“Boas Práticas de Fabricação e Manipulação no Comércio Varejista no Município do Rio de Janeiro” Ismar Araújo de Moraes VISA-Rio/ UFF/ CRMV-RJ 1 “Boas Práticas de Fabricação e Manipulação no Comércio Varejista no Município do Rio de Janeiro” Boas Práticas de Fabricação e Manipulação O que são ? A quem compete ? As Boas Práticas são normas de procedimentos para se atingir um determinado padrão de identidade e qualidade em um produto ou serviço cuja eficácia e efetividade devem ser implementadas por meio do controle do processo e avaliada por intermédio da inspeção e/ou da investigação. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS nº 1428, de 26 de novembro de 1993: regulamenta a inspeção sanitária de alimentos, as diretrizes para o estabelecimento de boas práticas de produção e de prestação de serviços na área de alimentos e o estabelecimento de padrão de identidade e qualidade para serviços e produtos na área de alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, v. 11, n. 20, 2 dez. 1993. 2 “Boas Práticas de Fabricação e Manipulação no Comércio Varejista no Município do Rio de Janeiro” Comércio Varejista Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (versão eletrônica de 2001) VAREJISTA • adjetivo de dois gêneros 1 - que é próprio do ou pertencente ao comércio a varejo Varejo ? VAREJO substantivo masculino ato de varejar 1 - ato de bater ou sacudir com vara Ex.: o v. derruba frutas maduras e verdes 2 - ato de realizar vistoria, busca, inspeção 2.1 - inspeção feita pela autoridade fiscal na escrituração de armazéns,depósitos, fábricas, lojas, a fim de verificar se há defraudação de impostos 2.2 - vistoria feita nas mercadorias em estabelecimentos comerciais e industriais a fim de verificar se existe alguma irregularidade Rubrica: comércio. tipo de comércio no qual a venda é feita diretamente ao comprador final, e não ao intermediário Derivação: por extensão de sentido. venda de mercadorias em pequenas porções ou quantidades Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (versão eletrônica de 2001) 4 SISTEMA DE SUPRIMENTO DE ALIMENTOS INGREDIENTES ALIMENTÍCIOS INDÚSTRIA FORMULAÇÃO PROCESSAMENTO ALIMENTO SUPERMERCADOS MERCEARIAS ATACADISTAS CONSUMIDOR PADARIAS AÇOUGUES 5 PRINCIPAIS ESTABELECIMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS SUPERMERCADOS MERCEARIAS PADARIAS AÇOUGUES 6 FARMÁCIAS E DROGARIAS LEI Nº 4.663 de 14 de dezembro de 2005 7 “Boas Práticas de Fabricação e Manipulação no Comércio Varejista no Município do Rio de Janeiro” Aplicação das Boas Práticas Padrão de Qualidade e Identidade No nível do comércio varejista deve existir o controle de qualidade 8 Quem são os atores responsáveis pelo controle de qualidade de alimentos no comércio ? Os comerciantes e seus funcionários Os responsáveis técnicos Os profissionais da Vigilância Sanitária 9 Quais são as responsabilidades do comerciante ? Escolher fornecedores idôneos Manter a integridade dos produtos e das embalagens Atender as recomendações previstas na rotulagem dos produtos no estoque e exposição para a venda CDC – responsabilidade solidária Quais são os instrumentos de controle ou aferição da qualidade disponíveis para o Comerciante ? Visão, olfação, tato e gustação Análise sensorial 10 ATORES E INSTRUMENTOS Controle de Qualidade no comércio varejista de alimentos Responsáveis Técnicos APPCC (Análise de Perigo em Pontos Críticos de Controle) Normas de Procedimentos Operacionais (SOP) Procedimento Padrão de Higiene Operacional (SSOP) Monitoramento ATORES E INSTRUMENTOS Controle de Qualidade no comércio varejista de alimentos Profissionais da Vigilância Sanitária de Alimentos Inspeções regulares Coletas de amostras 12 ESTADO DA ARTE A Organização Panamericana de Saúde considera que poucas regiões dispõem de um sistema adequado de vigilância sanitária de alimentos e que ainda são escassos os levantamentos feitos nesta área. Os que têm sido efetuados freqüentemente constatam elevado grau de contaminação dos alimentos. 