Navegadores na escola: identidade cultural em tempos de
internetês
Fernanda Santos de Castro
A língua é viva, dinâmica. Considerando essa afirmação, investigou-se a
transformação que a escrita da língua portuguesa está sofrendo devido às
novas formas com que os estudantes relacionam-se com ela, a partir do
contato com o ciberespaço, cada vez mais disseminado. Na presente
pesquisa, a identidade cultural de estudantes usuários da internet, bem
como a investigação da ocorrência da linguagem da internet (internetês) na
escrita de textos escolares foram os itens analisados. O material coletado,
obtido no primeiro semestre de 2005, consta de trabalhos escolares
realizados por alunos do Ensino Médio que envolviam quaisquer textos
escritos por eles que apresentassem a linguagem da internet e que
circularam dentro da escola, independentemente do interlocutor, e
conversas gravadas entre professora e alunos através do Messenger
(programa de computador que possibilita a comunicação instantânea). Em
2006, foi realizada outra coleta de dados para ampliar a discussão sobre a
identidade cultural de estudantes usuários da internet: realizaram-se
entrevistas com adolescentes sobre seu contato com o ciberespaço,
abordando tópicos relacionados ao uso de nickname, internetês, orkut. A
análise desse material empírico objetivou discutir quem são os sujeitos que
(e onde) utilizam essa linguagem, por que o fazem e com quem se
relacionam. Tais análises aproximam a pesquisa das discussões realizadas
no campo dos Estudos Culturais em Educação. Para tanto, estudiosos como
Augé (1994); Bauman (2005); Candau (2001), Chartier (1999); Frago
(2002); Hall (2005); Harvey (2004); Lévy (1999); Maffesoli (1987, 1995);
Manguel (2004); Marcuschi (2004); Sarlo (2004) subsidiaram o
embasamento teórico, privilegiando os três focos da pesquisa: identidade
cultural, língua portuguesa e internet. A convivência dos adolescentes com
o meio eletrônico e os depoimentos obtidos através da entrevista apontam
para um redimensionamento no que diz respeito à aceitação das várias
formas de utilização da língua escrita em determinados contextos e
situações. Surge uma nova "gíria" na escrita, que não interfere, entretanto,
no uso da língua padrão em situações em que essa forma é exigida.
Palavras-chave:
Corpo e Sexualidade, Estudos Culturais, pessoa com deficiência.
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