Mecânica Geral II – Notas de AULA 1 - Teoria – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Ementa SISTEMAS DE FORÇAS APLICADAS EQUIVALENTES. EQUILÍBRIO DA PARTÍCULA. EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS. TRELIÇAS PLANAS E ESPACIAIS. BARICENTRO E CARREGAMENTO DISTRIBUÍDO. ESFORÇOS INTERNOS EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS. MOMENTOS DE INÉRCIA DE FIGURAS PLANAS. ATRITO Guia Curricular 9 9 9 9 9 9 9 SISTEMAS DE FORÇAS APLICADAS EQUIVALENTES. FORÇAS INTERNAS E EXTERNAS. PRINCÍPIO DA TRANSMISSIBILIDADE. FORÇAS EQUIVALENTES. PRODUTO VETORIAL DE DOIS VETORES. MOMENTO DE UMA FORÇA. TEOREMA DE VARIGNON. PRODUTO ESCALAR E PRODUTO MISTO. MOMENTO DE UMA FORÇA E MOMENTO DE UM BINÁRIO. SISTEMAS EQUIVALENTES DE FORÇAS E VETORES. TORSOR. EQUILÍBRIO DA PARTÍCULA. EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS. 9 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE. 9 EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS EM 2 E 3 DIMENSÕES. 9 EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS SUBMETIDOS A FORÇAS EM 2 E 3 DIMENSÕES. 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 BARICENTRO E CARREGAMENTO DISTRIBUÍDO.TRELIÇAS PLANAS E ESPACIAIS. CENTRO DE GRAVIDADE E CENTRÓIDE DE UM CORPO EM 2 E 3 DIMENSÕES. DETERMINAÇÃO POR INTEGRAÇÃO. CARGAS SOBRE VIGAS. DEFINIÇÃO DE TRELIÇA. TRELIÇAS SIMPLES. ANÁLISE DE TRELIÇAS PELO MÉTODO DOS NÓS. TRELIÇAS ESPACIAIS E COMPOSTAS. MÉTODO DAS SEÇÕES. ANÁLISE DAS ESTRUTURAS E MÁQUINAS ESFORÇOS INTERNOS EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS. MOMENTOS DE INÉRCIA DE FIGURAS PLANAS. ATRITO. 9 FORÇAS INTERNAS NOS ELEMENTOS. 9 CARREGAMENTOS. 9 FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR. 9 DIAGRAMAS. 9 CARGA. 9 CABOS. 9 CATENÁRIA • Bibliografia ¾ BEER, FERDINAND P.; JOHNSTON JR., E. RUSSELL. MECÂNICA VETORIAL PARA ENGENHEIROS – ESTÁTICA. 5.ED. SÃO PAULO: ED. MAKRON BOOKS DO BRASIL, 1991. ¾ HIGDON, ARCHIE, ET AL. MECÂNICA – ESTÁTICA. 2. ED. RIO DE JANEIRO: ED. PRENTICE-HALL DO BRASIL LTDA, 1984. 1 Mecânica Geral II – Notas de AULA 1 - Teoria – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Corpos Rígidos – Sistemas equivalentes de forças ¾ Introdução Há dois tipos de tratamento de um corpo, quando queremos estudar suas condições de equilíbrio ou de movimento: ponto material ou corpo rígido. O corpo rígido é aquele que não se deforma, porém as estruturas e máquinas reais nunca são absolutamente rígidas. Quando há riscos de rupturas são tratadas em Resistência dos materiais. Estudaremos as forças aplicadas em corpos rígidos e como substituir um dado sistema de forças por um sistema de forças equivalente. A hipótese fundamental sobre a qual se baseará a análise é que o efeito de uma força aplicada em um corpo rígido não se altera se a força é deslocada ao longo de sua linha de ação (princípio da transmissibilidade). Dois conceitos importantes associados ao efeito de uma força sobre um corpo rígido são o momento de uma força em relação a um ponto e o momento de uma força em relação a um eixo. Outro conceito importante é o de um binário, que é a combinação de duas forças que tem a mesma intensidade, linhas de ação paralelas e sentidos opostos. ¾ baricentro do caminhão. O solo se opõe ao movimento descendente do caminhão com as forças R1 e R2. Essas forças são exercidas pelo solo sobre o caminhão. Se cada uma das forças externas que atuam num corpo rígido não for neutralizada, serão capazes de comunicar ao corpo rígido um movimento de translação ou de rotação. Forças internas: são as que mantém unidos os pontos materiais