Isabel Maria Cabral Ferreira Soares
Formas de intervenção das Artes Marciais na
Hiperatividade
Mestrado em ensino da educação física nos ensinos básico e secundário
(Ao abrigo da Recomendação do CRUP)
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
VILA REAL, 2013
I
Isabel Maria Cabral Ferreira Soares
Formas de intervenção das Artes Marciais na
Hiperatividade
Orientador: Prof. Dr. Nuno Domingos Garrido
Relatório expressamente elaborado para cumprimento
dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre
em ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário cumprindo o estipulado no decreto-lei n°
107/2008, de 25 de Junho
UTAD
Vila Real – 2013
II
“… uma criança com PHDA não é mal educada, mas impulsiva, sem a latência
na resposta que nos faz ponderar e adequar a reacção, …”
“… o problema é muitas vezes criador de um cansaço para além do imaginável,
…”
Nuno Lobo Antunes (2009, p.180)
III
Dedicatórias
À única sucessora da Arte Marcial Jinha Kenpo Drª Sofia Soares
Ao Mestre e Fundador da Arte Marcial Jinha Kenpo Dr. Jorge Soares – Mestre Jinha
A todos os que praticam ou praticaram Kenpo
Se algum dia sentires a minha falta, olhe para o horizonte e vê a nossa estrela cintilante, na
penumbra do céu, e lembra-te: sou eu que te beijo em silêncio, e te sussurro ao ouvido:
“Adoro-te meu Anjo”
IV
Agradecimentos
Ao Professor Doutor Nuno Garrido, por ter aceite ser meu Orientador, pelo
aconselhamento, acompanhamento, auxílio e disponibilidade em todo este meu
percurso, assim como pelos conhecimentos transmitidos ao longo deste caminho.
Ao Mestre, D. Jorge Soares (Mestre Jinha), por ter fundado a Arte Marcial Jinha
Kenpo e que tudo partilhou comigo e com ele aprendi a técnica da Arte Marcial Jinha
Kenpo e pela possibilidade que me deu em me tornar Mestre nesta Arte Marcial e de
a fazer crescer até ao limite.
A todos os atletas da Jinha kenpo, que comigo como Mestre deram os seus primeiros
passos, cresceram, participando ativamente na minha definição como pessoa e
Mestre/treinador, pois sem eles e sem a sua preciosa colaboração não seria possível
fazer este trabalho ajudando-me com ele a ser melhor profissional e melhor pessoa.
A todos os amigos que fiz e … perdi no Jinha Kenpo.
Aos meus pais, por tudo (Mãe)…
À minha filha, Dr.ª Sofia Soares, que é especial e única, por me fazer o favor de
existir, pelo seu olhar, por acreditar que eu sou capaz…sem isso não seria possível,
por me ajudar a fazer a caminhada desta dura vida sempre com um sorriso.
A todos, Bem-haja
V
Índice Geral
AGRADECIMENTOS ................................................................................................ V
Índice de figuras ...................................................................................................... VIII
Resumo....................................................................................................................... IX
Abstract ....................................................................................................................... X
Introdução .................................................................................................................... 1
1-Hiperatividade ........................................................................................................... 4
1.1-Origem da hiperatividade....................................................................................... 7
2-Dificuldades de aprendizagem percetivo-cognitivo ............................................... 12
2.1-Diagnóstico e avaliação da hiperatividade........................................................... 13
3-Intervenção.............................................................................................................. 15
3.1-Intervenção farmacológica ................................................................................... 15
3.3-Intervenção Comportamental-cognitiva .............................................................. 16
3.4-Intervenção combinada ........................................................................................ 19
4-Desporto/Exercício Físico....................................................................................... 21
5- Kenpo ..................................................................................................................... 24
5.1- A Arte do Jinha Kenpo ....................................................................................... 26
5.1.1. Objetivos da Federação e Associações Jinha Kenpo ....................................... 28
5.1.1.1. Caracterização do Contexto Desportivo........................................................ 29
5.1.2.Caracterização do contexto desportivo da Federação de Defesa Pessoal Jinha
Kenpo ......................................................................................................................... 30
5.1.3. Caracterização do Processo/Forma de Treino .................................................. 31
5.2- A história do Chúan Fa (Kenpo) ......................................................................... 44
6- METODOLOGIA .................................................................................................. 52
6.1- Participante ......................................................................................................... 52
VI
6.2- Delineamento do estudo...................................................................................... 53
7- Instrumentos .......................................................................................................... 56
7.1- Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry, 1980) ......... 56
7.2- Escala de Conners ............................................................................................... 57
7.3- O desenho ........................................................................................................... 58
7.4- Rorschach............................................................................................................ 59
8- Procedimento ......................................................................................................... 60
9- Resultados .............................................................................................................. 62
Resultados da análise dos dados obtidos com o Bernardo Almeida ...................... 69
Resultados da análise dos dados obtidos com o Jorge Rebelo ............................... 71
Resultados da análise dos dados obtidos com o Pedro Santos ............................... 73
10- Discussão ............................................................................................................. 76
Conclusão ................................................................................................................... 86
Bibliografia ................................................................................................................ 88
ANEXOS ................................................................................................................... 91
VII
Índice de tabelas
Tabela 1: Indicadores de hiperatividade em momentos evolutivos distintos
(Guitiérrez-Moyano e Becoña, 1989) .......................................................................... 9
VIII
Resumo
Este trabalho incidirá na problemática das Artes Marciais e da hiperatividade,
onde iremos focar os fatores da hiperatividade e se a prática das artes marciais tem
estratégias para a combater.
Este trabalho está dividido em duas partes fundamentais. Na primeira parte
faremos uma revisão da literatura sobre a problemática em questão e na segunda
parte apresentamos o ponto de análise para a longa viagem que é a profissão
docente/treinador/Sensei (mestre).
Esta análise é um diário de vida em edificação onde irei refletir e relatar as
diversas vivências do meu percurso consolidadas ao longo do constante processo de
aprendizagem, terminando com enquadramento da prática profissional onde são
feitas referências ao contexto institucional e funcional.
PALAVRAS-CHAVE: Artes Marciais; Atividade Física; Hiperatividade
IX
Abstract
This work will focus on the issue of Martial Arts and hyperactivity, where we
will focus on the factors of hyperactivity and practice martial arts have strategies to
combat it.
This work is divided into two key parts. In the first part we review the literature
on the issue in question and the second part we present the analysis point to the long
journey that is the teaching profession / coach / Sensei (teacher).
This analysis is a diary of life in the building where I will reflect and report on
the various experiences of my journey consolidated over constant learning process,
ending with the professional practice framework where references are made to the
institutional and functional.
KEY-WORDS: Martial Arts, Physical Activity; Hyperactivity
X
Introdução
Uma criança hiperativa parece que está sempre em movimento, não consegue
parar quieta. Ficar sentada durante uma aula pode ser uma tarefa impossível e
quando isso acontece não consegue ficar quieta no lugar. São crianças, que estão
sempre a mexer em tudo e falam intensamente, chegando a interromper-se e a
interromper os outros. Dão respostas sem deixarem o outro concluir a pergunta,
saltam de uma atividade para outra sem parar, etc.
Estas crianças são caracterizadas pela gravidade e a permanência dos
comportamentos inadequados, passando isto para termos leigos, parece que a criança
foi ligada à corrente e nunca mais acaba a energia.
Para minimizar os efeitos que a hiperatividade tem na criança, na família e na
sociedade existem métodos próprios, como tratamentos farmacológicos, tratamentos
comportamental-cognitivo ou tratamentos combinados, que engloba ambos os
tratamentos mencionados.
A prescrição medicamentosa é um método frequente e tradicional, diz
Inmaculada Garcia (2001), devido à facilidade de administração e à rapidez dos seus
efeitos, mas os resultados obtidos não se mantêm eternamente. A psicóloga Paula
Temudo, no Centro de Desenvolvimento da Criança do Hospital Pediátrico de
Coimbra, avisa que os medicamentos são importantes, mas devem ser encarados
como uma muleta, a grande chave da terapêutica está na mudança de atitude.
Essa mudança de atitude pode estar dependente das terapias comportamentais,
mas são terapias morosas e implicam uma motivação não só da criança como dos
pais, e o meio que envolve a criança tem que ser adequado. Mas, seja qual for a
técnica a utilizar tem de se ter em conta o estado clínico da criança, o meio para
aplicar técnicas comportamentais e a aceitação dos adultos face às terapêuticas.
Segundo Vasquez, 1997 os procedimentos perturbadores e os obstáculos da
aprendizagem, que lhes estão ligadas, são manifestações muito frustrantes para o
1
professor e para a criança, podendo levar ao desenvolvimento de sentimentos mútuos
de repulsão ou mesmo de adversidade.
Tendo em vista o que foi mencionado, podemos dizer que as crianças
hiperativas estão bem acompanhadas, mas se olharmos com atenção percebemos que
elas dependem de conjunto de fatores, independentes da sua vontade, para
conseguirem encontrar um bem-estar.
O ideal seria um tratamento ou uma terapia que possibilita-se à criança
hiperativa encontrar o bem-estar sem ter que depender de tantos fatores. Talvez
exista um tal tratamento ou terapia.
Com um legado de mais de 700 anos, a nossa linhagem de Kenpo remonta à
antiga China do século XIV, de onde foi levado para Okinawa e para o Japão.
Do vigésimo primeiro descendente desta tradição, mestre Masayoshi Mitose,
que levou o Kenpo ao ocidente no início do século XX, o Mestre Ed Parker, que
reformulou e sistematizou a arte, temos uma arte marcial rica em conteúdo e
tradições e que agora começa a ser difundida em Portugal através do Jinha Kenpo e
do seu fundador Mestre Jorge Soares (Mestre Jinha).
A principal meta do Kenpo é desenvolver o autocontrolo e a autoconfiança do
Kyu (praticante), gerando assim força interior e equilíbrio, aspetos que o
acompanharão para toda a vida.
Pode ser praticado por crianças, homens e mulheres, independente da idade,
peso ou altura, já que se adapta às características de cada indivíduo, potencializando
as suas habilidades e trabalhando para melhorar as suas carências.
Os treinos são cooperativos, respeitando a individualidade de cada aluno e
desenvolvendo não só o seu físico, mas também o seu espírito, o caráter e a
disciplina.
2
Os movimentos são naturais, fluidos e de fácil aprendizagem, seguindo sempre
uma sequência lógica e enfatizando a defesa pessoal. A sua principal característica é
um fluxo veloz e fulminante de golpes em pontos vitais do corpo, a fim de
neutralizar rapidamente o agressor.
Com a prática da Jinha Kenpo, o Kyu (aluno/praticante) desenvolve:
- Habilidade para autodefesa;
- Autocontrole e autoconfiança;
- Concentração e reflexos;
- Maior consciência corporal e motora.
O desporto pode ser encarado como uma terapia eficaz. Especialistas da
Organização Mundial de Saúde consideram o desporto, para crianças/jovens, como
sendo um meio para adquirirem a plenitude das suas capacidades físicas e mentais,
uma vez que o desporto é uma resposta positiva às incertezas naturais de uma criança
ou adolescente, porque, para além do prazer, leva a criança ou o adolescente a
experimentar a dificuldade e o progresso, o gosto pelo aperfeiçoamento, estimulando
e fortificando a personalidade no seu todo.
O Kenpo é uma arte de defesa pessoal que tem por base a filosofia do Budô1,
que focaliza o desenvolvimento do carácter humano, fortalecendo o corpo e a mente,
disciplinando os instintos primitivos e aprimorando-se a personalidade.
Assim, temos como objetivo saber se a prática de uma arte marcial, como o
Jinha Kenpo, influencia o desenvolvimento de uma criança hiperativa. Queremos
saber se esta prática “desportiva” pode ser encarada como uma terapia ou tratamento
para crianças consideradas hiperativas.
1
Bu = Controlo da violência, disciplina de vida, estabelecimento de normas e leis de conduta, conquista de segurança,
contribuição pessoal para a pacificação e enriquecimento da sociedade e Dô = caminho, método, doutrina ou atalho.
3
1-Hiperatividade
Tecnicamente, a hiperatividade, é denominada por “Distúrbio Hiperativo e de
Défice de Atenção” (DHDA), que até aos dias de hoje encontra-se em constante
investigação, com o objetivo de encontrar os pressupostos que a compõem.
Assim, ainda não podemos dizer que a hiperatividade é, isto porque os diversos
saberes que se dedicam ao seu estudo encontram de dia para dia novas informações
que por vezes contradizem outras já existentes.
Por exemplo, Garcia (2001), refere que foram realizados estudos neurológicos a
crianças hiperativas, com a suposição de que estas crianças iriam apresentar um
número mais elevado de sinais neurológicos menores (dificuldades de equilíbrio,
torpor e uma deficiente coordenação motora fina) quando comparadas com as
crianças não hiperativas. Mas o resultado não foi conclusivo, pois nem todas as
crianças hiperativas têm sinais neurológicos menores, e também por estes sinais
terem sido encontrados em crianças não hiperativas.
Mesmo assim inúmeros trabalhos foram realizados durante os últimos vinte
anos, segundo Lopes (2003) a investigação sobre a hiperatividade/DHDA tem-se
mantido num plano teórico e fundamentalmente descritivo, existindo poucos
trabalhos com o objetivo de criarem um modelo do DHDA, algo que para além de
explicar o que é esta síndrome possa renovar a investigação nesta área.
Apesar de ainda não existirem modelos que preencham os requisitos necessários
sobre o que é a hiperatividade/DHDA houve quem reunisse as inúmeras
investigações realizadas para construir um modelo. Russel Barkley, em 1997,
elaborou o modelo mais aprofundado e heurístico até hoje conhecido (Modelo
híbrido das funções executivas e relação dessas quatro funções com a inibição
comportamental e com os sistemas de controlo motor)
O DHDA é, segundo Barkley, caracterizado por um défice no desenvolvimento da
inibição comportamental. Esta desinibição comportamental resulta na perturbação das
quatro funções executivas ligadas à auto-regulação, o que confere ao comportamento e
4
cognições as características apontadas anteriormente, nomeadamente a impulsividade,
hiperactividade, inconveniência social, dificuldades de manutenção das tarefas e, em
geral, no soçobrar de eventuais objectivos face à “atracção do momento”. O indivíduo é
pois “controlado pelo momento” e procura maximiza-lo, em vez de procurar maximizar
o futuro. Os défices ao nível das funções executivas, para além de radicarem num
controlo inibitório pobre, interferem significativamente com inúmeras competências do
indivíduo, nomeadamente: (1) fixar ou manter em memória da trabalho imagens mentais
ou relacionadas com acontecimentos externos, de forma a que o indivíduo as consiga
utilizar; (2) recorrer à experiência anterior para lidar com acontecimentos actuais; (3)
antecipar consequências; (4) estabelecer objectivos e planos de acção; (5) evitar reagir a
estímulos que provavelmente interferem com o comportamento orientado para
objectivos; (6) utilizar o discurso interno para auto-regulação e comportamento
orientado para objectivos; (7) regular o afecto e a motivação face às exigências das
situações; (8) separar o afecto da informação (ou os sentimentos dos factos); (9) analisar
e sintetizar (Barkley, 1994) (Lopes, 2003, pág. 61-62)
João Lopes (2003) afirma que os sujeitos hiperativos apresentam problemas
significativos de atenção, impulsividade e hiperatividade. As crianças hiperativas
apresentam normalmente níveis de atividade substancialmente superiores à média,
quer seja a nível motor, quer seja a nível vocal.
Os profissionais que lidam com estas crianças, indicam todos, que o seu
comportamento é caótico, inquieto, não focalizado para um objetivo ou finalidade e
têm falta de persistência, afirma Inmaculada Garcia (2001).
De acordo com João Lopes (2003) estas crianças são descritas pelos pais como
“falando de mais”, “não sendo capazes de estar quietas”, “parecendo ter bichoscarpinteiros”. Os professores apresentam-nas como “estando constantemente fora do
lugar sem autorização”, “respondendo fora de vez”, “respondendo fora de tempo”,
“fazendo barulhos inapropriados”, etc.
Portanto, trata-se de crianças desordenadas, descuidadas, que não prestam
atenção ao que se passa na sala de aula, que mudam continuamente de tarefa e
apresentam uma atividade permanente e incontrolada, sem se dirigir a um
determinado objetivo ou fim.
5
Tais crianças têm dificuldade em permanecer quietas e sentadas e costumam
responder precipitadamente, mesmo antes de se haver finalizado a formulação das
perguntas. Para além disso, mostram-se impacientes, não são capazes de esperar pela
sua vez nas atividades em que participam com os outros indivíduos e interrompem as
tarefas ou atividades dos companheiros e dos membros de família. Pelo facto de as
suas condutas refletirem uma fraca consciência do perigo, podem sofrer, facilmente,
acidentes e quedas. São desobedientes, parece que não ouvem as ordens dos adultos,
e, portanto, não cumprem as suas intenções.
Consequentemente, também costumam ter problemas com os colegas, dado que,
para além disso, têm dificuldades nos jogos cooperativos e no ajustamento do seu
comportamento às normas ou às regras dos mesmos. (Garcia, 2001, p. 12)
Mas, segundo Inmaculada Garcia (2001), as investigações têm mostrado que as
crianças hiperativas são um grupo heterogéneo onde as características associadas a
este distúrbio não iguais para todas as crianças, que para além de não aparecerem em
todos os casos também não aparecem de forma permanente.
Devido a este facto, percebemos a dificuldade que há quando se trata de
organizar e classificar os sintomas associados à hiperatividade/DHDA, e por sua vez
a criação de um modelo eficiente.
Assim vamos ter em conta o modelo de Barkley (1994), apresentado por João
Lopes (2003), que já foi referido atrás, e uma vez que é considerado o modelo mais
aprofundado e heurístico conhecido. Assim temos que a hiperatividade, segundo
Barkley (1994), é caracterizada por um défice no desenvolvimento da inibição
comportamental que resulta na perturbação das funções ligadas à autorregulação2,
que confere ao comportamento, a impulsividade, a hiperatividade, a inconveniência
social e dificuldades de manutenção das tarefas, e interferem significativamente com
inúmeras competências do indivíduo.
2
De acordo com João Lopes (2003), a auto regulação emerge da interação das capacidades neurológicas e das interações com o
meio social, que estimula, encoraja e recompensa tais comportamentos.
6
1.1-Origem da hiperatividade
Inmaculada Garcia (1998) comenta o facto de a maioria dos peritos considera
que a hiperatividade tem uma origem heterogénea, ou seja, não se pode, com o
conhecimento de hoje, confinar a origem da hiperatividade a um mecanismo ou fator,
assim é considerado por Garcia (2001) que existem múltiplos fatores interagindo,
cada um deles exercendo o seu efeito continuamente.
A principal razão apontada por Inmaculada (1998), para a dificuldade da
identificação dos fatores que contribuem para o surgimento da síndroma, é o facto de
“as crianças hiperativas constituírem um grupo muito amplo e diverso no que
respeita aos comportamentos que manifestam e aos seus fatores etimológicos”.
Desde que se começou a estudar esta síndrome pensou-se que estivesse
relacionado com causas biológicas, afirma Inmaculada (2001), deste modo os
primeiros estudos centraram-se neste pressuposto. Os trabalhos realizados neste
campo pretendiam verificar a relação existente entre a hiperatividade e as alterações
estruturais e funcionais do cérebro.
Não obstante, as hipóteses que se utilizam actualmente indicam que as lesões do
cérebro, mais do que provocar distúrbios específicos e, concretamente, a
hiperactividade, exercem a sua influência mediante uma maior vulnerabilidade da
criança aos problemas psicológicos. Isto significa, pois que as lesões físicas do cérebro
não são necessariamente causas de comportamento hiperactivos, e, pelo contrário, a
manifestação de condutas tais como a actividade motora excessiva, impulsividade, a
falta de atenção, etc., não supõem inevitavelmente que a criança tenha sofrido alguma
alteração cerebral não detectada antes de consultar o especialista. (Garcia, 2001, p. 29)
Anteriormente, foi mencionado um outro estudo, apresentado por Inmaculada
Garcia (2001), que tinha como suposição, que as crianças hiperativas iriam
apresentar um número mais elevado de sinais neurológicos menores (dificuldades de
equilíbrio, torpor e uma deficiente coordenação motora fina) quando comparadas
com as crianças não hiperativas. Mas o resultado não foi conclusivo, pois nem todas
7
as crianças hiperativas têm sinais neurológicos menores, e também por estes sinais
terem sido encontrados em crianças não hiperativas.
Um dos outros fatores que foram realçados foi a influência do ambiente prénatal e as possíveis complicações durante a gravidez, podendo este fatores
influenciar o aparecimento do distúrbio hiperativo.
Gold e Sherry (1984), mencionaram o facto que o abuso de álcool durante a
gravidez é responsável por défice de atenção, problemas de aprendizagem,
perturbações do comportamento e atraso psicomotor (cit. Garcia, 2001).
Inmaculada (2001) menciona o facto de vários especialistas defenderem que os
partos prematuros e o baixo peso à nascença contribuírem para os problemas de
comportamento infantil.
Mas, estudos longitudinais referem que os problemas pré-natais e perinatais
não influenciam as crianças de igual modo. Digamos que a sua influência não é
universal.
Podemos então afirmar que uma criança com baixo peso à nascença,
complicações durante a gravidez e problemas neonatais, não significa que tenham, ou
possam vir a ter, problemas psicológicos, afirma Garcia (2001).
Segundo João Lopes (2003), os parentes biológicos de crianças hiperativas têm
tendência a apresentar problemas relacionados com o álcool, conduta, hiperatividade
e depressão em maior grau que os de crianças normais. O autor afirma que o papel da
hereditariedade na manifestação da hiperatividade é inequívoco, uma vez que estudos
realizados com familiares e com gémeos de crianças hiperativas têm revelado dados
significativos quando à influência da hereditariedade na manifestação da
hiperatividade.
Com os dados disponíveis podemos verificar que fatores biológicos, genéticos
e ambientais, apresentam influências no aparecimento de comportamentos
hiperativos, mas não existem dados que demonstrem a prevalência de qualquer de
8
um dos fatores mencionados, afirma Inmaculada (2001), daí considerar-se uma
etiologia multifatorial.
Por esta razão, quando os especialistas vinculados ao âmbito infantil têm de
explicar a origem das condutas hiperativas manifestadas por uma determinada
criança, procuram avaliar em que medida houve a intervenção de condições
biológicas, parto prematuro ou peso baixo à nascença, influências genéticas e
variáveis ambientais, nível socioeconómico, saúde mental dos pais e modelos
educativos adotados por estes.
Em cada caso, as diferentes manifestações do distúrbio dependerão da
proporção em que cada um destes agentes causais está representado. (Garcia, 2001,
pp. 39, 40)
Tabela 1: Indicadores de hiperatividade em momentos evolutivos distintos
(Guitiérrez-Moyano e Becoña, 1989)
0 - 2 anos
2 - 3 anos
4 – 5 anos
A partir dos 6 anos
Problemas no ritmo do
Imaturidade da
Problemas de
Impulsividade
sono e durante a
linguagem expressiva
adaptação social
Défice de atenção
alimentação;
Atividade motora
Desobediência social
Insucesso escolar
Períodos curtos de
excessiva
Dificuldades em seguir
Comportamentos
sono e despertar
Escassa consciência do
norma
antissociais
sobressaltado
perigo
Problemas de
Resistência aos
Propensão para sofrer
adaptação social
cuidados habituais
numerosos acidentes
Reatividade elevada
aos estímulos auditivos
Irritabilidade
9
1.2-Identificação de uma criança hiperativa
Quando falamos de crianças hiperativas a ideia geral que surge são crianças
que não param quietas, pequenos furacões que nunca se esgotam, mas se
perguntarmos a um especialistas a resposta não será tão linear.
Para identificar, o mais corretamente possível, uma criança hiperativa é
frequente recorrer ao uso de critérios de diagnóstico consensualizados e
comummente aceites, afirma Inmaculada (2001).
Neste sentido a Organização Mundial de Saúde, em 1992, considera os
seguintes aspetos como determinantes no diagnóstico da hiperatividade: (1) presença
conjunta dos sintomas básicos - falta de atenção, inquietude e mobilidade excessiva;
(2) estimativa da gravidade dos problemas, tomando como referência a idade e o
nível intelectual da criança; (3) avaliação do carácter permanente ou situacional das
alterações; (4) observação direta dos sintomas; (5) ausência de psicose e distúrbio
afetivo; (6) início precoce e persistência temporal dos sintomas.
As crianças hiperativas constituem um grupo muito amplo, diverso e
heterogéneo no que diz respeito aos comportamentos, aos ambientes em que surgem
e às causas desse comportamento, afirma Inmaculada (2001), deste modo é
importante aceitar padrões de identificação e diferenciar as crianças hiperativas das
crianças com outros tipos de problemas.
Muitas vezes podemos encontrar crianças com outro tipo problemas, que não a
hiperatividade, que podem, perfeitamente, levar as pessoas a suspeitar que existe a
possibilidade de síndrome.
Podemos encontrar outros problemas que podem apresentar sinais e sintomas
semelhantes aos encontrados na hiperatividade. Uma criança com comportamento
impulsivo pode provir de uma educação negligenciada ou demasiado permissiva, o
insucesso escolar pode ser resultante de dificuldades específicas do aluno e devemos
10
ter em conta que o insucesso escolar é um efeito do comportamento da criança e não
uma premissa que diferencie a criança hiperativa da criança não hiperativa.
A falta de atenção, característica dos hiperativos, também é característica de
uma forma de epilepsia (pequeno mal epilético), ou a criança pode simplesmente
sofre de otites de repetição ou crónicas, que podem levar as pessoas a pensar que a
criança está desatenta, é também importante salientar que os problemas de visão
também levam a criança a desinteressar-se.
Devemos ter em atenção que uma criança pode ser hiperativa, mas não no
sentido psicológico, no sentido físico. Existem problemas de metabolismo que
provocam um excesso de atividade muito característico do hiperativo, como por
exemplo, a disfunção da tiroide.
Existem ainda outros problemas mentais, genéticos ou ambientais que podem
levar a crer que a criança sofre de hiperatividade, mas na verdade não. Podemos
perceber então a necessidade da existência de critérios de diagnósticos
estandardizados e aceites pelos profissionais como linhas orientadoras para despistar
a hiperatividade.
Assim, o diagnóstico deste problema conta com vários critérios. A altura do
aparecimento dos primeiros sinais de hiperatividade deve aparecer antes dos sete
anos de idade e prolongam-se durante mais de seis meses. Estes sinais traduzem-se
em comportamentos que, pela sua natureza hiperativa, são mais frequentes ou graves,
comparando com o comportamento das crianças da mesma idade.
Todo este quadro afeta a criança nos diversos aspetos da sua vida. Tendo em
consideração esta informação podemos dizer que ao encontramos uma criança que se
mostre demasiado irrequieta, distraída e faladora nas aulas, mas que consiga ter uma
relação minimamente harmoniosa em casa e noutras situações, não se pode
diagnosticar uma perturbação por défice de atenção e hiperatividade.
11
Devemos ter em conta que os comportamentos característicos e de maior
incidência na criança hiperativa são os problemas de atenção, atividade motora
excessiva e comportamento impulsivo.
Os problemas de atenção estão relacionados com o facto de as crianças
hiperativas terem dificuldade em concentrar-se numa só tarefa e aborrecem-se
rapidamente. Podem estar atentos em atividades do seu agrado, mas quando se lhes
pede para organizar algo, estar atentos a uma tarefa ou aprender algo de novo,
apresentam uma grande dificuldade, distraindo-se facilmente com qualquer estímulo
exterior.
Não param quietas e falam demasiado. Não se mantêm sentadas calmamente,
estão constantemente a mexer ruidosamente nas canetas ou a abanar os pés. Muitas
vezes, passam o tempo a saltar impacientemente de atividade em atividade.
Uma vez que são crianças impulsivas mostram-se, frequentemente, incapazes
de controlar as suas reações ou pensamentos antes de agir, que as leva a fazerem
comentários pouco adequados ou a responderem a questões antes mesmo de estas
estarem completadas.
A impulsividade faz com que a espera por algo torne-se insustentável. As
crianças hiperativas podem intrometer-se nas atividades das outras ou perturbar as
suas brincadeiras o que por vezes pode gerar conflitos com os colegas.
2-Dificuldades de aprendizagem percetivo-cognitivo
Cerca de um terço das crianças hiperativas apresentam dificuldades de
aprendizagem e cerca de 40 a 45% tem algum atraso académico.
“têm problemas em captar a informação sensorial, organizá-la, processá-la
cognitivamente e expressá-la posteriormente. Estas limitações traduzem-se em
dificuldades para resolver com êxito tarefas que exigem o manuseamento de
conceitos e ideias abstratas.” (García, 2001)
12
Os problemas de comportamento são notórios em 80% das crianças com
hiperatividade:

