Reajuste das contas de luz este ano será dois pontos percentuais menor
Aneel altera composição do cálculo. IGP-DI avançou 0,43% em janeiro
Mônica Tavares
BRASÍLIA e SÃO PAULO.
A conta de luz do consumidor vai subir bem menos este ano. A redução média
será em torno de dois pontos percentuais. Ou seja, se o aumento médio da
tarifa de energia fosse de 4% este ano, ele cairia para cerca de 2%, um dos
mais baixos dos últimos tempos.
Isso se deve ao fato de a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) ter aprovado ontem, em reunião presidida pelo diretor-geral da agência,
Jerson Kelmann, uma redução de 36,6% no valor das cotas anuais da Conta
de Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC), incluída na fatura e paga por
todos os consumidores.
O diretor da Aneel e relator da matéria, Edvaldo Alves de Santana, disse que a
receita total do setor é em torno de R$ 80 bilhões, e que a redução da CCC
chegou a quase R$ 1,8 bilhão: — Em média, haverá uma redução
correspondente de dois pontos percentuais. Isso está tendo impacto desde os
primeiros reajustes de janeiro, só que estávamos trabalhando com valores
estimados.
Em 2006, foi previsto um gasto com a CCC de R$ 4,525 bilhões, e este ano o
valor ficou em R$ 2,870 bilhões. O encargo banca o combustível das usinas
termelétricas da Região Norte.A CCC representa 3,5% do total da tarifa de
energia.
Graças à redução da CCC, a Ampla estima que seu reajuste seja 1,6 ponto
percentual menor que o previsto. A empresa ressaltou que, em uma conta de
cem reais, R$ 48 são de impostos e encargos. E afirmou que a redução da
CCC foi uma vitória para o setor, que defende uma carga tributária menor.
Já a Light disse que, como a resolução da Aneel com as cotas de CCC de cada
empresa ainda não foi publicada, não poderia estimar o impacto na tarifa para
seus clientes.
A geração térmica que será custeada pela CCC para os sistemas isolados da
Região Norte é de 8.736.149 megawatts-hora (MWh), o suficiente para atender
aos consumidores de Ceará e Sergipe, juntos, por um ano.
Uma das razões para a redução dos custos, segundo a Aneel, é o aumento do
uso de combustíveis mais baratos em substituição ao óleo diesel.
Santana acredita que os preços dos combustíveis poderão cair mais, reduzindo
novamente a CCC em 2008.
Inflação foi puxada por preços de alimentos Mas não há só boas notícias para
o bolso do consumidor. A alta dos preços dos produtos agrícolas no início do
ano, devido às chuvas, acabou acelerando o Índice Geral de Preços
Disponibilidade Interna (IGPDI, calculado pela Fundação Getulio Vargas), em
janeiro. O IGPDI teve alta de 0,43%, frente a 0,26% de dezembro de 2006.
O Índice de Preços no Atacado (IPA) subiu 0,32%, contra 0,11% de dezembro.
As maiores altas foram tomate (61,54%) e mandioca (24,76%). Já o Índice de
Preços ao Consumidor (IPC) passou de 0,63% para 0,69%, puxado
principalmente por hortaliças e legumes (11,37%).
TAVARES, M. Reajuste das contas de luz este ano será dois pontos
percentuais menor. O Globo, Economia, p 28, 07/02/2007.
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