que formam o corpo rígido. ¾ Princípio da Transmissibilidade. Forças equivalentes. O princípio da transmissibilidade estabelece que as condições de equilíbrio ou de movimento de um corpo rígido permanecem inalteradas de uma força F, que atuam em um determinado ponto de um corpo rígido, é substituída por uma força F´ de mesmo módulo, direção e sentido, mas que atua num ponto diferente, desde que as duas tenham a mesma linha de ação. As forças F e F´ têm o mesmo efeito sobre o corpo rígido e são ditas equivalentes. Figura 2 – Forças equivalentes. Forcas Internas e Externas As forças que atuam em corpos rígidos podem ser classificadas em dois tipos: Forças externas: representam a ação de outros corpos sobre um corpo rígido. Considere as forças que atuam sobre um caminhão: • Produto Escalar entre dois vetores: G G Representação: A ⋅ B G B G Lê-se: Produto escalar entre os vetores A e Definição: O Produto escalar entre dois vetores é um número que representa a projeção de um vetor na direção de outro vetor: G A θ Figura 1 – Forças externas sobre um caminhão. O peso P pode ser representado por uma única força aplicada num ponto denominado de G A cos θ G B 2 Mecânica Geral II – Notas de AULA 1 - Teoria – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori G G A ⋅ B = Ax B x + Ay B y + Az B z Mostramos em aula que: G G G G A ⋅ B = Ax B x + Ay B y + Az B z = A B cos θ Podemos encontrar o ângulo entre os vetores por meio da equação: cos θ = Ax Bx + Ay By + Az Bz G G A B ⎧⎪ A B + A B + A B ⎫⎪ z z θ = arccos ⎨ x x Gy Gy ⎬ A B ⎪⎩ ⎪⎭ vetores Definição: O Produto vetorial entre dois é um vetor que possui direção G perpendicular ao plano formado pelos vetores A G e B , cujo ângulo vale θ e cujo módulo é igual a G área formada pelo paralelogramo de lados A e G B: Aplicações: Trabalho de uma força: O trabalho de uma força, ao deslocar um G G corpo de uma posição r1 a outra r2 no espaço ao longo de uma trajetória C é dado por: G A G G τ = ∫ F ⋅ dr G G A× B C Quando a força é constante ao longo dessa trajetória, sendo d o deslocamento sofrido pelo corpo: G h = A sen θ θ G G G B τ = F ⋅d Potência de uma força: G G P = F ⋅v iˆ G G A × B = Ax Bx Propriedades: iˆ ⋅ iˆ = 1 ˆj ⋅ ˆj = 1 iˆ ⋅ ˆj = ˆj ⋅ iˆ = 0 iˆ ⋅ kˆ = kˆ ⋅ iˆ = 0 ˆj ⋅ kˆ = kˆ ⋅ ˆj = 0 kˆ ⋅ kˆ = 1 G G G G G G G A⋅ B + C = A⋅ B + A⋅C G G −→ v nˆ → = G G ; onde v = AB = B − A AB v ⋅v ( ) G v = v x ⋅ iˆ + v y ⋅ ˆj + v z ⋅ kˆ Determinação dos ângulos θx, θy, θz: v v cos θ x = Gx ⇔ θ x = arccos Gx v v (Normalização de um vetor). Mostre que: nˆ → = cosθ x iˆ + cosθ y ˆj + cosθ z kˆ AB vy vy cos θ y = G ⇔ θ y = arccos G v v v v cos θ z = Gz ⇔ θ x = arccos Gz v v Produto Vetorial entre dois vetores: G G G G Lê-se: Produto vetorial entre os vetores A e B kˆ Az Bz Operações com Vetores no Espaço R3: Representação: G G A × B = (Ay B z − Az B y )iˆ + ( Az Bx − Ax B z ) ˆj + (Ax B y − Ay Bx )kˆ ¾ Representação: A × B ˆj Ay By Representação dos ângulos no espaço R3: ¾ Representação: G v = v x ⋅ iˆ + v y ⋅ ˆj + v z ⋅ kˆ ou G v = (v x , v y , v z ) ou 3 Mecânica Geral II – Notas de AULA 1 - Teoria – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori G G v = OA = A − O ( G v x : Componente x do vetor v na direção Ox . G v y : Componente y do vetor v na direção Oy. G v z : Componente z do vetor v na direção Oz. θz θ x ) ) Ax G G G A ⋅ B × C = Bx Ay Az By Bz Cx Cy Cz ( • G v A ( G G G G G G A ⋅ B × C = A B C senθ cos α ) Momento de uma força: Definição: Definimos o momento de uma força em relação a O como sendo o produto vetorial de F e r: θy Figura 3 – Momento de uma força Mo em relação a O, vy 0 y x