TRABALHO - Inclusão social
Inclusão de Surdos no Ensino Fundamental das escolas públicas da rede
estadual e municipal na cidade de Crato/CE, Brasil
Adriano de Sousa Modesto
Crato - CE
Data:05/12/09
Horário:8h às 9h
Local:Hotel Verde Vale (Salão Timbaúba)
CURRÍCULO
PROF. MS. ADRIANO DE SOUSA MODESTO, DR.
FORMAÇÃO
 Doutorado em andamento em Ciência da Educação pelo
Mercosul na Universidad Autónoma de Asunción – UAA
(Paraguai)
 Mestre em Ciências da Educação pelo Mercosul na
Universidad Autónoma de Asunción UAA (Paraguai - 2009)
 Licenciatura Plena em Educação Física/ Universidade
Estadual da Paraíba – UEPB (2000)
FUNÇÃO
 Secretaria de Cultura Esporte e Juventude/ Crato-CE –
Coordenador de Esporte
JUSTIFICATIVA
A educação inclusiva pode criar condições para
ampliar a visão pessoal, profissional e social dos
sujeitos envolvidos no estudo, oportunizando a
discussão e a reflexão sobre o processo inclusivo
nas escolas regular de Ensino Fundamental para
que os Surdos possam exercer seu direito à
educação em sua plenitude.
PERGUNTA DA PESQUISA
Como tem ocorrido a inclusão de alunos
Surdos nas salas de aula do Ensino
Fundamental nas escolas públicas da rede
Estadual e Municipal na cidade de Crato,
Ceará/Brasil?
HIPÓTESE DA PESQUISA
Precisam ser melhorados os recursos e
equipamentos; e que haja capacitação
permanente e sensibilização da comunidade
educativa para o atendimento aos alunos Surdos
inseridos no Ensino Fundamental nas escolas
Estaduais e Municipais da rede pública de
ensino na cidade de Crato/Ceará, Brasil.
OBJETIVOS
GERAL
 Analisar como tem ocorrido a inclusão dos
alunos Surdos nas salas de aula do Ensino
Fundamental nas escolas públicas das redes
Estadual e Municipal na cidade de Crato,
Ceará/Brasil.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
 Identificar os recursos acadêmicos e
equipamentos disponibilizados nas escolas que
matriculam alunos Surdos no sistema
fundamental de ensino;
 Detectar os cursos de capacitação que são
oferecidos aos gestores e professores das
escolas envolvidas com as políticas de inclusão.
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS
Silva (200), esclarece que no final da Idade média e
no início da Idade Moderna começou a aumentar o
número de Surdos nas famílias nobres, devido à
prática comum de casamento consangüíneo como
uma maneira de preservar a riqueza no interior da
própria família. Com a preocupação de que o filho
Surdo não pudesse receber a herança, pois na época
quem não soubesse ler e escrever era privado de
seus direitos legais, as famílias nobres contratavam
preceptores para ensinar os seus filhos a falar, ler e
escrever.
A história da surdez pode ser dividida em cinco
fases, cada uma delas caracterizada por
diferentes concepções sobre surdez e diferentes
implicações sociais e educacionais decorrentes
destas concepções, especialmente em relação ao
modo de comunicação utilizado nos ambientes
educacionais
As Atuações Médicas na Educação de Surdos
 Werner (1949) e Soares (1999), consideram
Ammam um médico que renunciou aos recursos da
medicina passando a se dedicar à educação
puramente pedagógica dos Surdos. O importante era
que o Surdo associasse cada som aprendido com a
imagem escrita e teria, então, aperfeiçoado os
procedimentos da leitura labial através do uso de
espelhos.
As Atuações Religiosas na Educação de Surdos
 Quirós e Gueler (1966), Pedro Ponce de Leon (15101584) pertencia a uma família nobre da província de
Leon. Em 1526, entrou para a ordem dos Beneditinos e,
15 anos mais tarde, foi para o mosteiro de Omã, na
província de burgos, onde se dedicou à educação de
uma dezena de Surdos, todos eles filhos de membros da
corte espanhola.
 Sacks (1990), L’Epée, na segunda metade do século
XVIII, não suportando pensar nas almas dos surdosmudos vivendo e morrendo sem absolvição dos
pecados, privados do catecismo, das escrituras e da
palavra de Deus, em 1870 fundou em Paris um asilo de
surdos-mudos.
A Educação de Surdos Baseada no Oralismo
 Soares (1999), oralismo, ou método oral é o
processo pelo qual se pretende capacitar o Surdo na
compreensão e na produção de linguagem oral. Esse
método parte do princípio de que o indivíduo Surdo,
mesmo não possuindo o nível de audição para receber
os sons da fala, pode-se constituir em interlocutor por
meio da linguagem oral.
