GAUSS Eurotrials 3 nº JANEIRO B 2005 C O N S U LTO R E S C I E N T Í F I C O S Au t o r e s P E D R O AG U I A R • CATA R I NA S I LVA R e s p o n s á ve l d a U n i d a d e d e Fo r m a ç ã o F I L I PA C H AV E S Ficha Formativa de Estatística Duranteoplaneamentodeumainvestigaçãodesaúde,énecessáriodefinir-sequalodelineamentomaisadequadoparaoestudo.Odelineamentodoestudopretendeesquematizargenericamenteainvestigaçãoquantoàexistênciadeintervençãoexperimentalsobreosindivíduos equantoàexistênciadeseguimentolongitudinal. Nonúmeroanterior(Nº3A),oGaussfezreferênciaàscaracterísticasquediferenciamosestudosexperimentaisdosobservacionais,tendosedadoespecialênfaseaosestudosexperimentais.Apresentaram-seainda,algunsexemplosaplicadosàinvestigaçãonasaúdeparauma melhorcompreensãodosconceitos. Nestenúmero(Nº3B),dar-se-ácontinuaçãoàmesmatemática,sendo-nosapresentadosconceitosrelacionadoscomosestudosobservacionais. OQUEÉODELINEAMENTO DEUMESTUDOEMSAÚDE? Focandoagoraanossaatençãonosestudosobservacionais,muitas vezesconhecidosnomeiodainvestigaçãoclínicacomo“estudos epidemiológicos”,poderemosclassificá-losdeacordocomoseguimentotemporalemestudoslongitudinaiseestudostransversais.O estudoobservacionallongitudinalpressupõequecadaunidadede investigaçãoéobservadaemmaisqueumaocasião,enquantoque numestudotransversalocorreapenasumaobservaçãoparacada unidadedeinvestigação. Osestudosobservacionaislongitudinaispodemnageneralidadeser consideradoscomoestudoscoorteeestudoscaso-controlo. Oestudocoorteassumequeumoumaiscoortes–gruposdeindivíduossemadoençadeinteressenoiníciodoestudo–sãoseguidos aolongodotempo,sendoregistadososnovoscasosdedoença,ou seja,asincidênciasdedoença.Decertomodo,oestudocoortepode serencaradocomoumestudoexperimental,emboracomalgumas componentescontráriasaoexperimental.Ouseja,contrariamente aoestudocoorte,umestudoexperimentalenvolveoseguimentode indivíduosidentificadoscomodoentesnoiníciodoestudo,sendo registadoaolongodotempoosnovoscasosderespostaaotratamento,aoinvésdosnovoscasosdedoença. Talcomonoestudoexperimental,oestudocoorteéemessência prospectivo no tempo. No entanto, podem existir estudos coorte retrospectivos,assumindoquesevaiprocurarnopassadoregistos deiníciodeexposiçãoaumdadofactorderiscodeinteresseprimárioparaainvestigação.Veja-sequemesmonosestudoscoorte retrospectivos,afilosofiasubjacenteéidênticaaosestudoscoorte prospectivos,ouseja,oiníciodoseguimentoéfeitoemcoortesde Continuação nãodoentes(emboranopassado),investigando-seasincidênciasde doençaaolongodotempo. Comoexemplodeumestudodecoorte,podemospensarquedesejamosinvestigarasconsequênciasparaasaúde,darecenteinstalação deumafábricaqueemiteparaoambientecompostosderiscotóxico. Confrontadoscomestainvestigação,poderíamosnaturalmentepensar numestudocoorteprospectivo,emquesedavaoiníciodoseguimento emdoiscoortesdeindivíduossaudáveis:umcoorteresidentenasproximidadesdafábrica–indivíduosexpostos–eoutrocoorteresidente numazonaconfortavelmentedistanciadadafábrica–indivíduosnão expostos.Duranteumtempoalargadofar-se-iaoseguimentoprospectivodemodoaseregistarasincidênciasdasdoençascomalgumaplausibilidadecausalcomaexposição.Nofinaldoestudo,seriacomparada ataxadeincidênciadadoençanosexpostosrelativamenteaosnão expostos,demodoasemediroriscorelativodaexposiçãoàemissão decompostostóxicosporpartedafábrica. Devidoàsemelhançaprospectivaentreoestudodecoorteeoestudo experimental,écomumutilizar-seemambososdelineamentos, oriscorelativo(RR)comomedidadeassociaçãoentreumfactor deexposiçãoeumindicadordesaúde.Note-sequeestefactorde exposição,poderepresentarumfactorderiscoouumaintervenção experimental,podendooindicadordesaúderepresentarumadada doença,ouinversamente,arespostaadeterminadotratamento. Oestudoobservacionalcaso-controlotemumafilosofiatemporal inversaàdoestudocoorte,umavezquesãoidentificadosàpriori oscasosdedoençaecontrolossemadoença,sendoposteriormente investigadadeformaretrospectivaaexposiçãoafactoresderisco. Como exemplo, podemos identificar um grupo de doentes com doençapulmonarobstrutivacrónica–oscasos–eumgrupode indivíduossemqualquerproblemarespiratório–oscontrolos.Em