13 ESTADO DA ARTE Segundo a FAO – órgão da ONU para alimentação no mundo – uma pessoa em cada três fica doente por ano em países ricos por causa de alimentos. O CDC (Centers for Disease Control and Prevention ) nos Estados Unidos estima que 76 milhões de pessoas sofram de doenças de origem alimentar a cada ano no país, o que provoca 325.000 hospitalizações e mais de 5.000 mortes. 14 ESTADO DA ARTE Segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Ministério da Saúde, de 1999 a 2004, ocorreram 3,4 milhões de internações causadas por essas doenças, com uma média de 568 mil casos por ano. No Brasil, os custos com os casos de internação, de 1999 a 2004, segundo o SIH, chegaram a 280 milhões de reais, com média de 46 milhões de reais por ano. De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), de 1999 a 2002, ocorreram 25.281 óbitos decorrentes desses problemas, com uma média de 6.320 óbitos/ano. 15 ESTADO DA ARTE Principais locais de ocorrência dos surtos Residências = 40,7% Rest, Lanch, Pad, Refeit. = 22,0% Escolas = 9,7% Não informados = 16,8% Fonte: CENEPI (1999-2002) Qual o papel do comercio varejista na epidemiologia dos surtos??? 16 QUAL A QUALIDADE DO ALIMENTO QUE ESTÁ SENDO COMERCIALIZADO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO A Resposta pode estar nos resultados das pesquisas feitas no nível do comércio e das análises fiscais ou de controle de qualidade II CONGRESSO LATINO AMERICANO E IX CONGRESSO DE HIGIENISTAS DE ALIMENTOS FLORIANÓPOLIS – SC 2007 VII CONFERÊNCIA SULAMERICANA DE MEDICINA VETERINÁRIA RIO DE JANEIRO 2007 II CONGRESSO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA FORTALEZA 2007 CARNE MOÍDA E. coli: Isolamento, identificação e estudo sorológico em corte de carne bovina, alcatra inteira e moída, em estabelecimentos da cidade do Rio de Janeiro Kasnowski e cols. (2007) • 30 amostras (15 inteiras e 15 moídas) de supermercados e açougues da cidade do Rio de Janeiro • • 100% de condenação por presença de coliformes totais 95% por coliformes termotolerantes Para cada resultado vale uma reflexão sobre a origem do problema 18 CARNE DE FRANGO “Dripping Test” em carcaças congeladas de frangos comercializadas no município do Rio de Janeiro Rosa J.L.P & Rosa, I.M.C. (2007) • 30 amostras de carcaças congeladas de frango • 100% em desacordo com a Port. 210/98 do MAPA 19 PESCADO Condições higiênico sanitárias de pescado em feiras-livres no município do Rio de Janeiro Silva, M. e cols. (2007) 31 barracas de pescado em 12 feiras na cidade do Rio de Janeiro • • • • • • • • • 96,9% = manipulação simultânea de $ e pescado 62,5% = Falta de lixeira e arredores sujos 53,1% = Falta de higiene no interior do veículo 50,0% = Gelo em quantidade insuficiente 37,5% = Caixas isotérmicas em mau estado 34,4% = Falta de uniforme 34,4% = Falta de documento do veiculo 28,1% = Uso de embalagens inadequadas 3,1 % = Venda de pescado com aspecto ruim 20 PESCADO PRESENÇA DE PARASITOS Autores Pescado Origem n Pesquisa Presença Knoff e cols. Congro rosa RJ e Niterói 38 Cestoides Pseudophyllidea 47,4% Nery e cols. Pargo Cabo Frio 30 Anisaquídeos 100% Andrada e cols. Congro rosa RJ e Niterói 74 Anisaquídeos 27% Ferreira e cols. Teleósteos Niterói 150 Anisaquídeos Pargo = 83% Olho de cão = 73% Anchova = 60% Pescada = 7% Xerelete = 0% 21 BACALHAU Identificação de larvas de anisakidae em pescado salgado e seco comercializado na cidade do Rio de Janeiro Moraes e cols. (2007) • 31 amostras 13 de Bacalhau ( G.morhua, 13 e G. macrocephalus, 8) 18 amostras de pescado salgado tipo bacalhau (P. virens, 10; B. brosme, 6; M. molva, 2) Presença de parasitos em 16 (53%) das amostras 7 em Porto (4 em Gadus morhua e 3 em G. macrocephalus) (54%) 3 em Saithe (30%). 6 em Zarbo (100%). 0 em Ling 22 OVOS IN NATURA AVALIAÇÃO DA TIPIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE OVOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO/RJ – BRASIL Xavier, M.B.B.S e cols (2006) Foram utilizadas 46 dúzias de ovos brancos e vermelhos colhidos em diferentes supermercados nas áreas do Centro e Zona da Leopoldina da Cidade do Rio de Janeiro. 