aborrecem os colegas;

falam quando não devem ;

produzem ruídos desagradáveis e perturbadores;

agridem com frequência os colegas;

são desobedientes.
Outros problemas associados:
Perturbações de memória
Esquecem-se facilmente de atividades que têm de realizar assim como das
matérias escolares (dificuldades de aprendizagem).
Perturbações da fala e da audição
Por vezes as crianças com hiperatividade têm dificuldades na fala e audição.
Têm um desenvolvimento mais lento da fala, muitas vezes com omissões e
distorções fonéticas.
Dificuldades de integração
Interrompem frequentemente as atividades dos outros, o que causa algum
aborrecimento aos colegas, por isso muitas vezes são excluídos das brincadeiras
(Garcia, 2001).
2.1-Diagnóstico e avaliação da hiperatividade
Só através do estudo cuidado de todos os fatores que influenciam a vida da
criança é que podemos chegar à conclusão que estamos perante uma criança
hiperativa ou não
13
João Lopes (2003) considera que os sintomas “definidores” do problema são
suficientemente voláteis e são modificados de acordo com a idade da criança. Tendo
em atenção este facto diagnosticar a hiperatividade passa por uma bateria de
atividades com alguma extensão.
Idealmente, o diagnóstico do DHDA compreenderia as seguintes etapas
(Lopes, 2003, p. 151):
1. Entrevista com a criança/adolescente e os pais, realizada por um
psicólogo, médico ou alguém com formação nesta área;
2. Exame médico (se necessário);
3. Preenchimento de questionários pelos pais;
4. Entrevistas com o(s) professor(es);
5. Preenchimento de questionários pelo(s) professor(es);
6. Observação direta do comportamento nos contextos de vida do sujeito.
Este tipo de diagnóstico, em Portugal, não consegue preencher todos os
requisitos, afirma João Lopes (2003). Esta perturbação é pouco reconhecida, logo,
são poucos os profissionais que se dispõem a fazer um diagnóstico. Ainda assim,
seria necessária a participação de um psicólogo e um médico, no mínimo, e a
formação de uma equipa deste género é pouco frequente. E por fim, as possibilidades
do profissional que avalia fazer uma observação direta, são escassas.
Deste modo, Inmaculada Garcia (2001) revela que o profissional para além do
conhecimento do desenvolvimento da criança, analisa o ambiente familiar, escolar e
social onde está inserida. Para obter esta informação, o especialista recorre à
entrevista e a escalas de avaliação que fornecem dados sobre o comportamento nos
diversos ambientes que a criança frequenta. A avaliação direta da criança passa por
testes de atenção, coordenação visual-motora, entre outros.
14
3-Intervenção
O objetivo primário da intervenção na hiperatividade é “favorecer a adaptação
e o desenvolvimento psicológico das crianças”, defende Garcia (2001).
Assim sendo, quando se planifica e leva à prática o tratamento de uma criança
hiperativa, perante a diversidade de manifestações do distúrbio, os especialistas
perguntam-se quais deverão ser os objetivos prioritários. (Garcia, 2001, p. 59)
Encontramos diversos tipos de intervenção, sendo a intervenção farmacológica
a mais utilizada, mas também se aplicam métodos compartimentais e cognitivos.
3.1-Intervenção farmacológica
A intervenção medicamentosa possibilita a estes indivíduos uma vida mais
calma e tranquila. Segundo Inmaculada Garcia (2001) os fármacos são utilizados
devido aos seus efeitos a curto prazo, diminuição da atividade motora e levando ao
aumento da atenção.
Deste modo quer os pais, quer os professores, ou neste caso o mestre de
Kenpo, devem procurar ter uma atitude positiva, tentando valorizar e reforçar os
comportamentos adequados, uma vez que a crítica frequente leva, inevitavelmente
para o insucesso de uma qualquer intervenção nestas crianças.
Almeida e Sousa (Lopes, 2003), afirma que a investigação levou a serem
adotados estimulantes, antidepressivos e a clonidina (medicamento para a
hipertensão arterial) para serem administrados nos casos de hiperatividade. Com a
utilização destes fármacos poderíamos encontrar uma melhoria do comportamento,
do rendimento escolar e da relação como os outros (ajustamento social), numa
percentagem que se situa entre os 70% e os 90% das crianças tratadas.
Apesar de ser um meio eficaz para minimizar a hiperatividade das crianças,
mas os fármacos não estão livres de efeitos secundários. Inmaculada Garcia (2001),
15
apresenta como os efeitos mais comuns encontrados nas crianças medicadas a
insónia, a dor de cabeça, a disforia, etc., mas o efeito secundário mais preocupante
são a falta de apetite e a perda de peso, uma vez que uma criança que não come pode
diminuir de peso.
Mas, uma vez que estes sintomas não aparecem em todas as crianças e com a
mesma intensidade, Inmaculada Garcia (2001) diz que os peritos consideram não ser
um fator importante para suspender a medicação.
Tendo em vista que a terapêutica tem como objetivo favorecer a adaptação e o
desenvolvimento psicológico da criança, qualquer tipo de intervenção deverá ser
pensada de acordo como o universo físico e psíquico da criança, afirma Inmaculada
Garcia (2001).
Sendo o tratamento só eficaz na presença de outros fatores, “a medicação só
por si não é solução”, defende Almeida e Sousa (Lopes, 2003).
3.3-Intervenção Comportamental-cognitiva
Este tipo de intervenção tem como base a ideia de que é possível controlar o
comportamento das crianças hiperativas através da “manipulação” dos fatores e das
variáveis ambientais, diz Inmaculada Garcia (2001).
Esta intervenção utilizada dois tipos de técnica: a técnica operativa e a técnica
cognitiva. A técnica operativa produz controlo nas condutas alteradas que supõem
dependerem de situações presentes no ambiente. Ou seja, segundo Inmaculada
Garcia (2001), controlando as circunstâncias ambientais, podemos reduzir alterar ou
melhorar o comportamento da criança hiperativa.
De acordo com a autora, o modelo operativo centra-se nas consequências que
se seguem a um comportamento, uma vez que a conduta manifesta-se e mantêm-se
devido aos efeitos que gera no ambiente.
16
Assim, ao dispor o ambiente familiar e social segundo as indicações de um
profissional que aplicará as noções de reforço, extinção e castigo, as condutas
alteradas da criança mudarão favoravelmente e fomentar-se-ão comportamentos
adaptados em casa, com os pais e irmãos, e na escola, com os seus pares. Portanto, o
tratamento comportamental da hiperatividade baseia-se no manejo das consequências
ambientais (Ayllon e Rosenbaum, 1977) (Garcia, 2001, p. 71)
Inmaculada Garcia (2001), defende que a nível do comportamento é de
salientar que, quando determinada conduta é seguida de consequências ambientais
favoráveis, essa mesma conduta mantêm-se inalteráveis. Ou seja, uma criança
hiperativa, cuja atenção dos adultos é diferenciada, especialmente, quando existe um
comportamento alterado, esse comportamento é reforçado, uma vez que as crianças
obtêm o que sempre obtiveram, quer tenham um comportamento alterado ou não.
Deste modo, a intervenção comportamental realizada em crianças hiperativas,
procura recompensar as condutas apropriadas e eliminar os comportamentos
inadequadas, utilizando o princípio do reforço. Este reforço terá de ser encontrado
pelo terapeuta para cada caso em particular, uma vez que cada criança tem os seus
próprios gostos, logo, um reforço para uma criança pode não resultar para outra,
lembra Inmaculada Garcia (2001).
Todo este processo procura levar a criança a perceber que determinado
comportamento é aceite em detrimento de outro, uma vez que à medida que a criança
solidifica as condutas apropriadas, o reforço, anteriormente utilizado, começa a ser
substituído por reforços sociais, Inmaculada Garcia (2001), diz que este processo
serve para a criança manter os comportamentos sociais adequados no contexto da
interação social.
Inmaculada Garcia (2001), adverte que o tratamento da hiperatividade tem de
contar com a participação de pais e professores, uma vez que os comportamentos
inadequados ocorrem em casa, na escola, ou seja, na vivência social da criança.
Assim, a aplicação das técnicas comportamentais pelo terapeuta deverão ser
continuadas pelos pais e professores, sendo para isso necessário que os adultos em
17
questão sejam “preparados”, ou seja, terão se ser explicados os conceitos básicos de
mudança de conduta e especificamente o que se irá realizar com a criança.
Todo este processo é seguido de perto pelo terapeuta, que avalia a evolução da
criança e a sua reação ao tratamento, permitindo ao terapeuta elaborar as mudanças
necessárias para o processo terapêutico resultar. O terapeuta, durante este período,
proporcionará o apoio psicológico aos pais para garantir “a motivação necessária
para continuarem e concluírem com êxito a terapia”, afirma Inmaculada Garcia
(2001).
Apesar destes procedimentos estarem condicionados por inúmeros fatores
(valor de incentivo e da motivação, o tipo de castigo usado para reduzir as condutas
inadequadas, o meio social envolvente, a natureza do treino recebido por pais e
professores, a duração do tratamento, etc.), Inmaculada Garcia (2001) refere que os
estudos realizados neste campo apontam para melhorias a curto prazo no
comportamento social das crianças e nos seus resultados académicos.
Para além de todo este tratamento comportamental através de técnicas
operativas, existe também outros meios de abordar o tratamento da criança
hiperativa. A técnica cognitiva pode ser utilizada conjuntamente com a técnica
operativa ou simplesmente ser o único meio de tratamento.
A técnica cognitiva consiste em ensinar às crianças hiperativas estratégias
cognitivas que lhes permitissem fazer frente, com êxito, às tarefas escolares e às
situações em que se exige o controlo dos comportamentos com foi mencionado por
Meichenbaum e Goodman (citados por Garcia, 2001).
Inmaculada Garcia (2001) refere que esta técnica supõe que as crianças
hiperativas possuem um défice nas estratégias e nas competências cognitivas
requeridas para executar satisfatoriamente todas as tarefas escolares.
Os autores desta técnica referem que o objetivo não é ensinar a criança a
pensar, mas como deve fazê-lo. Assim a criança deve aprender um modo apropriado,
uma estratégia para resolver os fracassos e fazer frente a novas exigências.
18
O terapeuta passa à criança competências que terão de passar por estratégias
para resolver problemas e capacidades de autocorreção dos erros e de autorreforço,
afirma Inmaculada Garcia (2001). A autora refere que os estudos realizados neste
campo mostram que as técnicas cognitivas são eficazes na modificação de estratégias
cognitivas, mas a nível das condutas sociais inadequadas, a sua alteração não é
significativa, e existem sérias dúvidas quanto à aplicação da estratégia aprendida na
vida real.
Garcia (2001) mostra que os planos de intervenção, baseados na aplicação de
técnicas comportamentais e cognitivas apresentam resultados satisfatórios em alguns
aspetos do distúrbio da hiperatividade. Mas, uma vez que o tratamento está
dependente de fatores como a generalidade ou a especificidade das técnicas
ensinadas e a motivação ou integração da criança no seu próprio tratamento, pontos
como a modificação de comportamentos antissociais e manutenção da melhoria por
períodos de tempo mais prolongados que ainda não estão devidamente abrangidos
pelo tratamento.
3.4-Intervenção combinada
Inmaculada Garcia (2001) afirma que a combinação de procedimentos
comportamentais e cognitivos com o tratamento farmacológico é uma das opções
mais aceites e mais defendidas pelos especialistas.
Tendo em conta que a intervenção farmacológica é de administração fácil e
com resultados rápidos sobre os comportamentos inalterados, não é de estranhar que
tanto profissionais como pais adotem esta intervenção com mais frequência. Mas, os
resultados não se mantêm e podem apresentar efeitos secundários.
A
intervenção
comportamental-cognitiva
é
estruturada,
planificada
previamente e avaliada dentro dos seus propósitos. O treino dos pais e professores
nos princípios comportamentais é essencial para o sucesso desta intervenção uma vez
que ocorre em ambiente natural.
19
Segundo Inmaculada Garcia (2001) defende que a combinação das técnicas
farmacológicas e das técnicas comportamental-cognitivas pode trazer vantagens.
“Pretende-se que os efeitos conseguidos separadamente pelos fármacos e pelas
técnicas comportamentais se somem e acumulem para conseguir que a criança
melhore globalmente, e que esta melhoria seja estável e sustentada ao longo do
tempo”.
20
4-Desporto/Exercício Físico
Como já foi mencionado atrás, especialistas da Organização Mundial de Saúde
consideram o desporto, para jovens, um meio para adquirirem a plenitude das suas
capacidades físicas e mentais, uma vez, que o desporto é uma resposta positiva às
incertezas naturais de uma criança/ adolescente, porque, para além do prazer, leva a
criança a experimentar a dificuldade e o progresso, e o gosto pelo aperfeiçoamento,
estimulando e fortificando a personalidade no seu todo.
É necessário desenvolver, desde a mais tenra idade, o gosto pelas atividades
físicas, devendo esta fazer parte integral da educação, tal como a aprendizagem da
leitura, da escrita e da linguagem.
Segundo os especialistas da O.M.S., a prática do exercício físico pelas crianças
leva-as a libertarem-se de algumas tensões, assim como descarregar a sua
agressividade natural. Para além do que foi mencionado, encontramos benefícios a
nível da saúde da criança, que se manifestam a curto prazo, como o desenvolvimento
harmonioso da musculatura e das principais funções vitais: cardíaca, vascular e
pulmonar.
A nível do tipo de desporto que as crianças podem realizar, encontramos um
vasto leque de opções que passam por todos os desportos que não exijam muito
esforço ou competições intensas.
O desporto é uma excelente forma de as crianças atingirem a plenitude das suas
capacidades físicas e dá-lhes, igualmente, o sentimento de participação social sendo
algo que estimula a criança, não só na continuação da prática desportiva, como
também no incentivo de outras crianças para o desporto.
A criança encontrará no desporto hipóteses de entender qual o seu verdadeiro
valor pessoal, assim como, atingir a plenitude das suas capacidades físicas
permitindo que exprima a sua vontade de poder.
21
Durante o jogo, a criança irá aprender a aceitar os outros, a respeitá-los e a
compreendê-los, ou seja, a criança irá adquirir hábitos de socialização.
Alexander (1990), refere que o desporto deverá ser tido em conta quando
falamos de crianças hiperativas. Apesar de não mencionar trabalhos que demonstrem
as potencialidades do desporto no tratamento de crianças hiperativas, explica que,
através da sua experiência, o desporto pode ser utilizado como sucesso no tratamento
da criança.
Mas a minha experiência me convenceu de que ajudar uma criança a ter sucesso
nos esportes e programas de recreação pode dar um contributo importante para a
terapia. Atividades cuidadosamente escolhidas, talvez combinado com o uso de
medicamentos apropriados, podem ajudar a aumentar a confiança da criança, autoestima, adequação e ajustamento social. (Alexander, 1900)
Alexander (1990) dá a conhecer alguns dos desportos que durante a sua
experiência, considerou serem os mais adequados para auxiliarem o tratamento de
crianças hiperativas, como o futebol, a natação e a luta (onde se enquadram as artes
marciais).
Poderíamos mencionar as razões que levam Alexander a considerar o futebol, a
natação e a luta como desportos de eleição no auxílio do tratamento de crianças
hiperativas, mas estando este trabalho centrado na prática de uma arte marcial,
iremos unicamente focar a importância do kenpo.
Na opinião de Jeffery Alexander (1990) as artes marciais são o segundo
desporto com maior taxa de ocorrência no auxílio de crianças hiperativas, isto porque
este desporto abrange uma organização com regras e uma atitude de pára e pensa, e
de obediência. Nenhuma técnica é ensinada até a criança aprender a parar, a ouvir e a
pensar.
Mais adiante iremos aprofundar a temática do kenpo enquanto desporto
propício ao tratamento deste tipo de crianças.
22
Olhando um pouco mais para os benefícios do desporto, encontramos estudos
que defendem a ideia que importantes características da saúde e performance são
melhoradas na infância devido à prática de atividades físicas.
Numa criança que habitualmente pratica atividade física encontramos um
aumento das habilidades que a satisfazem durante as atividades do dia-a-dia, é
notória a melhoria das habilidades motoras, a redução de lesões, a redução das
condições para desenvolvimento de doenças crónicas futuras ligadas ao
sedentarismo, a melhoria da autoestima, do senso de responsabilidade e grupo, a da
autoconfiança, uma melhor adaptação social, logo uma melhor expressão pessoal e
um maior desenvolvimento da noção de espaço-tempo.
Independentemente do tipo de desporto que se pratique é necessário que seja
do agrado da criança, uma vez que facilita a integração da criança no universo
desportivo e fomenta a prática.
O desporto não deve ser imposto à criança, mas deve-se procurar incentivá-la a
praticar algum tipo de desporto.
23
5- Kenpo
O Kenpo, é uma arte de defesa pessoal desenvolvida no Japão que tem por base
a filosofia do Budô (Bu = Controle de violência, método de vida, estabelecimento de
regras e leis de conduta, conquista da segurança, contribuição pessoal para a
pacificação e enriquecimento da sociedade e Dô = caminho, método, doutrina ou
atalho).
É baseado na arte de luta sem armas que foi desenvolvida durante anos e nos
dias de hoje continua a evoluir e a adaptar-se ao mundo em que vivemos.
O Kenpo focaliza o desenvolvimento do carácter humano a um nível que o leve
a alcançar a vitória sobre o oponente sem violência.
Tecnicamente o Kenpo é composto de:

Todome-waza (golpe definitivo) – onde um único golpe destrói o poder
ofensivo do adversário;

Técnicas de defesa que anulam o ataque do adversário;

Técnicas de suporte;

Princípios mentais e físicos para execução correta das técnicas.
Com a prática correta do Kenpo, é possível fortalecer e desenvolve o corpo e a
mente, disciplinando os instintos primitivos e aprimorando a personalidade. A
procura diária do caminho do Budô, faculta ao kenpoca o equilíbrio (corpo e mente)
e como efeito, adquire; boa coordenação motora, reflexos afiados, autoconfiança,
autocontrole em qualquer ocasião, senso de disciplina, responsabilidade, o respeito
pelo próximo e desenvolve o espírito de equipa.
Fica evidenciada a forte conotação educacional, pois através da prática do
Kenpo, procura-se melhorar o carácter, a personalidade, tendo como objetivo a vida
em sociedade.
24
Com os treinos dos movimentos formais (kata), os praticantes procuram
desenvolver e automatizar golpes de defesas e ataques em várias direções
enfrentando um ou mais oponentes imaginários. Cada um destes movimentos tem
uma aplicação real, onde é importante a dinâmica corporal, a mecânica de cada golpe
e o sincronismo com a respiração.
Os treinos da luta combinada, os praticantes desenvolvem a defesa pessoal, a
versatilidade necessária para enfrentar principalmente adversários de porte físico
superior. Nesta modalidade, (Jinha Kenpo) por exemplo, a aparente fragilidade
feminina pode superar a força do homem aplicando a técnica e o golpe adequado.
O treino de combate real, leva os praticantes, com a utilização de
conhecimentos aprendido no treino, a testar as suas capacidades e aplicam a técnica
de acordo com o oponente, procurando sempre o Todome-Waza (golpe definitivo),
porém, tendo sempre em conta a humildade, o respeito e a disciplina e o autocontrolo
que são características principais do praticante que demonstram o equilíbrio físico e
psicológico.
Todas as premissas referidas: caracter; sensibilidade; esforço; etiqueta;
autocontrolo; e “eu posso, eu consigo”, são utilizadas pelos praticantes de Jinha
Kenpo, o Mestre Jinha utiliza-as como palavras de ordem que são utilizadas no início
e no final de cada treino. Pois segundo ele quando as crianças dizerem em voz altas
estas premissas vão interiorizando, permitindo uma referência futura, no seu dia-adia, numa situação que eles se vejam em dificuldade.
Estas palavras para além de serem faladas, são também trabalhadas no dojo
(ginásio onde se treinam/praticam artes marciais), é fácil as crianças criarem uma
ideia real do que cada uma das palavras quer dizer.
Dentro do dojo existe um hierarquia que deve ser respeitada pelo aluno ou
kenpoca (praticante de Kenpo), assim temos, o mestre, possuidor do cinto negro e ao
qual todos devem respeitar da mesma forma que ele os respeita a eles, abaixo temos
o kenpoca de cinto castanho, e outros cintos. O primeiro cinto que o kenpoca usa é o
cinto vermelho e à medida que a sua técnica se vai aperfeiçoando recebe um novo
25
cinto (por cada cinto acrescentasse uma fita preta), ou seja, após o exame, passa para
a graduação acima da que possui e isso implica uma nova atitude para como ele e
para com os outros dentro e fora do dojo.
Este cinto será dado pelo Mestre e o
kenpoca apenas o receberá se mostra-se merecedor que física quer mentalmente.
Assim, uma criança só recebe um novo cinto, quando atinge determinado tipo
de capacidades físicas e mentais, logo, uma criança que apesar de apresentar uma
destreza física boa, se não for coerente com as premissas do Jinha Kenpo não lhe é
permitida a passagem de graduação assim permanecendo até que as atinja com a
ajuda do mestre e dos outros graduados.
Segundo o Mestre Jinha (www.jinhakenpo.com), a prática desta arte marcial
por uma criança hiperativa pode ser uma ajuda, mas considera que o Jinha Kenpo só
por si não chega. É necessário um apoio efetivo dos pais e uma compreensão das
motivações do filho.
5.1- A Arte do Jinha Kenpo
A prática/estudo do JINHA KENPO, é compreendida no nosso País, na
Espanha, nos Estados Unidos e, duma forma geral, em todo o Mundo como
disciplina física ou cultural.
É uma Arte Marcial criada com o objetivo de adquirir coragem, cortesia,
integridade, humildade, autoconfiança e autocontrole. Aqui reside a sua essência,
para além de outros fatores de carácter atlético, que vão desde o desenvolvimento das
capacidades do sistema muscular e respiratório, da flexibilidade, da coordenação
motora e equilíbrio corporal até ao treino mental e aperfeiçoamento da
personalidade, bem como a harmonia de todos estes fatores.
A Arte Jinha Kenpo divide-se em várias vias ao gosto dos seus
praticantes/estudantes: manutenção, lazer, reabilitação, recreativo, defesa pessoal,
competição e cultura física.
26
O treino da JINHA KENPO consiste fundamentalmente, em cinco partes
distintas: Kihon Renshu (bases dos exercícios), Kata (movimento de formas de
ataque e defesa), Kobudo (arte clássica com armas), Go Shinjutsu Jinha Kenpo (arte
de defesa pessoal de rua) e Kumité Shiai (combates de competição).
O nosso corpo deve, através destes exercícios básicos, ganhar a possibilidade
de trabalhar de uma forma correta. É através do Kihon Renshu, que se suprimem as
mais elementares deficiências de movimento e também, onde começamos a entender
a necessidade de que os braços e pernas se devem coordenar. Mais tarde, as ancas
devem ser integradas nessa coordenação, de modo a que um simples movimento de
mão ou perna tenha a energia total do corpo a servi-lo.
A Kata tem a finalidade de dar forma, beleza, estética e equilíbrio aos
movimentos simples do Kihon Renshu. Evidentemente que, à medida que os DeshiJinha (alunos) vão sendo graduados, o Kihon Renshu e a Kata vão sendo mais
complexos. Os movimentos que em Kihon Renshu foram aprendidos isoladamente e,
um a um executados, são agora no Kata encadeados.
O Kobudo mostra a destreza do aluno a manusear com alguma perícia as
armas que fazem parte do programa da JINHA KENPO, e ainda como as armas
começam a fazer parte integrante de si mesmos.
Go Shinjutsu Jinha Kenpo, é um dos objetivos desta Arte JINHA KENPO, a
preparação para o confronto real, tendo em conta o Mundo violento em que vivemos.
Para nós, é deveras importante estar sempre em alerta e preparado para aquelas
situações que ninguém conta, assalto, violação, agressão física, etc. Infelizmente,
este é um verdadeiro dilema, mas que nem sempre se lhe dá a atenção devida.
O Kumité Shiai, ao contrário do Kihon e da Kata, é praticado sempre com um
companheiro de treino, de modo a que cada um possa criar dificuldades ao outro,
através dos seus movimentos.
No treino, a movimentação e as técnicas são absolutamente livres,
obedecendo, no entanto, às regras de competição, aos princípios básicos do Kihon
27
Renshu e da Kata, para que possam ser ricas em energia e o mais possível estéticas e
com formal real.
5.1.1. Objetivos da Federação e Associações Jinha Kenpo
Objetivos Gerais:
O objetivo social da Federação é o ensino e prática de Desporto (Kosho
Kenpo), afim de promover o respeito e a amizade, tendo em vista a construção e o
aperfeiçoamento do caráter.
1. Sensibilizar a Comunidade em geral para a importância global do jovem;
2. Promover a aprendizagem de conhecimentos relativos aos processos de
elevação e manutenção das capacidades físicas;
3. Reforçar o gosto pela prática regular de atividades físicas e aprofundar
a compreensão da sua importância como fatores de saúde e componentes da
cultura;
4. Assegurar o aperfeiçoamento dos jovens nas atividades físicas da sua
preferência, de acordo com as características pessoais e motivações.
Objetivos Específicos:
Os objetivos específicos do treino da Arte Marcial Jinha Kenpo, são
promover, divulgar e canalizar as pessoas para a prática da arte marcial Jinha Kenpo.
A disciplina é outro objetivo imprescindível para a formação do caráter da
criança, jovem e adulto.
1. Cooperar com os companheiros nas ações favoráveis ao êxito do grupo;
2. Tratar com cordialidade e respeito os companheiros e adversários;
3. Conhecer os objetivos da luta e o modo de execução das principais
técnicas/táticas;
4. Aceitar as decisões do árbitro e identificar a linguagem gestual;
28
5. Conhecer
e
interiorizar
o
ritmo
e
intensidade
do
combate.
(www.jinhakenpo.com)
5.1.1.1. Caracterização do Contexto Desportivo
Identificação da Modalidade e respetiva InstituiçãoDesportiva
Instituição Desportiva: Federação Portuguesa de Defesa Pessoal Jinha Kenpo
Símbolo da F.P.D.D.P.J.K
Modalidade: Jinha Kenpo (Arte Marcial)
Símbolo da Arte Marcial Jinha Kenpo
Designação da Modalidade Jinha Kenpo
A Jinha Kenpo é o mais inovador sistema flexível das Artes Marciais.
De uma forma muito resumida é continuidade e economia de movimentos.
29
Na Jinha Kenpo utilizam-se combinações previamente estudadas e
coordenadas harmoniosamente, onde é percetível uma clara e evidente lógica ou
objetivo.
Cada movimento não é realizado por acaso, mas sim, tem um objetivo, um
fundamento, uma continuidade de uma ação técnica. Combinam-se golpes de pés e
mãos, tanto em linha reta como circulares, sincronizadas, encadeadas e dirigi das a
diversos ângulos do adversário, que não pode parar, nem bloquear os ataques
ofensivos do Jinha Kenpo.
A velocidade é a capacidade motora mais evidente nesta arte marcial.
A Arte Marcial Jinha Kenpo não intervém somente em termos físicos, mas,
também, se rege por uma filosofia e profunda religiosidade.
A Jinha Kenpo é um término moderno que descreve um dos sistemas mais
inovadores praticados em Portugal, tendo uma estrutura baseada no Kosho Kenpo.
5.1.2.Caracterização do contexto desportivo da Federação de Defesa
Pessoal Jinha Kenpo
A Federação Portuguesa de Defesa Pessoal Jinha Kenpo é constituída pelas
seguintes associações: Associação Portuguesa Ryu Jinha Kenpo, Associação de
Artes Marciais Jinha Kenpo de Viseu, Associação de Artes Marciais Jinha Kenpo de
Mangualde, Associação de Artes Marciais Jinha Kenpo de Nelas e, por último, a
Associação de Artes Marciais Jinha Kenpo de Albergaria-a- Velha. Estas associações
caracterizam-se por associações sem fins lucrativos.
O âmbito de intervenção, da Federação e respetivas Associações é a de
recreação, e, também, a de formação. As Associações têm um papel relativo ao
ensino e à aprendizagem. Atualmente a área de competição do Jinha Kenpo realizado
somente competições de caráter amigável com o objetivo de proporcionar aos
praticantes de Jinha Kenpo um contacto direto com a competição.
30
5.1.3. Caracterização do Processo/Forma de Treino
5.1.3.1. Quantidade de treinos semanais
N° de treinos: no mínimo duas vezes por semana
5.1.3.2. Duração de cada sessão de treino
Duração: 60 minutos
5.1.3.3. Tipo de treino
O tipo de treino é efetuado em Grupo.
5.1.4. Caracterização do Quadro Competitivo
5.1.4.1. Classificação de Categorias
As Divisões, Categorias e Pesos que devem cumprir e cobrir todas as normas das
Provas Organizadas pela Associação, são as seguintes:
KUMITE MASCULINO (16 anos cumpridos 9° Kyu /5° Kyo)
1
KU
Até
54
Quilogramas
2
KU
54
"
63
"
3
KU
63
"
70
"
4
KU
70
"
76
"
5
KU
76
"
82
"
6
KU
82
"
Desde
Mais
31
de
KUMITE MASCULINO (16 anos cumpridos 40 Kyu /10 Kyu)
7
8
KU
KU
54
Até
"
54
63
Quilogramas
"
Desde
9
KU
"
63
"
70
"
10 KU
"
70
"
76
"
11 KU
"
76
"
82
"
12 KU
"
82
"
Mais
de
KUMITE MASCULINO (16 anos cumpridos e adultos Cintos Negros)
13
KU
14
KU
15
KU
16
KU
17
KU
Desde
"
"
"
18
KU
"
54
63
70
76
Até
"
"
"
"
82
Quilogramas
"
"
"
"
82
"
54
63
70
76
Mais
de
KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos 9° Kyu /5° Kyu)
Até
52
Quilogramas
52
"
56
"
"
56
"
60
"
KU
"
60
"
64
"
5
KU
"
64
"
68
"
6
KU
"
Mais
68
"
1
KU
2
KU
Desde
3
KU
4
KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos 9° Kyu / 5° Kyo)
Até
52
Quilogramas
52
"
56
"
"
56
"
60
"
KU
"
60
"
64
"
5
KU
"
64
"
68
"
6
KU
"
Mais
68
"
1
KU
2
KU
Desde
3
KU
4
32
KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos 4° Kyu /1 ° Kyo)
7
KU
8
KU
9
KU
10
KU
11
KU
12
KU
Desde
"
"
"
"
Até
"
"
"
"
Mais
52
56
60
64
52
56
60
64
68
68
Quilogramas
"
"
"
"
"
KUMITE FEMININO (16 anos cumpridos Cintos Negros)
Até
"
"
"
"
Mais
13 KU
Desde
"
"
"
"
14 KU
15 KU
16 KU
17 KU
18 KU
52
56
60
64
52
56
60
64
68
68
Quilogramas
"
"
"
"
"
KUMITE INFANTIL*3 (Masculino / Feminino 7-8-9 anos)
1
KU
2
-KU
Desde
3
KU
"
Até
52
Quilogramas
52
"
56
"
56
"
60
"
Qualquer
grau de Kyu
4
KU
5
KU
6
7
8
KU
KU
KU
9
10
11
KU
KU
KU
"
"
60
64
"
Mais de
64
68
"
"
KUMITE INFANTIL* (Masculino / Feminino 10-11-12 anos)
35
Até
Quilogramas
35
40
Desde
"
"
40
45
"
"
"
"
"
"
45
50
"
Mais de
50
53
53
Qualquer
grau de Kyu
"
"
"
3 Os Kumités infantis Masculinos e Femininos, serão feitos com crianças do mesmo sexo. Nota: Em
todos os casos deve-se comprovar a idade do competidor, para evitar possíveis problemas, mediante
fotocópia de B.I. e/ou Cédula.
33
KUMITE INFANTIL (Masculino 13-14-15 anos)
12
KU
13
KU
Desde
14
KU
"
Até
50
Quilogramas
50
"
55
"
55
"
60
"
Qualquer
grau de Kyu
15
KU
16
KU
"
"
60
Mais de
.
-
-
65
"
"
65
- -
KUMITE INFANTIL (Feminino 13-14-15 anos)
17
18
19
KU
Até
KU
Desde
KU
"
50
55
"
"
50
55
60
Quilogramas
"
"
Qualquer
grau de Kyu
20
21
KU
"
KU
"
60
Mais de
65
65
"
"
KATAS Mãos VAZIAS INFANTIL MASCULINO /FEMININO (7-8-9 anos)
1. KA Qualquer grau de Kyu 4
KATAS MÃOS VAZIAS INFANTIL MASCULINO / FEMININO (13-14-15
anos)
2. KA Qualquer grau de Kyu
KATAS MÃOS VAZIAS INFANTIL MASCULINO / FEMININO (13-14-15
anos)
4.KA desde 4° Kyu / 1 ° Kyu
5.KA Cintos Negros
KATAS MÃOS VAZIAS MASCULINO (16 anos cumpridos)
6.KA desde 9° Kyu / 5° Kyu
7.KA desde 4° Kyu /1 ° Kyu
8.KA Cintos Negros
4
Os Katas infantis Masculinos e Femininos, serão feitos com crianças do mesmo sexo
34
KATAS MÃOS VAZIAS FEMININO (16 anos cumpridos)
9. KA desde 9° Kyu /5° Kyu
10.KA desde 4° Kyu /1 ° Kyu
11.KA Cintos Negros
KATAS MÃOS VAZIAS CATEGORIA "MESTRES"
1. KA desde Cinto Negro 3°Dan
KATAS KOBUDO5 (qualquer tipo de arma)
1.KA Infantis desde 9° Kyu / 5° Kyu
2.KA Infantis desde 4° Kyu /1 ° Kyu
KA Infantis Cintos Negros
1.KA Adultos desde 9° Kyu / 5° Kyu
2.KA Adultos desde 4° Kyu / 1 ° Kyu
3.KA Adultos Cintos Negros
KATAS MUSICAIS (individuais)
1.KAM Kata Musical infantil (até 15 anos), Masculinos / Femininos 9°/5° Kyu
2.KAM Kata Musical infantil (até 15 anos), Masculinos / Femininos 4°/1 ° Kyu
3.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Masculinos 9°/5° Kyu
4.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Masculinos 4°/1 ° Kyu
5.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Masculinos Cintos Negros
6.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Femininos 9°/5° Kyu
7.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Femininos 4°/1 ° Kyu
8.KAM Kata Musical adultos (16 anos), Femininos Cintos Negros
KATAS MUSICAIS (equipas)
1. KAE Kata Musical por equipas, idem artigo anterior ^
TEAM'S "JINHA" (combates por equipas)
5
Será obrigatório o uso de armas autênticas, as réplicas em estilos tradicionais serão eliminadas, e as
imitações perderão pontos na classificação.
35
1.TJ Infantis 7-8-9 anos Masculinos / Femininos (até 25, de 25 a 30 e 35 mais de
35 Kg), 4 Atletas.
2.TJ Infantis 10-11-12 anos Masculinos / Femininos (até 35, de 35 a 40,40 a 45,45 a
50 e mais de 50 kg), 5 Atletas.
3.TJ Infantis 13-14-15 anos Masculinos / Femininos (até 45, de 45 a 50,50 a 55,55 a
60, 60 a 65 e mais de 65 kg), 6 Atletas.
Qualquer grau de Kyu
1.TJ Adultos a partir de 16 anos desde 9° a 5° Kyu Masculinos / Femininos (até 63,
de 63 a 67,67 a 71, 71 a 76, 76 a 82 e mais de 82 kg), 6 Atletas.
2.TJ Adultos a partir de 16 anos desde 4° alo Kyu Masculinos / Femininos (até 63, de
63 a 67,67 a 71, 71 a 76, 76 a 82 e mais de 82 kg), 6 Atletas.
3.TJ Adultos a partir de 16 anos Cintos Negros Masculinos (até 63, de 63 a 67,67 a
71, 71 a 76, 76 a 82 e mais de 82 kg), 6 Atletas.
4.TJ Adultos a partir de 16 anos Cintos Negros Femininos (até 52, de 52 a 56,56 a
60, 60 a 65, e mais de 65 kg), 6 Atletas.
Nota: Em todos os casos, deve-se comprovar a idade do competidor, para evitar
possíveis problemas, mediante fotocópia do B.I. e/ou Cédula.
5.1.4.1. Planificação da Época 2012/2013
5.1.4.2. Objetivos
Longo prazo (anual) - preparação física e técnica para atingir cintos; evolução
de níveis de graduação dentro da arte marcial.
36
5.1.4 3. Planificação dos Treinos
5.1.4.5. Periodização Anual
Periodização Anual de forma genérica, indicando principais
objetivos
Objetivo: preparação física geral
Setembro - Outubro
Período de Adaptação
Outubro - Novembro
Objetivo: preparação física especifica
Período Fundamental
Objetivo:
Aprendizagem
de Técnicas
Combate e Defesa Pessoal
Novembro - Dezembro
Período Fundamental
Dezembro - Janeiro
Objetivo: Defesa Pessoal
Período Especial
Janeiro - Fevereiro
Objetivo: Atividades Extras
Período Especial
Objetivo: Competições Amigáveis /
Fevereiro - Março
Competições de Controlo
Período Competitivo
Abril- Maio
Objetivo: Aprendizagem de Katas
Objetivo: Avaliações / Exames
Junho - Julho
Período Especial
Agosto - Setembro
Período de Férias (Verão)
37
de
5.1.5. Planificação de um Treino acerca da Aprendizagem de Katas
Planeamento de uma aula/treino
Horário: Quarta – feira – 20:00 – 21:00
Sexta – feira - 19:30 - 20:30
Objetivo: Aprendizagem de Katas
Descrição Geral do Treino
19:30
Inicio - entrada no Dojo
19:35
Ambientação
19:40
Saudação
19:45
Aquecimento
20:00
Katas
Grupos
Individual
20:15
Katas
20:20
Individual
Correção
20:30
Coletiva
Flexibilidade/Alongamentos
Descrição específica da aula/treino
a) Fase da Ambientação
Nesta fase começa-se a proporcionar um ambiente de aula ótimo. O Mestre de
uma forma lata, conversa com os praticantes;
b) Fase da Saudação
Fase fundamental e indispensável para dar início à aula prática.
A Saudação é um Ritual usual em todos os Dojos de Jinha Kenpo (e em todas
as Artes Marciais), em que o respeito é demonstrado pela Arte, Bandeira,
Antepassados, Mestres, Instrutores, Praticantes mais velhos e mais novos, onde todos
38
são saudados, mostrando Respeito, Disciplina e Agradecimento, pelos ensinamentos
que irão receber durante a aula.
No término desta, repete-se o mesmo Ritual.
c) Fase do Aquecimento
