“EM BUSCA DE UM FUTURO SUSTENTÁVEL: Os Negócios no século XXI” AUTOR Professora Patrícia Kranz Introdução O mundo vive uma situação crítica neste final de milênio com o aprofundamento das desigualdades Norte-Sul, o aumento do desemprego – mesmo nos países ditos desenvolvidos – e a fome, agravada pelas guerras tribais e religiosas nas regiões mais miseráveis do Planeta. Em tempos de Internet e globalização, temos hoje no mundo cerca de 1,4 bilhões de pessoas com renda menor que U$ 1,00 dia. A civ ilização ocidental já não consegue fingir que não vê as hordas de miseráveis vagando entre o Zaire e Ruanda, sem lugar para viver, varridas para baixo do tapete do mundo. O que está em questão, é qual o futuro que queremos construir e a quem ele pertence. Ou seja, qual o modelo de desenvolvimento que queremos. É aí que as questões econômicas se encontram com as questões sociais e as do meio ambiente. E elas estão próximas como nunca estiveram. Não é possível fazer qualquer projeção de futuro para a humanid ade sem colocar nesta equação o meio ambiente, ou melhor, a construção de uma relação adequada entre o homem e a natureza que o cerca, com essa magnífica constelação de formas de vida, que não pode ser vista somente como “recursos naturais”. O verdadeiro objetivo do desenvolvimento é melhorar a qualidade de vida humana. Ser um processo que permita aos seres humanos realizarem seu potencial plenamente e levar vidas dignas e satisfatórias. O crescimento econômico é uma parte importante do desenvolvimento, ma s não pode ser um objetivo em si mesmo, nem pode continuar indefinidamente. Apesar de haver divergências de opinião sobre os objetivos do desenvolvimento, alguns deles são praticamente universais. Como, por exemplo, uma vida longa e saudável; educação; acesso aos recursos necessários para um padrão de vida decente; liberdade política; garantia dos direitos humanos e proteção contra à violência. O desenvolvimento só é real se torna nossas vidas melhores. As Empresas do Futuro O movimento em direção ao desenvolvimento sustentável vem acontecendo nos últimos vinte anos e, à medida que nos aproximamos do milênio, chegou a hora das empresas começarem a se preparar para um futuro sustentável. Elas precisam ser proativas e ajudar a liderar o movimento, ou se arriscam a serem engolidas por um ambiente empresarial reativo, altamente regulado e adverso. Todos os dias, negócios de qualquer tamanho, enfrentam diversos riscos diretos e indiretos que podem impactar sua viabilidade futura. Estes riscos precisam ser administrados se a empresa quiser continuar suas atividades com lucro. Quando consideramos os riscos ambientais, é logo aparente que eles não são novos. A novidade é o desejo dos governos, e de muitos na sociedade, de ver estes riscos administrados apropriadamente por aqueles responsáveis por eles. Saber da existência de riscos é uma coisa, a motivação para introduzir sistemas de gerenciamento de riscos é outra. Especialmente quando as vantagens, e o retorno que podem proporcionar a curto prazo, os fazem parecer pouco importantes, ou até mesmo uma ameaça ao desempenho imediato. Está na hora dos negócios tomarem a dianteira. A mudança operada pela empresas é menos dolorosa, mais eficiente e mais barata para os consumidores, para os governos e para os próprios negócios. Assumindo as suas responsabilidades, os negócios serão capazes de encontrar um caminho razoável e apropriado para o desenvolvimento sustentável. A objeção a “ fazer a coisa certa” apresentada pela maioria das empresa é: “ isso nos colocaria fora do negócio” . E estão certas - - se a economia continuar estruturada como está. O que os negócios estão fazendo hoje em dia não é sustentável. E a sustentabilidade tem um custo. Quando pensamos mais profundamente sobre como fazer um mundo melhor, todas as opções levam a uma conclusão básica: a maioria de nossas atividades não é sustentável. Apesar dos esforços de conservação, reciclagem, e outras formas responsáveis de fazer negócios, o resultado final fica longe da sustentabilidade. Na nossa dinâmica de mercado e utilização de recursos atuais, nós estamos, por definição, nos suicidando. Como o único cenário viável para um futuro global desejável envolve alguma forma de desenvolvimento sustentável, parece inevitável que os negócios terão que ou ajudar a liderar a mudança para a sustentabilidade, ou ser forçados a segui-la. A pergunta é se os negócios serão