A Educação de Surdos Baseada no Bilingüismo
 Silva (2000), o princípio fundamental do bilingüismo é
oferecer à criança um ambiente lingüístico em que seus
interlocutores se comuniquem com ela de uma forma
natural, como acontece com o ouvinte. O Surdo tem a
possibilidade, desta forma, de adquirir a língua de sinais
como primeira língua, não como uma língua ensinada,
mas apreendida dentro de contextos significativos para
ela.
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS
 Stokoe (1960) representou o primeiro passo em relação
aos estudos das línguas de sinais. Stokoe observou que
os sinais não eram imagens, mas símbolos abstratos
complexos, com uma complexa estrutura interior. Ele foi o
primeiro, portanto, a procurar uma estrutura, a analisar os
sinais, dissecá-los e a pesquisar suas partes constituintes
(apud Quadros e Karnopp, 2004).
 Sacks (1990), Pesquisando a estrutura lingüística,
Stokoe analisou os sinais, decifrou suas partes
constituintes e propôs que cada sinal tivesse pelo menos
três parâmetros básicos principais e independentes:
locação, configuração das mãos e movimento.
Legislação Brasileira sobre Inclusão
Constituição de 1988:
-Art. 208º. Assegura o atendimento educacional,
preferencialmente na rede regular de ensino.
Declaração de salamanca 1994:
- Capítulo II, Art. 21º, aponta linhas de ações
específicas para a educação de surdos, deve ser
levado em consideração, a importância da linguagem
de sinais como meio de comunicação para os Surdos, e
ser assegurado a todos os Surdos acesso ao ensino da
linguagem de sinais de seu país.
 Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil – LDB
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
será efetivado mediante a garantia de:
III – atendimento educacional especializado gratuito aos
educandos com necessidades especiais,
preferivelmente na rede regular de ensino.
 Plano nacional de educação – PNE, Lei 10.172/2001
- Item 19, incluir no currículos de formação de
professores, no nível médio e superior, conteúdos e
disciplinas específicas ao atendimento dos alunos
especiais
 A Lei nº. 10.436/02, em 24 de abril de 2002, reconhece
a Língua de Sinais como meio de comunicação e
expressão.
-Art. 6º. As instituições de ensino público deverão
garantir, quando solicitadas, a presença e utilização da
Língua Brasileira de Sinais, no processo ensino
aprendizagem, desde a educação infantil até os níveis
mais elevados de sistema educacional.
 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –
FNDE, Lei nº 10.845
- Em março de 2004, decreta o Programa de
Complementação ao Atendimento às Pessoas
Portadoras de Deficiência – PAED, incluindo, nesse
programa, os alunos Surdos.
 A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, aprovada pela ONU em 2006
- Adota medidas para garantir que as pessoas com
deficiência não sejam excluídas do sistema educacional
geral sob alegação de deficiência
 Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, 2007
- É lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação,
tendo como eixos a acessibilidade arquitetônica dos
prédios escolares, a implantação de salas de recursos e
a formação docente para o atendimento educacional
especializado
Política de Inclusão de Surdos
A
formação de gestores e educadores; a sensibilização
da sociedade; e a formação de redes apoiadoras do
processo de inclusão
 implantação de salas de recursos
 interiorização de LIBRAS para a aprendizagem da
Língua brasileira de Sinais – tradução e interpretação, e
Língua Portuguesa para Surdos
 Criação do Programa de Apoio à Educação Especial –
PROESP, desenvolvido pela Secretaria de educação
especial em parceria com a Coordenação de
Aperfeiçoamento da Pessoal de Nível Superior – CAPES,
que visa impulsionar o estudo e a pesquisa, à formação
de professores na área da Educação Especial
O programa de distribuição de livros de literatura
infanto-juvenil digital em LIBRAS; a produção do primeiro
livro digital em LIBRAS para alunos Surdos da
alfabetização; a distribuição do Dicionário Trilíngüe ,
Português, Inglês e LIBRAS
 A capacitação de professores ouvintes e professores
intérpretes
 O currículo, sua flexibilização e as adaptações
curriculares
 enquanto não houver a oferta de tal formação em nível
superior, os professores devem participar de qualificação
profissional sobre tais temas, ofertados pelas secretarias
de educação e palas instituições de ensino superior em
parceria com organizações não-governamentais
representativas das comunidades surdas
Concepções sobre Inclusão
 Dorziat (2001), no caso do Surdo, há três critérios
importantes para inclusão social desses alunos – a
interação através de LIBRAS; o valor dos conteúdos
escolares; e a relação conteúdo-cultura surda
A educação do Surdo no Ensino Fundamental
 Kelma (1998), é desejável que na classe regular
haja todo tipo de aluno para que o grupo se
enriqueça. Para tal, a escola deve ser criativa para
buscar soluções visando à manutenção desse aluno
no espaço da sala de aula regular, e que ele possa
obter resultados satisfatório em seu desenvolvimento
acadêmico e social
A UNESCO destaca o seguinte:
 O sistema escolar é responsavel pela educação de
todos em sua região;
 O Ministerio é responsavel pela educação de todos;
 Existe uma variedade diversas de estudantes em
salas de aula;
 Os professores usam as extratergias de aula que
correspondem as diversidade
 Existe uma colaboração entre professores
administradores e outros a responder as
necesidades individuais dos estudiantes.
