característica de uma forma de epilepsia (pequeno mal epilético), ou a criança pode simplesmente sofre de otites de repetição ou crónicas, que podem levar as pessoas a pensar que a criança está desatenta, é também importante salientar que os problemas de visão também levam a criança a desinteressar-se. Devemos ter em atenção que uma criança pode ser hiperativa, mas não no sentido psicológico, no sentido físico. Existem problemas de metabolismo que provocam um excesso de atividade muito característico do hiperativo, como por exemplo, a disfunção da tiroide. Existem ainda outros problemas mentais, genéticos ou ambientais que podem levar a crer que a criança sofre de hiperatividade, mas na verdade não. Podemos perceber então a necessidade da existência de critérios de diagnósticos estandardizados e aceites pelos profissionais como linhas orientadoras para despistar a hiperatividade. Assim, o diagnóstico deste problema conta com vários critérios. A altura do aparecimento dos primeiros sinais de hiperatividade deve aparecer antes dos sete anos de idade e prolongam-se durante mais de seis meses. Estes sinais traduzem-se em comportamentos que, pela sua natureza hiperativa, são mais frequentes ou graves, comparando com o comportamento das crianças da mesma idade. Todo este quadro afeta a criança nos diversos aspetos da sua vida. Tendo em consideração esta informação podemos dizer que ao encontramos uma criança que se mostre demasiado irrequieta, distraída e faladora nas aulas, mas que consiga ter uma relação minimamente harmoniosa em casa e noutras situações, não se pode diagnosticar uma perturbação por défice de atenção e hiperatividade. 11 Devemos ter em conta que os comportamentos característicos e de maior incidência na criança hiperativa são os problemas de atenção, atividade motora excessiva e comportamento impulsivo. Os problemas de atenção estão relacionados com o facto de as crianças hiperativas terem dificuldade em concentrar-se numa só tarefa e aborrecem-se rapidamente. Podem estar atentos em atividades do seu agrado, mas quando se lhes pede para organizar algo, estar atentos a uma tarefa ou aprender algo de novo, apresentam uma grande dificuldade, distraindo-se facilmente com qualquer estímulo exterior. Não param quietas e falam demasiado. Não se mantêm sentadas calmamente, estão constantemente a mexer ruidosamente nas canetas ou a abanar os pés. Muitas vezes, passam o tempo a saltar impacientemente de atividade em atividade. Uma vez que são crianças impulsivas mostram-se, frequentemente, incapazes de controlar as suas reações ou pensamentos antes de agir, que as leva a fazerem comentários pouco adequados ou a responderem a questões antes mesmo de estas estarem completadas. A impulsividade faz com que a espera por algo torne-se insustentável. As crianças hiperativas podem intrometer-se nas atividades das outras ou perturbar as suas brincadeiras o que por vezes pode gerar conflitos com os colegas. 2-Dificuldades de aprendizagem percetivo-cognitivo Cerca de um terço das crianças hiperativas apresentam dificuldades de aprendizagem e cerca de 40 a 45% tem algum atraso académico. “têm problemas em captar a informação sensorial, organizá-la, processá-la cognitivamente e expressá-la posteriormente. Estas limitações traduzem-se em dificuldades para resolver com êxito tarefas que exigem o manuseamento de conceitos e ideias abstratas.” (García, 2001) 12 Os problemas de comportamento são notórios em 80% das crianças com hiperatividade: aborrecem os colegas; falam quando não devem ; produzem ruídos desagradáveis e perturbadores; agridem com frequência os colegas; são desobedientes. Outros problemas associados: Perturbações de memória Esquecem-se facilmente de atividades que têm de realizar assim como das matérias escolares (dificuldades de aprendizagem). Perturbações da fala e da audição Por vezes as crianças com hiperatividade têm dificuldades na fala e audição. Têm um desenvolvimento mais lento da fala, muitas vezes com omissões e distorções fonéticas. Dificuldades de integração Interrompem frequentemente as atividades dos outros, o que causa algum aborrecimento aos colegas, por isso muitas vezes são excluídos das brincadeiras (Garcia, 2001). 2.1-Diagnóstico e avaliação da hiperatividade Só através do estudo cuidado de todos os fatores que influenciam a vida da criança é que podemos chegar à conclusão que estamos perante uma criança hiperativa ou não 13 João Lopes (2003) considera que os sintomas “definidores” do problema são suficientemente voláteis e são modificados de acordo com a idade da criança. Tendo em atenção este facto diagnosticar a hiperatividade passa por uma bateria de atividades com alguma extensão. Idealmente, o diagnóstico do DHDA compreenderia as seguintes etapas (Lopes, 2003, p. 151): 1. Entrevista com a criança/adolescente e os pais, realizada por um psicólogo, médico ou alguém com formação nesta área; 2. Exame médico (se necessário); 3. Preenchimento de questionários pelos pais; 4. Entrevistas com o(s) professor(es); 5. Preenchimento de questionários pelo(s) professor(es); 6. Observação direta do comportamento nos contextos de vida do sujeito. Este tipo de diagnóstico, em Portugal, não consegue preencher todos os requisitos, afirma João Lopes (2003). Esta perturbação é pouco reconhecida, logo, são poucos os profissionais que se dispõem a fazer um diagnóstico. Ainda assim, seria necessária a participação de um psicólogo e um médico, no mínimo, e a formação de uma equipa deste género é pouco frequente. E por fim, as possibilidades do profissional que avalia fazer uma observação direta, são escassas. Deste modo, Inmaculada Garcia (2001) revela que o profissional para além do conhecimento do desenvolvimento da criança, analisa o ambiente familiar, escolar e social onde está inserida. Para obter esta informação, o especialista recorre à entrevista e a escalas de avaliação que fornecem dados sobre o comportamento nos diversos ambientes que a criança frequenta. A avaliação direta da criança passa por testes de atenção, coordenação visual-motora, entre outros. 14 3-Intervenção O objetivo primário da intervenção na hiperatividade é “favorecer a adaptação e o desenvolvimento psicológico das crianças”, defende Garcia (2001). Assim sendo, quando se planifica e leva à prática o tratamento de uma criança hiperativa, perante a diversidade de manifestações do distúrbio, os especialistas perguntam-se quais deverão ser os objetivos prioritários. (Garcia, 2001, p. 59) Encontramos diversos tipos de intervenção, sendo a intervenção farmacológica a mais utilizada, mas também se aplicam métodos compartimentais e cognitivos. 3.1-Intervenção farmacológica A intervenção medicamentosa possibilita a estes indivíduos uma vida mais calma e tranquila. Segundo Inmaculada Garcia (2001) os fármacos são utilizados devido aos seus efeitos a curto prazo, diminuição da atividade motora e levando ao aumento da atenção. Deste modo quer os pais, quer os professores, ou neste caso o mestre de Kenpo, devem procurar ter uma atitude positiva, tentando valorizar e reforçar os comportamentos adequados, uma vez que a crítica frequente leva, inevitavelmente para o insucesso de uma qualquer intervenção nestas crianças. Almeida e Sousa (Lopes, 2003), afirma que a investigação levou a serem adotados estimulantes, antidepressivos e a clonidina (medicamento para a hipertensão arterial) para serem administrados nos casos de hiperatividade. Com a utilização destes fármacos poderíamos encontrar uma melhoria do comportamento, do rendimento escolar e da relação como os outros (ajustamento social), numa percentagem que se situa entre os 70% e os 90% das crianças tratadas. Apesar de ser um meio eficaz para minimizar a hiperatividade das crianças, mas os fármacos não estão livres de efeitos secundários. Inmaculada Garcia (2001), 15 apresenta como os efeitos mais comuns encontrados nas crianças medicadas a insónia, a dor de cabeça, a disforia, etc., mas o efeito secundário mais preocupante são a falta de apetite e a perda de peso, uma vez que uma criança que não come pode diminuir de peso. Mas, uma vez que estes sintomas não aparecem em todas as crianças e com a mesma intensidade, Inmaculada Garcia (2001) diz que os peritos consideram não ser um fator importante para suspender a medicação. Tendo em vista que a terapêutica tem como objetivo favorecer a adaptação e o desenvolvimento psicológico da criança, qualquer tipo de intervenção deverá ser pensada de acordo como o universo físico e psíquico da criança, afirma Inmaculada Garcia (2001). Sendo o tratamento só eficaz na presença de outros fatores, “a medicação só por si não é solução”, defende Almeida e Sousa (Lopes, 2003). 3.3-Intervenção Comportamental-cognitiva Este tipo de intervenção tem como base a ideia de que é possível controlar o comportamento das crianças hiperativas através da “manipulação” dos fatores e das variáveis ambientais, diz Inmaculada Garcia (2001). Esta intervenção utilizada dois tipos de técnica: a técnica operativa e a técnica cognitiva. A técnica operativa produz controlo nas condutas alteradas que supõem dependerem de situações presentes no ambiente. Ou seja, segundo Inmaculada Garcia (2001), controlando as circunstâncias ambientais, podemos reduzir alterar ou melhorar o comportamento da criança hiperativa. De acordo com a autora, o modelo operativo centra-se nas consequências que se seguem a um comportamento, uma vez que a conduta manifesta-se e mantêm-se devido aos efeitos que gera no ambiente. 16 Assim, ao dispor o ambiente familiar e social segundo as indicações de um profissional que aplicará as noções de reforço, extinção e castigo, as condutas alteradas da criança mudarão favoravelmente e fomentar-se-ão comportamentos adaptados em casa, com os pais e irmãos, e na escola, com os seus pares. Portanto, o tratamento comportamental da hiperatividade baseia-se no manejo das consequências ambientais (Ayllon e Rosenbaum, 1977) (Garcia, 2001, p. 71) Inmaculada Garcia (2001), defende que a nível do comportamento é de salientar que, quando determinada conduta é seguida de consequências ambientais favoráveis, essa mesma conduta mantêm-se inalteráveis. Ou seja, uma criança hiperativa, cuja atenção dos adultos é diferenciada, especialmente, quando existe um comportamento alterado, esse comportamento é reforçado, uma vez que as crianças obtêm o que sempre obtiveram, quer tenham um comportamento alterado ou não. Deste modo, a intervenção comportamental realizada em crianças hiperativas, procura recompensar as condutas apropriadas e eliminar os comportamentos inadequadas, utilizando o princípio do reforço. Este reforço terá de ser encontrado pelo terapeuta para cada caso em particular, uma vez que cada criança tem os seus próprios gostos, logo, um reforço para uma criança pode não resultar para outra, lembra Inmaculada Garcia (2001). Todo este processo procura levar a criança a perceber que determinado comportamento é aceite em detrimento de outro, uma vez que à medida que a criança solidifica as condutas apropriadas, o reforço, anteriormente utilizado, começa a ser substituído por reforços sociais, Inmaculada Garcia (2001), diz que este processo serve para a criança manter os comportamentos sociais adequados no contexto da interação social. Inmaculada Garcia (2001), adverte que o tratamento da hiperatividade tem de contar com a participação de pais e professores, uma vez que os comportamentos inadequados ocorrem em casa, na escola, ou seja, na vivência social da criança. Assim, a aplicação das técnicas comportamentais pelo terapeuta deverão ser continuadas pelos pais e professores, sendo para isso necessário que os adultos em 17 questão sejam “preparados”, ou seja, terão se ser explicados os conceitos básicos de mudança de conduta e especificamente o que se irá realizar com a criança. Todo este processo é seguido de perto pelo terapeuta, que avalia a evolução da criança e a sua reação ao tratamento, permitindo ao terapeuta elaborar as mudanças necessárias para o processo terapêutico resultar. O terapeuta, durante este período, proporcionará o apoio psicológico aos pais para garantir “a motivação necessária para continuarem e concluírem com êxito a terapia”, afirma Inmaculada Garcia (2001). Apesar destes procedimentos estarem condicionados por inúmeros fatores (valor de incentivo e da motivação, o tipo de castigo usado para reduzir as condutas inadequadas, o meio social envolvente, a natureza do treino recebido por pais e professores, a duração do tratamento, etc.), Inmaculada Garcia (2001) refere que os estudos realizados neste campo apontam para melhorias a curto prazo no comportamento social das crianças e nos seus resultados académicos. Para além de todo este tratamento comportamental através de técnicas operativas, existe também outros meios de abordar o tratamento da criança hiperativa. A técnica cognitiva pode ser utilizada conjuntamente com a técnica operativa ou simplesmente ser o único meio de tratamento. A técnica cognitiva consiste em ensinar às crianças hiperativas estratégias cognitivas que lhes permitissem fazer frente, com êxito, às tarefas escolares e às situações em que se exige o controlo dos comportamentos com foi mencionado por Meichenbaum e Goodman (citados por Garcia, 2001). Inmaculada Garcia (2001) refere que esta técnica supõe que as crianças hiperativas possuem um défice nas estratégias e nas competências cognitivas requeridas para executar satisfatoriamente todas as tarefas escolares. Os autores desta técnica referem que o objetivo não é ensinar a criança a pensar, mas como deve fazê-lo. Assim a criança deve aprender um modo apropriado, uma estratégia para resolver os fracassos e fazer frente a novas exigências. 18 O terapeuta passa à criança competências que terão de passar por estratégias para resolver problemas e capacidades de autocorreção dos erros e de autorreforço, afirma Inmaculada Garcia (2001). A autora refere que os estudos realizados neste campo mostram que as técnicas cognitivas são eficazes na modificação de estratégias cognitivas, mas a nível das condutas sociais inadequadas, a sua alteração não é significativa, e existem sérias dúvidas quanto à aplicação da estratégia aprendida na vida real. Garcia (2001) mostra que os planos de intervenção, baseados na aplicação de técnicas comportamentais e cognitivas apresentam resultados satisfatórios em alguns aspetos do distúrbio da hiperatividade. Mas, uma vez que o tratamento está dependente de fatores como a generalidade ou a especificidade das técnicas ensinadas e a motivação ou integração da criança no seu próprio tratamento, pontos como a modificação de comportamentos antissociais e manutenção da melhoria por períodos de tempo mais prolongados que ainda não estão devidamente abrangidos pelo tratamento. 3.4-Intervenção combinada Inmaculada Garcia (2001) afirma que a combinação de procedimentos comportamentais e cognitivos com o tratamento farmacológico é uma das opções mais aceites e mais defendidas pelos especialistas. Tendo em conta que a intervenção farmacológica é de administração fácil e com resultados rápidos sobre os comportamentos inalterados, não é de estranhar que tanto profissionais como pais adotem esta intervenção com mais frequência. Mas, os resultados não se mantêm e podem apresentar efeitos secundários. A intervenção comportamental-cognitiva é estruturada, planificada previamente e avaliada dentro dos seus propósitos. O treino dos pais e professores nos princípios comportamentais é essencial para o sucesso desta intervenção uma vez que ocorre em ambiente natural. 