líderes ou seguidores, e quando esta mudança ocorrerá. Nossa transição global para a sustentabilidade deverá ser fundamental e profunda e, sem dúvida, um pouco penosa. Quanto mais cedo agirmos, menos vai doer. Se começarmos a agir agora. O que É Sustentabilidade ? Antes de começar a discutir a relação entre as empresas e o conceito de sustentabilidade, precisamos definir o termo. Apesar de já terem se passado vinte anos desde que o termo desenvolvimento sustentável foi criado, ainda não há uma definição aceita por todos. O termo “ sustentabilidade” pode ser discutido em mais detalhes, mas podemos intuir o que dizer. O autor e empresário Paul Hawken descreve a sustentabilidade em seu livro, A Ecologia do Comércio, como: “ Estado econômico aonde as demandas sobre o meio ambiente por parte das pessoas e do comércio podem ser atendidas sem que se reduza a capacidade do meio ambiente de prover as futuras gerações. Também pode ser descrita nos termos simples da regra de ouro da economia restaurativa. Deixe o mundo melhor do que você o encontrou, não tire mais do que precisa, tente não prejudicar a vida ou o meio ambiente e, se o fizer, conserte.” A Necessidade do Desenvolvimento Sustentável A Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, em 1992, foi um marco na evolução da sustentabilidade. Nunca tantos chefes de Estado estiveram reunidos. O produto deste encontro, a Agenda 21, provê um plano para lidar com os problemas econômicos e ambientais deste final de século. Este documento baseia -se na premissa de que o desenvolvimento sustentável não é apenas possível, mas não é uma questão de escolha. A Agenda 21 explica que população, consumo e tecnologia são as principais fo rças que regem a mudança ambiental. Ela descreve o que precisa ser feito para reduzir o desperdício e mudar os padrões de consumo. Oferece políticas e programas para que se alcance um equilíbrio sustentável entre consumo, população e a capacidade da Terra de suportar a vida. Ela descreve algumas técnicas e tecnologias que precisam ser desenvolvidas para atender às necessidades humanas, enquanto se maneja cuidadosamente os recursos naturais. A Agenda 21 provê opções para combater a degradação da terra, do ar e da água, conservar as florestas e a diversidade das espécies de vida. Ela fala da pobreza e do consumo excessivo, de saúde e educação, de cidades e fazendas. Há um papel para cada um: governos, empresários, sindicatos, cientistas, professores, povos indígenas, mulheres jovens e crianças. A Agenda 21 diz que o desenvolvimento sustentável é o caminho para reverter tanto a pobreza quanto a destruição do meio ambiente. E deixa claro que as respostas só vão aparecer se nós construirmos uma visão comum do mundo para todos os grupos da sociedade – negócios, governo, organizações ambientalistas, e os cidadãos em geral. Este tipo de visão só pode aparecer a partir do diálogo e da parceria. A Capacidade de Suporte a Terra Na verdade, é tudo muito simples: os recursos da Terra estão acabando e nosso números continuam a explodir. Já estamos excedendo a “capacidade de suporte” do planeta e mais crescimento só continuará a destruir nossa anfitriã – a Terra. Hawken define capacidade de suporte como “o nível máximo que uma espécie ou população pode ser sustentada de forma constante e contínua pelos recursos” do planeta. Nossos recursos globais de água e comida já estão no limite em algumas áreas do mundo e diminuindo em outras. Como será o nosso mundo com o dobro de pessoas do que em hoje, a apenas 54 anos a partir de agora? Durante décadas, cientistas previram conflitos por recursos, mas apenas recentemente começaram a comprovar esta predição. O aumento da violência entre países e populações no mundo todo aumentou e, direta ou indiretamente, estes conflitos são por recursos naturais: terra, água, comida, árvores, minerais. Nosso uso insustentável de recursos, e nossa contínua acumulação de lixo, mostram a falha básica de nosso sistema: ele opera em linha reta. Da extração das matérias-primas; através de processos de produção desperdiçadores, e que produzem subprodutos tóxicos; a produtos de utilidade limitada e, finalmente, fabricação e uso de produtos é uma rua de mão única. A não ser que se esteja falando de um sistema no qual a disponibilidade de recursos e a capacidade de absorção de rejeitos seja ilimitada; produzir, consumir e dispensar bens desta forma linear obviamente não é sustentável. Em