Como em qualquer atividade desportiva, a ativação funcional é realizada antes
da parte principal com o intuito de preparar o organismo para o esforço físico.
O aquecimento no Inverno prolonga-se mais no tempo, relativamente ao Verão,
devido à dificuldade de aquecimento das articulações e para a predisposição
funcional do organismo para a prática da parte principal de um treino.
d) Parte Principal do treino
Varia consoante os objetivos do Mestre ou instrutor.
Neste caso, é a aprendizagem da Kata dos respetivos cintos/graduação de cada
praticante presente.
Definição da Kata: "é um conjunto de movimentos ou formas preestabelecidas
em que o atleta simboliza um combate entre um ou vários adversários com
movimentos de defesa e de contra-ataque, onde o atleta, além de, ele ter
conhecimento dos movimentos que está a executar, terá ainda de ter em conta a
respiração, o equilíbrio, a potência, a velocidade e concentração. Estes movimentos
irão dar ao atleta uma maior capacidade pulmonar, resistência, potência e
velocidade" (citado pelo Mestre Jinha ).
Esta aprendizagem, normalmente, é dividida em grupos. Pois, não se toma
lógico, ensinar uma Kata de graduação de cinto negro a um praticante de cinto
branco, por exemplo.
As Katas são ensinadas consoante o patamar em que se encontra o praticante. É
comum, os praticantes de cinto negro terem uma relativa responsabilidade nesta fase,
pois, quando o grupo é dividido em níveis de graduação os cintos negros são
direcionados para lecionar cada subgrupo relembrando, assim, as Katas apreendidas
39
e consolidando, melhor, os seus conhecimentos. Desta forma, também, têm a
possibilidade de adquirir novos conhecimentos relativos, principalmente, à
experiência. Estes praticantes têm a oportunidade de auxiliar o Mestre e, ao mesmo,
tempo serem avaliados por este, dando-lhe a oportunidade de "estagiar" e de
iniciarem uma aprendizagem mais profunda como o ensino e transmissão dos seus
conhecimentos e experiências aos praticantes de cintos inferiores.
Após esta transmissão dos ensinamentos estipulados, os praticantes são
convidados a treinarem individualmente sem ajuda do Mestre e cintos negros. É uma
subfase da aprendizagem das Katas, mais propriamente de memorização por parte
dos praticantes.
Permite ao Mestre fazer uma apreciação da evolução das capacidades volitivas,
motoras e coordenativas do aprendizado.
Durante a aprendizagem das Katas o Mestre tem um papel importante em
realizar inúmeros feedbacks, tanto positivos como negativos, tendo uma atitude
incansável em realizar várias demonstrações e constantes observações.
i. Correção
O Mestre corrige os movimentos técnicos dos praticantes. Esta correção poderá
ser coletiva ou individual. Quando existe um conjunto significativo de praticantes a
cometerem o(s) mesmo(s) erro(s) o Mestre corrige coletivamente. O Mestre faz a
demonstração do errado e do correto, transmitindo e fundamentando, também,
oralmente o porquê dos movimentos.
Quando o erro cometido é pontual no praticante, o Mestre dirige-se ao
praticante e faz a correção individual.
e) Parte Final
Os exercícios realizados na parte final do treino são de alongamentos,
flexibilidade e/ou relaxamento Flexibilidade é a capacidade que as articulações
40
detêm de terem uma amplitude de movimento para a qual foram projetadas (todas as
articulações têm um limite de amplitude).
O Alongamento é o conjunto de técnicas aproveitadas para se manter, ou, para
se aumentar a extensão de movimentos.
Os Alongamentos e a Flexibilidade acarretam muitos benefícios para o
praticante, tais como:
- Auxiliam no desenvolvimento da consciência corporal, melhorando a postura
corporal;
- Aumento da eficiência mecânica (permite a execução dos gestos desportivos
em faixas etárias onde a resistência ao gesto é maior);
- Diminuição dos riscos de lesões e distensões;
- Proporciona condições para um progresso da agilidade, força e velocidade,
reduzindo a deterioração física, associada com a idade;
- etc.
O treino dá-se por terminado após se ter realizado saudação final.
5.1.5.3. Planificação de um Treino acerca de Técnicas de Combate
Planeamento de um Treino de Técnicas de Combate
Horário: 19:00 - 20:00
Objetivo: Técnicas de Combate
41
Descrição Geral do Treino
19:00
Inicio - entrada no Dojo
19:01
Ambientação
19:05
Saudação
19:07
Aquecimento
19:20
Técnicas de Combate a Dois
Socos Diretos
Técnicas de
Socos Circulares
Braço
Socos Interiores
Pontapés Frontais
Técnicas de
Pontapés Laterais
Perna
Pontapés Circulares
Pontapés à Retaguarda
19:45
Combates Classe C6
19:55
Flexibilidade/Elasticidade
20:00
Término do treino com Saudação
5.1.5.4. Caracterização do Mestre Jinha como Treinador Desportivo
A capacidade de um relacionamento humano é muito importante na
manutenção da harmonia de um grupo. As qualidades do Mestre / Treinador ao
desempenhar as suas funções tomam-se um papel fundamental.
Nos treinos observados por mim, pude analisar o comportamento do Mestre
Jinha e retirar algumas elações. Sublinho a sua postura firme, os sons, a voz, a
aplicação dos feedbacks, o constante incentivo e motivação são aspetos que estão
presentes de uma forma bastante ativa num treino de Jinha Kenpo.
6
Combates Classe C - classe de combate onde não é permitida potência.
42
É importante estabelecer as várias relações entre os indivíduos de todo o grupo,
como, a relação entre Mestre/Atleta e Atleta/Grupo. Estas relações devem ser
mantidas como ótimas, pois, são essenciais para um bom ambiente e um bom
desenvolvimento dos treinos. Estas relações devem-se estabelecer de uma forma
harmoniosa.
O Mestre Jinha apresenta competências, atributos e capacidades de um
relacionamento humano excelente. O relacionamento humano toma-se um fator
muito importante e fundamental.
O Mestre Jinha consegue criar um grupo coeso, mesmo sendo, um grupo de
faixa etária infantil ou faixa etária adulta. Tem a capacidade de criar um equilíbrio
perfeito entre o afastamento ou aproximação dos atletas em relação ao Mestre.
De uma forma objetiva e resumida, as características que são percetíveis no
Mestre Jinha como treinador desportivo, e, que os treinadores deveriam apresentar,
são:
Líder; Aptidão de criar uma equipa coesa; Imaginação e Criatividade;
Equilíbrio; Espírito Combativo; Sentido de humor; Postura Firme; Entusiasmo;
Competências Técnico-desportivas; Bom Comunicador; etc.
Martens (1990) citado por Castelo, Jorge, Barreto, Hermínio e tal (1998),
refere que "comunicar com coerência é um desafio muito importante para o
treinador. É muito difícil dizer uma coisa e fazer outra, ou de fazer uma coisa num
dia e fazer o oposto noutro, ou dizer algo e os sentimentos e expressões refletirem
outro. Os jovens praticantes/jogadores ficam perturbados quando recebem esta
confusão de mensagens".
Segundo Martens (1990) toma- se fundamental comunicar com coerência,
dicção e correta entoação, assim como, saber ouvir.
43
5.2- A história do Chúan Fa (Kenpo)
A história do Kenpo perde-se nas origens do tempo. Desde que existe a
Humanidade o Homem desenvolveu métodos para enfrentar e sobreviver ao mundo
hostil que o rodeia.
A Arte Marcial Jinha Kenpo é um destes métodos. Explora e descobre o
caminho percorrido pelos Mestres Ancestrais e pelo nosso Mestre Jinha até aos dias
de hoje em prole da Arte Marcial.
O Kenpo na China
Existe uma lenda Chinesa em relação à origem do Ch’uan Fa ou
Kenpo/Kempo. Refere-se a um Monge Indiano Budista que veio da Índia para instruir
o Imperador Wu os ensinamentos de Buda, assim como a uma Escola de Monges
Chineses. Nessa altura, a viajem à Índia foi muito dura pois foi feita a pé.
É provável que tivesse seguido a rota do Vale do Rio Indo, através das
elevadas montanhas do Karakoman e do Deserto de Takla Maklán ou através do
desfiladeiro de Khyber, através de Arayana (Afeganistão) e ao lado do rio Amu
Daria, através de Pamir. Esse Monge teria de se encontrar numa excelente condição
física para chegar à China.
Instalou-se num Mosteiro chamado Pequeno Bosque (Shaolin-si) em Henan,
sobre o Monte Songshan no ano de 496 onde criou a Seita Budista Chan (Dhyâna),
44
que mais tarde no Japão tomaria o nome de Zen. Este Monge chamava-se
Bodhidharma (460-534) e era o 28º Patriarca da Seita de Meditação Pura (Dhyâna).
A este Monge se atribui a criação de um sistema de luta sem armas, destinado
a fortalecer o corpo e espírito dos Monges, sistema que seria a origem da maioria das
Artes Marciais. As técnicas de Shaolin dão origem a duas correntes distintas, a do
Norte, chamada Shaolin e a do Sul chamada Taiji Quan.
Estes dois sistemas de luta foram mantidos em segredo durante séculos pelos
Monges Budistas. Esses exercícios/técnicas denominadas Shih Pa Lo Han Sho que
significa as 18 mãos de Lo Han, foram as bases do sistema foi Shaolin Ch’uan Fa em
Mandarín e Ken-Fat em Cantonês, a Arte que os primeiros Mestres extraditaram da
China, durante o séc. XV.
No Japão
O Chúan Fa chega a Okinawa (Japão), onde se começa a chamar Kenpo que
significa a Lei do Punho, To Te (mão da China) e ainda Okinawa-te (o punho de
Okinawa).
O Kenpo foi ensinado a um Monge Shinto de nome Kosho, pelas mãos dum
Monge Chinês com quem estabeleceu grande amizade. O Monge Chinês tinha
escapado do seu Mosteiro Shaolin, que tinha sido atacado pelas Tropas invasoras
Tártaras de Gengis Kan.
45
O Monge Kosho aprendeu a Arte, que posteriormente sofreu uma evolução
pelo seu Clan de nome Mitose.
A partir daí denominou-se Kosho Shorei Ryu Kenpo a Arte do Velho
Pinheiro. Esta arte foi ensinada geração em geração só no Clan Mitose, até que o 21º
descendente do Fundador James Masayoshi Mitose (1916-1981), nascido no Hawai,
é enviado para o Japão para receber ensinamentos de seu Tio de nome Choku
Motobi, um Grande Mestre de Kenpo, onde permaneceu durante 15 anos.
Mais tarde o Mestre James Mitose desvendou os segredos do Kenpo aos
Ocidentais pela primeira vez na história da sua Família, no Hawai, onde o Kenpo foi
ensinado, praticado e divulgado a todo o Mundo, crescendo de tal forma que
começam a aparecer diferentes Escolas de Kenpo em diversos Países.
Em 1916 dois peritos, Kenwa Mabuni e Gichin Funakoshi introduziram a sua
arte no Japão, dando-lhe o nome de Karaté ou seja mãos vazias. Kenwa Mabuni foi o
fundador da Escola de Shito Ryu e Funakoshi da Escola de Karaté Shotokan.
No Hawai
James M. Mitose em 1938 regressa ao Hawai e aí permanece até 1956, altura
que se deslocou até à Califórnia. Um ano depois, 1939, James Mitose começa a
ensinar Kenpo aos Cadetes do ROTC, na Universidade do Hawai. No ano de 1940,
nasce seu filho Thomas Barro Mitose.
No ano de 1941 alista-se na Guarda Territorial onde permaneceu até ser
dissolvida. No ano seguinte James M. Mitose, funda o Club Oficial de Defesa
46
Pessoal da missão Bretanha-Honolulu, onde começou a ensinar formalmente pela 1ª
vez o Kosho Shorei a pessoas de todas as raças.
Em 1947, escreve «What’s Self Defense» (Kenpo Jiu-Jutsu), no mesmo ano o
sistema Mitose integrou-se na Escola de Kodenkan Jiu Jutsu de Hawai. O Mestre
James Mitose, graduou cinco pessoas somente com o grau de Cinto Negro 1º Dan:
Thomas Young, Paul Yamaguchi, William Kwai Sun Chow, Atthur Keawe e Jiro
Nakamura. Um dos mais conhecidos destes Mestres, é sem dúvida o Professor
William K. S. Chow (1914-1987).
O Professor William mais tarde viria a ser Mestre de um outro grande Mestre,
que nasce em Honolulú de nome Edmund Kamehamea Parker, que viria a ser o Pai
do Kenpo Karaté Americano e que recebeu o Cinto Negro 1º Dan, em 1951 das mãos
de William Chow.
O Mestre William Chow foi alcunhado “relâmpago” pela velocidade dos seus
movimentos e criou a sua própria visão do Kenpo pelo que denominou Kenpo
Karaté Chinês e posteriormente Chinese Kara-Ho Kenpo, que continha os três
melhores sistemas de combate do Hawai : o Kenpo, o Ch’uan Fa ou Kung Fu e o
Karaté. O Mestre William Chow faleceu no dia 21 de Setembro de 1987.
No E.U.A.
Edmund Kamehamea Parker nasceu em Honolulu, Hawai em 1931, foi para
os Estados Unidos para estudar na Brigham Young University em Provo, Utah, e
começou a ensinar Kenpo nas aulas de Educação Física, a Guardas Florestais, Chefes
47
da Polícia, etc., durante a guerra da Coreia graduou-se em Sociologia e em 1956,
mudou-se para Pasadena, Califórnia, onde abriu o seu primeiro Club.
Presidente e Fundador da I.K.K.A. International Kenpo Karaté Association
criador dos famosos Torneios Internacionais, International Karaté Championships,
onde conhece o Grande Bruce Lee.
Desde essa altura o Mestre Parker foi dos Mestres mais solicitados, e de todas
as classes sociais, senão vejamos: Jornalistas, Professores, Médicos, Profissionais de
diversos sectores e ainda um bom número de atores de cinema como por exemplo:
Robert Wagner, Frank Sinatra, Warren Beatty, Darren Mc Gavin, Mac Donald
Carey, Hank Silva, Rick Jason, Nick Adams, Blade Edwards, Elvis Presley, Dan
Inosanto e ainda Bruce Lee, o pequeno Grande Dragão, que inclusivamente lhe
outorgou o Cinto Negro 1º Dan. O Mestre Ed. Parker faleceu 15 de Dezembro de
1990.
O Grande Mestre James M. Mitose no ano de 1981 a 26 de Março, morre,
sucedendo-lhe assim seu filho Thomas Barro Mitose como o 22º descendente, Chefe
de todos os Templos e Escolas Kosho Shorei do Mundo.
Preside à I.K.S.A. International Kosho Shorei Association e ainda à
M.I.K.K.A. Mitose International Kenpo Karaté Association.
O Sensei Thomas Mitose tem três Filhos: Deborah Mitose, 18 de Fevereiro de
1959, Elizabeth Mitose, 17 de Dezembro de 1960 e Mark Mitose a 17 de Dezembro
de 1964. Elisabeth e Mark Mitose são actualmente Campeões Mundiais.
Começam a surgir nomes como: Robert A. Trias, Dr. Arnold M. Golub,
Bruce Juchnik, Jeff Speakman, Adriano Emperado,Tom Connors, Al Tracy, Jim
Tracy, Joe Palanzo, Arturo Petit, Steve Sanders, Larry Tatum, Frank Trejo, Jay T.
Will, Dan Inosanto, James Lee, Professor Lau Bein, Elvis Presley, Jack Farr, Ralph
Castro, Rick Alemany, etc., todos Mestres de Kenpo.
48
Em Espanha
Em 1976 no dia 30 de Agosto, surge o Mestre Raúl Gutierrez em Madrid
Espanha, (nascido a 16 de agosto de 1950 em Santiago do Chile), onde introduz o
Kenpo Karaté onde até então era desconhecido.
O Sensei Raúl foi aluno do Sensei Arturo Petit seu 1º Mestre em Santiago do
Chile. No ano de 1982, o Mestre Robert A. Trias, viaja a Espanha para ministrar um
Curso Internacional, durante o qual promove Raúl Gutierrez com o grau de 6º Dan,
Fundador do Sistema Kenpo Fu Shih, além de Director USKA em Espanha e Diretor
Geral em toda a Europa.
Nesse mesmo ano, o Grande Mestre Thomas Barro Mitose, designa Raúl
Gutierrez como seu representante Pessoal e diretor da International Kosho Shorei
Association, IKSA na Europa.
Em 25 de Janeiro de 1983 o Sensei Thomas Mitose, reconhece o Mestre Raúl
como Mestre fundador de Kenpo Fu Shih, com a graduação de 6º Dan. Em Junho
desse mesmo ano, obtém a medalha de ouro durante os Campeonatos Mundiais
U.S.K.A., celebrados em Miami-Flórida. 1984, assiste a um encontro internacional
em Miami- Flórida onde se reuniram: Thomas Mitose, Arnold Golub, Bruce Juchnik,
Robert Trias, Ed Parker, George Anderson, Enry Plee, Chuck Norris, Bill Wallace,
Bong Soo Han, etc.
O Sensei Gutierrez é autor de vários livros de Kenpo editados em Espanha.
Presidente da Federation Española de Artes Marciales , da Spanish United States
Karaté Associacion, International Police and Security Association, Diretor da
U.S.K.A., I.F.S.A. e L.E.L.D.
49
Em Portugal
O Mestre Jinha torna-se o 1º Português a ser diplomado pelo Sensei
Gutierrez, com o grau de Cinto Negro 2º Dan, pela S.U.S.K.A. Spanish United States
Karate Association e F.E.A.M. Federacion Española de Artes Marciales e ainda
Instructor Internacional de Kosho Kenpo Fu Shi e representante Oficial para o
Distrito de Viseu, diplomas com o nº 452L1/95.
Da mesma forma como se passou no Japão, no Hawai, nos Estados Unidos da
América, na Europa e um pouco por todo o Mundo, o Chúan Fa ou Kenpo, sofre
também em Portugal, uma nova evolução.
O Mestre Jinha no ano seguinte funda um Sistema a que deu o nome de Jinha
Kenpo e constituiu a Associação Portuguesa Ryu Jinha Kenpo, baseadas em técnicas
do Kenpo em geral, embora o Programa seja completamente diferente.
Este sistema Jinha Kenpo, procura essencialmente a eficácia, oferecendo
assim uma ferramenta mais ou menos eficaz na defesa pessoal, para todos aqueles
que sintam necessidade de se defender.
Existem mais de 50.000 versões de Kenpo Americano e não só, antigos e
recentes como são os casos de: antigos – o Kosho Ryu Kenpo de James Mitose, o
Shorinji Kempo, de Nakano Michiomi, Ju-Jutsu, originário das Escolas de Ch’in Na
50
e Lung Hua Ch’uan, o Kara-Ho Kempo Karaté Chinês, de William K.S. Chow,
estudante de James Mitose, o Kajukenbo de Adriano Emperado, estudante de
William Chow, Shaolin Kempo Karaté de Fred Villari, Tigre Branco Kenpo Karaté,
Go Shin Jitsu, Okinawa Kenpo, Nippon Kempo, Go Kempo, Ju Kempo, Sam-Pai
Kenpo, Won Hop Kuen Do. + ou – recentes – Kenpo Karaté Americano, de Ed.
Parker, estudante de William Chow, Jeet Kune Do do famoso Bruce Lee, originário
de Kung Fu/Chúan Fa, estudante de Wing Chun e Ed Parker, Kosho Kenpo Fu Shih,
de Raúl Gutierrez, estudante de Thomas Barro Mitose, filho de James Mitose, o
Kenpo, de Nick Cerio, Lima Lama, o Kempo Lusitano de Walter Pestana, (aluno de
Ryu de Mendonça), Mestre do Sensei Jinha, o Kenjukabo, de Javier de Miguel, e
Joaquín Escrig, Jinha Kenpo de Jorge Soares “Jinha”, estudante de Walter Pestana e
Raúl Gutierrez.
O Mestre Jinha é reconhecido Internacionalmente pela Federación Española
de Artes Marciales (F.E.A.M) e pela Asociación Internacional Fu-Shih Kenpo ambos
presididas pelo Sensei Raul Gutiérrez, pela Mitose’s International Kosho-Ryu Kenpo
Association (M.I.K.K.A.) presidida pelo Sensei Thomas Barro Mitose e pela
W.E.B.B.S., World Elite Black Belt Society a qual é Presidida pelo Sensei Bryan
Cheek, Cinto Negro 7º Dan de Juko Ryu, Ju-Jutsu. (www.jinhakenpo.com)
51
6- METODOLOGIA
Durante as próximas páginas encontramos toda a informação relativa ao estudo
que apresentamos, ou seja, foi posta a hipótese que a prática de uma arte marcial
poderia constituir uma mais-valia no desenvolvimento de uma criança hiperativa, ou