19 Segundo Inmaculada Garcia (2001) defende que a combinação das técnicas farmacológicas e das técnicas comportamental-cognitivas pode trazer vantagens. “Pretende-se que os efeitos conseguidos separadamente pelos fármacos e pelas técnicas comportamentais se somem e acumulem para conseguir que a criança melhore globalmente, e que esta melhoria seja estável e sustentada ao longo do tempo”. 20 4-Desporto/Exercício Físico Como já foi mencionado atrás, especialistas da Organização Mundial de Saúde consideram o desporto, para jovens, um meio para adquirirem a plenitude das suas capacidades físicas e mentais, uma vez, que o desporto é uma resposta positiva às incertezas naturais de uma criança/ adolescente, porque, para além do prazer, leva a criança a experimentar a dificuldade e o progresso, e o gosto pelo aperfeiçoamento, estimulando e fortificando a personalidade no seu todo. É necessário desenvolver, desde a mais tenra idade, o gosto pelas atividades físicas, devendo esta fazer parte integral da educação, tal como a aprendizagem da leitura, da escrita e da linguagem. Segundo os especialistas da O.M.S., a prática do exercício físico pelas crianças leva-as a libertarem-se de algumas tensões, assim como descarregar a sua agressividade natural. Para além do que foi mencionado, encontramos benefícios a nível da saúde da criança, que se manifestam a curto prazo, como o desenvolvimento harmonioso da musculatura e das principais funções vitais: cardíaca, vascular e pulmonar. A nível do tipo de desporto que as crianças podem realizar, encontramos um vasto leque de opções que passam por todos os desportos que não exijam muito esforço ou competições intensas. O desporto é uma excelente forma de as crianças atingirem a plenitude das suas capacidades físicas e dá-lhes, igualmente, o sentimento de participação social sendo algo que estimula a criança, não só na continuação da prática desportiva, como também no incentivo de outras crianças para o desporto. A criança encontrará no desporto hipóteses de entender qual o seu verdadeiro valor pessoal, assim como, atingir a plenitude das suas capacidades físicas permitindo que exprima a sua vontade de poder. 21 Durante o jogo, a criança irá aprender a aceitar os outros, a respeitá-los e a compreendê-los, ou seja, a criança irá adquirir hábitos de socialização. Alexander (1990), refere que o desporto deverá ser tido em conta quando falamos de crianças hiperativas. Apesar de não mencionar trabalhos que demonstrem as potencialidades do desporto no tratamento de crianças hiperativas, explica que, através da sua experiência, o desporto pode ser utilizado como sucesso no tratamento da criança. Mas a minha experiência me convenceu de que ajudar uma criança a ter sucesso nos esportes e programas de recreação pode dar um contributo importante para a terapia. Atividades cuidadosamente escolhidas, talvez combinado com o uso de medicamentos apropriados, podem ajudar a aumentar a confiança da criança, autoestima, adequação e ajustamento social. (Alexander, 1900) Alexander (1990) dá a conhecer alguns dos desportos que durante a sua experiência, considerou serem os mais adequados para auxiliarem o tratamento de crianças hiperativas, como o futebol, a natação e a luta (onde se enquadram as artes marciais). Poderíamos mencionar as razões que levam Alexander a considerar o futebol, a natação e a luta como desportos de eleição no auxílio do tratamento de crianças hiperativas, mas estando este trabalho centrado na prática de uma arte marcial, iremos unicamente focar a importância do kenpo. Na opinião de Jeffery Alexander (1990) as artes marciais são o segundo desporto com maior taxa de ocorrência no auxílio de crianças hiperativas, isto porque este desporto abrange uma organização com regras e uma atitude de pára e pensa, e de obediência. Nenhuma técnica é ensinada até a criança aprender a parar, a ouvir e a pensar. Mais adiante iremos aprofundar a temática do kenpo enquanto desporto propício ao tratamento deste tipo de crianças. 22 Olhando um pouco mais para os benefícios do desporto, encontramos estudos que defendem a ideia que importantes características da saúde e performance são melhoradas na infância devido à prática de atividades físicas. Numa criança que habitualmente pratica atividade física encontramos um aumento das habilidades que a satisfazem durante as atividades do dia-a-dia, é notória a melhoria das habilidades motoras, a redução de lesões, a redução das condições para desenvolvimento de doenças crónicas futuras ligadas ao sedentarismo, a melhoria da autoestima, do senso de responsabilidade e grupo, a da autoconfiança, uma melhor adaptação social, logo uma melhor expressão pessoal e um maior desenvolvimento da noção de espaço-tempo. Independentemente do tipo de desporto que se pratique é necessário que seja do agrado da criança, uma vez que facilita a integração da criança no universo desportivo e fomenta a prática. O desporto não deve ser imposto à criança, mas deve-se procurar incentivá-la a praticar algum tipo de desporto. 23 5- Kenpo O Kenpo, é uma arte de defesa pessoal desenvolvida no Japão que tem por base a filosofia do Budô (Bu = Controle de violência, método de vida, estabelecimento de regras e leis de conduta, conquista da segurança, contribuição pessoal para a pacificação e enriquecimento da sociedade e Dô = caminho, método, doutrina ou atalho). É baseado na arte de luta sem armas que foi desenvolvida durante anos e nos dias de hoje continua a evoluir e a adaptar-se ao mundo em que vivemos. O Kenpo focaliza o desenvolvimento do carácter humano a um nível que o leve a alcançar a vitória sobre o oponente sem violência. Tecnicamente o Kenpo é composto de: Todome-waza (golpe definitivo) – onde um único golpe destrói o poder ofensivo do adversário; Técnicas de defesa que anulam o ataque do adversário; Técnicas de suporte; Princípios mentais e físicos para execução correta das técnicas. Com a prática correta do Kenpo, é possível fortalecer e desenvolve o corpo e a mente, disciplinando os instintos primitivos e aprimorando a personalidade. A procura diária do caminho do Budô, faculta ao kenpoca o equilíbrio (corpo e mente) e como efeito, adquire; boa coordenação motora, reflexos afiados, autoconfiança, autocontrole em qualquer ocasião, senso de disciplina, responsabilidade, o respeito pelo próximo e desenvolve o espírito de equipa. Fica evidenciada a forte conotação educacional, pois através da prática do Kenpo, procura-se melhorar o carácter, a personalidade, tendo como objetivo a vida em sociedade. 24 Com os treinos dos movimentos formais (kata), os praticantes procuram desenvolver e automatizar golpes de defesas e ataques em várias direções enfrentando um ou mais oponentes imaginários. Cada um destes movimentos tem uma aplicação real, onde é importante a dinâmica corporal, a mecânica de cada golpe e o sincronismo com a respiração. Os treinos da luta combinada, os praticantes desenvolvem a defesa pessoal, a versatilidade necessária para enfrentar principalmente adversários de porte físico superior. Nesta modalidade, (Jinha Kenpo) por exemplo, a aparente fragilidade feminina pode superar a força do homem aplicando a técnica e o golpe adequado. O treino de combate real, leva os praticantes, com a utilização de conhecimentos aprendido no treino, a testar as suas capacidades e aplicam a técnica de acordo com o oponente, procurando sempre o Todome-Waza (golpe definitivo), porém, tendo sempre em conta a humildade, o respeito e a disciplina e o autocontrolo que são características principais do praticante que demonstram o equilíbrio físico e psicológico. Todas as premissas referidas: caracter; sensibilidade; esforço; etiqueta; autocontrolo; e “eu posso, eu consigo”, são utilizadas pelos praticantes de Jinha Kenpo, o Mestre Jinha utiliza-as como palavras de ordem que são utilizadas no início e no final de cada treino. Pois segundo ele quando as crianças dizerem em voz altas estas premissas vão interiorizando, permitindo uma referência futura, no seu dia-adia, numa situação que eles se vejam em dificuldade. Estas palavras para além de serem faladas, são também trabalhadas no dojo (ginásio onde se treinam/praticam artes marciais), é fácil as crianças criarem uma ideia real do que cada uma das palavras quer dizer. Dentro do dojo existe um hierarquia que deve ser respeitada pelo aluno ou kenpoca (praticante de Kenpo), assim temos, o mestre, possuidor do cinto negro e ao qual todos devem respeitar da mesma forma que ele os respeita a eles, abaixo temos o kenpoca de cinto castanho, e outros cintos. O primeiro cinto que o kenpoca usa é o cinto vermelho e à medida que a sua técnica se vai aperfeiçoando recebe um novo 25 cinto (por cada cinto acrescentasse uma fita preta), ou seja, após o exame, passa para a graduação acima da que possui e isso implica uma nova atitude para como ele e para com os outros dentro e fora do dojo. Este cinto será dado pelo Mestre e o kenpoca apenas o receberá se mostra-se merecedor que física quer mentalmente. Assim, uma criança só recebe um novo cinto, quando atinge determinado tipo de capacidades físicas e mentais, logo, uma criança que apesar de apresentar uma destreza física boa, se não for coerente com as premissas do Jinha Kenpo não lhe é permitida a passagem de graduação assim permanecendo até que as atinja com a ajuda do mestre e dos outros graduados. Segundo o Mestre Jinha (www.jinhakenpo.com), a prática desta arte marcial por uma criança hiperativa pode ser uma ajuda, mas considera que o Jinha Kenpo só por si não chega. É necessário um apoio efetivo dos pais e uma compreensão das motivações do filho. 5.1- A Arte do Jinha Kenpo A prática/estudo do JINHA KENPO, é compreendida no nosso País, na Espanha, nos Estados Unidos e, duma forma geral, em todo o Mundo como disciplina física ou cultural. É uma Arte Marcial criada com o objetivo de adquirir coragem, cortesia, integridade, humildade, autoconfiança e autocontrole. Aqui reside a sua essência, para além de outros fatores de carácter atlético, que vão desde o desenvolvimento das capacidades do sistema muscular e respiratório, da flexibilidade, da coordenação motora e equilíbrio corporal até ao treino mental e aperfeiçoamento da personalidade, bem como a harmonia de todos estes fatores. A Arte Jinha Kenpo divide-se em várias vias ao gosto dos seus praticantes/estudantes: manutenção, lazer, reabilitação, recreativo, defesa pessoal, competição e cultura física. 26 O treino da JINHA KENPO consiste fundamentalmente, em cinco partes distintas: Kihon Renshu (bases dos exercícios), Kata (movimento de formas de ataque e defesa), Kobudo (arte clássica com armas), Go Shinjutsu Jinha Kenpo (arte de defesa pessoal de rua) e Kumité Shiai (combates de competição). O nosso corpo deve, através destes exercícios básicos, ganhar a possibilidade de trabalhar de uma forma correta. É através do Kihon Renshu, que se suprimem as mais elementares deficiências de movimento e também, onde começamos a entender a necessidade de que os braços e pernas se devem coordenar. Mais tarde, as ancas devem ser integradas nessa coordenação, de modo a que um simples movimento de mão ou perna tenha a energia total do corpo a servi-lo. A Kata tem a finalidade de dar forma, beleza, estética e equilíbrio aos movimentos simples do Kihon Renshu. Evidentemente que, à medida que os DeshiJinha (alunos) vão sendo graduados, o Kihon Renshu e a Kata vão sendo mais complexos. Os movimentos que em Kihon Renshu foram aprendidos isoladamente e, um a um executados, são agora no Kata encadeados. O Kobudo mostra a destreza do aluno a manusear com alguma perícia as armas que fazem parte do programa da JINHA KENPO, e ainda como as armas começam a fazer parte integrante de si mesmos. Go Shinjutsu Jinha Kenpo, é um dos objetivos desta Arte JINHA KENPO, a preparação para o confronto real, tendo em conta o Mundo violento em que vivemos. Para nós, é deveras importante estar sempre em alerta e preparado para aquelas situações que ninguém conta, assalto, violação, agressão física, etc. Infelizmente, este é um verdadeiro dilema, mas que nem sempre se lhe dá a atenção devida. O Kumité Shiai, ao contrário do Kihon e da Kata, é praticado sempre com um companheiro de treino, de modo a que cada um possa criar dificuldades ao outro, através dos seus movimentos. No treino, a movimentação e as técnicas são absolutamente livres, obedecendo, no entanto, às regras de competição, aos princípios básicos do Kihon 27 Renshu e da Kata, para que possam ser ricas em energia e o mais possível estéticas e com formal real. 5.1.1. Objetivos da Federação e Associações Jinha Kenpo Objetivos Gerais: O objetivo social da Federação é o ensino e prática de Desporto (Kosho Kenpo), afim de promover o respeito e a amizade, tendo em vista a construção e o aperfeiçoamento do caráter. 1. Sensibilizar a Comunidade em geral para a importância global do jovem; 2. Promover a aprendizagem de conhecimentos relativos aos processos de elevação e manutenção das capacidades físicas; 3. Reforçar o gosto pela prática regular de atividades físicas e aprofundar a compreensão da sua importância como fatores de saúde e componentes da cultura; 4. Assegurar o aperfeiçoamento dos jovens nas atividades físicas da sua preferência, de acordo com as características pessoais e motivações. Objetivos Específicos: Os objetivos específicos do treino da Arte Marcial Jinha Kenpo, são promover, divulgar e canalizar as pessoas para a prática da arte marcial Jinha Kenpo. A disciplina é outro objetivo imprescindível para a formação do caráter da criança, jovem e adulto. 1. Cooperar com os companheiros nas ações favoráveis ao êxito do grupo; 2. Tratar com cordialidade e respeito os companheiros e adversários; 3. Conhecer os objetivos da luta e o modo de execução das principais técnicas/táticas; 4. Aceitar as decisões do árbitro e identificar a linguagem gestual; 28 5. Conhecer e interiorizar o ritmo e intensidade do combate. (www.jinhakenpo.com) 5.1.1.1. Caracterização do Contexto Desportivo Identificação da Modalidade e respetiva InstituiçãoDesportiva Instituição Desportiva: Federação Portuguesa de Defesa Pessoal Jinha Kenpo Símbolo da F.P.D.D.P.J.K Modalidade: Jinha Kenpo (Arte Marcial) Símbolo da Arte Marcial Jinha Kenpo Designação da Modalidade Jinha Kenpo A Jinha Kenpo é o mais inovador sistema flexível das Artes Marciais. De uma forma muito resumida é continuidade e economia de movimentos. 29 Na Jinha Kenpo utilizam-se combinações previamente estudadas e coordenadas harmoniosamente, onde é percetível uma clara e evidente lógica ou objetivo. Cada movimento não é realizado por acaso, mas sim, tem um objetivo, um fundamento, uma continuidade de uma ação técnica. Combinam-se golpes de pés e mãos, tanto em linha reta como circulares, sincronizadas, encadeadas e dirigi das a diversos ângulos do adversário, que não pode parar, nem bloquear os ataques ofensivos do Jinha Kenpo. A velocidade é a capacidade motora mais evidente nesta arte marcial. A Arte Marcial Jinha Kenpo não intervém somente em termos físicos, mas, também, se rege por uma filosofia e profunda religiosidade. A Jinha Kenpo é um término moderno que descreve um dos sistemas mais inovadores praticados em Portugal, tendo uma estrutura baseada no Kosho Kenpo. 5.1.2.Caracterização do contexto desportivo da Federação de Defesa Pessoal Jinha Kenpo A Federação Portuguesa de Defesa Pessoal Jinha Kenpo é constituída pelas seguintes associações: Associação Portuguesa Ryu Jinha Kenpo, Associação de Artes Marciais Jinha Kenpo de Viseu, Associação de Artes Marciais Jinha Kenpo de Mangualde, Associação de Artes Marciais Jinha Kenpo de Nelas e, por último, a Associação de Artes Marciais Jinha Kenpo de Albergaria-a- Velha. Estas associações caracterizam-se por associações sem fins lucrativos. O âmbito de intervenção, da Federação e respetivas Associações é a de recreação, e, também, a de formação. As Associações têm um papel relativo ao ensino e à aprendizagem. Atualmente a área de competição do Jinha Kenpo realizado somente competições de caráter amigável com o objetivo de proporcionar aos praticantes de Jinha Kenpo um contacto direto com a competição. 