vez de uma demanda infinita por recursos virgens, e da luta para encontrar um lugar aonde enterrá-los, quando virarem lixo, precisamos organizar nossas atividades de forma que, para começar, haja pouco lixo. Nossas Contas a Pagar Não há um consenso sobre os efeitos das atividades humanas sobre o meio ambiente. Enquanto não recebermos as contas de nossas atividades, fica fácil negarmos até que existem contas a pagar. Em julho de 1996, o New York Times publicou um editorial criticando os esforços internos de reciclagem como a “atividade mais inútil da América moderna,” argumentando que, por razões de custo, a única coisa sensata a fazer é continuar a encher mais e mais aterros sanitários. A possibilidade de muitas pessoas concordarem (provavelmente não aqueles que vivem perto dos enormes aterros, nos quais o editorial propõe que se enterre o lixo, bem longe da cidade de New York), aponta para o X do problema: é mais barato continuar a queimar recursos virgens e a enterrar o lixo. Muitas pessoas continuam acreditando que a tecnologia e a criatividade humana encontrarão novas maneiras de estender nosso consumo além de nossas “receitas “ de hoje sem “falirmos”. Mas este raciocínio se revela falso quando nós invertemos seu enunciado: se pudermos continuar a encontrar novas maneiras de “pedir emprestado” ao futuro, nunca teremos que pagar a conta. A única razão pela qual podemos continuar com esse truque do empréstimo infinito é que os produtos que consumimos hoje não refletem seu custo ecológico real. Apesar de continuarmos a produzir quantidades enormes de comida, olhando bem, vemos que isto não continuará por muito tempo. O excesso de pesticidas e herbicidas, irrigação imprópria, práticas cada vez menos sustentáveis e superprodução, reduziram enormemente a camada superior do solo e a capacidade de produção das terras. Hoje, estamos jogando três a quatro vezes mais carbono na atmosfera, anualmente, do que seria causado por eventos naturais. E estamos causando mudanças atmosféricas com uma rapidez nunca vista antes. Os efeitos potenciais do aquecimento global são extremos: o aume nto de apenas alguns graus pode produzir enchentes, destruir florestas, extinguir espécies e destruir ecossistemas inteiros. De todas as nossas dívidas ambientais, uma não podemos pagar: a extinção. Estima -se que que existem aproximadamente de 4 a 5 milhões de espécies no planeta, das quais só catalogamos 20% ou menos. Sejam quais forem os segredos que estas espécies guardam, estamos perdendo nossa última chance de descobri-los com rapidez extraordinária. O Lucro É Meu, o Prejuízo É Nosso A tragédia do “bem público” é que quanto menos direta é a propriedade sobre um recurso, mais ele será explorado e menos será cuidado. Quando a extração de recursos, sem compensações ambientais, é premiada, o ônus da recuperação, é deixado para o Estado. E, normalmente, se torna mais um exercício de mitigar os estragos de um ambiente degradado, do que realmente recuperá-lo. O resultado está na terra e no ar: Queimadas, minas a céu aberto, lixo tóxico. Usinas nucleares que ninguém quer pagar para fechar, e lixo nuclear que ninguém tem a menor idéia de como estocar com segurança, pelo tempo necessário. Coisas que ninguém em sã consciência desejaria que acontecessem em sua terra. E é na nossa terra que estas coisas estão acontecendo. È na nossa terra que estas toxinas estão se acumulando – no ar que respiramos, na água que bebemos. Uma Nova Economia A influência do mercado nos negócios humanos sem dúvida é muito maior do que a de qualquer partido político ou código de ética. Segundo o Institute for Policy Studies, em Washington, o poder econômico das maiores corporações do mundo se tornou maior do que o dos países aonde elas operam. Na verdade, mais da metade das 100 maiores economias do mundo são corporações, não países. E as 200 maiores economias, que controlam 28% da economia mundial, empregam menos de 1/3 dos trabalhadores do mundo. Mas a solução real não passa por argumentos políticos e transcende as objeções do mercado: uma nova economia que institua o pagamentos dos custos totais. Isto vai à raiz do problema. O incentivo para oferecer um produto de preço competitivo trabalhará a favor da sustentabilidade, e não contra, porque o produto de menor custo será também o produto produzido de forma mais sustentável. Para funcionar, qualquer plano para a sustentabilidade deve levar em conta nossa