23 CARNES CONGELADAS – Bovina, suína e aviária AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO DE CARNES CONGELADAS EM SUPERMERCADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Hutten, G.C. e cols.(2006) •condições de exposição de carnes congeladas de origens bovina, suína e aviária expostas em "ilhas" em 15 supermercados •20% dos estabelecimentos com equipamentos de estrutura deficiente •100% com equipamentos dispondo de termômetros apropriados •26,6% com temperatura da carne bovina fora da especificação do rótulo •33,3% de carnes aviaria e/ou suína fora da especificação do rótulo. •33,3% dos estabelecimentos desrespeitam a linha de frio na exposição de carne suína e/ou aviária •13,3% desrespeitam este critério nos expositores de carne bovina 24 PESCADO CONGELADO E LATICÍNIOS RESFRIADOS AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO DE PESCADO E LATICÍNIOS EM SUPERMERCADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Souza, M.F. e cols. (2006) •condições de exposição de pescado congelado e laticínios resfriados em 14 supermercados da cidade •100% dos estabelecimentos com equipamentos dispondo de termômetros apropriados e boa conservação estrutural •21,3% deles com o pescado congelado fora da Tº indicada na rotulagem •14,3% deles com laticínios com Tº fora da especificação do rótulo •A exposição de pescado e laticínios abaixo da linha de frio garantida pelo equipamento 25 TRANSPORTES DE ALIMENTOS Aspectos higiênico-sanitários no transporte de gêneros alimentícios perecíveis em supermercado localizado na cidade do Rio de Janeiro Oliveira e cols (2007) Supermercados de grande porte, localizados próximo à Avenida Brasil, na Penha 36 veículos transportadores de alimentos perecíveis escolhidos no setor de recebimento de produtos. Adequação à Resolução nº 604, de 11 de setembro de 2002 • • • • • 66,7% dos veículos, possuíam o Certificado de Inspeção Sanitária 77,8% dos veículos com higiene interna inadequada 58,3% dos veículos apresentavam mal conservados 100% não mantinham a temperatura ideal para congelados 39% não mantinha temperatura ideal para resfriados 26 MÉIS COMERCIALIZADOS NAS CIDADES DO RIO DE JANEIRO E NITERÓI 40 MARCAS DE DIFERENTES PRODUTORES 22% INFORMAM SIF FALSO NA ROTULAGEM OVOS “IN NATURA” COMERCIALIZADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 14 DIFERENTES PRODUTORES 65% INFORMAM SIF FALSO NA ROTULAGEM ANÁLISE FISCAL ANÁLISE DE CONTROLE DE QUALIDADE ANÁLISE DE ORIENTAÇÃO TÉCNICA 28 VIGILÂNCIA SANITÁRIA DO RIO DE JANEIRO: Ações de Janeiro a Junho de 2007 DIAS, F. e cols. • • • • 44.643 inspeções em estabelecimentos 9.853 Termos de Intimação 3.167 Autos de Infração 338 Interdições. • 2.427 coletas de produtos para análise • 297 Cursos para Manipuladores de Alimentos O total de reclamações no período foi 4.681, sendo 2.241 procedentes, 1598 improcedentes e 592 não atendidas PROGRAMAS REALIZADOS PELA SEÇÃO DE COLHEITA DE AMOSTRAS (2006) PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE RESÍDUOS DE MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS EM LEITE PASTEURIZADO Laboratório: INCQS Nº de amostras: 54 Nº de laudos satisfatórios: 54 Nº de laudos insatisfatórios: 00 30 PROGRAMAS REALIZADOS PELA SEÇÃO DE COLHEITA DE AMOSTRAS (2006) PROGRAMA DE AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE RICOTA FRESCA Laboratório: INCQS Nº de amostras: 25 Nº de laudos satisfatórios: 12 Nº de laudos insatisfatórios: 13 31 PROGRAMAS REALIZADOS PELA SEÇÃO DE COLHEITA DE AMOSTRAS PROGRAMA DE DETECÇÃO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS EM BEBIDAS À BASE DE SOJA Laboratório: INCQS Nº de amostras: 52 Nº de laudos satisfatórios: 48 Nº de laudos insatisfatórios: Nº de laudos a receber: 4 32 33 Considerações Finais Indústria e Mídia Consumidor Distribuidores Ministério da Saúde Pesquisa acadêmica Ministério da Agricultura Estados Prefeituras Periódicos e Simpósios A MÍDIA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO SANITÁRIA INTEGRAÇÃO DOS ÓRGÃOS REGULADORES A CIÊNCIA EM PROL DO BEM ESTAR COLETIVO 34 ISMAR A.DE MORAES [email protected] Esta palestra pode ser encontrada no site: http://www.uff.br/fisiovet1/CNSPV.ppt 35