30 5.1.3. Caracterização do Processo/Forma de Treino 5.1.3.1. Quantidade de treinos semanais N° de treinos: no mínimo duas vezes por semana 5.1.3.2. Duração de cada sessão de treino Duração: 60 minutos 5.1.3.3. Tipo de treino O tipo de treino é efetuado em Grupo. 5.1.4. Caracterização do Quadro Competitivo 5.1.4.1. Classificação de Categorias As Divisões, Categorias e Pesos que devem cumprir e cobrir todas as normas das Provas Organizadas pela Associação, são as seguintes: KUMITE MASCULINO (16 anos cumpridos 9° Kyu /5° Kyo) 1 KU Até 54 Quilogramas 2 KU 54 " 63 " 3 KU 63 " 70 " 4 KU 70 " 76 " 5 KU 76 " 82 " 6 KU 82 " Desde Mais 31 de KUMITE MASCULINO (16 anos cumpridos 40 Kyu /10 Kyu) 7 8 KU KU 54 Até " 54 63 Quilogramas " Desde 9 KU " 63 " 70 " 10 KU " 70 " 76 " 11 KU " 76 " 82 " 12 KU " 82 " Mais de KUMITE MASCULINO (16 anos cumpridos e adultos Cintos Negros) 13 KU 14 KU 15 KU 16 KU 17 KU Desde " " " 18 KU " 54 63 70 76 Até " " " " 82 Quilogramas " " " " 82 " 54 63 70 76 Mais de KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos 9° Kyu /5° Kyu) Até 52 Quilogramas 52 " 56 " " 56 " 60 " KU " 60 " 64 " 5 KU " 64 " 68 " 6 KU " Mais 68 " 1 KU 2 KU Desde 3 KU 4 KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos 9° Kyu / 5° Kyo) Até 52 Quilogramas 52 " 56 " " 56 " 60 " KU " 60 " 64 " 5 KU " 64 " 68 " 6 KU " Mais 68 " 1 KU 2 KU Desde 3 KU 4 32 KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos 4° Kyu /1 ° Kyo) 7 KU 8 KU 9 KU 10 KU 11 KU 12 KU Desde " " " " Até " " " " Mais 52 56 60 64 52 56 60 64 68 68 Quilogramas " " " " " KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos Cintos Negros) Até " " " " Mais 13 KU Desde " " " " 14 KU 15 KU 16 KU 17 KU 18 KU 52 56 60 64 52 56 60 64 68 68 Quilogramas " " " " " KUMITE INFANTIL*3 (Masculino / Feminino 7-8-9 anos) 1 KU 2 -KU Desde 3 KU " Até 52 Quilogramas 52 " 56 " 56 " 60 " Qualquer grau de Kyu 4 KU 5 KU 6 7 8 KU KU KU 9 10 11 KU KU KU " " 60 64 " Mais de 64 68 " " KUMITE INFANTIL* (Masculino / Feminino 10-11-12 anos) 35 Até Quilogramas 35 40 Desde " " 40 45 " " " " " " 45 50 " Mais de 50 53 53 Qualquer grau de Kyu " " " 3 Os Kumités infantis Masculinos e Femininos, serão feitos com crianças do mesmo sexo. Nota: Em todos os casos deve-se comprovar a idade do competidor, para evitar possíveis problemas, mediante fotocópia de B.I. e/ou Cédula. 33 KUMITE INFANTIL (Masculino 13-14-15 anos) 12 KU 13 KU Desde 14 KU " Até 50 Quilogramas 50 " 55 " 55 " 60 " Qualquer grau de Kyu 15 KU 16 KU " " 60 Mais de . - - 65 " " 65 - - KUMITE INFANTIL (Feminino 13-14-15 anos) 17 18 19 KU Até KU Desde KU " 50 55 " " 50 55 60 Quilogramas " " Qualquer grau de Kyu 20 21 KU " KU " 60 Mais de 65 65 " " KATAS Mãos VAZIAS INFANTIL MASCULINO /FEMININO (7-8-9 anos) 1. KA Qualquer grau de Kyu 4 KATAS MÃOS VAZIAS INFANTIL MASCULINO / FEMININO (13-14-15 anos) 2. KA Qualquer grau de Kyu KATAS MÃOS VAZIAS INFANTIL MASCULINO / FEMININO (13-14-15 anos) 4.KA desde 4° Kyu / 1 ° Kyu 5.KA Cintos Negros KATAS MÃOS VAZIAS MASCULINO (16 anos cumpridos) 6.KA desde 9° Kyu / 5° Kyu 7.KA desde 4° Kyu /1 ° Kyu 8.KA Cintos Negros 4 Os Katas infantis Masculinos e Femininos, serão feitos com crianças do mesmo sexo 34 KATAS MÃOS VAZIAS FEMININO (16 anos cumpridos) 9. KA desde 9° Kyu /5° Kyu 10.KA desde 4° Kyu /1 ° Kyu 11.KA Cintos Negros KATAS MÃOS VAZIAS CATEGORIA "MESTRES" 1. KA desde Cinto Negro 3°Dan KATAS KOBUDO5 (qualquer tipo de arma) 1.KA Infantis desde 9° Kyu / 5° Kyu 2.KA Infantis desde 4° Kyu /1 ° Kyu KA Infantis Cintos Negros 1.KA Adultos desde 9° Kyu / 5° Kyu 2.KA Adultos desde 4° Kyu / 1 ° Kyu 3.KA Adultos Cintos Negros KATAS MUSICAIS (individuais) 1.KAM Kata Musical infantil (até 15 anos), Masculinos / Femininos 9°/5° Kyu 2.KAM Kata Musical infantil (até 15 anos), Masculinos / Femininos 4°/1 ° Kyu 3.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Masculinos 9°/5° Kyu 4.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Masculinos 4°/1 ° Kyu 5.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Masculinos Cintos Negros 6.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Femininos 9°/5° Kyu 7.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Femininos 4°/1 ° Kyu 8.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Femininos Cintos Negros KATAS MUSICAIS (equipas) 1. KAE Kata Musical por equipas, idem artigo anterior ^ TEAM'S "JINHA" (combates por equipas) 5 Será obrigatório o uso de armas autênticas, as réplicas em estilos tradicionais serão eliminadas, e as imitações perderão pontos na classificação. 35 1.TJ Infantis 7-8-9 anos Masculinos / Femininos (até 25, de 25 a 30 e 35 mais de 35 Kg), 4 Atletas. 2.TJ Infantis 10-11-12 anos Masculinos / Femininos (até 35, de 35 a 40,40 a 45,45 a 50 e mais de 50 kg), 5 Atletas. 3.TJ Infantis 13-14-15 anos Masculinos / Femininos (até 45, de 45 a 50,50 a 55,55 a 60, 60 a 65 e mais de 65 kg), 6 Atletas. Qualquer grau de Kyu 1.TJ Adultos a partir de 16 anos desde 9° a 5° Kyu Masculinos / Femininos (até 63, de 63 a 67,67 a 71, 71 a 76, 76 a 82 e mais de 82 kg), 6 Atletas. 2.TJ Adultos a partir de 16 anos desde 4° alo Kyu Masculinos / Femininos (até 63, de 63 a 67,67 a 71, 71 a 76, 76 a 82 e mais de 82 kg), 6 Atletas. 3.TJ Adultos a partir de 16 anos Cintos Negros Masculinos (até 63, de 63 a 67,67 a 71, 71 a 76, 76 a 82 e mais de 82 kg), 6 Atletas. 4.TJ Adultos a partir de 16 anos Cintos Negros Femininos (até 52, de 52 a 56,56 a 60, 60 a 65, e mais de 65 kg), 6 Atletas. Nota: Em todos os casos, deve-se comprovar a idade do competidor, para evitar possíveis problemas, mediante fotocópia do B.I. e/ou Cédula. 5.1.4.1. Planificação da Época 2012/2013 5.1.4.2. Objetivos Longo prazo (anual) - preparação física e técnica para atingir cintos; evolução de níveis de graduação dentro da arte marcial. 36 5.1.4 3. Planificação dos Treinos 5.1.4.5. Periodização Anual Periodização Anual de forma genérica, indicando principais objetivos Objetivo: preparação física geral Setembro - Outubro Período de Adaptação Outubro - Novembro Objetivo: preparação física especifica Período Fundamental Objetivo: Aprendizagem de Técnicas Combate e Defesa Pessoal Novembro - Dezembro Período Fundamental Dezembro - Janeiro Objetivo: Defesa Pessoal Período Especial Janeiro - Fevereiro Objetivo: Atividades Extras Período Especial Objetivo: Competições Amigáveis / Fevereiro - Março Competições de Controlo Período Competitivo Abril- Maio Objetivo: Aprendizagem de Katas Objetivo: Avaliações / Exames Junho - Julho Período Especial Agosto - Setembro Período de Férias (Verão) 37 de 5.1.5. Planificação de um Treino acerca da Aprendizagem de Katas Planeamento de uma aula/treino Horário: Quarta – feira – 20:00 – 21:00 Sexta – feira - 19:30 - 20:30 Objetivo: Aprendizagem de Katas Descrição Geral do Treino 19:30 Inicio - entrada no Dojo 19:35 Ambientação 19:40 Saudação 19:45 Aquecimento 20:00 Katas Grupos Individual 20:15 Katas 20:20 Individual Correção 20:30 Coletiva Flexibilidade/Alongamentos Descrição específica da aula/treino a) Fase da Ambientação Nesta fase começa-se a proporcionar um ambiente de aula ótimo. O Mestre de uma forma lata, conversa com os praticantes; b) Fase da Saudação Fase fundamental e indispensável para dar início à aula prática. A Saudação é um Ritual usual em todos os Dojos de Jinha Kenpo (e em todas as Artes Marciais), em que o respeito é demonstrado pela Arte, Bandeira, Antepassados, Mestres, Instrutores, Praticantes mais velhos e mais novos, onde todos 38 são saudados, mostrando Respeito, Disciplina e Agradecimento, pelos ensinamentos que irão receber durante a aula. No término desta, repete-se o mesmo Ritual. c) Fase do Aquecimento Como em qualquer atividade desportiva, a ativação funcional é realizada antes da parte principal com o intuito de preparar o organismo para o esforço físico. O aquecimento no Inverno prolonga-se mais no tempo, relativamente ao Verão, devido à dificuldade de aquecimento das articulações e para a predisposição funcional do organismo para a prática da parte principal de um treino. d) Parte Principal do treino Varia consoante os objetivos do Mestre ou instrutor. Neste caso, é a aprendizagem da Kata dos respetivos cintos/graduação de cada praticante presente. Definição da Kata: "é um conjunto de movimentos ou formas preestabelecidas em que o atleta simboliza um combate entre um ou vários adversários com movimentos de defesa e de contra-ataque, onde o atleta, além de, ele ter conhecimento dos movimentos que está a executar, terá ainda de ter em conta a respiração, o equilíbrio, a potência, a velocidade e concentração. Estes movimentos irão dar ao atleta uma maior capacidade pulmonar, resistência, potência e velocidade" (citado pelo Mestre Jinha ). Esta aprendizagem, normalmente, é dividida em grupos. Pois, não se toma lógico, ensinar uma Kata de graduação de cinto negro a um praticante de cinto branco, por exemplo. As Katas são ensinadas consoante o patamar em que se encontra o praticante. É comum, os praticantes de cinto negro terem uma relativa responsabilidade nesta fase, pois, quando o grupo é dividido em níveis de graduação os cintos negros são direcionados para lecionar cada subgrupo relembrando, assim, as Katas apreendidas 39 e consolidando, melhor, os seus conhecimentos. Desta forma, também, têm a possibilidade de adquirir novos conhecimentos relativos, principalmente, à experiência. Estes praticantes têm a oportunidade de auxiliar o Mestre e, ao mesmo, tempo serem avaliados por este, dando-lhe a oportunidade de "estagiar" e de iniciarem uma aprendizagem mais profunda como o ensino e transmissão dos seus conhecimentos e experiências aos praticantes de cintos inferiores. Após esta transmissão dos ensinamentos estipulados, os praticantes são convidados a treinarem individualmente sem ajuda do Mestre e cintos negros. É uma subfase da aprendizagem das Katas, mais propriamente de memorização por parte dos praticantes. Permite ao Mestre fazer uma apreciação da evolução das capacidades volitivas, motoras e coordenativas do aprendizado. Durante a aprendizagem das Katas o Mestre tem um papel importante em realizar inúmeros feedbacks, tanto positivos como negativos, tendo uma atitude incansável em realizar várias demonstrações e constantes observações. i. Correção O Mestre corrige os movimentos técnicos dos praticantes. Esta correção poderá ser coletiva ou individual. Quando existe um conjunto significativo de praticantes a cometerem o(s) mesmo(s) erro(s) o Mestre corrige coletivamente. O Mestre faz a demonstração do errado e do correto, transmitindo e fundamentando, também, oralmente o porquê dos movimentos. Quando o erro cometido é pontual no praticante, o Mestre dirige-se ao praticante e faz a correção individual. e) Parte Final Os exercícios realizados na parte final do treino são de alongamentos, flexibilidade e/ou relaxamento Flexibilidade é a capacidade que as articulações 40 detêm de terem uma amplitude de movimento para a qual foram projetadas (todas as articulações têm um limite de amplitude). O Alongamento é o conjunto de técnicas aproveitadas para se manter, ou, para se aumentar a extensão de movimentos. Os Alongamentos e a Flexibilidade acarretam muitos benefícios para o praticante, tais como: - Auxiliam no desenvolvimento da consciência corporal, melhorando a postura corporal; - Aumento da eficiência mecânica (permite a execução dos gestos desportivos em faixas etárias onde a resistência ao gesto é maior); - Diminuição dos riscos de lesões e distensões; - Proporciona condições para um progresso da agilidade, força e velocidade, reduzindo a deterioração física, associada com a idade; - etc. O treino dá-se por terminado após se ter realizado saudação final. 5.1.5.3. Planificação de um Treino acerca de Técnicas de Combate Planeamento de um Treino de Técnicas de Combate Horário: 19:00 - 20:00 Objetivo: Técnicas de Combate 41 Descrição Geral do Treino 19:00 Inicio - entrada no Dojo 19:01 Ambientação 19:05 Saudação 19:07 Aquecimento 19:20 Técnicas de Combate a Dois Socos Diretos Técnicas de Socos Circulares Braço Socos Interiores Pontapés Frontais Técnicas de Pontapés Laterais Perna Pontapés Circulares Pontapés à Retaguarda 19:45 Combates Classe C6 19:55 Flexibilidade/Elasticidade 20:00 Término do treino com Saudação 5.1.5.4. Caracterização do Mestre Jinha como Treinador Desportivo A capacidade de um relacionamento humano é muito importante na manutenção da harmonia de um grupo. As qualidades do Mestre / Treinador ao desempenhar as suas funções tomam-se um papel fundamental. Nos treinos observados por mim, pude analisar o comportamento do Mestre Jinha e retirar algumas elações. Sublinho a sua postura firme, os sons, a voz, a aplicação dos feedbacks, o constante incentivo e motivação são aspetos que estão presentes de uma forma bastante ativa num treino de Jinha Kenpo. 6 Combates Classe C - classe de combate onde não é permitida potência. 42 É importante estabelecer as várias relações entre os indivíduos de todo o grupo, como, a relação entre Mestre/Atleta e Atleta/Grupo. Estas relações devem ser mantidas como ótimas, pois, são essenciais para um bom ambiente e um bom desenvolvimento dos treinos. Estas relações devem-se estabelecer de uma forma harmoniosa. O Mestre Jinha apresenta competências, atributos e capacidades de um relacionamento humano excelente. O relacionamento humano toma-se um fator muito importante e fundamental. O Mestre Jinha consegue criar um grupo coeso, mesmo sendo, um grupo de faixa etária infantil ou faixa etária adulta. Tem a capacidade de criar um equilíbrio perfeito entre o afastamento ou aproximação dos atletas em relação ao Mestre. De uma forma objetiva e resumida, as características que são percetíveis no Mestre Jinha como treinador desportivo, e, que os treinadores deveriam apresentar, são: Líder; Aptidão de criar uma equipa coesa; Imaginação e Criatividade; Equilíbrio; Espírito Combativo; Sentido de humor; Postura Firme; Entusiasmo; Competências Técnico-desportivas; Bom Comunicador; etc. Martens (1990) citado por Castelo, Jorge, Barreto, Hermínio e tal (1998), refere que "comunicar com coerência é um desafio muito importante para o treinador. É muito difícil dizer uma coisa e fazer outra, ou de fazer uma coisa num dia e fazer o oposto noutro, ou dizer algo e os sentimentos e expressões refletirem outro. Os jovens praticantes/jogadores ficam perturbados quando recebem esta confusão de mensagens". Segundo Martens (1990) toma- se fundamental comunicar com coerência, dicção e correta entoação, assim como, saber ouvir. 