inclinação natural de buscar o melhor preço, e a dos negócios que lucrarem. Apenas pedir às pessoas que paguem mais por produtos sustentáveis, enquanto existirem alternativas mais baratas de qualidade parecida, nunca vai funcionar. Os defensores do status que argumentarão que a integração dos custos ameaçará o crescimento, aumentará os preços e exigirá nova legislação. Isto é verdadeiro em parte – os preços dos bens devem ser maiores, se os produtos refletirem seus verdadeiro custo. Mas precisamos reconhecer que já estamos pagando os custos – na moeda de custos para a saúde, programas de limpeza de áreas poluídas, escassez de recursos devida à degradação ambiental, e, finalmente, menor rendimento. Quando estes fardos forem substituídos por uma produtividade sadia e sustentável, estaremos com nossa contabilidade mais em dia. É claro que seria impossível simplesmente pisar no freio de nossa economia atual. Os mercados enlouqueceriam e a depressão econômica (ou coisa pior) seria inevitável. Precisamos fazer esta transição dentro de um período de tempo apropriado, passando de uma economia em crescimento, para o que Hawken chama de uma economia em desenvolvimento: “Uma economia em crescimento está ficando maior, uma economia em desenvolvimento está ficando melhor”. Precisamos de um ambiente de negócios no qual as empresas possam prosperar indo além dos regulamentos padrão, ao invés de lutar contra eles. No qual os esforços para fazer a coisa certa tenham um impacto positivo sobre os lucros. No qual os atos de destruição ambiental sejam proibitivamente caros e a recuperação ambiental traga prosperidade. O Âmago da Questão O resumo disto tudo são estas coisas intangíveis chamadas de visão e vontade. Foi a visão do domínio do Homem sobre a Terra que nos levou a este caminho de consumo linear. Nossa vontade mudou a face do planeta. E se vamos encontrar a nossa salvação ecológica, só uma nova visão e uma vontade renovada a obterão. Precisamos vislumbrar uma economia cíclica e restauradora, aonde os produtos sejam planejados para serem reabsorvidos pelo ciclo; na qual os produtores pensem em seus produtos do berço ao berço, e não do berço ao túmulo. A vontade para construir este cenário deve estar fundada num senso profundo e intuitivo de responsabilidade. Princípios dos Empreendimentos Sustentáveis Hawken oferece esta lista de princípios para empreendimentos sustentáveis. Na maioria das vezes, no entanto, declarar uma lista de princípios é aonde o processo pára nas empresas. O grande desafio é converter estes princípios em prática.] Empreendimentos sustentáveis: • • • • • • Substituem itens produzidos nacional ou internacionalmente por produtos criados local e regionalmente Assumem responsabilidade pelos seus efeitos no mundo natural Não exigem fontes exóticas de capital para se desenvolver e crescer Empenham-se em processos de produção humanos, dignos, e intrinsecamente satisfatórios Criam objetos duráveis e de utilidade a longo prazo, cujo uso ou disposição final não prejudicará as futuras gerações Transforma seus consumidores em clientes através da educação. Uma Nova Visão do Futuro Nenhuma tribo indígena tomaria as decisões de larga escala, que tomamos no mercado todos os dias, sem primeiro considerar o efeito que esta decisão teria sobre dez gerações de seus descendentes. Se puder imaginar dez gerações seguindo-se a você neste mundo, o que gostaria de deixar para elas ? Nada disso requer um grande salto de imaginação. É tão simples quanto lembrar o sonho que nos motiva, o sonho de nosso descendentes, o sonho de um mundo belo, no qual nos percebemos como irmãos de todos os outros habitantes do planeta. Como disse Jerry Kohlberg: “A nossa volta vemos uma quebra dos valores dos negócios e nos governos...Não é apenas a ambição arrogante de denominação que está em toda parte da vida empresarial. É o fato de não querermos nos sacrificar pela ética e valores que professamos. Mas uma ética não é uma ética, e um valor não é um valor, sem algum sacrifício, sem desistir de algo. Nós o fazemos em troca de um bem maior, por alguma coisa que vale mais do que apenas dinheiro, poder e posição”. Ele tem razão. Nós o fazemos para garantir nosso futuro. Uma Estratégia Corporativa para um Futuro Sustentável Os conceitos subjacentes ao desenvolvimento sustentável devem assumir importância crescente nos próximos anos. As alternativas ou são idealistas, ou moral e socialmente