CCC pode não ser extinta como querem agentes do setor Crescimento dos mercados de Acre, Rondônia e Manaus (AM) deve reduzir impacto das interconexões. Eletrobrás estuda alternativas para comunidades Alexandre Canazio de Brasília* A Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis vai levar R$ 2,870 bilhões este ano para financiar a geração térmica a óleo diesel do Sistema Isolado. O valor representa uma redução significativa em relação ao pico de arrecadação, que chegou a R$ 4,5 bilhões no ano passado. No entanto, a tão esperada extinção do encargo pode levar um tempo mais longo do que o esperado ou até não acontecer. O motivo é o forte crescimento dos mercados consumidores de Acre, Rondônia e Manaus (AM), que correspondem a 75% dos gastos da CCC. Segundo o presidente em exercício da Eletrobrás, Valter Cardeal, o crescimento do consumo no Acre e em Rondônia, na faixa dos 8% a 10% ao ano, deve reduzir o impacto de conexão com o Sistema Interligado Nacional. Os dois estados correspondem a 25% da CCC. "Com esse crescimento, vamos continuar queimando óleo", disse o executivo nesta quarta-feira, 21 de novembro, durante seminário realizado na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados para discutir o peso dos encargos no custo da energia. Cardeal referiu-se à linha em 230 kV, em construção, entre Mato Grosso e Acre, passando por Rondônia. O governo rondonense resiste ao projeto por temer perda de arrecadação com o Imposto de Comercialização de Mercadorias e Serviços cobrado na aquisição do óleo. O governo federal tenta uma solução para o impasse através de acordo com o governo estadual para que a licença ambiental seja concedida. O trecho de Rondônia está parado como já noticiou a Agência CanalEnergia. A União tenta uma solução para compensar a perda de arrecadação. De acordo com Jerson Kelman, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, a eliminação da CCC para os dois estados poderia gerar uma economia de R$ 1 bilhão. A redução maior viria com uma solução para o abastecimento de Manaus, que tem um crescimento econômico anual acima dos 10% ao ano. A cidade corresponde à metade dos gastos com o encargo. O presidente da Eletrobrás disse que no máximo em janeiro a Aneel terá todos os estudos necessários para licitar a interconexão de Tucuruí a Mana us e Amapá. O mercado, no entanto, espera uma redução significativa da CCC já para o ano que vem. As esperanças estão na devolução do ICMS pago a mais pelos consumidores entre 2004 e 2006. O montante chega a R$ 1 bilhão. O diretor-geral da Aneel afirmou que a fórmula de devolução está em discussão no órgão através de uma audiência pública. Outro ponto de pressão é a compra de combustível para as térmicas que hoje é um negócio entre Eletrobrás e Petrobras. A Aneel e a Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres defenderam, durante o evento, a realização de licitação internacional para adquirir o combustível, o que poderia reduzir os gastos da CCC. O presidente da Eletrobrás se mostrou simpático à idéia. O vice-presidente da Abrace, Antonio Inácio de Souza, disse que a implementação da medida é rápida. "A Eletrobrás pode tomar a iniciativa", disse o executivo. A Eletrobrás, por outro lado, estuda alternativas para o atendimento de comunidades que não poderão ser interligadas e correspondem a 25% da CCC. Cardeal disse que a empresa poderá empregar a energia solar para atender essas comunidades; Além disso, há estudos sobre o potencial eólico da região e a possibilidade de implementação de pequenas centrais hidrelétricas nos rios amazônicos. O Cepel estuda o uso de mini-turbinas nas PCHs para a geração de energia, contou o executivo. * O repórter Alexandre Canazio viajou a convite da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres. CANAZIO, A. CCC pode não ser extinta como querem agentes do setor. Canal Energia, Negócios, Mídia Online, 21/11/2007.