43 5.2- A história do Chúan Fa (Kenpo) A história do Kenpo perde-se nas origens do tempo. Desde que existe a Humanidade o Homem desenvolveu métodos para enfrentar e sobreviver ao mundo hostil que o rodeia. A Arte Marcial Jinha Kenpo é um destes métodos. Explora e descobre o caminho percorrido pelos Mestres Ancestrais e pelo nosso Mestre Jinha até aos dias de hoje em prole da Arte Marcial. O Kenpo na China Existe uma lenda Chinesa em relação à origem do Ch’uan Fa ou Kenpo/Kempo. Refere-se a um Monge Indiano Budista que veio da Índia para instruir o Imperador Wu os ensinamentos de Buda, assim como a uma Escola de Monges Chineses. Nessa altura, a viajem à Índia foi muito dura pois foi feita a pé. É provável que tivesse seguido a rota do Vale do Rio Indo, através das elevadas montanhas do Karakoman e do Deserto de Takla Maklán ou através do desfiladeiro de Khyber, através de Arayana (Afeganistão) e ao lado do rio Amu Daria, através de Pamir. Esse Monge teria de se encontrar numa excelente condição física para chegar à China. Instalou-se num Mosteiro chamado Pequeno Bosque (Shaolin-si) em Henan, sobre o Monte Songshan no ano de 496 onde criou a Seita Budista Chan (Dhyâna), 44 que mais tarde no Japão tomaria o nome de Zen. Este Monge chamava-se Bodhidharma (460-534) e era o 28º Patriarca da Seita de Meditação Pura (Dhyâna). A este Monge se atribui a criação de um sistema de luta sem armas, destinado a fortalecer o corpo e espírito dos Monges, sistema que seria a origem da maioria das Artes Marciais. As técnicas de Shaolin dão origem a duas correntes distintas, a do Norte, chamada Shaolin e a do Sul chamada Taiji Quan. Estes dois sistemas de luta foram mantidos em segredo durante séculos pelos Monges Budistas. Esses exercícios/técnicas denominadas Shih Pa Lo Han Sho que significa as 18 mãos de Lo Han, foram as bases do sistema foi Shaolin Ch’uan Fa em Mandarín e Ken-Fat em Cantonês, a Arte que os primeiros Mestres extraditaram da China, durante o séc. XV. No Japão O Chúan Fa chega a Okinawa (Japão), onde se começa a chamar Kenpo que significa a Lei do Punho, To Te (mão da China) e ainda Okinawa-te (o punho de Okinawa). O Kenpo foi ensinado a um Monge Shinto de nome Kosho, pelas mãos dum Monge Chinês com quem estabeleceu grande amizade. O Monge Chinês tinha escapado do seu Mosteiro Shaolin, que tinha sido atacado pelas Tropas invasoras Tártaras de Gengis Kan. 45 O Monge Kosho aprendeu a Arte, que posteriormente sofreu uma evolução pelo seu Clan de nome Mitose. A partir daí denominou-se Kosho Shorei Ryu Kenpo a Arte do Velho Pinheiro. Esta arte foi ensinada geração em geração só no Clan Mitose, até que o 21º descendente do Fundador James Masayoshi Mitose (1916-1981), nascido no Hawai, é enviado para o Japão para receber ensinamentos de seu Tio de nome Choku Motobi, um Grande Mestre de Kenpo, onde permaneceu durante 15 anos. Mais tarde o Mestre James Mitose desvendou os segredos do Kenpo aos Ocidentais pela primeira vez na história da sua Família, no Hawai, onde o Kenpo foi ensinado, praticado e divulgado a todo o Mundo, crescendo de tal forma que começam a aparecer diferentes Escolas de Kenpo em diversos Países. Em 1916 dois peritos, Kenwa Mabuni e Gichin Funakoshi introduziram a sua arte no Japão, dando-lhe o nome de Karaté ou seja mãos vazias. Kenwa Mabuni foi o fundador da Escola de Shito Ryu e Funakoshi da Escola de Karaté Shotokan. No Hawai James M. Mitose em 1938 regressa ao Hawai e aí permanece até 1956, altura que se deslocou até à Califórnia. Um ano depois, 1939, James Mitose começa a ensinar Kenpo aos Cadetes do ROTC, na Universidade do Hawai. No ano de 1940, nasce seu filho Thomas Barro Mitose. No ano de 1941 alista-se na Guarda Territorial onde permaneceu até ser dissolvida. No ano seguinte James M. Mitose, funda o Club Oficial de Defesa 46 Pessoal da missão Bretanha-Honolulu, onde começou a ensinar formalmente pela 1ª vez o Kosho Shorei a pessoas de todas as raças. Em 1947, escreve «What’s Self Defense» (Kenpo Jiu-Jutsu), no mesmo ano o sistema Mitose integrou-se na Escola de Kodenkan Jiu Jutsu de Hawai. O Mestre James Mitose, graduou cinco pessoas somente com o grau de Cinto Negro 1º Dan: Thomas Young, Paul Yamaguchi, William Kwai Sun Chow, Atthur Keawe e Jiro Nakamura. Um dos mais conhecidos destes Mestres, é sem dúvida o Professor William K. S. Chow (1914-1987). O Professor William mais tarde viria a ser Mestre de um outro grande Mestre, que nasce em Honolulú de nome Edmund Kamehamea Parker, que viria a ser o Pai do Kenpo Karaté Americano e que recebeu o Cinto Negro 1º Dan, em 1951 das mãos de William Chow. O Mestre William Chow foi alcunhado “relâmpago” pela velocidade dos seus movimentos e criou a sua própria visão do Kenpo pelo que denominou Kenpo Karaté Chinês e posteriormente Chinese Kara-Ho Kenpo, que continha os três melhores sistemas de combate do Hawai : o Kenpo, o Ch’uan Fa ou Kung Fu e o Karaté. O Mestre William Chow faleceu no dia 21 de Setembro de 1987. No E.U.A. Edmund Kamehamea Parker nasceu em Honolulu, Hawai em 1931, foi para os Estados Unidos para estudar na Brigham Young University em Provo, Utah, e começou a ensinar Kenpo nas aulas de Educação Física, a Guardas Florestais, Chefes 47 da Polícia, etc., durante a guerra da Coreia graduou-se em Sociologia e em 1956, mudou-se para Pasadena, Califórnia, onde abriu o seu primeiro Club. Presidente e Fundador da I.K.K.A. International Kenpo Karaté Association criador dos famosos Torneios Internacionais, International Karaté Championships, onde conhece o Grande Bruce Lee. Desde essa altura o Mestre Parker foi dos Mestres mais solicitados, e de todas as classes sociais, senão vejamos: Jornalistas, Professores, Médicos, Profissionais de diversos sectores e ainda um bom número de atores de cinema como por exemplo: Robert Wagner, Frank Sinatra, Warren Beatty, Darren Mc Gavin, Mac Donald Carey, Hank Silva, Rick Jason, Nick Adams, Blade Edwards, Elvis Presley, Dan Inosanto e ainda Bruce Lee, o pequeno Grande Dragão, que inclusivamente lhe outorgou o Cinto Negro 1º Dan. O Mestre Ed. Parker faleceu 15 de Dezembro de 1990. O Grande Mestre James M. Mitose no ano de 1981 a 26 de Março, morre, sucedendo-lhe assim seu filho Thomas Barro Mitose como o 22º descendente, Chefe de todos os Templos e Escolas Kosho Shorei do Mundo. Preside à I.K.S.A. International Kosho Shorei Association e ainda à M.I.K.K.A. Mitose International Kenpo Karaté Association. O Sensei Thomas Mitose tem três Filhos: Deborah Mitose, 18 de Fevereiro de 1959, Elizabeth Mitose, 17 de Dezembro de 1960 e Mark Mitose a 17 de Dezembro de 1964. Elisabeth e Mark Mitose são actualmente Campeões Mundiais. Começam a surgir nomes como: Robert A. Trias, Dr. Arnold M. Golub, Bruce Juchnik, Jeff Speakman, Adriano Emperado,Tom Connors, Al Tracy, Jim Tracy, Joe Palanzo, Arturo Petit, Steve Sanders, Larry Tatum, Frank Trejo, Jay T. Will, Dan Inosanto, James Lee, Professor Lau Bein, Elvis Presley, Jack Farr, Ralph Castro, Rick Alemany, etc., todos Mestres de Kenpo. 48 Em Espanha Em 1976 no dia 30 de Agosto, surge o Mestre Raúl Gutierrez em Madrid Espanha, (nascido a 16 de agosto de 1950 em Santiago do Chile), onde introduz o Kenpo Karaté onde até então era desconhecido. O Sensei Raúl foi aluno do Sensei Arturo Petit seu 1º Mestre em Santiago do Chile. No ano de 1982, o Mestre Robert A. Trias, viaja a Espanha para ministrar um Curso Internacional, durante o qual promove Raúl Gutierrez com o grau de 6º Dan, Fundador do Sistema Kenpo Fu Shih, além de Director USKA em Espanha e Diretor Geral em toda a Europa. Nesse mesmo ano, o Grande Mestre Thomas Barro Mitose, designa Raúl Gutierrez como seu representante Pessoal e diretor da International Kosho Shorei Association, IKSA na Europa. Em 25 de Janeiro de 1983 o Sensei Thomas Mitose, reconhece o Mestre Raúl como Mestre fundador de Kenpo Fu Shih, com a graduação de 6º Dan. Em Junho desse mesmo ano, obtém a medalha de ouro durante os Campeonatos Mundiais U.S.K.A., celebrados em Miami-Flórida. 1984, assiste a um encontro internacional em Miami- Flórida onde se reuniram: Thomas Mitose, Arnold Golub, Bruce Juchnik, Robert Trias, Ed Parker, George Anderson, Enry Plee, Chuck Norris, Bill Wallace, Bong Soo Han, etc. O Sensei Gutierrez é autor de vários livros de Kenpo editados em Espanha. Presidente da Federation Española de Artes Marciales , da Spanish United States Karaté Associacion, International Police and Security Association, Diretor da U.S.K.A., I.F.S.A. e L.E.L.D. 49 Em Portugal O Mestre Jinha torna-se o 1º Português a ser diplomado pelo Sensei Gutierrez, com o grau de Cinto Negro 2º Dan, pela S.U.S.K.A. Spanish United States Karate Association e F.E.A.M. Federacion Española de Artes Marciales e ainda Instructor Internacional de Kosho Kenpo Fu Shi e representante Oficial para o Distrito de Viseu, diplomas com o nº 452L1/95. Da mesma forma como se passou no Japão, no Hawai, nos Estados Unidos da América, na Europa e um pouco por todo o Mundo, o Chúan Fa ou Kenpo, sofre também em Portugal, uma nova evolução. O Mestre Jinha no ano seguinte funda um Sistema a que deu o nome de Jinha Kenpo e constituiu a Associação Portuguesa Ryu Jinha Kenpo, baseadas em técnicas do Kenpo em geral, embora o Programa seja completamente diferente. Este sistema Jinha Kenpo, procura essencialmente a eficácia, oferecendo assim uma ferramenta mais ou menos eficaz na defesa pessoal, para todos aqueles que sintam necessidade de se defender. Existem mais de 50.000 versões de Kenpo Americano e não só, antigos e recentes como são os casos de: antigos – o Kosho Ryu Kenpo de James Mitose, o Shorinji Kempo, de Nakano Michiomi, Ju-Jutsu, originário das Escolas de Ch’in Na 50 e Lung Hua Ch’uan, o Kara-Ho Kempo Karaté Chinês, de William K.S. Chow, estudante de James Mitose, o Kajukenbo de Adriano Emperado, estudante de William Chow, Shaolin Kempo Karaté de Fred Villari, Tigre Branco Kenpo Karaté, Go Shin Jitsu, Okinawa Kenpo, Nippon Kempo, Go Kempo, Ju Kempo, Sam-Pai Kenpo, Won Hop Kuen Do. + ou – recentes – Kenpo Karaté Americano, de Ed. Parker, estudante de William Chow, Jeet Kune Do do famoso Bruce Lee, originário de Kung Fu/Chúan Fa, estudante de Wing Chun e Ed Parker, Kosho Kenpo Fu Shih, de Raúl Gutierrez, estudante de Thomas Barro Mitose, filho de James Mitose, o Kenpo, de Nick Cerio, Lima Lama, o Kempo Lusitano de Walter Pestana, (aluno de Ryu de Mendonça), Mestre do Sensei Jinha, o Kenjukabo, de Javier de Miguel, e Joaquín Escrig, Jinha Kenpo de Jorge Soares “Jinha”, estudante de Walter Pestana e Raúl Gutierrez. O Mestre Jinha é reconhecido Internacionalmente pela Federación Española de Artes Marciales (F.E.A.M) e pela Asociación Internacional Fu-Shih Kenpo ambos presididas pelo Sensei Raul Gutiérrez, pela Mitose’s International Kosho-Ryu Kenpo Association (M.I.K.K.A.) presidida pelo Sensei Thomas Barro Mitose e pela W.E.B.B.S., World Elite Black Belt Society a qual é Presidida pelo Sensei Bryan Cheek, Cinto Negro 7º Dan de Juko Ryu, Ju-Jutsu. (www.jinhakenpo.com) 51 6- METODOLOGIA Durante as próximas páginas encontramos toda a informação relativa ao estudo que apresentamos, ou seja, foi posta a hipótese que a prática de uma arte marcial poderia constituir uma mais-valia no desenvolvimento de uma criança hiperativa, ou em última estância verificar as potencialidades da arte marcial enquanto uma terapia ou tratamento para crianças hiperativas. 6.1- Participante Este trabalho visa perceber os efeitos da prática de uma arte marcial numa criança hiperativa, logo, toda e qualquer criança, considerada hiperativa e praticante de uma arte marcial seria considerada como potencial elemento da amostra. A arte marcial de eleição é o Jinha Kenpo. Toda amostra foi recolhida circunstancialmente, ou seja, toda a criança que preenchesse os critérios exigidos pelo trabalho foi analisada para despiste. Foi obtida uma amostra de três crianças com idades compreendidas entre os nove e os onze anos, todas praticantes de Jinha Kenpo e consideradas hiperativas. Para podermos descobrir as crianças, falamos com os diversos mestres de Jinha Kenpo, incluindo o mestre geral “Mestre Jinha” mas só conseguimos descobrir um mestre que afirmava ter algumas crianças hiperativas. Uma vez que teríamos de contar com a opinião do Mestre Jinha e dos respetivos pais, foi utilizada a Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry, 1968), que nos possibilitava despistar se as crianças tinham traços hiperativos. Foram-nos apresentadas as três crianças e, o valor encontrado era significativo, logo foram todas consideradas como elementos da amostra. 52 Assim temos, o Bernardo Almeida de 11 anos, treina Jinha Kenpo há pelo menos um ano. O Jorge Rebelo de 9 anos de idade, Jinha kenpoca há um ano e meio. E, por fim, o Pedro Santos de 9 anos de idade, treina Jinha Kenpo há pelo menos um ano e meio. Estas três crianças pertencem a famílias de estatuto socioeconómico médio, aparentemente sem grandes diferenças estruturais, com exceção do Bernardo Almeida que vive apenas com a mãe sendo uma família monoparental. Estes dados serão na sua devida altura apresentados e analisados. 6.2- Delineamento do estudo O objetivo deste estudo é aferir se a prática de uma arte marcial, neste caso o Jinha Kenpo, influencia o desenvolvimento de uma criança hiperativa. Mais concretamente saber se esta prática desportiva pode ser encarada como uma terapia ou tratamento para crianças consideradas hiperativas. Para chegarmos às conclusões pretendidas seria necessário encontrar crianças hiperativas, praticantes de Jinha Kenpo. Uma vez descobertas as crianças, seria necessário recolher toda informação acerca delas com ajuda dos pais ou encarregados de educação, para percebermos como é a vivência de cada uma das crianças da nossa amostra. Mas para conseguirmos perceber se o Jinha kenpo tem ou não influência no desenvolvimento da criança teremos de verificar os seus níveis de hiperatividade em momentos diferentes, contando que exista um período de espera entre a primeira verificação e a segunda verificação. 53 Para realizarmos esta verificação utilizarmos a Escala de Conners, uma vez que é uma escala que abrange o universo da hiperatividade existindo uma subescala dedicada exclusivamente a este tema. Sendo a escala com mais reconhecimento por parte dos profissionais é muito pertinente que seja usada para verificarmos os níveis de hiperatividade das crianças. Após a realização das escalas, nos dois momentos, fomos perceber quando é que a criança esteve mais hiperativa. A escala foi apresentada aos pais, ao professor e ao mestre de Kenpo, peça fundamental neste estudo. Assim, encontrámos níveis mais baixos, no segundo momento, na escala realizada pelo Mestre Jinha, nas escalas realizadas pelo professor da escola e pelos pais também encontrámos valores mais baixos, podemos afirmar que a prática de uma arte marcial diminui as características de uma criança hiperativa. Esta informação não é direta da fonte para o papel, ou seja, através do Conners não estamos a avaliar os níveis de hiperatividade diretamente com a criança. Estamos a realizar a verificação através da perceção de outros, como os pais, professor e mestre de Kenpo. Para minimizar este obstáculo foi necessário utilizar algum meio de abordagem direta, para isso, recorremos ao auxílio dos desenhos realizados pela criança e o protocolo de Rorschach. A aplicação do Rorschach teve uma grande importância pois acrescentou informação adicional sobre a vivência da criança, sendo aplicada às crianças apenas uma vez no início do estudo. Os desenhos são também um instrumento valioso para compreender o momento presente da criança. Foi pedido à criança para realizar três desenhos: um desenho livre; um autorretrato; um desenho da família. O conjunto dos três desenhos foi realizado em momentos distintos. Através da análise de cada um dos desenhos criámos um perfil da criança no momento em que os desenhos foram realizados. Comparando o primeiro perfil 54 obtido com o segundo perfil encontrámos a informação necessária para completar o estudo de cada uma das crianças. É através dos desenhos que podemos chegar diretamente à criança, por isso, é importante a informação que eles contêm. O estudo tem como objetivo perceber se a Jinha Kenpo diminui as características de uma criança hiperativa, para percebermos se existe influência ou não, utilizamos a Escala de Conners para pais e para professores que foram realizados pelos pais, professores e pelo mestre de Kenpo. Como meio de avaliação direto da criança utilizamos os desenhos por ela realizados e a aplicação de um Rorschach. Pretendemos mostrar que a Arte Marcial Jinha Kenpo reduz a hiperatividade nas crianças, para tal observamos no dojo, os comportamentos das crianças da nossa amostra, antes e após os treinos ministrado pelo Mestre. 