inaceitáveis. Simplesmente, não podemos contar com a tecnologia para resolver problemas sistêmicos que estão evoluindo. Os únicos futuros atraentes e possíveis à nossa disposição requerem uma redução do consumo de recursos. Seja qual for a questão; população, poluição, biodiversidade, petróleo, água, comida, ou os direitos dos moradores da ilha de Fiji; podemos antecipar controvérsias. A mudança para o desenvolvimento sustentável tornará estas questões ainda mais inflamáveis do que já são. As empresas serão pressionadas a saber quais questões são importantes e como lidar com elas. O desenvolvimento sustentável fará o mundo mudar ainda mais rápido e em direções desconhecidas. Ao buscar uma estratégia para lidar com as incertezas trazidas pela chegada do desenvolvimento sustentável, parece evidente que as chaves são a flexibilidade e a antecipação. Para sobreviver ao tumulto da transição é preciso estar preparado para o futuro. Apesar de não haver um caminho garantido para o sucesso, existem algumas ações que podem prover a flexibilidade e as informações necessárias para facilitar a sobrevivência. Cada indústria tem suas próprias peculiaridades. Mas podemos afirmar que a conservação de recursos será importante. Podemos esperar uma ênfase crescente na qualidade, durabilidade, possibilidade de reparo e vida útil. Produtos descartáveis podem ser taxados ou desencorajados de alguma outra forma. Como um primeiro passo, as empresas devem continuar reduzindo a poluição e buscando formas de economizar energia de forma eficiente. Reduzir a poluição, melhorar os efluentes, reduzir o lixo, reduzir o uso de matérias-primas e reciclar e conservar energia, devem continuar sendo importantes. Mas não serão o suficiente para impedir a regulamentação. As empresas devem se preparar para pagar preços mais altos por energia e recursos. Como segundo passo, devem considerar revisões apropriadas em seus estatutos e objetivos, que reflitam um mundo em busca da sustentabilidade, e tomar uma posição proativa. Envolver-se com o movimento pró-sustentabilidade. Ajudar a criar o futuro. Ajudar sua comunidade a entender as implicações da sustentabiliade. Identificando Tendências Com o desenvolvimento sustentável redesenhando a paisagem competitiva e provendo oportunidades e desafios desconhecidos , o papel da identificação de tendências será cada vez mais importante. Cada funcionário deve sentir que um de seus papéis é servir como os olhos e ouvidos da empresa. Compartilhar a informação coletada será importante para identificar as tendências que afetarão o futuro da empresa. Reconhecer padrões em sistemas complexos geralmente é mais fácil usando o raciocínio sistêmico aos negócios provê novos insights e oportunidades. Os administradores devem buscar desenvolver seu raciocínio sistêmico para aumentar sua habilidade para reconhecer tendências emergentes. O uso de cenários no planejamento provê outra ferramenta para melhorar a administração em um ambiente incerto. Através da construção de cenários, os administradores podem visualizar conjunto de tendências e indicadores. E podem identificar futuras oportunidades e desafios, facilitando o reconhecimento precoce e reações informadas ao invés de surpresas posteriores. Já existe uma tendência, pequena porém crescente, de companhias que selecionam cuidadosamente seus fornecedores de acordo com suas políticas e filosofia corporativa, especialmente se o público assim o exigir. Assim como Herman Miller, que se comprometeu a só comprar madeira produzida de forma sustentável para a produção de sua mobília, outras cadeias de empresas orientadas para a sustentabilidade deverão surgir. Não seria surpreendente se um símbolo para produtos produzidos de forma sustentável se tornar uma marca, como aquelas existentes para algodão e lã. A incerteza exige flexibilidade. É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta uma série de desafios diferentes e se beneficiará de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o futuro, nós (o público, as corporações, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais desejáveis e trabalhar pela melhor delas. Bibliografia: Hawken, Paul; A Ecologia do Comércio, Editora Campus, (no prelo) Nelder, Chris; Envisioning a Sustainable Future, Better Worldand BWZ Forrest, Jay; Exploring for a Better World: Corporations and Sustainable Development, Better Worldand BWZ Better Worldand BWZ: http:/betterworld.com/BWZ Anexo: Agenda 21 – Capítulo 30 ANEXO: Agenda 21 – Capítulo 30 FORTALECIMENTO DO PAPEL DO COMÉRCIO E DA INDÚSTRIA Introdução 30.1. O comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, desempenham um papel crucial no desenvolvimento econômico e social de um país. Um regime de políticas estáveis possibilita e estimula o comércio e a indústria a funcionar de forma responsável e eficiente e a implementar políticas de longo prazo. A prosperidade constante, objetivo fundamental do processo de desenvolvimento, é principalmente o resultado das atividades do comércio e da indústria. As empresas comerciais, grandes e pequenas, formais e informais, proporcionam oportunidades importantes de intercâmbio, emprego e subsistência. As oportunidades comerciais disponíveis para a mulher estão contribuindo para o desenvolvimento profissional dela, fortalecendo seu papel econômico e transformando os sistemas sociais. O comércio e a indústria, inclusive as empresas trasnacionais, e suas organizações representativas devem participar plenamente da implementação e avaliação das atividades relacionadas com a Agenda 21. 30.2. As políticas e operações do comércio e da indústria, inclusive das empresas transnacionais, podem desempenhar um papel importante na redução do impacto sobre o uso dos recursos e o meio ambiente por meio de processo de produção mais eficientes, estratégias preventivas, tecnologias e procedimentos mais limpos de produção ao longo do ciclo de vida do produto, assim minimizando ou evitando os resíduos. Inovações tecnológicas, desenvolvimento, aplicações, transferências e os aspectos mais abrangentes da parceria e da cooperação são, em larga medida, da competência do comércio e da indústria. 30.3. O comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, devem reconhecer o manejo do meio ambiente como uma das mais altas prioridades das empresas e fator determinante essencial do desenvolvimento sustentável. Alguns dirigentes empresariais esclarecidos já estão implementando políticas e programas de “manejo responsável” e vigilância de produtos, fomentando a abertura e o diálogo com os empregados e o público e realizando auditorias ambientais e avaliações de observância. Esses dirigentes do comércio e da indústria, inclusive das empresas transnacionais, cada vez mais tomam iniciativas voluntárias, promovendo e implementando auto-regulamentações e responsabilidades maiores para assegurar que suas atividades tenham impactos mínimos sobre a saúde humana e o meio ambiente. Para isso contribuíram as regulamentações impostas em muitos países e a crescente consciência dos consumidores e do público em geral, bem como de dirigentes esclarecidos do comércio e da indústria, inclusive de empresas transnacionais. Pode-se conseguir uma contribuição positiva cada vez maior do comércio e da indústria, inclusive das empresas transnacionais, para o desenvolvimento sustentável mediante a utilização de instrumentos econômicos como os mecanismos de livre mercado em que os preços de bens e serviços reflitam cada vez mais os custos ambientais de seus insumos, produção, uso, reciclagem e eliminação, segundo as condições concretos de cada país. 30.4. O aperfeiçoamento dos sistemas de produção por meio de tecnologias e processos que utilizem os recursos de maneira eficiente e, ao mesmo tempo, produzam menos resíduos – conseguindo mais com menos – constitui um caminho importante na direção da sustentabilidade do comércio e da indústria. Da mesma forma, é necessário encorajar e estimular a inventividade, a competitividade e as iniciativas voluntárias para estimular opções mais variadas, eficientes e efetivas. Para responder a esses requisitos importantes e fortalecer ainda mais o papel do comércio e da indústria, inclusive das empresas transnacionais, propõem-se os dois programas seguintes. ÁREAS DE PROGRAMAS A. Promoção de uma produção mais limpa Base para a ação 30.5. Reconhece-se cada vez mais que a produção, a tecnologia e o manejo que utilizam recursos e maneira ineficiente criam resíduos que não são reutilizados, despejam dejetos que causam impactos adversos à saúde humana e o meio ambiente e fabricam produtos que, quando usados, provocam mais impactos e são difíceis de reciclar, precisam ser substituídos por tecnologias, sistemas de engenharia e práticas de manejo boas e conhecimentos técnico-científicos que reduzam ao mínimo os resíduos ao longo do ciclo de vida do produto. Como