em última estância verificar as potencialidades da arte marcial enquanto uma terapia
ou tratamento para crianças hiperativas.
6.1- Participante
Este trabalho visa perceber os efeitos da prática de uma arte marcial numa
criança hiperativa, logo, toda e qualquer criança, considerada hiperativa e praticante
de uma arte marcial seria considerada como potencial elemento da amostra. A arte
marcial de eleição é o Jinha Kenpo.
Toda amostra foi recolhida circunstancialmente, ou seja, toda a criança que
preenchesse os critérios exigidos pelo trabalho foi analisada para despiste.
Foi obtida uma amostra de três crianças com idades compreendidas entre os
nove e os onze anos, todas praticantes de Jinha Kenpo e consideradas hiperativas.
Para podermos descobrir as crianças, falamos com os diversos mestres de Jinha
Kenpo, incluindo o mestre geral “Mestre Jinha” mas só conseguimos descobrir um
mestre que afirmava ter algumas crianças hiperativas.
Uma vez que teríamos de contar com a opinião do Mestre Jinha e dos
respetivos pais, foi utilizada a Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e
Peters (Werry, 1968), que nos possibilitava despistar se as crianças tinham traços
hiperativos.
Foram-nos apresentadas as três crianças e, o valor encontrado era significativo,
logo foram todas consideradas como elementos da amostra.
52
Assim temos, o Bernardo Almeida de 11 anos, treina Jinha Kenpo há pelo
menos um ano.
O Jorge Rebelo de 9 anos de idade, Jinha kenpoca há um ano e meio.
E, por fim, o Pedro Santos de 9 anos de idade, treina Jinha Kenpo há pelo
menos um ano e meio.
Estas três crianças pertencem a famílias de estatuto socioeconómico médio,
aparentemente sem grandes diferenças estruturais, com exceção do Bernardo
Almeida que vive apenas com a mãe sendo uma família monoparental. Estes dados
serão na sua devida altura apresentados e analisados.
6.2- Delineamento do estudo
O objetivo deste estudo é aferir se a prática de uma arte marcial, neste caso o
Jinha Kenpo, influencia o desenvolvimento de uma criança hiperativa. Mais
concretamente saber se esta prática desportiva pode ser encarada como uma terapia
ou tratamento para crianças consideradas hiperativas.
Para chegarmos às conclusões pretendidas seria necessário encontrar crianças
hiperativas, praticantes de Jinha Kenpo. Uma vez descobertas as crianças, seria
necessário recolher toda informação acerca delas com ajuda dos pais ou encarregados
de educação, para percebermos como é a vivência de cada uma das crianças da nossa
amostra.
Mas para conseguirmos perceber se o Jinha kenpo tem ou não influência no
desenvolvimento da criança teremos de verificar os seus níveis de hiperatividade em
momentos diferentes, contando que exista um período de espera entre a primeira
verificação e a segunda verificação.
53
Para realizarmos esta verificação utilizarmos a Escala de Conners, uma vez que
é uma escala que abrange o universo da hiperatividade existindo uma subescala
dedicada exclusivamente a este tema. Sendo a escala com mais reconhecimento por
parte dos profissionais é muito pertinente que seja usada para verificarmos os níveis
de hiperatividade das crianças.
Após a realização das escalas, nos dois momentos, fomos perceber quando é
que a criança esteve mais hiperativa. A escala foi apresentada aos pais, ao professor e
ao mestre de Kenpo, peça fundamental neste estudo.
Assim, encontrámos níveis mais baixos, no segundo momento, na escala
realizada pelo Mestre Jinha, nas escalas realizadas pelo professor da escola e pelos
pais também encontrámos valores mais baixos, podemos afirmar que a prática de
uma arte marcial diminui as características de uma criança hiperativa.
Esta informação não é direta da fonte para o papel, ou seja, através do Conners
não estamos a avaliar os níveis de hiperatividade diretamente com a criança. Estamos
a realizar a verificação através da perceção de outros, como os pais, professor e
mestre de Kenpo. Para minimizar este obstáculo foi necessário utilizar algum meio
de abordagem direta, para isso, recorremos ao auxílio dos desenhos realizados pela
criança e o protocolo de Rorschach.
A aplicação do Rorschach teve uma grande importância pois acrescentou
informação adicional sobre a vivência da criança, sendo aplicada às crianças apenas
uma vez no início do estudo.
Os desenhos são também um instrumento valioso para compreender o
momento presente da criança. Foi pedido à criança para realizar três desenhos: um
desenho livre; um autorretrato; um desenho da família. O conjunto dos três desenhos
foi realizado em momentos distintos.
Através da análise de cada um dos desenhos criámos um perfil da criança no
momento em que os desenhos foram realizados. Comparando o primeiro perfil
54
obtido com o segundo perfil encontrámos a informação necessária para completar o
estudo de cada uma das crianças.
É através dos desenhos que podemos chegar diretamente à criança, por isso, é
importante a informação que eles contêm.
O estudo tem como objetivo perceber se a Jinha Kenpo diminui as
características de uma criança hiperativa, para percebermos se existe influência ou
não, utilizamos a Escala de Conners para pais e para professores que foram
realizados pelos pais, professores e pelo mestre de Kenpo. Como meio de avaliação
direto da criança utilizamos os desenhos por ela realizados e a aplicação de um
Rorschach.
Pretendemos mostrar que a Arte Marcial Jinha Kenpo reduz a hiperatividade
nas crianças, para tal observamos no dojo, os comportamentos das crianças da nossa
amostra, antes e após os treinos ministrado pelo Mestre.
55
7- Instrumentos
Já foram referidos os diversos instrumentos a utilizar durante o estudo, mas não
foi referenciada a sua utilização ou pertinência para este estudo. Nos próximos
parágrafos iremos explicar cada um dos instrumentos que serão utilizados neste
estudo.
7.1- Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters
(Werry, 1980)
Durante a recolha da amostra, não podíamos contar só com a informação que
os adultos davam acerca da criança e era necessário existir uma informação precisa
acerca da hiperatividade da criança para podermos decidir se a criança era
significativamente hiperativa ou não.
A escala é para ser aplicada aos pais ou encarregados de educação da criança, e
uma vez que a única dimensão de mede é a hiperatividade a informação é precisa.
É constituída por trinta itens divididos em sete categorias diferentes, com a
possibilidade de uma em três respostas, nunca (1), algumas vezes (2) e muito (3). Os
itens referem-se aos diversos aspetos da vida da criança (em casa durante as
refeições, enquanto vê televisão e durante as brincadeiras, durante o sono; fora de
casa; na escola durante as atividades de sala de aula, durante as atividades físicas,
etc.). Um resultado superior a quinze é considerado significativo.
Assim, esta escala fornece uma informação coerente sobre a hiperatividade da
criança num dado período.
Através da utilização desta escala é possível despistar-mos as crianças
hiperativas das crianças normais, para o estudo, isso foi importante para podermos
trabalhar unicamente com crianças que, de acordo com esta escala sejam
significativamente hiperativas.
56
7.2- Escala de Conners
A escala de Conners traduzida foi facultada pela Dr.ª Ana Rodrigues, que se
encontra a realizar a sua tese de doutoramento nesta área. A Dr.ª Ana está a aferir a
escala de Conners para a população portuguesa.
A escala de Conners o instrumento mais conhecido na área da hiperatividade. É
constituída por duas escalas distintas: Escala de Conners para Pais e Escala de
Conners para Professores. Como o próprio nome indica são os adultos que lidam
com a criança que preenchem o inventário da escala, passando para o papel a conduta
da criança, escolhendo uma de quatro respostas: nunca, um pouco, frequentemente e
muito frequente. A resposta escolhida é a que melhor corresponde ao nível de
gravidade dos problemas atuais.
A escala de Conners para pais é constituída por 80 itens que abrangem um
vasto número de condutas da criança em casa e fora de casa. Os pais irão responder
de acordo com a sua perceção do comportamento da criança.
A escala de Conners para professores é constituída por 59 itens, onde
encontrámos todo um conjunto de comportamentos e atitudes apresentadas pelas
crianças em situação de sala de aula. Esta escala irá ser apresentada tanto ao
professor como ao mestre de Kenpo, para obtermos um contraste do comportamento
com figuras não parentais distintas.
Em qualquer uma das escalas, existe uma tabela onde situando o valor
encontrado em cada uma das subescalas encontramos um percentil. Se o valor
encontrado se situar no percentil 70 ou acima, é considerado significativo.
Qualquer criança que o resultado da sub-escala C (hiperatividade) se encontre
no percentil 70 ou acima, pode considerar que possui traços hiperativos.
A escala de Conners tem duas versões: a versão completa, que foi utilizada
neste estudo e que está aferida para a população americana; e a versão reduzida,
57
igualmente aferida para a população americana, mas que se encontra em aferição
pela Dr.ª Ana Rodrigues.
Poderíamos utilizar a escala reduzida, uma vez que se encontra em aferição
para a população portuguesa, mas ao compararmos a escala reduzida com a escala
completa, é natural encontrarmos um menor número de itens, especialmente na
subescala C (hiperatividade). Deste modo optámos pela utilização da escala
completa, uma vez que iremos ter uma informação mais “completa” acerca do nível
de hiperatividade apresentado pela criança.
Apesar da escala completa, estar aferida para a população americana a
informação encontrada será apenas de valor qualitativo e não diagnóstico. A escala
serve apenas para podermos ter um dado concreto sobre o nível de hiperatividade das
crianças do nosso estudo.
7.3- O desenho
Outro dos instrumentos utilizados é o desenho realizado pelas crianças, onde
pedirmos que seja realizado um desenho livre, para a criança estar à vontade para se
exprimir, um autorretrato, onde pretendemos que a criança nos mostre como se vê, e
finalmente, o desenho da família, que nos irá dar informações a cerca de como a
criança se vê na família.
Segundo Nicole Bédard (1998), os desenhos de uma criança servem para nos
dar a conhecer o temperamento, o carácter, a personalidade e as necessidades delas,
através dos desenhos podemos indagar acerca das etapas que a criança vive.
Tendo em conta esta ideia a proposta da análise dos desenhos das crianças é de
muita importância, pois podemos encontrar informações que nem os pais, nem os
professores nos podem transmitir, só mesmo a criança o pode fazer.
58
7.4- Rorschach
Este instrumento é uma peça importante para todo o estudo. Através da sua
análise verificámos se toda a informação recolhida com os pais e com os professores,
e também com a própria criança, são coerentes entre si.
O Rorschach permite encontrarmos a informação já recolhida através da
anamnese e dos desenhos. Essencialmente, este instrumento serve de validador do
restante trabalho realizado com os outros instrumentos.
59
8- Procedimento
A recolha da amostra passou por várias fases: (1) seleção dos diversos dojos
onde se pratica Jinha Kenpo; (2) conversar como os mestres dos dojos no sentido de
perceber se existiam crianças “hiperativas”; (3) ao encontrar o dojo como esses
crianças, contactar os pais; (4) conversar com os pais e aplicamos a Escala da
Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry, 1980), para verificar se as
crianças são ou não hiperativas.
Após a selecção das crianças que participaram no nosso estudo começou-se por
recolher, com os pais, a anamnese das crianças. Logo de seguida, pedimos aos pais
para preencherem a Escala de Conners para Pais, na íntegra. Solicitamos também que
entrassem em contacto com o professor do filho informando de que estaríamos a
realizar um estudo sobre crianças hiperativas e que iríamos falar com os professores,
assim que o momento fosse oportuno.
Na mesma altura, pedimos ao mestre que preenchesse a Escala de Conners para
Professores, referente a cada um dos seus alunos considerados hiperativos.
Ainda dentro deste período de tempo conversámos com as crianças, conversa
esta que decorreu muito à vontade, de uma forma descontraída e com muita
facilidade pois conhecemos muito bem as crianças pois também somos mestre de
Jinha Kenpo no dojo das crianças em estudo. Foi uma conversa livre, sem nenhuma
questão pertinente para ser feita, apenas foi criado um espaço onde eles pudessem
estar à vontade para fazer o que quisessem.
Durante estas conversas pedimos para realizarem os desenhos já mencionados
e também seria o momento para aplicar o Rorschach. Assim, dividimos as tarefas por
duas conversas, para não saturarmos as crianças com tanta informação de uma só
vez.
A primeira conversa foi uma conversa de introdução que tinha como objetivo
deixar a criança ainda mais à vontade possível. Nesta conversa foram pedidos dois
60
desenhos, primeiro o desenho livre, para reforçar a ideia que aquele espaço era delas,
e de seguida, pedimos o auto-retrato, para que as crianças percebessem que, para
além do espaço ser dela, nós estávamos ali para brincar com ele mas também para
trabalhar.
Na segunda conversa procurámos, novamente que as crianças se sentissem à
vontade naquele espaço, conversamos um pouco e pedimos-lhes que fizesse o
desenho da família, para por último aplicar o Rorschach.
Todo este processo foi repetido passados aproximadamente cinco meses, mas
existiram algumas diferenças.
Foi pedido novamente aos pais, aos professores e ao mestre que respondessem
à Escala de Conners respetiva e voltamos a conversar com as crianças onde foi
pedido que realizassem os desenhos. Desta vez, só aconteceu uma conversa com as
crianças, onde lhes pedimos para fazerem os desenhos: um desenho livre, um
autorretrato e um desenho da família.
O Rorschach não foi novamente aplicado, uma vez que o espaço de tempo
decorrido da primeira aplicação para a segunda aplicação foi muito pequeno, logo, as
possíveis diferenças de resultado seriam mínimas, e como não estamos a usar este
instrumento para comparação, apenas como um instrumento informativo, não
achámos necessária uma nova aplicação deste instrumento.
Após a recolha de todos os dados passamos para a sua análise e discussão.
61
9- Resultados
O procedimento realizado levou-nos a dividir o estudo em dois momentos
distintos: o primeiro momento acontece em outubro; o segundo momento acontece
em fevereiro.
Cada uma das crianças apresentou um comportamento específico e que as
caracterizava enquanto pessoas.
Aulas de Jinha Kenpo significam muito mais do que atividades corporais. Por
meio da apreensão de conhecimentos específicos dessa arte marcial e da sua prática
regular, a criança desenvolve competências, capacidades e habilidades, associadas às
dimensões afetivas, cognitivas, sociais, psicomotoras, e internaliza valores. Pela
participação em atividades individuais e coletivas ela deixará de pensar apenas em si
mesmo para contribuir para o bem-estar comum.
Esta prática desenvolve a força, a flexibilidade e o equilíbrio. Permitem às
crianças hiperativas canalizarem a sua energia e agressividade. Para além disso,
ainda ajuda as crianças a defenderem-se pois aumentam a confiança e segurança de
uma pessoa. Estas atividades promovem a disciplina e o respeito pelo adversário.
A prática da Jinha Kenpo assume assim importância fundamental como veículo
de desenvolvimento da criança, entendido num processo integral e harmonioso.
Resumidamente, podemos considerar três grandes domínios do desenvolvimento: o
cognitivo, o sócio afetivo e o psicomotor:
62
Antes do treino
Fala
sem
parar
Pedro
Sim
Não
consegue
ficar
quieto
Não
para
de
mexer
a
cabeça
Rebola
pelo
chão
Corre
por
todo
o
Dojo
Interrompe
os outros
Responde
não
sendo a
sua vez
Impacien
te
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Jorge
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Bernardo
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Resultados dos comportamentos observados antes do treino
Depois do treino
Fala
sem
parar
Pedro
Não
Não
consegu
e ficar
quieto
Rebola
pelo
chão
Corr
e por
todo
o
Dojo
Interromp
e os
outros
Respon
de não
sendo a
sua vez
Impacien
te
Não
Não
para
de
mexer
a
cabeç
a
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Jorge
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Bernard
o
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Resultados dos comportamentos observados depois do treino
63
Domínio
Psicomotor
Sócio afetivo
Cognitivo
Capacidades a desenvolver
coordenação motora global;
- execução de elementos e gestos
técnicos e táticos específicos a cada
modalidade;
- resistência geral;
- flexibilidade e agilidade;
- ritmo;
- controlo da orientação espacial;
- velocidade de reação simples e
complexa de execução de ações motoras
básicas e de deslocamento;
- equilíbrio dinâmico em situações de
“voo”, de aceleração e de apoio instável
e/ou limitado;
- autoestima;
- autoconfiança;
- motivação intrínseca.
- respeito pelo próximo;
- cooperação;
- responsabilidade;
- cordialidade e autocontrolo;
- Interpretação correta dos exercícios
realizados;
- Compreensão, aplicação e cumprimento
de regras;
- Realização de forma correta das
componentes críticas de cada exercício;
- Expressão oral com correção de alguns
elementos da atividade;
- Utilização destas aprendizagens noutras
áreas curriculares;
Quadro I: Identificação de algumas capacidades a desenvolver nos domínios
psicomotor, sócio afetivo e cognitivo.
A abundância de incentivos e vivências diferenciadas, devem fortalecer todas
as dimensões possíveis dos três domínios de aprendizagem, potenciando-se umas às
outras (Matos, 2000).
Conduzida neste sentido, a intervenção do mestre deve desenvolver-se de
forma organizada, procurando em cada instante o aperfeiçoamento das capacidades
reais, que atestem no final da atuação a obtenção de um conjunto de aptidões básicas.
64
A prática quando devidamente aplicada, possui um conteúdo educativo, que permite
o desenvolvimento de certas dimensões da personalidade da criança:

Dimensão Motora: fatores preceptivos; Fatores de execução e coordenação
motora;

Dimensão Cognitiva: Capacidades de observação, análise, interpretação e
adequação das soluções;

Dimensão Relacional: Relacionamento afetivo; Descoberta do outro;
Aprendizagem social.
Quais exercícios são mais sugeridos para crianças e adolescentes
Geralmente as criannças
adolescentes não tem muita paciência para
atividades cíclicas ou repetitivas, as quais acham chatas e desmotivantes. A melhor
opção é desenvolver atividades que sejam desafiantes, lúdicas e que possam
contribuir em melhorias nas principais capacidades físicas, como:
 Coordenação motora e equilíbrio: no geral são atividades físicas mais
complexas e desafiadores, que demandam aprendizagem, passando pelos
exercícios funcionais e das gincanas e brincadeiras.
 Força muscular: o trabalho muscular pode ser feito usando acessórios.
Porém, o melhor método é o circuito, pois ele dá a impressão de que o tempo
passa mais rápido.
 Flexibilidade: o alongamento tem que ser feito de uma forma diferente
porque as crianças e adolescentes não têm paciência. Uma das melhores
alternativas são so alongamentos dinâmicos, onde é possível desenvolver a
flexibilidade sem ser ncessitar ficar estático, tendo que manter algum
movimento durante segundos.
65
Atividades e Competências a Desenvolver
Os quadros seguintes indicam os objetivos, as atividades e as estratégias de
intervenção a aplicar em cada um dos treinos no dojo.
Estrutura do
treino
Aquecimento
Atividades de Deslocamentos e Equilíbrio
Finalidades
Atividades
1.Elevar o nível 1.Percursos, jogos e
funcional
das estafetas, com a
capacidades
integração de várias
condicionais
e habilidades
coordenativas;
(rastejar, rolar, cair,
saltar,
subir
e
2.Cooperar com os descer,
fazer
companheiros
nos rolamento,
exercícios,
bem transpor);
como os princípios
de cordialidade e 2.Percursos, jogos e
respeito na relação estafetas com a
com os colegas e o utilização de vários
mestre;
aparelhos:
Banco
sueco;
arcos;
3.Ajustar o equilíbrio cordas;
colchões;
às ações motoras cadeiras;
básicas
de
deslocamento.
Exercícios
1. Rastejar em todas as direções;
Estratégias de
Intervenção
1. Abordagens lúdicas,
articulando as ações
individuais e de grupo
tomando
medidas
especiais de segurança.
2. Rolar sobre si próprio em posições diferentes;
3. Saltar sobre obstáculos de alturas e comprimento variados;
4. Saltar e subir para um plano superior;
Parte
Fundamental
5. Cair voluntariamente, no colchão e no solo, rolando para
amortecer a queda;
6. Transpor obstáculos sucessivos, em corrida;
7. Saltar de um plano superior, com receção em pé e equilibrada;
8. Realizar saltos de “coelho” no solo, com amplitudes variadas;
9. Fazer rolamento à frente;
10. Fazer rolamento à retaguarda;
66
11. Saltar em comprimento, após curta corrida de balanço e
chamada a um pé com receção a pés juntos;
12. Saltar em altura para tocar num objeto suspenso, após curta
corrida de balanço, com receção equilibrada.
Atividades de Perícia e Manipulação
Finalidades
Atividades
Aquecimento
Aquecimento
Geral
Ativação do aparelho
Cardiorrespiratório;
Ativação
das
estruturas Articulares.
1.Elevar o nível
funcional das
capacidades
condicionais e
coordenativas;
1. Atividades que
englobam habilidades
como toques de
sustentação,
pontapear,
impulsionar, saltar;
2.Cooperar com
os companheiros
nos exercícios,
bem como os
princípios de
cordialidade e
respeito na relação
com os colegas e
como mestre;
2. Atividades de
manipulação como
Hambo, Kali, Bô
Nuchaku.
Estratégias de
Intervenção
1.Partir
progressivamente
do domínio dos
objetos em
situações
individual e em
situação de
grupo.
3.Realizar ações
motoras básicas
variadas,
manipulando
diferentes tipos de
objetos Hambo,
Kali, Bô Nuchaku.
Exercícios
1. Saltar à corda em corrida e no local (a pés juntos e pé
coxinho), com coordenação e fluidez de movimentos;
Aquecimento
2. Saltar ao eixo por cima de um companheiro após corrida
de balanço e chamada a pés juntos, passando com os
membros inferiores bem afastados e chegando ao solo
em equilíbrio;
67
1. Executar a cambalhota à frente num plano inclinado,
terminando com as pernas afastadas e em extensão;
2. Executar a cambalhota à retaguarda com repulsão dos
braços na parte final, terminando com as pernas
afastadas e em extensão;
3. Executar a roda, com apoio alternado das mãos,
passando as pernas o mais alto possível, com receção
equilibrada.
Parte
Fundamental
4. Executar o pino de cabeça aproximando-se da vertical,
beneficiando da ajuda do professor/companheiro ou de
apoio no espaldar;
5. Combinar posições de equilíbrio estático, com marcha
lateral, para trás e para a frente e “meias voltas”;
6. Executar posições de flexibilidade variadas (ponte,
avião, bandeira)
7. Combinar as habilidades anteriores, realizando-as em
sequências adequadas;
8. Controlar a bola em várias partes do corpo por ações
motoras básicas (rolar, lançar, receber, etc)
9. Lançar uma bola em precisão a um alvo fixo;
10. Receber a bola com as duas mãos, parado e em
deslocamento;
11. Rodar o arco no solo, saltando para dentro dele antes
que finalize a sua rotação;
12. Driblar com cada uma das mãos, em deslocamento,
controlando a bola para manter a direção desejada;
13. Passar a bola a um companheiro com as duas mãos,
consoante a sua posição e ou deslocamento;
14. Pontapear no ar os diferentes pontapés já conhecidos;
15. Desenvolver a manipulação das armas de treino de
acordo com o cinto de graduação
68
Resultados da análise dos dados obtidos com o Bernardo Almeida
Cada um destes momentos o Bernardo mostra um comportamento e uma
atitude própria, mostrando o seu estado de espírito e a maneira de lidar como o
mundo que o rodeia, e com ele próprio.
No primeiro momento, e pela análise do Inventário de Conners aplicado aos
pais, neste caso à mãe, à professora e ao mestre de Kenpo do Bernardo, podemos
dizer que ele possui alguns traços de hiperatividade, principalmente a nível social,
uma vez que os valores encontrados acima ou na linha de corte estão situados na
escala para os professores (Escala de Conners para Pais, subescala C – 66; Escala de
Conners para Professores, subescala C – 72; Escala de Conners para Professores,
subescala C (Mestre) – 70). Apesar dos valores de hiperatividade encontrados
estarem, na sua maioria, na linha de corte continuam a ser significativos.
Nesta altura, de acordo com a análise dos desenhos realizados, encontrámos
uma criança muito envolvida no seu mundo, egocêntrica, que procura defender-se do
meio e da sua pressão, mas demonstra igualmente grande vontade de conquistar algo.
Talvez essa conquista seja a nível social, uma vez que o Bernardo mostra
insegurança nos contatos sociais, apesar de confiar em si. Dentro da família ele
procura uma posição de comando, talvez na tentativa de compreender como se
interage com os outros.
No segundo momento, houve uma descida grande nos valores do Escala de
Conners para Professores e uma pequena subida na Escala de Conners para Pais
(Escala de Conners para Pais, subescala C – 70; Escala de Conners para Professores,
subescala C – 47; Escala de Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 45).
Podemos ver que o Bernardo só apresentada, algum sinal de hiperatividade na
Escala de Conners para Pais, o valor encontrado está situado na linha de corte, logo é
um valor significativo.
69
O Bernardo, segundo os desenhos por ele realizados, está a adaptado ao meio,
mas procura contornar os problemas em vez de os enfrentar, talvez devido a não
tentar ainda perdido a insegurança que sentia a nível social. Ele lida com o mundo de
uma forma imatura e isto leva a uma insegurança na relação com o outro. Sente
também a necessidade da proteção e orientação da mãe e da avó.
Com a análise do protocolo do Rorschach do Bernardo encontramos um
indivíduo introvertido misto, como a própria palavra quer dizer trata-se de uma
criança introvertida, muito fechada no seu mundo, mas mantêm esse isolamento
apenas quando é de seu agrado. Esta atitude pode ser explicada pelo facto do
Bernardo viver numa família com uma estrutura “diferente”.
A figura paterna não existe na casa, uma vez que, a mãe esta divorciada do pai
do Bernardo há vários anos, continua a haver contato com o pai por parte do
Bernardo. A figura paterna é uma peça importante na vida de uma criança,
principalmente para um rapaz. Sem um modelo para se guiar ele tem que recorre ao
que encontra mais próximo, a mãe. É uma figura importante na vida de uma criança,
mas há determinadas informações que um rapaz pode sentir-se inibido para fazer à
figura materna.
O protocolo não apresenta qualquer tipo específico de patologia, sendo o
protocolo bastante “normal”.
Para finalizar, não podemos considerar o Bernardo como hiperativo, uma vez
que não apresenta níveis significativos de hiperatividade em todas as escalas. Mas
considerando o facto de ele apresentar níveis de hiperatividade significativos na
escala de Conners para professores, quer na escala realizada pelo professor quer na
escala realizada pelo mestre, o Bernardo foi considerado como tendo níveis de
hiperatividade significativos para continuarmos o estudo.
Após a análise de todos os dados recolhidos podemos chegar agora a uma
conclusão, que passamos apresentar.
70
Ao verificarmos os valores encontrados na escala de Conners para professores
podemos verificar que, em ambas as escalas houve uma descida bastante acentuada
do nível de hiperatividade, estando sempre mais baixo o nível da escala realizada
pelo mestre. Encontramos também uma pequena subida na escala para pais realizada
pela mãe, mas pouco significativa, uma vez que encontrasse na linha de corte da
escala.
Podemos então verificar que os níveis de hiperatividade da criança baixaram
significativamente, no geral. Assim, segundo a análise da subescala C da Escala de
Conners, estamos em condições para afirmar que a prática da Arte Marcial Jinha
kenpo, pelo Bernardo contribui significativamente para baixar os seus níveis de
hiperatividade.
Resultados da análise dos dados obtidos com o Jorge Rebelo
Cada um destes momentos o Jorge mostra um comportamento e uma atitude
própria, mostrando o seu estado de espírito.
O Jorge, no primeiro momento, mostra-se uma criança que procura uma
satisfação imediata das suas necessidades e impulsos. De acordo com a análise do
Inventário de Conners aplicado aos pais, à professora e ao mestre de Kenpo do Jorge,
podemos afirmar que ele é uma criança hiperativa, uma vez que todos os valores
encontrados se encontram acima da linha de corte (Escala de Conners para Pais,
subescala C – 74; Escala de Conners para Professores, subescala C – 75; Escala de
Conners para Professores, subescala C (Mestre) – 70).
Através dos desenhos o Jorge mostrou ser uma criança que procura defender-se
do seu mundo interno com do seu mundo externo, indicando um possível desajuste
em relação ao meio onde está inserido. Ele indicou-nos ser uma criança impulsiva,
imatura, mas com um bom nível intelectual, que podia ser verificado no conteúdo
rico das suas conversas. Pode ser uma criança introvertida, mas não deixada de ter os
desejos, como o desejo de comandar e de se afirmar intelectualmente.
71
Olhando agora para o segundo momento, o Jorge encontra-se diferente, como
se andasse mais calmo, mais atento, numa tentativa de entender tudo o que o
envolve.
Como podemos ver, pela análise do Inventário de Conners aplicado aos pais, à
professora e ao mestre de Kenpo do Jorge (Escala de Conners para Pais, subescala C
– 83; Escala de Conners para Professores, subescala C – 60; Escala de Conners para
Professores, subescala C (Mestre) – 62), ele encontra-se significativamente mais
calmo em relação ao primeiro momento. Digamos que o Jorge procura compreender
o meio que o envolve, a escola, o Kenpo, mas algo o faz ficar mais hiperativo no seio
familiar, uma vez que é o único valor que se encontra significativamente acima do
valor encontrado anteriormente.
O Jorge, segundo a análise dos seus desenhos, continua a demonstrar a
necessidade de se defender do caos que encontrar no seu mundo interno assim com
do seu mundo externo, isto pode dever-se a uma intervenção excessiva por parte dos
adultos. Mas está empenhado em adaptar-se ao mundo que o rodeia, procurando para
isso, afirmar-se como pessoa. O seu vínculo com a família é forte, mas o Jorge
procura tomar conta de si mesmo, sempre com o apoio da família.
A análise deste Rorschach revela uma criança coartada, ou seja, que tem algum
tipo de restrição ou impedimento. O único impedimento que podemos encontrar no
Jorge é a sua alimentação. A mãe afirma ser uma das suas maiores preocupações,
pois o Jorge não come nada que lhe dê, e por vezes recusa-se mesmo a comer.
O Jorge diz que o que lhe custa mais a fazer é comer e dormir.
São estas pequenas restrições que o Rorschach apresentou como pertinentes,
podendo ser elas a influenciar a conduta do Jorge.
No seu todo o Rorschach não apresenta nenhuma patologia significativa. Após
a análise de todos os dados recolhidos podemos chegar agora a uma conclusão, que
passamos apresentar.
72
Ao verificarmos o primeiro momento, podemos considerar o Jorge como sendo
uma criança hiperativa, pois os valores encontrados estão todos acima da linha de
corte da escala. Mas no segundo momento, encontramos uma criança que tem os
níveis de hiperatividade muito abaixo da linha de corte na escala de Conners dos
professores, embora na escala de Conners para os pais encontramos um valor um
pouco mais elevado, no geral, o Jorge não pode ser considerado hiperativo no
segundo momento.
Segundo a análise da subescala C da Escala de Conners, estamos em condições
para afirmar que o facto de o Jorge praticar Jinha kenpo contribuiu para que o nível
de hiperatividade encontrado no primeiro momento descesse significativamente.
Resultados da análise dos dados obtidos com o Pedro Santos
Cada um destes momentos encontramos no Pedro um comportamento
característico dele, não hesita em mostrar com se sente.
Pela análise dos diversos dados recolhidos no primeiro momento, encontramos
uma criança que procura alguma resposta para tudo o que a envolve.
De acordo com a análise do Conners, que foi aplicado aos pais, ao professor e
ao mestre de Kenpo podemos afirmar que é uma criança que maior parte do tempo se
encontra hiperativa (Escala de Conners para Pais, subescala C – 72; Escala de
Conners para Professores, subescala C – 78; Escala de Conners para Professores,
subescala C (Mestre) – 62).
Tendo em conta os desenhos do Pedro, podemos dizer que ele próprio mostrou
ser uma criança sempre atenta ao mundo em redor, interagindo com o meio com o
devido cuidado, mas tem uma forma imatura de enfrentar a vida. Tem necessidade de
afirmar a sua inteligência, é sensível à crítica e tem desejo de ser aceite socialmente.
Tem noção exacta do momento presente e das suas necessidades, esperando
que sejam satisfeitas ou então “revolta-se”.
73
Durante as conversas ele mostrou-me o quanto instável pode ser o seu estado
de espírito, tanto estava calmo como estava a mexer-se sem parar. Mesmo quando
estava a executar uma tarefa podia estar a mexer-se para além do necessário ou não.
No segundo momento, encontramos uma criança diferente, mais revoltada,
mais intempestiva, mais mexida, mais hiperativa.
A análise do Conners, que foi aplicado aos pais, ao professor e ao mestre de
Kenpo mostra uma criança hiperativa (Escala de Conners para Pais, subescala C –
76; Escala de Conners para Professores, subescala C – 80; Escala de Conners para
Professores, subescala C (Mestre) – 78).
Nesta altura o Pedro também se mostrava mais rude e direto com as pessoas,
nervoso e por vezes irritável. De acordo com os desenhos, podemos ver que continua
a enfrentar a vida imaturamente, mas o seu desejo de afirmação mantêm-se, embora
resista à autoridade dos outros.
Sabe e compreende o momento presente e a suas necessidades imediatas, que
quando não são satisfeitas fica intempestivo.
Mas neste momento mostrou ter uma boa capacidade de adaptação aos
imprevistos que o destino traz.
Isso pôde-se ver na altura da conversa que tivemos com ele, rapidamente
preparou o espaço, sentou-se e esperou pelas tarefas brincando com a cadeira.
Durante as conversas não conseguiu ficar um bocadinho quieto, exigiu que se joga-se
um jogo antes de ele fazer os desenhos. Fizemos quatro jogos do enforcado para
ficarmos empatados e pedimos-lhe para fazer os desenhos, já tínhamos jogado, agora
era hora de desenhar.
O Pedro estava notoriamente mais hiperativo.
Na análise do protocolo de Rorschach do Pedro, encontramos uma criança
coartada, ou seja, que tem restrições ou algum tipo de impedimento. De acordo com
a anamnese do Pedro ficamos a saber que da existência de um irmão mais velho
74
toxicodependente, inclusive, a mãe, afirma que o Pedro anda mais nervoso quando o
irmão vai passar uns dias a casa, talvez pelo facto de dormirem os dois no mesmo
quadro leve a que o Pedro ande mais inquieto, completa a mãe. Podemos considerar
que este facto é suficientemente restritivo para a liberdade do Pedro.
O protocolo não aponta para qualquer tipo de patologia significativa, ou seja, o
Pedro é uma criança bastante “normal”.
Após a análise de todos os dados recolhidos podemos chegar agora a uma
conclusão, que passamos apresentar.
Pela análise feita da escala de Conners no primeiro momento não podemos
afirmar que o Pedro seja uma criança hiperativa, uma vez que o resultado encontrado
na escala realizada pelo mestre encontra-se abaixo da linha de corte, mas na
generalidade a escala mostra uma criança com traços hiperativos.
Agora, na análise da escala de Conners do segundo momento encontramos
todos os valores abaixo da linha de corte, logo, podemos considerar o Pedro como
sendo uma criança hiperativa.
Neste caso, segundo a análise da subescala C da Escala de Conners, Não
podemos afirmar que a prática de Jinha kenpo possa contribuir para que os níveis de
hiperatividade baixem.
75
10- Discussão
Este estudo teve como objetivo saber se a prática de uma arte marcial, como o
Jinha Kenpo, influencia o desenvolvimento de uma criança hiperativa. Quer seja
positivamente ou negativamente, a prática de uma arte marcial implica sempre uma
alteração de atitude perante o outro e o próprio. Toda filosofia que envolve as artes
milenares de combate tem em vista o desenvolvimento do corpo e mente do
indivíduo, mas será uma mais-valia quando estamos a lidar com crianças hiperativas?
Mas devemos ter em conta que este trabalho apresenta limitações que não
permitem tornar estes resultados viáveis, mas deixa no ar uma ideia inovadora e com
potencialidades para vir a ser trabalhada com maior precisão.
Podemos encontrar várias lacunas ou limitações neste estudo, e talvez a
principal seja o facto de não ter sido possível ter acesso a crianças com um
diagnóstico de hiperatividade validado por um profissional.
Sabemos que o diagnóstico da hiperatividade apresenta inúmeras dificuldades,
uma vez que não existe um modelo que preencha todos requisitos, ou seja, a
hiperatividade tem um campo muito abrangente de sintomas e manifestações que
torna difícil, para os especialistas chegarem a uma conclusão acerca de como deve
ser feito um diagnóstico de uma criança hiperativa. E, por sua vez, o tipo de
tratamento também não pode ser estandardizado, uma vez que uma criança hiperativa
pode responder bem a determinado tipo de intervenção, mas outra pode não
responder da mesma forma que a primeira.
Logo isto, levou-nos na procurar de instrumentos capazes de fazer o despiste
da hiperatividade, com o objetivo de certificarmos que nos encontramos a trabalhar
com crianças que apresentam traços hiperativos. Este instrumento teria de ser capaz
de dar uma informação suficientemente coerente e minimamente fiável. Assim,
recorremos à Escala da Atividade da Criança de Werry, Weiss e Peters (Werry,
1980), que apresenta as características já mencionadas.
Uma vez “despistadas” as crianças avaliamos os níveis de hiperatividade da
criança em estudo e para isso recorremos à Escala de Conners. Foram analisados,
76
unicamente, os resultados encontrados na subescala C, isto porque é a subescala que
avalia a hiperatividade. Uma vez que a Escala de Conners possui uma versão para os
pais e outra para os professores, a escala para os professores foi preenchida também
pelo Mestre Jinha, mestre de Kenpo das crianças.
A escala foi realizada para o ambiente escolar, logo existem componentes
desportivas que podem ser esquecidas ou ignoradas devido a não utilizarmos uma
escala ou instrumento que “toque” todas as dimensões da intervenção que a
actividade física, neste caso o Jinha Kenpo, pode ter na vida de cada uma das
crianças.
As três crianças, de acordo com a análise da subescala C da Escala de Conners,