55 7- Instrumentos Já foram referidos os diversos instrumentos a utilizar durante o estudo, mas não foi referenciada a sua utilização ou pertinência para este estudo. Nos próximos parágrafos iremos explicar cada um dos instrumentos que serão utilizados neste estudo. 7.1- Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry, 1980) Durante a recolha da amostra, não podíamos contar só com a informação que os adultos davam acerca da criança e era necessário existir uma informação precisa acerca da hiperatividade da criança para podermos decidir se a criança era significativamente hiperativa ou não. A escala é para ser aplicada aos pais ou encarregados de educação da criança, e uma vez que a única dimensão de mede é a hiperatividade a informação é precisa. É constituída por trinta itens divididos em sete categorias diferentes, com a possibilidade de uma em três respostas, nunca (1), algumas vezes (2) e muito (3). Os itens referem-se aos diversos aspetos da vida da criança (em casa durante as refeições, enquanto vê televisão e durante as brincadeiras, durante o sono; fora de casa; na escola durante as atividades de sala de aula, durante as atividades físicas, etc.). Um resultado superior a quinze é considerado significativo. Assim, esta escala fornece uma informação coerente sobre a hiperatividade da criança num dado período. Através da utilização desta escala é possível despistar-mos as crianças hiperativas das crianças normais, para o estudo, isso foi importante para podermos trabalhar unicamente com crianças que, de acordo com esta escala sejam significativamente hiperativas. 56 7.2- Escala de Conners A escala de Conners traduzida foi facultada pela Dr.ª Ana Rodrigues, que se encontra a realizar a sua tese de doutoramento nesta área. A Dr.ª Ana está a aferir a escala de Conners para a população portuguesa. A escala de Conners o instrumento mais conhecido na área da hiperatividade. É constituída por duas escalas distintas: Escala de Conners para Pais e Escala de Conners para Professores. Como o próprio nome indica são os adultos que lidam com a criança que preenchem o inventário da escala, passando para o papel a conduta da criança, escolhendo uma de quatro respostas: nunca, um pouco, frequentemente e muito frequente. A resposta escolhida é a que melhor corresponde ao nível de gravidade dos problemas atuais. A escala de Conners para pais é constituída por 80 itens que abrangem um vasto número de condutas da criança em casa e fora de casa. Os pais irão responder de acordo com a sua perceção do comportamento da criança. A escala de Conners para professores é constituída por 59 itens, onde encontrámos todo um conjunto de comportamentos e atitudes apresentadas pelas crianças em situação de sala de aula. Esta escala irá ser apresentada tanto ao professor como ao mestre de Kenpo, para obtermos um contraste do comportamento com figuras não parentais distintas. Em qualquer uma das escalas, existe uma tabela onde situando o valor encontrado em cada uma das subescalas encontramos um percentil. Se o valor encontrado se situar no percentil 70 ou acima, é considerado significativo. Qualquer criança que o resultado da sub-escala C (hiperatividade) se encontre no percentil 70 ou acima, pode considerar que possui traços hiperativos. A escala de Conners tem duas versões: a versão completa, que foi utilizada neste estudo e que está aferida para a população americana; e a versão reduzida, 57 igualmente aferida para a população americana, mas que se encontra em aferição pela Dr.ª Ana Rodrigues. Poderíamos utilizar a escala reduzida, uma vez que se encontra em aferição para a população portuguesa, mas ao compararmos a escala reduzida com a escala completa, é natural encontrarmos um menor número de itens, especialmente na subescala C (hiperatividade). Deste modo optámos pela utilização da escala completa, uma vez que iremos ter uma informação mais “completa” acerca do nível de hiperatividade apresentado pela criança. Apesar da escala completa, estar aferida para a população americana a informação encontrada será apenas de valor qualitativo e não diagnóstico. A escala serve apenas para podermos ter um dado concreto sobre o nível de hiperatividade das crianças do nosso estudo. 7.3- O desenho Outro dos instrumentos utilizados é o desenho realizado pelas crianças, onde pedirmos que seja realizado um desenho livre, para a criança estar à vontade para se exprimir, um autorretrato, onde pretendemos que a criança nos mostre como se vê, e finalmente, o desenho da família, que nos irá dar informações a cerca de como a criança se vê na família. Segundo Nicole Bédard (1998), os desenhos de uma criança servem para nos dar a conhecer o temperamento, o carácter, a personalidade e as necessidades delas, através dos desenhos podemos indagar acerca das etapas que a criança vive. Tendo em conta esta ideia a proposta da análise dos desenhos das crianças é de muita importância, pois podemos encontrar informações que nem os pais, nem os professores nos podem transmitir, só mesmo a criança o pode fazer. 58 7.4- Rorschach Este instrumento é uma peça importante para todo o estudo. Através da sua análise verificámos se toda a informação recolhida com os pais e com os professores, e também com a própria criança, são coerentes entre si. O Rorschach permite encontrarmos a informação já recolhida através da anamnese e dos desenhos. Essencialmente, este instrumento serve de validador do restante trabalho realizado com os outros instrumentos. 59 8- Procedimento A recolha da amostra passou por várias fases: (1) seleção dos diversos dojos onde se pratica Jinha Kenpo; (2) conversar como os mestres dos dojos no sentido de perceber se existiam crianças “hiperativas”; (3) ao encontrar o dojo como esses crianças, contactar os pais; (4) conversar com os pais e aplicamos a Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry, 1980), para verificar se as crianças são ou não hiperativas. Após a selecção das crianças que participaram no nosso estudo começou-se por recolher, com os pais, a anamnese das crianças. Logo de seguida, pedimos aos pais para preencherem a Escala de Conners para Pais, na íntegra. Solicitamos também que entrassem em contacto com o professor do filho informando de que estaríamos a realizar um estudo sobre crianças hiperativas e que iríamos falar com os professores, assim que o momento fosse oportuno. Na mesma altura, pedimos ao mestre que preenchesse a Escala de Conners para Professores, referente a cada um dos seus alunos considerados hiperativos. Ainda dentro deste período de tempo conversámos com as crianças, conversa esta que decorreu muito à vontade, de uma forma descontraída e com muita facilidade pois conhecemos muito bem as crianças pois também somos mestre de Jinha Kenpo no dojo das crianças em estudo. Foi uma conversa livre, sem nenhuma questão pertinente para ser feita, apenas foi criado um espaço onde eles pudessem estar à vontade para fazer o que quisessem. Durante estas conversas pedimos para realizarem os desenhos já mencionados e também seria o momento para aplicar o Rorschach. Assim, dividimos as tarefas por duas conversas, para não saturarmos as crianças com tanta informação de uma só vez. A primeira conversa foi uma conversa de introdução que tinha como objetivo deixar a criança ainda mais à vontade possível. Nesta conversa foram pedidos dois 60 desenhos, primeiro o desenho livre, para reforçar a ideia que aquele espaço era delas, e de seguida, pedimos o auto-retrato, para que as crianças percebessem que, para além do espaço ser dela, nós estávamos ali para brincar com ele mas também para trabalhar. Na segunda conversa procurámos, novamente que as crianças se sentissem à vontade naquele espaço, conversamos um pouco e pedimos-lhes que fizesse o desenho da família, para por último aplicar o Rorschach. Todo este processo foi repetido passados aproximadamente cinco meses, mas existiram algumas diferenças. Foi pedido novamente aos pais, aos professores e ao mestre que respondessem à Escala de Conners respetiva e voltamos a conversar com as crianças onde foi pedido que realizassem os desenhos. Desta vez, só aconteceu uma conversa com as crianças, onde lhes pedimos para fazerem os desenhos: um desenho livre, um autorretrato e um desenho da família. O Rorschach não foi novamente aplicado, uma vez que o espaço de tempo decorrido da primeira aplicação para a segunda aplicação foi muito pequeno, logo, as possíveis diferenças de resultado seriam mínimas, e como não estamos a usar este instrumento para comparação, apenas como um instrumento informativo, não achámos necessária uma nova aplicação deste instrumento. Após a recolha de todos os dados passamos para a sua análise e discussão. 61 9- Resultados O procedimento realizado levou-nos a dividir o estudo em dois momentos distintos: o primeiro momento acontece em outubro; o segundo momento acontece em fevereiro. Cada uma das crianças apresentou um comportamento específico e que as caracterizava enquanto pessoas. Aulas de Jinha Kenpo significam muito mais do que atividades corporais. Por meio da apreensão de conhecimentos específicos dessa arte marcial e da sua prática regular, a criança desenvolve competências, capacidades e habilidades, associadas às dimensões afetivas, cognitivas, sociais, psicomotoras, e internaliza valores. Pela participação em atividades individuais e coletivas ela deixará de pensar apenas em si mesmo para contribuir para o bem-estar comum. Esta prática desenvolve a força, a flexibilidade e o equilíbrio. Permitem às crianças hiperativas canalizarem a sua energia e agressividade. Para além disso, ainda ajuda as crianças a defenderem-se pois aumentam a confiança e segurança de uma pessoa. Estas atividades promovem a disciplina e o respeito pelo adversário. A prática da Jinha Kenpo assume assim importância fundamental como veículo de desenvolvimento da criança, entendido num processo integral e harmonioso. Resumidamente, podemos considerar três grandes domínios do desenvolvimento: o cognitivo, o sócio afetivo e o psicomotor: 62 Antes do treino Fala sem parar Pedro Sim Não consegue ficar quieto Não para de mexer a cabeça Rebola pelo chão Corre por todo o Dojo Interrompe os outros Responde não sendo a sua vez Impacien te Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Jorge Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Bernardo Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Resultados dos comportamentos observados antes do treino Depois do treino Fala sem parar Pedro Não Não consegu e ficar quieto Rebola pelo chão Corr e por todo o Dojo Interromp e os outros Respon de não sendo a sua vez Impacien te Não Não para de mexer a cabeç a Não Não Não Não Não Não Jorge Não Não Não Não Não Não Não Não Bernard o Não Não Não Não Não Não Não Não Resultados dos comportamentos observados depois do treino 63 Domínio Psicomotor Sócio afetivo Cognitivo Capacidades a desenvolver coordenação motora global; - execução de elementos e gestos técnicos e táticos específicos a cada modalidade; - resistência geral; - flexibilidade e agilidade; - ritmo; - controlo da orientação espacial; - velocidade de reação simples e complexa de execução de ações motoras básicas e de deslocamento; - equilíbrio dinâmico em situações de “voo”, de aceleração e de apoio instável e/ou limitado; - autoestima; - autoconfiança; - motivação intrínseca. - respeito pelo próximo; - cooperação; - responsabilidade; - cordialidade e autocontrolo; - Interpretação correta dos exercícios realizados; - Compreensão, aplicação e cumprimento de regras; - Realização de forma correta das componentes críticas de cada exercício; - Expressão oral com correção de alguns elementos da atividade; - Utilização destas aprendizagens noutras áreas curriculares; Quadro I: Identificação de algumas capacidades a desenvolver nos domínios psicomotor, sócio afetivo e cognitivo. A abundância de incentivos e vivências diferenciadas, devem fortalecer todas as dimensões possíveis dos três domínios de aprendizagem, potenciando-se umas às outras (Matos, 2000). Conduzida neste sentido, a intervenção do mestre deve desenvolver-se de forma organizada, procurando em cada instante o aperfeiçoamento das capacidades reais, que atestem no final da atuação a obtenção de um conjunto de aptidões básicas. 64 A prática quando devidamente aplicada, possui um conteúdo educativo, que permite o desenvolvimento de certas dimensões da personalidade da criança: Dimensão Motora: fatores preceptivos; Fatores de execução e coordenação motora; Dimensão Cognitiva: Capacidades de observação, análise, interpretação e adequação das soluções; Dimensão Relacional: Relacionamento afetivo; Descoberta do outro; Aprendizagem social. Quais exercícios são mais sugeridos para crianças e adolescentes Geralmente as criannças adolescentes não tem muita paciência para atividades cíclicas ou repetitivas, as quais acham chatas e desmotivantes. A melhor opção é desenvolver atividades que sejam desafiantes, lúdicas e que possam contribuir em melhorias nas principais capacidades físicas, como: Coordenação motora e equilíbrio: no geral são atividades físicas mais complexas e desafiadores, que demandam aprendizagem, passando pelos exercícios funcionais e das gincanas e brincadeiras. Força muscular: o trabalho muscular pode ser feito usando acessórios. Porém, o melhor método é o circuito, pois ele dá a impressão de que o tempo passa mais rápido. Flexibilidade: o alongamento tem que ser feito de uma forma diferente porque as crianças e adolescentes não têm paciência. Uma das melhores alternativas são so alongamentos dinâmicos, onde é possível desenvolver a flexibilidade sem ser ncessitar ficar estático, tendo que manter algum movimento durante segundos. 65 Atividades e Competências a Desenvolver Os quadros seguintes indicam os objetivos, as atividades e as estratégias de intervenção a aplicar em cada um dos treinos no dojo. Estrutura do treino Aquecimento Atividades de Deslocamentos e Equilíbrio Finalidades Atividades 1.Elevar o nível 1.Percursos, jogos e funcional das estafetas, com a capacidades integração de várias condicionais e habilidades coordenativas; (rastejar, rolar, cair, saltar, subir e 2.Cooperar com os descer, fazer companheiros nos rolamento, exercícios, bem transpor); como os princípios de cordialidade e 2.Percursos, jogos e respeito na relação estafetas com a com os colegas e o utilização de vários mestre; aparelhos: Banco sueco; arcos; 3.Ajustar o equilíbrio cordas; colchões; às ações motoras cadeiras; básicas de deslocamento. Exercícios 1. Rastejar em todas as direções; Estratégias de Intervenção 1. Abordagens lúdicas, articulando as ações individuais e de grupo tomando medidas especiais de segurança. 2. Rolar sobre si próprio em posições diferentes; 3. Saltar sobre obstáculos de alturas e comprimento variados; 4. Saltar e subir para um plano superior; Parte Fundamental 5. Cair voluntariamente, no colchão e no solo, rolando para amortecer a queda; 6. Transpor obstáculos sucessivos, em corrida; 7. Saltar de um plano superior, com receção em pé e equilibrada; 8. Realizar saltos de “coelho” no solo, com amplitudes variadas; 9. Fazer rolamento à frente; 10. Fazer rolamento à retaguarda; 66 11. Saltar em comprimento, após curta corrida de balanço e chamada a um pé com receção a pés juntos; 12. Saltar em altura para tocar num objeto suspenso, após curta corrida de balanço, com receção equilibrada. Atividades de Perícia e Manipulação Finalidades Atividades Aquecimento Aquecimento Geral Ativação do aparelho Cardiorrespiratório; Ativação das estruturas Articulares. 