resultado, haverá uma melhora da competitividade geral da empresa. Na Conferência sobre Desenvolvimento Industrial Ecologicamente Sustentável, organizada em nível ministerial pela ONUDI e realizada em Copenhague em outubro de 1991, reconheceu-se a necessidade de uma transição em direção de políticas de produção mais limpas. Objetivos 30.6. Os Governos, as empresas e as indústrias, inclusive as empresas transnacionais, devem tratar de aumentar a eficiência da utilização de recursos, inclusive com o aumento da reutilização e reciclagem de resíduos, e reduzir a quantidade de despejo de resíduos por unidade de produto econômico. Atividades 30.7. Os Governos, o comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, devem fortalecer as parcerias para implementar os princípios e critérios do desenvolvimento sustentável. 30.8. Os Governos devem identificar e implementar uma combinação adequada de instrumentos econômicos e medidas regulamentadoras, tais como leis, legislações e normas, em consulta com o comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, que irão promover o uso de sistemas de produção mais limpos, com especial consideração pelas empresas pequenas e médias. Devem-se estimular também as iniciativas privadas voluntárias. 30.9. Os Governos, o comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, as instituições acadêmicas e as organizações internacionais, devem trabalhar pelo desenvolvimento e implementação de conceitos e metodologias que permitam incorporar os custos ambientais nos mecanismos de contabilidade e fixação de preços. 30.10. O comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, devem ser estimulados a: (a) Informar anualmente sobre seus resultados ambientais, bem como sobre seu uso de energia e recursos naturais; (b) Adotar códigos de conduta que promovam as melhores práticas ambientais, tais como a Carta das Empresas para um Desenvolvimento Sustentável, da Câmara de Comércio Internacional e a iniciativa de manejo responsável da indústria química, e informar sobre sua implementação; 30.11. Os Governos devem promover a cooperação tecnológica e de Know-how entre empresas, abrangendo identificação, avaliação, pesquisa e desenvolvimento, manejo, marketing e aplicação de produção mais limpa. 30.12. A indústria deve incorporar políticas de produção mais limpa em suas operações e investimentos, levando também em consideração sua influência sobre fornecedores e consumidores. 30.13. As associações industriais e comerciais devem cooperar com trabalhadores e sindicatos para melhorar constantemente os conhecimentos e as habilidades necessárias para implementar operações de desenvolvimento sustentável. 30.14. as associações industriais e comerciais devem estimular empresas a empreender programas para aumentar a consciência e a responsabilidade ambientais em todos os níveis, para fazer com que essas empresas se dediquem à tarefa de melhorar performance ambiental com base em práticas de manejo internacionalmente aceitas. 30.15. As organizações internacionais devem aumentar as atividades de ensino, treinamento e conscientização, relacionadas com uma produção mais limpa, em colaboração com a indústria, as instituições acadêmicas e autoridades nacionais e locais pertinentes. 30.16. As organizações internacionais e não-governamentais, inclusive as associações comerciais e científicas, devem fortalecer a difusão de informação sobre produção mais limpa mediante a ampliação de banco de dados existentes, tais como o Centro Internacional de Informação sobre Tecnologias Limpas (ICPIC) do PNUMA, o Banco de Informação Industrial e Tecnológica (INTIB) da ONUDI e o Escritório Internacional para o Meio Ambiente (IEB) da CCI, bem como forjar redes de sistemas nacionais e internacionais de informação. B. Promoção da responsabilidade empresarial Base para a ação 30.17. O espírito empresarial é uma das forças impulsoras mais importantes das inovações, aumentando a eficiência do mercado e respondendo a desafios e oportunidades. Os empresários pequenos e médios, em particular, desempenham um papel muito importante no desenvolvimento social e econômico de um país. Com freqüência, eles constituem o meio principal de desenvolvimento rural, pois aumentam o emprego não-agrícola e proporcionam à mulher condições para melhorar de vida. Os empresários responsáveis podem desempenhar um papel importante na utilização mais eficiente dos recursos, na redução dos riscos