apresentavam traços hiperativos. Em última análise podemos concluir que apenas
uma das crianças poderia ser considerada hiperativa e, mesmo assim, só podemos
considerar este dado válido quando focamos a nossa atenção no segundo momento,
porque no primeiro momento encontrávamos uma criança com traços hiperativos.
Existe a necessidade de um instrumento mais preciso ou de vários instrumentos
que avaliem as várias dimensões da hiperatividade/TDAH, para permitir uma
informação precisa acerca dos níveis de hiperatividade e da influência que o treino
do Jinha Kenpo tem na criança.
Visto não existir outro instrumento realizou-se uma análise quantitativa da
subescala C (hiperatividade) da Escala de Conners para pais e professores, onde o
mestre de Jinha Kenpo preencheu a Escala de Conners para Professores, apesar de
ser uma escala para o ambiente escolar e não para o desportivo, como já foi referido.
Para conseguirmos aproximar-nos, mais da criança e de como a criança se
relaciona com o meio, recorremos à análise de desenhos, com base nas ideias de duas
autoras, Dinah Campos (2002) e Nicole Bédard (1998), para tentarmos evitar uma
possível incompatibilidade nas interpretações realizadas por vários autores. A
escolha destas duas autoras verificou-se devido a completarem-se uma à outra, do
nosso ponto de vista. A informação que uma das autoras não refere, foi mencionada
pela outra autora.
77
Finalmente, um outro instrumento foi utilizado para conseguirmos perceber a
forma como a criança lidada com a realidade. Este instrumento foi um teste
projetivo, o Rorschach. É uma prova projetiva, de ampla utilização, que permite
examinar as modalidades do funcionamento do sujeito, numa perspetiva de
adaptação à realidade. Assim, com esta prova projetiva podemos ter acesso a
informações sobre a criança que ela dificilmente nos iria fornecer.
No início do estudo, aplicou-se o Rorschach à criança, obtendo uma
informação que iria ajudar a compreender melhor a forma como a criança se
relaciona com o meio. O ideal seria aplicar novamente o Rorschach no final do
estudo, mas optamos por não o fazer uma vez que a duração deste trabalho foi apenas
de cinco meses. Logo, as diferenças que poderíamos encontrar seriam mínimas,
assim não se justificava uma nova aplicação do teste projetivo. Num trabalho mais
prolongado devemos ter em conta que a aplicação do teste projetivo no início e no
final do estudo, traz informações adicionais que podem ajudar a perceber a de que
forma é que a criança foi influenciada na sua adaptação à realidade que está inserida.
Neste estudo podemos encontrar pequenas limitação, nenhuma das crianças
estava a treinar há menos de um ano, logo, já estavam, de alguma forma mudadas
pelos treinos de Jinha Kenpo. É de referir também que o tempo que decorreu de uma
avaliação para outra foi muito curta, cinco meses entre cada uma das avaliações pode
não ser o suficiente para se encontrar mudanças significativas. Mesmo assim, neste
estudo, as mudanças encontradas na subescala C da Escala de Conners apontam para
benefícios retirados da prática de Jinha Kenpo. O tempo disponível para o estudo é
devido aos prazos académicos e, também, ao facto dos treinos de Jinha Kenpo irem
terminar.
Uma das principais razões que levou o estudo a prosseguir o seu caminho foi o
facto de quando entramos em contacto com as crianças para desenvolver o nosso
estudo, tinham todas recebido um novo cinto há menos de uma semana, ou seja,
passaram a ter uma graduação mais elevada dentro do dojo.
Este acontecimento pode levar a uma mudança de comportamento nas crianças,
uma vez que ao subirem de graduação terão de se comportar de acordo com essa
graduação, respeitando os menos graduados e cumprindo as regras com mais afinco e
78
rigor. Logo, esta graduação poderia refletir-se nos resultados encontrados nos
diversos instrumentos, mas não foi dado ênfase a este acontecimento uma vez que é
apenas uma das componentes da prática da arte marcial e de qualquer atividade
desportiva. À medida que o indivíduo adquire a destreza física e mental adequadas
vai “subindo” na hierarquia existente na modalidade.
Todo este trabalho foi realizado com a convicção que uma criança que pratica
uma arte marcial é beneficiada, graças a uma filosofia de vida que visa o
desenvolvimento do indivíduo quer mentalmente quer fisicamente.
Existe a possibilidade de recriar este estudo e pensamos ser necessário ter em
conta os aspetos já referidos e outros.
Assim, e ao observarmos as limitações deste trabalho, propomos que o novo
estudo seja realizado tendo em conta crianças com diagnósticos de hiperatividade
inequívocos, recorrendo a uma segunda apreciação profissional se existirem dúvidas
no diagnóstico proposto.
O ideal seria que a criança em questão nunca tivesse praticado nenhuma arte
marcial, para as possíveis alterações de comportamento que possam ocorrer sejam
por influência direta do Kenpo, ou seja, o ideal seria encontrar uma criança
hiperativa em início de treinos.
Igualmente, deveriam ser agendadas avaliações, que de veriam acontecer
aproximadamente de seis em seis meses, de acordo com a duração prevista do
estudo. Esta duração deverá ser no mínimo de um ano, pois com um ano de prática
marcial já deverá ser possível encontrar resultados significativos. Mas quanto mais
tempo durar o estudo de terreno mais informação se irá adquirir possibilitando uma
conclusão rica e fiável.
Tendo em conta tudo o que foi mencionado deverá ser possível chegar a
resultados credíveis num novo estudo que consiga preencher todos os requisitos
mencionados. Existindo a possibilidade de transformar esses resultados em algo que
favoreça as crianças hiperativas.
79
Neste estudo temos três casos estudados, dois onde os valores encontrados no
segundo momento encontram-se significativamente inferiores aos encontrados no
primeiro momento. O terceiro caso apresentou uma subida significativa dos valores
da subescala C no segundo momento.
Logo, no caso do Pedro Santos, a Escala de Conners realizada pelos pais,
professora e mestre de Kenpo apresentaram valores um pouco mais elevados na
segunda aplicação, onde encontramos, os níveis de hiperatividade todos acima da
linha de corte, o percentil 70.
Analisando o caso do Pedro encontramos indícios que poderiam ser a condição
necessária para os valores encontrados. Desde já podemos dizer que o Pedro
apresentou-se sempre muito agitado, mesmo nervoso, procurando sempre estar a par
e passo com o que se passava.
Durante as conversas que tivemos com ele podemos verificar a instabilidade do
seu comportamento, em segundos passava de uma criança calma para uma criança
nervosa, que não era capaz de estar quieta no seu lugar. Por vezes parecia não estar
confortável na cadeira e procura ajeitar-se melhor, executando para isso enumeras
manobras como que a procurar a melhor posição.
Ao olharmos para os dois momentos do Pedro, podemos constatar que no
segundo momento ele estava bastante mais irrequieto, nervoso. O seu
comportamento no espaço da “entrevista” era caótico, tanto estava de pé como
sentado, e mesmo sentado estava constantemente a mudar de posição ou a brincar
com a cadeira. Mesmo durante as tarefas propostas a sua atividade motora não
diminuía.
Mas devemos, igualmente, referir a fala do Pedro, uma vez que a diferença
também foi notória. Em ambos os momentos perguntava tudo numa tentativa de
colmatar toda a curiosidade que sentia, mas no primeiro momento existiam
momentos de silêncio coisa que no segundo momento não existia, chegou mesmo a
exigir que jogássemos um jogo antes de começar a fazer os desenhos.
80
Nos desenhos que o Pedro realizou nos dois momentos a diferença não foi
muita, por exemplo, no desenho livre manteve o tema, mas no segundo momento o
desenho foi mais elaborado, com mais pormenores. No primeiro desenho livre
encontrávamos uma casa e um sol, no segundo momento tínhamos a casa e o sol e
tínhamos também uma árvore, relva, nuvens e uma outra coisa que ele afirmou ser
uma fonte. Ele desenhou como se houvesse algo mais para dizer.
No autorretrato o Pedro desenhou sempre a cabeça, o corpo parecia não ter
importância, mas teve o cuidado de no primeiro momento perguntar se deveria
desenhar a cabeça ou o corpo todo, mas deixamos isso ao seu critério.
O desenho da família foi o desenho menos investido pelo Pedro, em qualquer
dos momentos. Os desenhos são quase cópia um do outro, o mesmo número de
elementos (pai, mãe e filho), a mesma disposição espacial, os mesmos pormenores,
era como se o tema não fosse do seu interesse.
Ao analisarmos os seus desenhos podemos ver que o Pedro manteve a sua
necessidade de afirmação, e o seu desejo de ser aceite pelos outros levou-o a adaptar
às situações do dia-a-dia. Esta adaptação pode ser devido a não ser aceite pelos
outros, devido ao seu temperamento e à sua conduta. Logo, se não é aceite procura
colmatar isso com uma boa capacidade de adaptação. Mas esta situação pode vir do
facto de o Pedro enfrentar o mundo imaturamente.
Tendo em conta o Rorschach do Pedro (coartado) podemos verificar que existe
algo que o perturba, podemos afirmar, de acordo com a informação recolhida na
anamnese, que o facto de existir um irmão mais velho toxicodependente leva o Pedro
a estar mais irrequieto, especialmente nas alturas que o irmão se encontra em casa.
Uma vez que partilham o mesmo quarto o espaço pessoal do Pedro é “invadido”,
levando a que ele reaja esta “invasão”. Mas temos que referir que no geral o Pedro
possui um bom protocolo, ou seja, não apresenta nenhum problema específico.
A nível das artes marciais, o Pedro afirma que são “um espetáculo”, foi uma
vez ver o treino e depois não quis outra coisa, mas agora não gosta muito. Referindose ao segundo momento, comenta que o mestre o tinha castigado, porque tinha-se
81
portado mal durante o treino. Em virtude desse comportamento, não poderia
participar num estágio que iria decorrer no fim-de-semana. A primeira reação dele a
esta situação foi dizer que não queria ir ao estágio, numa tentativa de se defender, em
suma, adaptou-se.
Como podemos ver, as circunstâncias em que se encontra o Pedro podem não
ter facilitado a descida dos níveis de hiperatividade, mas não podemos afirmar que a
prática de uma arte marcial tenha influenciado para a subida dos níveis.
Os outros dois casos, apesar de distintos, apresentaram uma descida dos níveis
de hiperatividade. Tanto no caso do Bernardo como no do Jorge, encontramos
valores na subescala C (hiperatividade) significativamente mais baixos no segundo
momento. Mas devemos referir que em ambos os casos verificou-se uma subida
significativa do valor encontrado na subescala C da Escala de Conners para Pais,
enquanto na Escala de Conners para Professores, realizada pelos professores e pelo
mestre, os níveis desceram, como já foi referido.
Focando essencialmente o que demonstrou o Bernardo durante as entrevistas
podemos afirmar que se trata de uma criança tímida ou introvertida, em qualquer
uma das nossas conversas o Bernardo mantinha-se calado perguntando só o
essencial, estava muitas vezes distraído com outras coisas, mas quando era solicitado
verificávamos que estava atento ao que se lhe dizia.
Já o Jorge não parava de falar. Durante as conversas com ele estava sempre a
falar mesmo quando estava a fazer os desenhos, ia falando do que estava a desenhar
e por vezes de coisas que nada tinham a ver com o desenho, mostrou-se uma criança
muito aberta e com vontade de expressar-se.
Encontramos esta vontade de se expressar nos desenhos que realizou, apesar
dos desenhos do primeiro momento serem menos elaborados que os do segundo
momento. O desenho livre do Jorge foi sobre o avô e o seu cão, que no primeiro
momento foi um desenho simples e rápido, com pormenores mas sem grande
investimento no desenho. Já no segundo momento, o investimento foi deveras
grande. Desenhou novamente o avô e o cão, que estava a olhar para o avô dizia o
82
Jorge. “Deu” ao avô uma rede, que segundo o Jorge era para quando o avô ia pescar
com ele, e desenhou também um sol radioso e sorridente. Tudo desenhado com
cuidado e preocupação em ficar bem.
No primeiro autorretrato encontramos apenas o desenho do Jorge da cintura
para cima, com uma aparência frágil. No segundo encontramos um Jorge forte e
robusto, grande e “completo”, pois desenha o corpo todo.
O desenho da família passa de quatro elementos para três no segundo
momento, mas o nível de investimento no segundo momento é maior. Se olharmos
para os dois desenhos percebemos que o primeiro desenho foi feito com alguma
rapidez e sem preocupação pelo pormenor, enquanto, no segundo vemos um desenho
cuidado e pormenorizado. O Jorge teve mesmo o cuidado de colocar uma flor no
vestido da filha para enfeitar, afirmou o Jorge, e comentou também que eles eram
todos azuis porque era uma família de monstros do planeta azul, mas eram monstros
bons.
Estes desenhos analisados mostraram-nos um Jorge com vontade de se afirmar
intelectualmente, mas os desenhos mostram também uma criança que procura
defender-se tanto do seu mundo interno como do seu mundo externo, talvez seja
daqui que vem a impulsividade característica do Jorge, mas encontramos uma
pequena mudança no segundo momento. O Jorge, para além da sua vontade de se
afirmar e a sua necessidade de se defender do seu mundo, procurou adaptar-se ao
meio que o envolve, talvez esta adaptação tenha permitido que os níveis de
hiperatividade descessem.
Os desenhos do Bernardo são bastante idênticos entre si, sem contar com o
desenho livre, que foi para ele o mais difícil de fazer. Ele dizia que não sabia o que
fazer e que não fazia o desenho se não lhe disséssemos o que deveria desenhar,
apesar desta dificuldade apresenta um primeiro desenho livre bastante elaborado,
montes verdes, uma casa, uma árvore, um sol grande e radioso, e para finalizar uma
flor. No segundo desenho livre começou por copiar um desenho que trazia com ele,
mas mal começou a ter dificuldade na cópia desistiu e disse que estava bem assim.
83
O autorretrato e o desenho da família estão idênticos ao nível da elaboração,
ambos os desenhos foram mais investidos no segundo momento, onde vemos um
autorretrato mais alegre e com preocupação de não faltar nada, assim como no
desenho da família que é todo mais alegre, as figuras são maiores com que a mostrar
a importância que para ele a família têm.
Após uma análise cuidada dos desenhos encontramos exatamente o que
constatamos nas conversas com ele, encontramos uma criança “fechada” no seu
mundo, egocêntrica, numa tentativa de se defender da pressão que o meio exerce
sobre ele, isto tudo resulta numa insegurança no contacto social. Começa a adaptarse ao meio, mas não enfrenta os seus problemas, prefere contorna-los, talvez devido
ao medo de relação com o outro, ou seja, a sua insegurança mantêm-se.
São duas crianças bastante diferentes, logo, os seus protocolos teriam de ser
igualmente diferentes. Vamos encontrar no protocolo do Rorschach do Bernardo uma
criança introvertida e fechada no seu mundo, talvez devido ao facto de não ter a
presença do pai. A mãe separou-se do pai do Bernardo quando ele tinha quatro anos
de idade. A mãe afirma que ele superou bem a separação e continua a ver o pai
regularmente, mas não é uma presença constante. Talvez este facto explique a
introversão do Bernardo, uma vez que a maior parte dos colegas tem o pai e mãe
sempre com eles, e isso pode levá-lo a sentir-se inferior aos outros; o Jorge, uma
criança que exterioriza as suas emoções, apresenta no seu protocolo de Rorschach
um resultado de coartada. “O que me custa mais fazer é comer e dormir.” - afirma o
Jorge, e a mãe também comentou o mesmo facto, dizendo que tem muita dificuldade
na alimentação do Jorge uma vez que ele se recusa a comer já desde muito bebé.
“Era um martírio dar-lhe de comer quando era bebé, e agora não é diferente. Por
vezes recusasse mesmo a comer” comenta a mãe. Como podemos ver o verdadeiro
impedimento do Jorge está na alimentação, e segundo ele também no dormir, pois
tem medo de não acordar.
Apesar disto, tanto o Bernardo como o Jorge apresentam resultados bons, no
protocolo de Rorschach, sem referência a nenhuma patologia específica.
84
Quando focamos a nossa atenção para o Kenpo verificamos que as duas
crianças têm um gosto idêntico pela arte. O Bernardo não se lembra de alguma vez
ter tido um castigo por não respeitar as regras, já o Jorge esteve para desistir porque
estava sempre de castigo. Mas acabou por continuar a treinar porque a mãe não
permitiu que ele desistisse. Ambos gostam muito de treinar e o Bernardo comentou o
facto de o Mestre ser justo para com os colegas. Defendendo que era necessário
cumprir as regras, e quem não as cumprisse tinha que ser castigado, porque senão
toda a gente fazia o que queria, e isso não podia ser, segundo o Bernardo.
Com toda esta informação podemos ver que existe um suporte para estas duas
crianças, quer por parte da família, quer delas próprias para conseguirem conquistar
o que procuram.
85
Conclusão
Tendo em conta as limitações encontradas neste trabalho e, de acordo com a
análise da subescala C (hiperatividade) da Escala de Conners para Professores e para
Pais, podemos afirmar que a prática de uma arte marcial possibilita, uma descida
significativa dos níveis de hiperatividade.
No caso do Bernardo e do Jorge, através da análise da subescala C
(hiperatividade) da Escala de Conners, podemos constatar que os níveis de
hiperatividade desceram, talvez as circunstâncias em que se encontravam tenham
permitido essa descida. Ou seja, o facto de terem famílias que os apoiavam e de se
preocuparem em adaptar-se à realidade onde estão inseridos pode ter contribuído
para que as premissas que o Jinha kenpo defende (caracter; sensibilidade; esforço;
etiqueta; autocontrolo) tenham surtido efeito sobre o comportamento das crianças
para com os outros, e também para com elas próprias.
Já no caso do Pedro, segundo a subescala C (hiperatividade) da Escala de
Conners, os níveis de hiperatividade subiram do primeiro momento para o segundo
momento. Tudo isto pode estar relacionado com a presença de fatores (como um
irmão toxicodependente e uma falta de investimento do Pedro na sua adaptação à
realidade) que podem ter contribuído para que os ideais do Jinha Kenpo (caracter;
sensibilidade; esforço; etiqueta; autocontrolo) não tenham produzido os efeitos
desejados.
De certo modo os resultados encontrados vêm mostrar que existem novas
possibilidades no universo da hiperatividade que devem ser exploradas e entendidas,
para podermos perceber se podem ser tornadas como tratamentos “estandardizados”,
devido ao treino intensivo, tarefas de autocontrolo, exercícios de memorização.
Relembrando a questão que foi posta no início deste trabalho: será que a
prática de Kenpo (Jinha Kenpo) pode ser encarada como uma terapia ou tratamento
para crianças consideradas hiperativas?
86
Este trabalho permite responder a esta questão afirmativamente pois os
resultados que obtivemos assim o indicam, a prática de Jinha Kenpo ajudou à descida
dos níveis de hiperatividade. No entanto são estudos como este que dão os primeiros
empurrões para trabalhos mais complexos à cerca deste mesmo assunto.
O universo da hiperatividade ainda está por descobrir permitindo aos
profissionais um leque alargado de trabalho ao qual se podem dedicar. Através de um
trabalho mais longo podemos encontrar um caminho viável para ajudar estas
crianças, vamos empenhar esforços para encontrar esse caminho.
87
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Federação Portuguesa de Defesa Pessoal Jinha Kenpo www.jinhakenpo.com
90
ANEXOS
91
RELATÓRIO DE UM TREINO DE JINHA KENPO
Data: 2012
Local: INATEL - Viseu
N° de atletas: 11 - dos quais 4 são do sexo feminino
Objetivo: Preparação Física (resistência)
21:00 Saudação ao Mestre e a todos os praticantes
a. Ativação funcional
- Corrida;
- Simultaneamente à corrida, aquecer as articulações dos ombros e dos braços;
Exercícios:
a. Braços à frente e puxar para trás;
b. Rodar a cintura para cima;
c. Correr de lado e virar;
d. Correr ao comando da voz do Mestre, e passar a mão pelo chão;
e. Correr duas voltas ao Dojo.
21:20
b. Ativação funcional no mesmo sítio
Exercícios:
1. Pernas (sempre a saltitar)
2. Braços;
3. Polichinelo
92
4. Elevação das pernas atrás
5. Elevação das pernas à frente.
6. Pés - de bicos de pé desce e passa para calcanhar.
7. Agachamentos
8.
No chão - fazer abdominais ao mesmo tempo que flete as pernas
9. Flexões (2 séries)
21:30
d. Treinar combates
 As pernas devem estar sempre fletidas;
 Os braços devem estar sempre a proteger a zona superior do corpo.
21:36
e. Troca de parceiros
21:39
f. Nova troca de parceiros
21:43
g. Segundo as indicações do Mestre, Correr à volta do Dojo.
Exercícios:

Agachamentos e toma a correr;

Segundo esta ordem realizar agachamento, abdominal e flexão;

Saltitar (com pernas um pouco afastadas);
93

Correr;

Saltar (sempre em posição de combate).
O Mestre tenta incentivar os participantes, para que façam estes exercícios sem
parar e com velocidade.
21:48
h. Combate
21:51
Exercícios:
1. Sem descanso subir e descer em bancos suecos;
2. Efetuar abdominais com os pés por cima dos bancos suecos.
i. Tirar as luvas e caneleiras
 Realizar flexões com os antebraços seguros ao banco sueco, e, sem tocar com
os glúteos no chão;
 Efetuar flexões com pés por cima dos bancos suecos.
21:54
Descanso
21:55
Virados para o espaldar, elevar ambas as pernas no espaldar em suspensão.
21:57

Dois a dois colocar na seguinte posição: uma perna à frente e outra atrás, sem
mover as pernas - empurrar o parceiro.
94

O praticante de trás puxa para trás (este tenta estar com as costas mais direitas
possíveis.
21:59 Descanso
22:01 Todos os praticantes posicionam-se ao fundo do Dojo:
- Realizar sprint até ao centro (3 repetições)
j. Relaxamento através da Respiração segundo o Mestre
Após estes exercícios, os praticantes alinham consoante as suas graduações e
fazem a Saudação.
O Mestre durante o treino está sempre atento, não parando de dar indicações,
como, "força", respirar corretamente, etc.
O Mestre tem uma participação sempre ativa, em que a sua voz "reina"
imperativamente.
No fim do treino, o Mestre costuma dar outras indicações, neste caso,
recomendou aos praticantes para trazer um pacotinho de açúcar para a eventualidade
de uma quebra de tensão.
95
RELATÓRIO DE OUTRO DIA DE TREINO DE JINHA KENPO
Data: 2013
Horário: 19:00 – 20:00
Dojo: Inatel- Viseu
Objetivos: Aprendizagem de Técnicas de Combate e preparação física
Inicio:

Saudação.

Ativação Funcional geral e específica a nível das articulações dos membros
superiores.
Parte principal:

Em fila de dois a dois praticantes realizar:

Socos frontais do lado esquerdo; direito e cruzado;

Combinações de socos circulares, frontais e "ganchos";

Combate, colocando em prática as técnicas dos membros superiores;

Corrida a um ritmo lento durante poucos minutos;

Ao som do treinador efetuar: uma flexão, um abdominal e um agachamento;

Continuar a correr e ao próximo som, efetuar duas flexões, dois abdominais e
dois agachamentos; até chegar ao número dez.
Finalização:
- Realização de exercícios de flexibilidade.
- Alinhamento de todos os atletas e saudação final
96
Exercícios de Flexibilidade utilizados no Treino de Jinha Kenpo
Encaminhar Lunges
Ajoelhar-se na perna esquerda,
colocando a perna direita à frente em
um ângulo reto.
Lunge frente,
mantendo as costas retas.
O
estiramento deve ser sentido na
virilha esquerda.
Manter a posição por cinco
segundos.
Repetir de três a seis vezes.
Repetir com a outra perna.
Side Lunges
Em pé, dobrando o joelho esquerdo
enquanto se inclina para a esquerda.
Manter as costas retas e a perna
direita em linha reta.
Manter a posição cinco segundos.
Repita de três a seis vezes.
Repetir com a outra perna.
Cross-Over
Em pé com as pernas cruzadas,
mantendo os pés juntos e as pernas
retas. Tente tocar os dedos dos pés.
Manter a posição por cinco
segundos.
Repetir de três a seis vezes.
Repetir com a outra perna.
Estar estiramento Quad
Fique apoiado pelo segurando em
uma parede ou cadeira. Puxe o pé
para trás, para as nádegas. Tente
manter os joelhos juntos.
Mantenha
a
posição
cinco
segundos.
Repita de três a seis vezes.
Assento pernalta Lotus
Sente-se, colocando a planta dos
pés juntos e solte os joelhos em
direção ao chão.
Colocar os
antebraços no interior dos joelhos e
empurrar os joelhos em relação ao
chão. Inclinar para a frente a partir
dos quadris.
Manter a posição cinco segundos.
Repetir de três a seis vezes.
97
Assento pernalta Side
Sente-se com as pernas abertas,
colocando as duas mãos na mesma
perna ou no tornozelo. Traga o
queixo em direção ao joelho,
mantendo a perna reta.
Mantenha
a
posição
cinco
segundos.
Repetir de três a seis vezes.
Repetir o exercício com a outra
perna.
Trecho assento
Sente-se com as pernas juntas, pés
flexionados e as mãos sobre as
pernas e tornozelos. Traga o queixo
em direção aos joelhos.
Mantenha
a
posição
cinco
segundos.
Repetir de três a seis vezes.
Os joelhos ao peito
Deitar-se de costas com os joelhos
dobrados.
Segure os topos dos
joelhos e trazê-los para fora em
direção às axilas, balançando
suavemente.
Mantenha
a
posição
cinco
segundos.
Repita de três a cinco vezes.
98
Características dos Cartões de Rorschach
99
100
101
102
103

N° respostas: 15 a 30 normal; >30: obsessividade; <10: paranoia,
resistência à técnica

Tempo de reação (tempo entre a entrega do cartão e a primeira resposta):
10 a 25s normal; < 10s ansiedade situacional elevada; >25s depressão
situacional elevada

Tempo médio por cartão: 25 a 40s normal; <25 ansiedade situacional
elevada; >60 depressividade, bloqueamento
104
Respostas
105
ESCALA DE CONNERS PARA PAIS – VERSÃO REVISTA
(FORMA COMPLETA)
FOLHA DE COTAÇÃO
(Keith Conners, PhD. - 1997)
Tradução e Adaptação de Ana Nascimento Rodrigues - Departamento de Educação
Especial e Reabilitação da Faculdade de Motricidade Humana
Lisboa em Janeiro de 2000
Nome:
Sexo
Data de Nascimento:
Idade:
F
M
Ano Escolaridade:
Nome do professor:
Data de preenchimento:
Observações:
Código:
Para cada item, transfira o número rodeado com um círculo, para cada uma das caixas brancas presente em cada
linha. Some cada coluna e escreva os totais nas caixas designadas para o efeito que se encontram no final da
página.
CAIXA BRANCA
38
3
2
1
0
39
3
2
1
0
40
3
2
1
0
41
3
2
1
0
42
3
2
1
0
43
3
2
1
0
44
3
2
1
0
45
3
2
1
0
46
3
2
1
0
47
3
2
1
0
48
3
2
1
0
49
3
2
1
0
50
3
2
1
0
51
3
2
1
0
52
3
2
1
0
53
3
2
1
0
54
3
2
1
0
55
3
2
1
0
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
M
N














106
CAIXA PONTEADA
0
1
2
3
1
0
1
2
3
2
0
1
2
3
3
0
1
2
3
4
0
1
2
3
5
0
1
2
3
6
0
1
2
3
7
0
1
2
3
8


0
1
2
3
9


0
1
2
3
10
0
1
2
3
11
0
1
2
3
12
56
3
2
1
0
57
3
2
1
0
58
3
2
1
0
59
3
2
1
0
60
3
2
1
0
61
3
2
1
0
62
3
2
1
0
63
3
2
1
0
64
3
2
1
0
65
3
2
1
0
66
3
2
1
0
67
3
2
1
0
68
3
2
1
0
69
3
2
1
0
70
3
2
1
0









3
2
1
0
72
3
2
1
0
73
3
2
1
0
74
3
2
1
0
75
3
2
1
0
76
3
2
1
0
77
3
2
1
0
78
3
2
1
0
79
3
2
1
0
80
3
2
1
0











71





1
2
3
13
0
1
2
3
14
0
1
2
3
15
0
1
2
3
16
0
1
2
3
17
0
1
2
3
18
0
1
2
3
19
0
1
2
3
20
0
1
2
3
21
0
1
2
3
22
0
1
2
3
23
0
1
2
3
24
0
1
2
3
25
0
1
2
3
26
0
1
2
3
27
0
1
2
3
28


0
1
2
3
29


0
1
2
3
30
0
1
2
3
31
0
1
2
3
32
0
1
2
3
33
0
1
2
3
34
0
1
2
3
35
0
1
2
3
36
0
1
2
3
37







0

TOTAIS
A
B
C
D
E
F
G
107
H
I
J
K
L
M
N
Download

Isabel Maria Cabral Ferreira Soares Formas de intervenção das