1.Elevar o nível funcional das capacidades condicionais e coordenativas; 1. Atividades que englobam habilidades como toques de sustentação, pontapear, impulsionar, saltar; 2.Cooperar com os companheiros nos exercícios, bem como os princípios de cordialidade e respeito na relação com os colegas e como mestre; 2. Atividades de manipulação como Hambo, Kali, Bô Nuchaku. Estratégias de Intervenção 1.Partir progressivamente do domínio dos objetos em situações individual e em situação de grupo. 3.Realizar ações motoras básicas variadas, manipulando diferentes tipos de objetos Hambo, Kali, Bô Nuchaku. Exercícios 1. Saltar à corda em corrida e no local (a pés juntos e pé coxinho), com coordenação e fluidez de movimentos; Aquecimento 2. Saltar ao eixo por cima de um companheiro após corrida de balanço e chamada a pés juntos, passando com os membros inferiores bem afastados e chegando ao solo em equilíbrio; 67 1. Executar a cambalhota à frente num plano inclinado, terminando com as pernas afastadas e em extensão; 2. Executar a cambalhota à retaguarda com repulsão dos braços na parte final, terminando com as pernas afastadas e em extensão; 3. Executar a roda, com apoio alternado das mãos, passando as pernas o mais alto possível, com receção equilibrada. Parte Fundamental 4. Executar o pino de cabeça aproximando-se da vertical, beneficiando da ajuda do professor/companheiro ou de apoio no espaldar; 5. Combinar posições de equilíbrio estático, com marcha lateral, para trás e para a frente e “meias voltas”; 6. Executar posições de flexibilidade variadas (ponte, avião, bandeira) 7. Combinar as habilidades anteriores, realizando-as em sequências adequadas; 8. Controlar a bola em várias partes do corpo por ações motoras básicas (rolar, lançar, receber, etc) 9. Lançar uma bola em precisão a um alvo fixo; 10. Receber a bola com as duas mãos, parado e em deslocamento; 11. Rodar o arco no solo, saltando para dentro dele antes que finalize a sua rotação; 12. Driblar com cada uma das mãos, em deslocamento, controlando a bola para manter a direção desejada; 13. Passar a bola a um companheiro com as duas mãos, consoante a sua posição e ou deslocamento; 14. Pontapear no ar os diferentes pontapés já conhecidos; 15. Desenvolver a manipulação das armas de treino de acordo com o cinto de graduação 68 Resultados da análise dos dados obtidos com o Bernardo Almeida Cada um destes momentos o Bernardo mostra um comportamento e uma atitude própria, mostrando o seu estado de espírito e a maneira de lidar como o mundo que o rodeia, e com ele próprio. No primeiro momento, e pela análise do Inventário de Conners aplicado aos pais, neste caso à mãe, à professora e ao mestre de Kenpo do Bernardo, podemos dizer que ele possui alguns traços de hiperatividade, principalmente a nível social, uma vez que os valores encontrados acima ou na linha de corte estão situados na escala para os professores (Escala de Conners para Pais, subescala C – 66; Escala de Conners para Professores, subescala C – 72; Escala de Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 70). Apesar dos valores de hiperatividade encontrados estarem, na sua maioria, na linha de corte continuam a ser significativos. Nesta altura, de acordo com a análise dos desenhos realizados, encontrámos uma criança muito envolvida no seu mundo, egocêntrica, que procura defender-se do meio e da sua pressão, mas demonstra igualmente grande vontade de conquistar algo. Talvez essa conquista seja a nível social, uma vez que o Bernardo mostra insegurança nos contatos sociais, apesar de confiar em si. Dentro da família ele procura uma posição de comando, talvez na tentativa de compreender como se interage com os outros. No segundo momento, houve uma descida grande nos valores do Escala de Conners para Professores e uma pequena subida na Escala de Conners para Pais (Escala de Conners para Pais, subescala C – 70; Escala de Conners para Professores, subescala C – 47; Escala de Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 45). Podemos ver que o Bernardo só apresentada, algum sinal de hiperatividade na Escala de Conners para Pais, o valor encontrado está situado na linha de corte, logo é um valor significativo. 69 O Bernardo, segundo os desenhos por ele realizados, está a adaptado ao meio, mas procura contornar os problemas em vez de os enfrentar, talvez devido a não tentar ainda perdido a insegurança que sentia a nível social. Ele lida com o mundo de uma forma imatura e isto leva a uma insegurança na relação com o outro. Sente também a necessidade da proteção e orientação da mãe e da avó. Com a análise do protocolo do Rorschach do Bernardo encontramos um indivíduo introvertido misto, como a própria palavra quer dizer trata-se de uma criança introvertida, muito fechada no seu mundo, mas mantêm esse isolamento apenas quando é de seu agrado. Esta atitude pode ser explicada pelo facto do Bernardo viver numa família com uma estrutura “diferente”. A figura paterna não existe na casa, uma vez que, a mãe esta divorciada do pai do Bernardo há vários anos, continua a haver contato com o pai por parte do Bernardo. A figura paterna é uma peça importante na vida de uma criança, principalmente para um rapaz. Sem um modelo para se guiar ele tem que recorre ao que encontra mais próximo, a mãe. É uma figura importante na vida de uma criança, mas há determinadas informações que um rapaz pode sentir-se inibido para fazer à figura materna. O protocolo não apresenta qualquer tipo específico de patologia, sendo o protocolo bastante “normal”. Para finalizar, não podemos considerar o Bernardo como hiperativo, uma vez que não apresenta níveis significativos de hiperatividade em todas as escalas. Mas considerando o facto de ele apresentar níveis de hiperatividade significativos na escala de Conners para professores, quer na escala realizada pelo professor quer na escala realizada pelo mestre, o Bernardo foi considerado como tendo níveis de hiperatividade significativos para continuarmos o estudo. Após a análise de todos os dados recolhidos podemos chegar agora a uma conclusão, que passamos apresentar. 70 Ao verificarmos os valores encontrados na escala de Conners para professores podemos verificar que, em ambas as escalas houve uma descida bastante acentuada do nível de hiperatividade, estando sempre mais baixo o nível da escala realizada pelo mestre. Encontramos também uma pequena subida na escala para pais realizada pela mãe, mas pouco significativa, uma vez que encontrasse na linha de corte da escala. Podemos então verificar que os níveis de hiperatividade da criança baixaram significativamente, no geral. Assim, segundo a análise da subescala C da Escala de Conners, estamos em condições para afirmar que a prática da Arte Marcial Jinha kenpo, pelo Bernardo contribui significativamente para baixar os seus níveis de hiperatividade. Resultados da análise dos dados obtidos com o Jorge Rebelo Cada um destes momentos o Jorge mostra um comportamento e uma atitude própria, mostrando o seu estado de espírito. O Jorge, no primeiro momento, mostra-se uma criança que procura uma satisfação imediata das suas necessidades e impulsos. De acordo com a análise do Inventário de Conners aplicado aos pais, à professora e ao mestre de Kenpo do Jorge, podemos afirmar que ele é uma criança hiperativa, uma vez que todos os valores encontrados se encontram acima da linha de corte (Escala de Conners para Pais, subescala C – 74; Escala de Conners para Professores, subescala C – 75; Escala de Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 70). Através dos desenhos o Jorge mostrou ser uma criança que procura defender-se do seu mundo interno com do seu mundo externo, indicando um possível desajuste em relação ao meio onde está inserido. Ele indicou-nos ser uma criança impulsiva, imatura, mas com um bom nível intelectual, que podia ser verificado no conteúdo rico das suas conversas. Pode ser uma criança introvertida, mas não deixada de ter os desejos, como o desejo de comandar e de se afirmar intelectualmente. 71 Olhando agora para o segundo momento, o Jorge encontra-se diferente, como se andasse mais calmo, mais atento, numa tentativa de entender tudo o que o envolve. Como podemos ver, pela análise do Inventário de Conners aplicado aos pais, à professora e ao mestre de Kenpo do Jorge (Escala de Conners para Pais, subescala C – 83; Escala de Conners para Professores, subescala C – 60; Escala de Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 62), ele encontra-se significativamente mais calmo em relação ao primeiro momento. Digamos que o Jorge procura compreender o meio que o envolve, a escola, o Kenpo, mas algo o faz ficar mais hiperativo no seio familiar, uma vez que é o único valor que se encontra significativamente acima do valor encontrado anteriormente. O Jorge, segundo a análise dos seus desenhos, continua a demonstrar a necessidade de se defender do caos que encontrar no seu mundo interno assim com do seu mundo externo, isto pode dever-se a uma intervenção excessiva por parte dos adultos. Mas está empenhado em adaptar-se ao mundo que o rodeia, procurando para isso, afirmar-se como pessoa. O seu vínculo com a família é forte, mas o Jorge procura tomar conta de si mesmo, sempre com o apoio da família. A análise deste Rorschach revela uma criança coartada, ou seja, que tem algum tipo de restrição ou impedimento. O único impedimento que podemos encontrar no Jorge é a sua alimentação. A mãe afirma ser uma das suas maiores preocupações, pois o Jorge não come nada que lhe dê, e por vezes recusa-se mesmo a comer. O Jorge diz que o que lhe custa mais a fazer é comer e dormir. São estas pequenas restrições que o Rorschach apresentou como pertinentes, podendo ser elas a influenciar a conduta do Jorge. No seu todo o Rorschach não apresenta nenhuma patologia significativa. Após a análise de todos os dados recolhidos podemos chegar agora a uma conclusão, que passamos apresentar. 72 Ao verificarmos o primeiro momento, podemos considerar o Jorge como sendo uma criança hiperativa, pois os valores encontrados estão todos acima da linha de corte da escala. Mas no segundo momento, encontramos uma criança que tem os níveis de hiperatividade muito abaixo da linha de corte na escala de Conners dos professores, embora na escala de Conners para os pais encontramos um valor um pouco mais elevado, no geral, o Jorge não pode ser considerado hiperativo no segundo momento. Segundo a análise da subescala C da Escala de Conners, estamos em condições para afirmar que o facto de o Jorge praticar Jinha kenpo contribuiu para que o nível de hiperatividade encontrado no primeiro momento descesse significativamente. Resultados da análise dos dados obtidos com o Pedro Santos Cada um destes momentos encontramos no Pedro um comportamento característico dele, não hesita em mostrar com se sente. Pela análise dos diversos dados recolhidos no primeiro momento, encontramos uma criança que procura alguma resposta para tudo o que a envolve. De acordo com a análise do Conners, que foi aplicado aos pais, ao professor e ao mestre de Kenpo podemos afirmar que é uma criança que maior parte do tempo se encontra hiperativa (Escala de Conners para Pais, subescala C – 72; Escala de Conners para Professores, subescala C – 78; Escala de Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 62). Tendo em conta os desenhos do Pedro, podemos dizer que ele próprio mostrou ser uma criança sempre atenta ao mundo em redor, interagindo com o meio com o devido cuidado, mas tem uma forma imatura de enfrentar a vida. Tem necessidade de afirmar a sua inteligência, é sensível à crítica e tem desejo de ser aceite socialmente. Tem noção exacta do momento presente e das suas necessidades, esperando que sejam satisfeitas ou então “revolta-se”. 73 Durante as conversas ele mostrou-me o quanto instável pode ser o seu estado de espírito, tanto estava calmo como estava a mexer-se sem parar. Mesmo quando estava a executar uma tarefa podia estar a mexer-se para além do necessário ou não. No segundo momento, encontramos uma criança diferente, mais revoltada, mais intempestiva, mais mexida, mais hiperativa. A análise do Conners, que foi aplicado aos pais, ao professor e ao mestre de Kenpo mostra uma criança hiperativa (Escala de Conners para Pais, subescala C – 76; Escala de Conners para Professores, subescala C – 80; Escala de Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 78). Nesta altura o Pedro também se mostrava mais rude e direto com as pessoas, nervoso e por vezes irritável. De acordo com os desenhos, podemos ver que continua a enfrentar a vida imaturamente, mas o seu desejo de afirmação mantêm-se, embora resista à autoridade dos outros. Sabe e compreende o momento presente e a suas necessidades imediatas, que quando não são satisfeitas fica intempestivo. Mas neste momento mostrou ter uma boa capacidade de adaptação aos imprevistos que o destino traz. Isso pôde-se ver na altura da conversa que tivemos com ele, rapidamente preparou o espaço, sentou-se e esperou pelas tarefas brincando com a cadeira. Durante as conversas não conseguiu ficar um bocadinho quieto, exigiu que se joga-se um jogo antes de ele fazer os desenhos. Fizemos quatro jogos do enforcado para ficarmos empatados e pedimos-lhe para fazer os desenhos, já tínhamos jogado, agora era hora de desenhar. O Pedro estava notoriamente mais hiperativo. Na análise do protocolo de Rorschach do Pedro, encontramos uma criança coartada, ou seja, que tem restrições ou algum tipo de impedimento. De acordo com a anamnese do Pedro ficamos a saber que da existência de um irmão mais velho 74 toxicodependente, inclusive, a mãe, afirma que o Pedro anda mais nervoso quando o irmão vai passar uns dias a casa, talvez pelo facto de dormirem os dois no mesmo quadro leve a que o Pedro ande mais inquieto, completa a mãe. Podemos considerar que este facto é suficientemente restritivo para a liberdade do Pedro. O protocolo não aponta para qualquer tipo de patologia significativa, ou seja, o Pedro é uma criança bastante “normal”. Após a análise de todos os dados recolhidos podemos chegar agora a uma conclusão, que passamos apresentar. Pela análise feita da escala de Conners no primeiro momento não podemos afirmar que o Pedro seja uma criança hiperativa, uma vez que o resultado encontrado na escala realizada pelo mestre encontra-se abaixo da linha de corte, mas na generalidade a escala mostra uma criança com traços hiperativos. Agora, na análise da escala de Conners do segundo momento encontramos todos os valores abaixo da linha de corte, logo, podemos considerar o Pedro como sendo uma criança hiperativa. Neste caso, segundo a análise da subescala C da Escala de Conners, Não podemos afirmar que a prática de Jinha kenpo possa contribuir para que os níveis de hiperatividade baixem. 