e perigos, na minimização dos resíduos e na preservação da qualidade do meio ambiente. Objetivos 30.18. Propõem-se os seguintes objetivos: (a) Estimular o conceito de vigilância no manejo e utilização dos recursos naturais pelos empresários (b) Aumentar o número de empresários cujas empresas apoiem e implementem políticas de desenvolvimento sustentável. Atividades 30.19. Os Governos devem estimular o estabelecimento e as operações de empresas gerenciadas de maneira sustentável. Será preciso aplicar medidas reguladoras, oferecer incentivos econômicos e modernizar os procedimentos administrativos para assegurar o máximo de eficiência ao tratar dos pedidos de aprovação, a fim de facilitar as decisões sobre investimentos, a assessoria e o auxílio com informação, o apoio de infra-estrutura e as responsabilidades de vigilância. 30.20. Os Governos devem estimular, em cooperação com o setor privado, o estabelecimento de fundos de capital de risco para projetos e programas de desenvolvimento sustentável. 30.21. Em colaboração com o comércio, a indústria, as instituições acadêmicas e as organizações internacionais, os Governos devem apoiar o treinamento em aspectos ambientais do gerenciamento empresarial. Deve-se das atenção também a programa de aprendizagem para jovens. 30.22. Devem-se estimular o comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, a estabelecer políticas empresariais mundiais de desenvolvimento sustentável, a colocar tecnologias ambientalmente saudáveis à disposição das filiais situadas em países em desenvolvimento que pertençam substancialmente à empresa matriz, sem custos externos adicionais, a estimular as filiais no exterior para que modifiquem os procedimentos a fim de refletir as condições ecológicas locais e a compartilhar experiências com as autoridades locais, Governos e organizações internacionais. 30.23. As grandes empresas comerciais e industriais, inclusive as empresas transnacionais, devem considerar a possibilidade de estabelecer programas de parceria com as pequenas e médias empresas para ajudar a facilitar o intercâmbio de experiências em gerenciamento, desenvolvimento de mercados e conhecimento técnico-científico tecnológico, quando apropriado, com a assistência de organizações internacionais. 30.24. O comércio e a indústria devem estabelecer conselhos nacionais para o desenvolvimento sustentável e ajudar a promover as atividades empresariais nos setores formal e informal. Deve-se facilitar a participação de mulheres empresárias. 30.25. O comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, devem aumentar a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias ambientalmente saudáveis e de sistemas de manejo ambiental, em colaboração com instituições acadêmicas, científicas e de engenharia, utilizando os conhecimentos autóctones, quando apropriado. 30.26. O comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, devem assegurar um manejo responsável e ético de produtos e processos do ponto de vista da saúde, da segurança e do meio ambiente. Para tanto, o comércio e a indústria devem aumentar a auto -regulamentação, orientados por códigos, regulamentos e iniciativas apropriados, integrado em todos os elementos do planejamento comercial e da tomada de decisões, e fomentando a abertura e o diálogo com os empregados e o público. 30.27. As instituições de ajuda financeira multilaterais e bilaterais devem continuar a estimular e apoiar os pequenos e médios empresários comprometidos com atividades de desenvolvimento sustentável. 30.28. As organizações e órgãos das Nações Unidas devem melhorar os mecanismos relativos às contribuições do comércio e da indústria e aos processos de formulação de políticas e estratégias, para assegurar o fortalecimento dos aspectos ambientais nos investimentos estrangeiros. 30.29. As organizações internacionais devem aumentar seu apoio a pesquisa e desenvolvimento para melhorar os requisitos tecnológicos e gerenciais para o desenvolvimento sustentável, em particular para as empresas pequenas e médias dos países em desenvolvimento. Meios de implementação Financiamento e estimativa de custos 30.30. As atividades incluídas nesta área de programas constituem principalmente mudanças na orientação das atividades existentes e não se espera que os custos adicionais sejam significativos. O custo das atividades de Governos e organizações internacionais já está incluído em outras áreas de programas.