ambososgrupos,iríamosinvestigarretrospectivamentequemesteve expostocomalgumaintensidadeaotabaconumrazoávelperíodo detempo.Nofinaldoestudo,poderíamosobservarseparadamente paraoscasoseparaoscontrolos,arelaçãoentreasfrequênciasde expostosefrequênciasdosnãoexpostos,istoé,osquocientesdas frequênciasexpostos/nãoexpostosparaoscasoseparaoscontrolos.Seguidamentepoderíamoscompararoscasoscomoscontrolos atravésdarazãodestasduasrelações,obtendo-seassimaconhecida medidadaepidemiologia,ooddsratio(OR),equedecertomodo acabaporterumsignificadosemelhanteaoriscorelativo.Refira-se ainda,quedadaafilosofiaretrospectivainerenteaosestudoscasocontrolo,nãoexistemincidências,ecomotalnãoépossíveldeterminaroriscorelativo.Consequentemente,ooddsratiosubstituio riscorelativonosestudocaso-controlocomomedidadeassociação entreaexposiçãoeumindicadordesaúde. Aindanoquerespeitaaosestudosobservacionais,deveserreferido quemuitosdestesestudossãoefectuadostransversalmentenotempo,surgindoassimoconhecidoestudotransversaloudelineamento transversal.Sãoestudosque,aonãoconsideraremumdelineamento temporaldasexposições,apresentamumanaturallimitaçãocausal entre factores de exposição e indicadores de saúde. No entanto, sãoestudosquetêmavantagemdeseremmaiseconómicoscomparativamenteaosestudoslongitudinais,dadaasuamaiorrapidez de implementação, sendo extremamente adequados em termos exploratóriosquandoexistepoucoconhecimentosobreumdado problema de saúde. Consequentemente, antes de se estabelecer umestudolongitudinalcommaiorvalorcausalqueotransversal,é adequadoefectuarem-sediversosestudostransversaisexploratórios quepermitaminvestigarassociaçõesestatísticasentrefactoresde exposiçãoeproblemasdesaúde.Mais,oestudotransversaléo indicadonocasoemquesepretendeefectuarestudosdeprevalência,ouseja,estudosqueinvestigamnumdadoinstanteafrequência deindivíduoscomdeterminadadoença.Nestesestudos,paraalém do natural interesse em se determinar prevalências estratificadas por região, sexo e grupos etários, poder-se-á ainda explorar que características,comportamentoseexposiçõesderisco,distinguem osprevalentesdosnãoprevalentes. Comoexemplodeestudotransversal,poderíamosconsideraruma investigaçãoparadeterminaçãodaprevalênciadehipertensãonão controladaemPortugal,eseguidamenteinvestigarquaisascaracterísticas que se associam estatisticamente à prevalência. Outro exemplointeressanteseriaumestudoquerespondesseàquestão deinvestigação“SeráqueemPortugalaobesidadepodeserconsideradaumproblemadesaúdepública?”.Arespostaaestaquestão serianaturalmenteobtidaatravésdeumestudotransversaldeprevalênciadeobesidade,commediçãodeindicadoresdesaúdecomo oíndicedemassacorporal.Nestemesmoestudo,poder-se-íaainda investigarquecaracterísticasefactorescomportamentaiséquese encontramestatisticamenteassociadosaosobesos.Àposteriori,em futurosestudoslongitudinaisdeobesidade,poder-se-íainvestigar com maior robustez a eventual associação causal entre factores comportamentaisdosportugueseseasuaobesidade. Paraalémdestesestudosobservacionaistransversaisplaneadosnosentidodedescreverproblemasdesaúdenaspopulações,podemainda serefectuadosestudostransversaisqueprocuramasprevalênciasdeutilizaçãodediferentesprincípiosactivosnumapopulaçãodedoentes medicados.Porexemplo,numapopulaçãodedoentescomesquizofrenia,podemosefectuarumestudotransversaldemodoadescreveras prevalênciasdeutilizaçãodosdiferentesprincípiosactivos.Destemodoficamossemprecomanoçãodequaisosprincípiosactivosmais prescritosnotratamentodestesdoentes. Postoisto,restaoGaussdesejarbonsdelineamentosparaasvossasfuturasinvestigações... Paraapróxima,oGaussvaidebruçar-sesobreaquestão: QUALARELAÇÃOENTRE QUESTÕESDEINVESTIGAÇÃO, HIPÓTESESDEINVESTIGAÇÃOE OBJECTIVOSDOESTUDO? E,jáagora,nãoseesqueçamqueoGausstambémestádisponívelpararesponderaperguntas quepoderãosercolocadasatravésdoe-maildaEurotrials.Atébreve! BRASIL PORTUGAL Rua dos Pinheiros, 498-10º andar Rua Tierno Galvan, Torre 3, Piso 16 1070 - 274 Lisboa PORTUGAL Tel > +351 21 382 54 40 Fax > +351 21 382 54 52 Eurotrials, Scientific Consultants,SA [email protected] www.eurotrials.com 05422-010 São Paulo BRASIL Tel > +55 11 3088-5338 Fax > +55 11 3088-1437