75 10- Discussão Este estudo teve como objetivo saber se a prática de uma arte marcial, como o Jinha Kenpo, influencia o desenvolvimento de uma criança hiperativa. Quer seja positivamente ou negativamente, a prática de uma arte marcial implica sempre uma alteração de atitude perante o outro e o próprio. Toda filosofia que envolve as artes milenares de combate tem em vista o desenvolvimento do corpo e mente do indivíduo, mas será uma mais-valia quando estamos a lidar com crianças hiperativas? Mas devemos ter em conta que este trabalho apresenta limitações que não permitem tornar estes resultados viáveis, mas deixa no ar uma ideia inovadora e com potencialidades para vir a ser trabalhada com maior precisão. Podemos encontrar várias lacunas ou limitações neste estudo, e talvez a principal seja o facto de não ter sido possível ter acesso a crianças com um diagnóstico de hiperatividade validado por um profissional. Sabemos que o diagnóstico da hiperatividade apresenta inúmeras dificuldades, uma vez que não existe um modelo que preencha todos requisitos, ou seja, a hiperatividade tem um campo muito abrangente de sintomas e manifestações que torna difícil, para os especialistas chegarem a uma conclusão acerca de como deve ser feito um diagnóstico de uma criança hiperativa. E, por sua vez, o tipo de tratamento também não pode ser estandardizado, uma vez que uma criança hiperativa pode responder bem a determinado tipo de intervenção, mas outra pode não responder da mesma forma que a primeira. Logo isto, levou-nos na procurar de instrumentos capazes de fazer o despiste da hiperatividade, com o objetivo de certificarmos que nos encontramos a trabalhar com crianças que apresentam traços hiperativos. Este instrumento teria de ser capaz de dar uma informação suficientemente coerente e minimamente fiável. Assim, recorremos à Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry, 1980), que apresenta as características já mencionadas. Uma vez “despistadas” as crianças avaliamos os níveis de hiperatividade da criança em estudo e para isso recorremos à Escala de Conners. Foram analisados, 76 unicamente, os resultados encontrados na subescala C, isto porque é a subescala que avalia a hiperatividade. Uma vez que a Escala de Conners possui uma versão para os pais e outra para os professores, a escala para os professores foi preenchida também pelo Mestre Jinha, mestre de Kenpo das crianças. A escala foi realizada para o ambiente escolar, logo existem componentes desportivas que podem ser esquecidas ou ignoradas devido a não utilizarmos uma escala ou instrumento que “toque” todas as dimensões da intervenção que a actividade física, neste caso o Jinha Kenpo, pode ter na vida de cada uma das crianças. As três crianças, de acordo com a análise da subescala C da Escala de Conners, apresentavam traços hiperativos. Em última análise podemos concluir que apenas uma das crianças poderia ser considerada hiperativa e, mesmo assim, só podemos considerar este dado válido quando focamos a nossa atenção no segundo momento, porque no primeiro momento encontrávamos uma criança com traços hiperativos. Existe a necessidade de um instrumento mais preciso ou de vários instrumentos que avaliem as várias dimensões da hiperatividade/TDAH, para permitir uma informação precisa acerca dos níveis de hiperatividade e da influência que o treino do Jinha Kenpo tem na criança. Visto não existir outro instrumento realizou-se uma análise quantitativa da subescala C (hiperatividade) da Escala de Conners para pais e professores, onde o mestre de Jinha Kenpo preencheu a Escala de Conners para Professores, apesar de ser uma escala para o ambiente escolar e não para o desportivo, como já foi referido. Para conseguirmos aproximar-nos, mais da criança e de como a criança se relaciona com o meio, recorremos à análise de desenhos, com base nas ideias de duas autoras, Dinah Campos (2002) e Nicole Bédard (1998), para tentarmos evitar uma possível incompatibilidade nas interpretações realizadas por vários autores. A escolha destas duas autoras verificou-se devido a completarem-se uma à outra, do nosso ponto de vista. A informação que uma das autoras não refere, foi mencionada pela outra autora. 77 Finalmente, um outro instrumento foi utilizado para conseguirmos perceber a forma como a criança lidada com a realidade. Este instrumento foi um teste projetivo, o Rorschach. É uma prova projetiva, de ampla utilização, que permite examinar as modalidades do funcionamento do sujeito, numa perspetiva de adaptação à realidade. Assim, com esta prova projetiva podemos ter acesso a informações sobre a criança que ela dificilmente nos iria fornecer. No início do estudo, aplicou-se o Rorschach à criança, obtendo uma informação que iria ajudar a compreender melhor a forma como a criança se relaciona com o meio. O ideal seria aplicar novamente o Rorschach no final do estudo, mas optamos por não o fazer uma vez que a duração deste trabalho foi apenas de cinco meses. Logo, as diferenças que poderíamos encontrar seriam mínimas, assim não se justificava uma nova aplicação do teste projetivo. Num trabalho mais prolongado devemos ter em conta que a aplicação do teste projetivo no início e no final do estudo, traz informações adicionais que podem ajudar a perceber a de que forma é que a criança foi influenciada na sua adaptação à realidade que está inserida. Neste estudo podemos encontrar pequenas limitação, nenhuma das crianças estava a treinar há menos de um ano, logo, já estavam, de alguma forma mudadas pelos treinos de Jinha Kenpo. É de referir também que o tempo que decorreu de uma avaliação para outra foi muito curta, cinco meses entre cada uma das avaliações pode não ser o suficiente para se encontrar mudanças significativas. Mesmo assim, neste estudo, as mudanças encontradas na subescala C da Escala de Conners apontam para benefícios retirados da prática de Jinha Kenpo. O tempo disponível para o estudo é devido aos prazos académicos e, também, ao facto dos treinos de Jinha Kenpo irem terminar. Uma das principais razões que levou o estudo a prosseguir o seu caminho foi o facto de quando entramos em contacto com as crianças para desenvolver o nosso estudo, tinham todas recebido um novo cinto há menos de uma semana, ou seja, passaram a ter uma graduação mais elevada dentro do dojo. Este acontecimento pode levar a uma mudança de comportamento nas crianças, uma vez que ao subirem de graduação terão de se comportar de acordo com essa graduação, respeitando os menos graduados e cumprindo as regras com mais afinco e 78 rigor. Logo, esta graduação poderia refletir-se nos resultados encontrados nos diversos instrumentos, mas não foi dado ênfase a este acontecimento uma vez que é apenas uma das componentes da prática da arte marcial e de qualquer atividade desportiva. À medida que o indivíduo adquire a destreza física e mental adequadas vai “subindo” na hierarquia existente na modalidade. Todo este trabalho foi realizado com a convicção que uma criança que pratica uma arte marcial é beneficiada, graças a uma filosofia de vida que visa o desenvolvimento do indivíduo quer mentalmente quer fisicamente. Existe a possibilidade de recriar este estudo e pensamos ser necessário ter em conta os aspetos já referidos e outros. Assim, e ao observarmos as limitações deste trabalho, propomos que o novo estudo seja realizado tendo em conta crianças com diagnósticos de hiperatividade inequívocos, recorrendo a uma segunda apreciação profissional se existirem dúvidas no diagnóstico proposto. O ideal seria que a criança em questão nunca tivesse praticado nenhuma arte marcial, para as possíveis alterações de comportamento que possam ocorrer sejam por influência direta do Kenpo, ou seja, o ideal seria encontrar uma criança hiperativa em início de treinos. Igualmente, deveriam ser agendadas avaliações, que de veriam acontecer aproximadamente de seis em seis meses, de acordo com a duração prevista do estudo. Esta duração deverá ser no mínimo de um ano, pois com um ano de prática marcial já deverá ser possível encontrar resultados significativos. Mas quanto mais tempo durar o estudo de terreno mais informação se irá adquirir possibilitando uma conclusão rica e fiável. Tendo em conta tudo o que foi mencionado deverá ser possível chegar a resultados credíveis num novo estudo que consiga preencher todos os requisitos mencionados. Existindo a possibilidade de transformar esses resultados em algo que favoreça as crianças hiperativas. 79 Neste estudo temos três casos estudados, dois onde os valores encontrados no segundo momento encontram-se significativamente inferiores aos encontrados no primeiro momento. O terceiro caso apresentou uma subida significativa dos valores da subescala C no segundo momento. Logo, no caso do Pedro Santos, a Escala de Conners realizada pelos pais, professora e mestre de Kenpo apresentaram valores um pouco mais elevados na segunda aplicação, onde encontramos, os níveis de hiperatividade todos acima da linha de corte, o percentil 70. Analisando o caso do Pedro encontramos indícios que poderiam ser a condição necessária para os valores encontrados. Desde já podemos dizer que o Pedro apresentou-se sempre muito agitado, mesmo nervoso, procurando sempre estar a par e passo com o que se passava. Durante as conversas que tivemos com ele podemos verificar a instabilidade do seu comportamento, em segundos passava de uma criança calma para uma criança nervosa, que não era capaz de estar quieta no seu lugar. Por vezes parecia não estar confortável na cadeira e procura ajeitar-se melhor, executando para isso enumeras manobras como que a procurar a melhor posição. Ao olharmos para os dois momentos do Pedro, podemos constatar que no segundo momento ele estava bastante mais irrequieto, nervoso. O seu comportamento no espaço da “entrevista” era caótico, tanto estava de pé como sentado, e mesmo sentado estava constantemente a mudar de posição ou a brincar com a cadeira. Mesmo durante as tarefas propostas a sua atividade motora não diminuía. Mas devemos, igualmente, referir a fala do Pedro, uma vez que a diferença também foi notória. Em ambos os momentos perguntava tudo numa tentativa de colmatar toda a curiosidade que sentia, mas no primeiro momento existiam momentos de silêncio coisa que no segundo momento não existia, chegou mesmo a exigir que jogássemos um jogo antes de começar a fazer os desenhos. 80 Nos desenhos que o Pedro realizou nos dois momentos a diferença não foi muita, por exemplo, no desenho livre manteve o tema, mas no segundo momento o desenho foi mais elaborado, com mais pormenores. No primeiro desenho livre encontrávamos uma casa e um sol, no segundo momento tínhamos a casa e o sol e tínhamos também uma árvore, relva, nuvens e uma outra coisa que ele afirmou ser uma fonte. Ele desenhou como se houvesse algo mais para dizer. No autorretrato o Pedro desenhou sempre a cabeça, o corpo parecia não ter importância, mas teve o cuidado de no primeiro momento perguntar se deveria desenhar a cabeça ou o corpo todo, mas deixamos isso ao seu critério. O desenho da família foi o desenho menos investido pelo Pedro, em qualquer dos momentos. Os desenhos são quase cópia um do outro, o mesmo número de elementos (pai, mãe e filho), a mesma disposição espacial, os mesmos pormenores, era como se o tema não fosse do seu interesse. Ao analisarmos os seus desenhos podemos ver que o Pedro manteve a sua necessidade de afirmação, e o seu desejo de ser aceite pelos outros levou-o a adaptar às situações do dia-a-dia. Esta adaptação pode ser devido a não ser aceite pelos outros, devido ao seu temperamento e à sua conduta. Logo, se não é aceite procura colmatar isso com uma boa capacidade de adaptação. Mas esta situação pode vir do facto de o Pedro enfrentar o mundo imaturamente. Tendo em conta o Rorschach do Pedro (coartado) podemos verificar que existe algo que o perturba, podemos afirmar, de acordo com a informação recolhida na anamnese, que o facto de existir um irmão mais velho toxicodependente leva o Pedro a estar mais irrequieto, especialmente nas alturas que o irmão se encontra em casa. Uma vez que partilham o mesmo quarto o espaço pessoal do Pedro é “invadido”, levando a que ele reaja esta “invasão”. Mas temos que referir que no geral o Pedro possui um bom protocolo, ou seja, não apresenta nenhum problema específico. A nível das artes marciais, o Pedro afirma que são “um espetáculo”, foi uma vez ver o treino e depois não quis outra coisa, mas agora não gosta muito. Referindose ao segundo momento, comenta que o mestre o tinha castigado, porque tinha-se 81 portado mal durante o treino. Em virtude desse comportamento, não poderia participar num estágio que iria decorrer no fim-de-semana. A primeira reação dele a esta situação foi dizer que não queria ir ao estágio, numa tentativa de se defender, em suma, adaptou-se. Como podemos ver, as circunstâncias em que se encontra o Pedro podem não ter facilitado a descida dos níveis de hiperatividade, mas não podemos afirmar que a prática de uma arte marcial tenha influenciado para a subida dos níveis. Os outros dois casos, apesar de distintos, apresentaram uma descida dos níveis de hiperatividade. Tanto no caso do Bernardo como no do Jorge, encontramos valores na subescala C (hiperatividade) significativamente mais baixos no segundo momento. Mas devemos referir que em ambos os casos verificou-se uma subida significativa do valor encontrado na subescala C da Escala de Conners para Pais, enquanto na Escala de Conners para Professores, realizada pelos professores e pelo mestre, os níveis desceram, como já foi referido. Focando essencialmente o que demonstrou o Bernardo durante as entrevistas podemos afirmar que se trata de uma criança tímida ou introvertida, em qualquer uma das nossas conversas o Bernardo mantinha-se calado perguntando só o essencial, estava muitas vezes distraído com outras coisas, mas quando era solicitado verificávamos que estava atento ao que se lhe dizia. Já o Jorge não parava de falar. Durante as conversas com ele estava sempre a falar mesmo quando estava a fazer os desenhos, ia falando do que estava a desenhar e por vezes de coisas que nada tinham a ver com o desenho, mostrou-se uma criança muito aberta e com vontade de expressar-se. Encontramos esta vontade de se expressar nos desenhos que realizou, apesar dos desenhos do primeiro momento serem menos elaborados que os do segundo momento. O desenho livre do Jorge foi sobre o avô e o seu cão, que no primeiro momento foi um desenho simples e rápido, com pormenores mas sem grande investimento no desenho. Já no segundo momento, o investimento foi deveras grande. Desenhou novamente o avô e o cão, que estava a olhar para o avô dizia o 82 Jorge. “Deu” ao avô uma rede, que segundo o Jorge era para quando o avô ia pescar com ele, e desenhou também um sol radioso e sorridente. Tudo desenhado com cuidado e preocupação em ficar bem. No primeiro autorretrato encontramos apenas o desenho do Jorge da cintura para cima, com uma aparência frágil. No segundo encontramos um Jorge forte e robusto, grande e “completo”, pois desenha o corpo todo. O desenho da família passa de quatro elementos para três no segundo momento, mas o nível de investimento no segundo momento é maior. Se olharmos para os dois desenhos percebemos que o primeiro desenho foi feito com alguma rapidez e sem preocupação pelo pormenor, enquanto, no segundo vemos um desenho cuidado e pormenorizado. O Jorge teve mesmo o cuidado de colocar uma flor no vestido da filha para enfeitar, afirmou o Jorge, e comentou também que eles eram todos azuis porque era uma família de monstros do planeta azul, mas eram monstros bons. Estes desenhos analisados mostraram-nos um Jorge com vontade de se afirmar intelectualmente, mas os desenhos mostram também uma criança que procura defender-se tanto do seu mundo interno como do seu mundo externo, talvez seja daqui que vem a impulsividade característica do Jorge, mas encontramos uma pequena mudança no segundo momento. O Jorge, para além da sua vontade de se afirmar e a sua necessidade de se defender do seu mundo, procurou adaptar-se ao meio que o envolve, talvez esta adaptação tenha permitido que os níveis de hiperatividade descessem. Os desenhos do Bernardo são bastante idênticos entre si, sem contar com o desenho livre, que foi para ele o mais difícil de fazer. Ele dizia que não sabia o que fazer e que não fazia o desenho se não lhe disséssemos o que deveria desenhar, apesar desta dificuldade apresenta um primeiro desenho livre bastante elaborado, montes verdes, uma casa, uma árvore, um sol grande e radioso, e para finalizar uma flor. No segundo desenho livre começou por copiar um desenho que trazia com ele, mas mal começou a ter dificuldade na cópia desistiu e disse que estava bem assim. 