vx ¾ Versores: iˆ = (1,0,0 ) ˆj = (0,1,0 ) kˆ = (0,0,1) Módulo do vetor: G v = v x2 + v y2 + v z2 Produto misto de três vetores: O Produto misto entre os vetores G G G A , B e C é um número cujo valor é o volume do paralelepípedo formado pelo comprimento dos respectivos vetores . ¾ Interpretação Geométrica: G (G G) ¾ Notação: A ⋅ B × C G G G MO = r × F G r = xiˆ + yjˆ + zkˆ G F = Fx iˆ + Fy ˆj + Fz kˆ G G G M O = r F senθ = Fd G M O = M x iˆ + M y ˆj + M z kˆ M x = yFz − zFy M y = zFx − xFz M z = xFy − yFx iˆ G MO = x Fx ˆj y Fy kˆ z Fz 4 Mecânica Geral II – Notas de AULA 1 - Teoria – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori (d) a distância a que uma força vertical de 1200N deverá estar do eixo para gerar o mesmo momento em relação a O. (e) se alguma das forças obtidas nos itens anteriores é equivalente a força original. Solução: (a) G M O = Fd = − ( 500 )( 0.3) = −150 N ⋅ m (b) d = 0.6 ⋅ sen60 = 0.52m 0 5 G M M O = Fd = 150 N ⋅ m ⇔ F = O d M O 150 F= = = 288 N d 0.52 • Teorema de Varignon: (c) A menor força: Para d máximo: G 150 G G G G G G G G GG = Fd = 150 N ⋅ m ⇔ F = r × F1 + F2 + " + Fn = r × F1 + r × F2 + " r × FM n O 0.6 ( ) Exemplo 1 – Uma força vertical de 500N é aplicada na extremidade de uma manivela fixada a um eixo em O. Determinar: F = 250 N (d) Força vertical de 1200N: G M O = Fd = 150 ⇔ 1200d = 150 OB cos 600 = d ⇔ OB = 0.25m d= (a) O momento da força de 500N em relação a O (b) a intensidade da força horizontal aplicada em A que produz o mesmo momento em relação a O. (c) a menor força aplicada em A que produz o mesmo momento em relação a O. 150 = 0.125m 1200 (e) nenhuma das forças nos itens é equivalente à força original de 500N. Mecânica Geral II – Notas de AULA 1 - Teoria – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Exemplo 2 – Uma força de 800N é aplicada Exemplo 3 – Uma força de 150N atua na como ilustrado. Determine o momento da força em extremidade de uma alavanca de 0.9m, como relação a B. ilustrado. Determinar o momento da força em relação a O. Solução: O momento MB da força F em relação a B é obtido através do produto vetorial: G G G M B = rAB × F G rAB : vetor que liga de B a A. G rAB = −0.2iˆ + 0.16 ˆj G F = 800 cos 600 iˆ + 800 sen600 ˆj G F = 400iˆ + 693 ˆj Solução: A força é substituída por duas componentes: uma P na direção AO e uma componente Q perpendicular a AO. Como O está na linha de ação de P, o momento de P em relação a O é 0. O momento da força de 150N se reduz ao momento de Q, que tem sentido horário, portanto é representado por um escalar negativo: Q = 150sen 200 = 51.3 N G G G M B = rAB × F G M B = −0.2iˆ + 0.16 ˆj × 400iˆ + 693 ˆj G M B = −202.6kˆ ( N ⋅ m 0 ) ( ) ( ) G M O = −Q ⋅ 0.9 = −51.3 ⋅ 0.9 = −46.2 N ⋅ m G M O = −46.2 ( N ⋅ m 0 ) ⇐ 6 Mecânica Geral II – Notas de AULA 1 - Teoria – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori G G G M A = rCA × F G M A = 0.3iˆ + 0.08kˆ × −120iˆ + 96 ˆj − 128kˆ G M A = −7.68iˆ + 28.8 ˆj + 28.8kˆ ( N ⋅ m ) ( ) ( ) Exemplo 4 – Uma placa retangular é sustentada por suportes em A e em B e por um fio CD. Sabendo que a tração no cabo é de 200N, determine o momento da força exercida pelo fio na placa, em relação ao ponto A. 7 Solução: G G G M A = rCA × F G rCA : vetor que liga de A a C. → G rCA = AC = 0.3iˆ + 0.08kˆ G F = F ⋅ nˆCD → nˆCD = CD → CD → CD = D − C = −0.3iˆ + 0.24 ˆj − 0.32kˆ → CD = ( −0.3) + ( 0.24 ) + ( −0.32 ) 2 2 2 → CD = 0.5m → nˆCD = CD → CD = −0.3 ˆ 0.24 ˆ 0.32 ˆ i+ j− k 0.5 0.5 0.5 nˆCD = −0.6iˆ + 0.48 ˆj − 0.64kˆ G G F = F ⋅ nˆCD ⇔ F = 200 ⋅ −0.6iˆ + 0.48 ˆj − 0.64kˆ ( G F = −120iˆ + 96 ˆj − 128kˆ ( N ) )