83 O autorretrato e o desenho da família estão idênticos ao nível da elaboração, ambos os desenhos foram mais investidos no segundo momento, onde vemos um autorretrato mais alegre e com preocupação de não faltar nada, assim como no desenho da família que é todo mais alegre, as figuras são maiores com que a mostrar a importância que para ele a família têm. Após uma análise cuidada dos desenhos encontramos exatamente o que constatamos nas conversas com ele, encontramos uma criança “fechada” no seu mundo, egocêntrica, numa tentativa de se defender da pressão que o meio exerce sobre ele, isto tudo resulta numa insegurança no contacto social. Começa a adaptarse ao meio, mas não enfrenta os seus problemas, prefere contorna-los, talvez devido ao medo de relação com o outro, ou seja, a sua insegurança mantêm-se. São duas crianças bastante diferentes, logo, os seus protocolos teriam de ser igualmente diferentes. Vamos encontrar no protocolo do Rorschach do Bernardo uma criança introvertida e fechada no seu mundo, talvez devido ao facto de não ter a presença do pai. A mãe separou-se do pai do Bernardo quando ele tinha quatro anos de idade. A mãe afirma que ele superou bem a separação e continua a ver o pai regularmente, mas não é uma presença constante. Talvez este facto explique a introversão do Bernardo, uma vez que a maior parte dos colegas tem o pai e mãe sempre com eles, e isso pode levá-lo a sentir-se inferior aos outros; o Jorge, uma criança que exterioriza as suas emoções, apresenta no seu protocolo de Rorschach um resultado de coartada. “O que me custa mais fazer é comer e dormir.” - afirma o Jorge, e a mãe também comentou o mesmo facto, dizendo que tem muita dificuldade na alimentação do Jorge uma vez que ele se recusa a comer já desde muito bebé. “Era um martírio dar-lhe de comer quando era bebé, e agora não é diferente. Por vezes recusasse mesmo a comer” comenta a mãe. Como podemos ver o verdadeiro impedimento do Jorge está na alimentação, e segundo ele também no dormir, pois tem medo de não acordar. Apesar disto, tanto o Bernardo como o Jorge apresentam resultados bons, no protocolo de Rorschach, sem referência a nenhuma patologia específica. 84 Quando focamos a nossa atenção para o Kenpo verificamos que as duas crianças têm um gosto idêntico pela arte. O Bernardo não se lembra de alguma vez ter tido um castigo por não respeitar as regras, já o Jorge esteve para desistir porque estava sempre de castigo. Mas acabou por continuar a treinar porque a mãe não permitiu que ele desistisse. Ambos gostam muito de treinar e o Bernardo comentou o facto de o Mestre ser justo para com os colegas. Defendendo que era necessário cumprir as regras, e quem não as cumprisse tinha que ser castigado, porque senão toda a gente fazia o que queria, e isso não podia ser, segundo o Bernardo. Com toda esta informação podemos ver que existe um suporte para estas duas crianças, quer por parte da família, quer delas próprias para conseguirem conquistar o que procuram. 85 Conclusão Tendo em conta as limitações encontradas neste trabalho e, de acordo com a análise da subescala C (hiperatividade) da Escala de Conners para Professores e para Pais, podemos afirmar que a prática de uma arte marcial possibilita, uma descida significativa dos níveis de hiperatividade. No caso do Bernardo e do Jorge, através da análise da subescala C (hiperatividade) da Escala de Conners, podemos constatar que os níveis de hiperatividade desceram, talvez as circunstâncias em que se encontravam tenham permitido essa descida. Ou seja, o facto de terem famílias que os apoiavam e de se preocuparem em adaptar-se à realidade onde estão inseridos pode ter contribuído para que as premissas que o Jinha kenpo defende (caracter; sensibilidade; esforço; etiqueta; autocontrolo) tenham surtido efeito sobre o comportamento das crianças para com os outros, e também para com elas próprias. Já no caso do Pedro, segundo a subescala C (hiperatividade) da Escala de Conners, os níveis de hiperatividade subiram do primeiro momento para o segundo momento. Tudo isto pode estar relacionado com a presença de fatores (como um irmão toxicodependente e uma falta de investimento do Pedro na sua adaptação à realidade) que podem ter contribuído para que os ideais do Jinha Kenpo (caracter; sensibilidade; esforço; etiqueta; autocontrolo) não tenham produzido os efeitos desejados. De certo modo os resultados encontrados vêm mostrar que existem novas possibilidades no universo da hiperatividade que devem ser exploradas e entendidas, para podermos perceber se podem ser tornadas como tratamentos “estandardizados”, devido ao treino intensivo, tarefas de autocontrolo, exercícios de memorização. Relembrando a questão que foi posta no início deste trabalho: será que a prática de Kenpo (Jinha Kenpo) pode ser encarada como uma terapia ou tratamento para crianças consideradas hiperativas? 86 Este trabalho permite responder a esta questão afirmativamente pois os resultados que obtivemos assim o indicam, a prática de Jinha Kenpo ajudou à descida dos níveis de hiperatividade. No entanto são estudos como este que dão os primeiros empurrões para trabalhos mais complexos à cerca deste mesmo assunto. O universo da hiperatividade ainda está por descobrir permitindo aos profissionais um leque alargado de trabalho ao qual se podem dedicar. Através de um trabalho mais longo podemos encontrar um caminho viável para ajudar estas crianças, vamos empenhar esforços para encontrar esse caminho. 87 Bibliografia Achour Junior, A. (1996). Bases para o exercício de alongamento relacionado com a saúde e no desempenho atlético. Londrina, PR: Midiograf. Alexander, J. C. (1990). Analytical debates: understanding the relative autonomy of culture. In: ALEXANDER, Jeffrey C.; SEIDMAN, Steve. Culture and society: contemporary debates. Cambridge: Cambridge University Press. Antunes, N. L. (2009). Mal – entendidos. Lisboa: Verso de Kapa. Barkley, R. A. (1997). Defiant children; A clinician manual for assessemente and patente training 2ª ed. New York. Bautista, R. (coord) (1997). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa: Dinalivro. Bédard, N. (2000). Como interpretar desenhos de crianças. Edições CETOP. Campos, D.M.S. (2002). O teste como instrumento de diagnóstico da personalidade (34ª ed.). Petrópolis: Editora Vozes. CASTELO, J., BARRETO, H., ALVES, F., SANTOS, P., CARVALHO, J. e VIElRA, J, (1998). Metodologia do Treino Desportivo. Edições FMH, Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa. Dantas, E. H. M. (1995). A Prática da preparação física. 4° Ed. Rio de Janeiro: Shape. Dantas, E. H. M. (1995). Flexibilidade, Alongamento e Flexionamento. 3ª ed. Rio de Janeiro: Shape. Deco/Proteste (2002). Hiperactividade na criança. [on line]. Available: http://www.cmv.pt/cmv_article.asp?artigo=837&opcao=302&especialidade=0. (6 set. 2012). DSM-IV (1996). Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Lisboa: CLIMEPSI Editores. 88 DSM-IV-TR (2002). Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Lisboa: CLIMEPSI Editores. DSM-IV-TR (2002). Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais. American Psychiatric Association. Climepsi Editores. García, I. (2001). Hiperactividade: Prevenção Avaliação e Tratamento na Infância. Lisboa: Editora McGraw-Hill. Garcia, J. (1998). 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Como Viver com uma Criança Hiperactiva. Porto: Edições ASA. Sá, J. (2002). Rorschach – programa para elaboração de protocolo (versão 2.2). Edipsico. Schweizer, C. e Prekop, J. (2001). Crianças Hiperactivas. Biblioteca dos Pais, Porto: Ambar. 89 Traubenberg, N. Rausch & Boizou, M. (1999). O Rorschach na clínica infantil. Lisboa: Climepsi Editores. Vásquez, I. M., et al. (1997). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa: Danilivro. WEINECK, J. (1999). Treinamento ideal; Instrução técnica sobre o Desempenho Fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9ª ed. São Paulo: Manole. Federação Portuguesa de Defesa Pessoal Jinha Kenpo www.jinhakenpo.com 90 ANEXOS 91 RELATÓRIO DE UM TREINO DE JINHA KENPO Data: 2012 Local: INATEL - Viseu N° de atletas: 11 - dos quais 4 são do sexo feminino Objetivo: Preparação Física (resistência) 21:00 Saudação ao Mestre e a todos os praticantes a. Ativação funcional - Corrida; - Simultaneamente à corrida, aquecer as articulações dos ombros e dos braços; Exercícios: a. Braços à frente e puxar para trás; b. Rodar a cintura para cima; c. Correr de lado e virar; d. Correr ao comando da voz do Mestre, e passar a mão pelo chão; e. Correr duas voltas ao Dojo. 21:20 b. Ativação funcional no mesmo sítio Exercícios: 1. Pernas (sempre a saltitar) 2. Braços; 3. Polichinelo 92 4. Elevação das pernas atrás 5. Elevação das pernas à frente. 6. Pés - de bicos de pé desce e passa para calcanhar. 7. Agachamentos 8. No chão - fazer abdominais ao mesmo tempo que flete as pernas 9. Flexões (2 séries) 21:30 d. Treinar combates As pernas devem estar sempre fletidas; Os braços devem estar sempre a proteger a zona superior do corpo. 21:36 e. Troca de parceiros 21:39 f. Nova troca de parceiros 21:43 g. Segundo as indicações do Mestre, Correr à volta do Dojo. Exercícios: Agachamentos e toma a correr; Segundo esta ordem realizar agachamento, abdominal e flexão; Saltitar (com pernas um pouco afastadas); 93 Correr; Saltar (sempre em posição de combate). O Mestre tenta incentivar os participantes, para que façam estes exercícios sem parar e com velocidade. 21:48 h. Combate 21:51 Exercícios: 1. Sem descanso subir e descer em bancos suecos; 2. Efetuar abdominais com os pés por cima dos bancos suecos. i. Tirar as luvas e caneleiras Realizar flexões com os antebraços seguros ao banco sueco, e, sem tocar com os glúteos no chão; Efetuar flexões com pés por cima dos bancos suecos. 21:54 Descanso 21:55 Virados para o espaldar, elevar ambas as pernas no espaldar em suspensão. 21:57 Dois a dois colocar na seguinte posição: uma perna à frente e outra atrás, sem mover as pernas - empurrar o parceiro. 94 O praticante de trás puxa para trás (este tenta estar com as costas mais direitas possíveis. 21:59 Descanso 22:01 Todos os praticantes posicionam-se ao fundo do Dojo: - Realizar sprint até ao centro (3 repetições) j. Relaxamento através da Respiração segundo o Mestre Após estes exercícios, os praticantes alinham consoante as suas graduações e fazem a Saudação. O Mestre durante o treino está sempre atento, não parando de dar indicações, como, "força", respirar corretamente, etc. O Mestre tem uma participação sempre ativa, em que a sua voz "reina" imperativamente. No fim do treino, o Mestre costuma dar outras indicações, neste caso, recomendou aos praticantes para trazer um pacotinho de açúcar para a eventualidade de uma quebra de tensão. 95 RELATÓRIO DE OUTRO DIA DE TREINO DE JINHA KENPO Data: 2013 Horário: 19:00 – 20:00 Dojo: Inatel- Viseu Objetivos: Aprendizagem de Técnicas de Combate e preparação física Inicio: Saudação. Ativação Funcional geral e específica a nível das articulações dos membros superiores. Parte principal: Em fila de dois a dois praticantes realizar: Socos frontais do lado esquerdo; direito e cruzado; Combinações de socos circulares, frontais e "ganchos"; Combate, colocando em prática as técnicas dos membros superiores; Corrida a um ritmo lento durante poucos minutos; Ao som do treinador efetuar: uma flexão, um abdominal e um agachamento; Continuar a correr e ao próximo som, efetuar duas flexões, dois abdominais e dois agachamentos; até chegar ao número dez. Finalização: - Realização de exercícios de flexibilidade. - Alinhamento de todos os atletas e saudação final 96 Exercícios de Flexibilidade utilizados no Treino de Jinha Kenpo Encaminhar Lunges Ajoelhar-se na perna esquerda, colocando a perna direita à frente em um ângulo reto. Lunge frente, mantendo as costas retas. O estiramento deve ser sentido na virilha esquerda. Manter a posição por cinco segundos. Repetir de três a seis vezes. Repetir com a outra perna. Side Lunges Em pé, dobrando o joelho esquerdo enquanto se inclina para a esquerda. Manter as costas retas e a perna direita em linha reta. Manter a posição cinco segundos. Repita de três a seis vezes. Repetir com a outra perna. Cross-Over Em pé com as pernas cruzadas, mantendo os pés juntos e as pernas retas. Tente tocar os dedos dos pés. Manter a posição por cinco segundos. Repetir de três a seis vezes. Repetir com a outra perna. Estar estiramento Quad Fique apoiado pelo segurando em uma parede ou cadeira. Puxe o pé para trás, para as nádegas. Tente manter os joelhos juntos. Mantenha a posição cinco segundos. Repita de três a seis vezes. Assento pernalta Lotus Sente-se, colocando a planta dos pés juntos e solte os joelhos em direção ao chão. Colocar os antebraços no interior dos joelhos e empurrar os joelhos em relação ao chão. Inclinar para a frente a partir dos quadris. Manter a posição cinco segundos. Repetir de três a seis vezes. 97 Assento pernalta Side Sente-se com as pernas abertas, colocando as duas mãos na mesma perna ou no tornozelo. Traga o queixo em direção ao joelho, mantendo a perna reta. Mantenha a posição cinco segundos. Repetir de três a seis vezes. Repetir o exercício com a outra perna. Trecho assento Sente-se com as pernas juntas, pés flexionados e as mãos sobre as pernas e tornozelos. Traga o queixo em direção aos joelhos. Mantenha a posição cinco segundos. Repetir de três a seis vezes. Os joelhos ao peito Deitar-se de costas com os joelhos dobrados. Segure os topos dos joelhos e trazê-los para fora em direção às axilas, balançando suavemente. Mantenha a posição cinco segundos. Repita de três a cinco vezes. 98 Características dos Cartões de Rorschach 99 100 101 102 103 N° respostas: 15 a 30 normal; >30: obsessividade; <10: paranoia, resistência à técnica Tempo de reação (tempo entre a entrega do cartão e a primeira resposta): 10 a 25s normal; < 10s ansiedade situacional elevada; >25s depressão situacional elevada Tempo médio por cartão: 25 a 40s normal; <25 ansiedade situacional elevada; >60 depressividade, bloqueamento 104 Respostas 105 ESCALA DE CONNERS PARA PAIS – VERSÃO REVISTA (FORMA COMPLETA) FOLHA DE COTAÇÃO (Keith Conners, PhD. - 1997) Tradução e Adaptação de Ana Nascimento Rodrigues - Departamento de Educação Especial e Reabilitação da Faculdade de Motricidade Humana Lisboa em Janeiro de 2000 Nome: Sexo Data de Nascimento: Idade: F M Ano Escolaridade: Nome do professor: Data de preenchimento: Observações: Código: Para cada item, transfira o número rodeado com um círculo, para cada uma das caixas brancas presente em cada linha. Some cada coluna e escreva os totais nas caixas designadas para o efeito que se encontram no final da página. CAIXA BRANCA 38 3 2 1 0 39 3 2 1 0 40 3 2 1 0 41 3 2 1 0 42 3 2 1 0 43 3 2 1 0 44 3 2 1 0 45 3 2 1 0 46 3 2 1 0 47 3 2 1 0 48 3 2 1 0 49 3 2 1 0 50 3 2 1 0 51 3 2 1 0 52 3 2 1 0 53 3 2 1 0 54 3 2 1 0 55 3 2 1 0 A B C D E F G H I J K L M N 106 CAIXA PONTEADA 0 1 2 3 1 0 1 2 3 2 0 1 2 3 3 0 1 2 3 4 0 1 2 3 5 0 1 2 3 6 0 1 2 3 7 0 1 2 3 8 0 1 2 3 9 0 1 2 3 10 0 1 2 3 11 0 1 2 3 12 56 3 2 1 0 57 3 2 1 0 58 3 2 1 0 59 3 2 1 0 60 3 2 1 0 61 3 2 1 0 62 3 2 1 0 63 3 2 1 0 64 3 2 1 0 65 3 2 1 0 66 3 2 1 0 67 3 2 1 0 68 3 2 1 0 69 3 2 1 0 70 3 2 1 0 3 2 1 0 72 3 2 1 0 73 3 2 1 0 74 3 2 1 0 75 3 2 1 0 76 3 2 1 0 77 3 2 1 0 78 3 2 1 0 79 3 2 1 0 80 3 2 1 0 71 1 2 3 13 0 1 2 3 14 0 1 2 3 15 0 1 2 3 16 0 1 2 3 17 0 1 2 3 18 0 1 2 3 19 0 1 2 3 20 0 1 2 3 21 0 1 2 3 22 0 1 2 3 23 0 1 2 3 24 0 1 2 3 25 0 1 2 3 26 0 1 2 3 27 0 1 2 3 28 0 1 2 3 29 0 1 2 3 30 0 1 2 3 31 0 1 2 3 32 0 1 2 3 33 0 1 2 3 34 0 1 2 3 35 0 1 2 3 36 0 1 2 3 37 0 TOTAIS A B C D E F G 107 H I J K L M N