As condições de inclusão são:
 Adaptação de equipamentos;
 Adaptação da estrutura curricular;
 Capacitação de recursos humanos;
 Eliminação de barreiras de qualquer natureza;
 Processos diferenciados de avaliação;
 Processos de construção e aplicação de um
instrumento para gestores, professores,
intérpretes
METODOLOGIA
UNIDADE DE ANÁLISES
Escolas públicas de ensino fundamental da rede Estadual
e Municipal da cidade do Crato/CE onde os alunos Surdos
estão inseridos.
DESCRIÇÃO DO LUGAR DE ESTUDO
O município de Crato localiza-se na Região Nordeste do
Brasil, no extremo Sul do Estado do Ceará, no Cariri
Cearense.
A cidade apresenta uma população de 111.198 habitantes,
numa densidade demográfica de 114 hab./km2.
POPULAÇÃO E
AMOSTRA
População de Gestores,
Intérpretes e alunos
Surdos.
Amostra não
probabilística do tipo não
intencional.
TIPO E MÉTODO DE
ESTUDO
Foi desenvolvido um estudo
de caso.
Foi considerado como
variáveis o processo da
construção e aplicação.
São usados métodos de
pesquisa qualitativa.
TÉCNICA DE COLETAS DE DADOS
Técnica: observação participante, digitalização de fotos,
entrevistas estruturadas
Dados: deste estudo são obtidos a partir de entrevistas
estruturadas, com perguntas previamente
elaboradas, contemplando questões abertas
e fechadas
TÉCNICA DE ANÁLISES DE DADOS
Observação: escolas e as salas de aulas, recursos acadêmicos e
equipamentos das escolas, para identificar se as mesmas estão
preparadas para receber o Surdo e se os recursos humanos são
capacitados para promover a inclusão desses alunos.
Digitalização de fotos: registradas as escolas, os alunos Surdos
inseridos nas salas de aulas, os recursos visuais disponibilizados para o
ensino aprendizagem e as ações e os projetos desenvolvidos nas
escolas durante o ano letivo. Demonstra também a interação dos
professores e intérpretes, alunos Surdos e ouvintes.
Análise dos questionários: são verificados se os objetivos do estudo
foram alcançados.
Perguntas referente
ao Primeiro Objetivo
do estudo
Identificar os recursos
acadêmicos e
equipamentos em que se
encontram as escolas
que matriculam alunos
Surdos no sistema
fundamental de ensino.
Resultados
- Gestores: embora não estejam adaptadas
às necessidades dos Surdos, as escolas
contam com uma boa estrutura física, porém
necessitam de materiais, recursos
específicos para dar maior assistência aos
alunos Surdos.
- Professores e Intérpretes:, as escolas estão
em processo de adaptação e reestruturação
a fim de oferecer aos alunos Surdos boas
condições para seu aprendizado.
Pergunta referente
ao Segundo Objetivo
do estudo
Detectar os cursos de
capacitação que são
oferecidos aos gestores
e professores das
escolas envolvidas com
as políticas de inclusão.
Resultados
-Os gestores evidencia-se que ainda não foi
possível. Contam apenas com os
conhecimentos e a formação dos intérpretes;
os professores e gestores procuram recursos
próprios para melhor assistir os alunos.
-Para os professores, não houve nenhuma
capacitação, aprendem no cotidiano com a
prática educativa.
- Os intérpretes, afirmam que houve apenas um
seminário no ano de 2007. Segundo os
intérpretes, o sistema tem falhado em oferecer
capacitações referentes à inclusão para
professores e gestores.
Grupos
analisados
Gestores
Resultados
- Os gestores contextualizam e demonstram que a
inclusão é feita de forma necessária e tem como objetivo
garantir a todas os alunos oportunidades igualmente
oferecidas pela escola - beneficiar e preparar para uma
vida social produtiva. Para cada sala de aula há um
professor intérprete de LIBRAS, e isso tem ocorrido de
forma prazerosa sem haver descriminação, participando
de todas as atividades em sala e extra-sala.
- Têm ocorrido de forma imposta, lenta. A escola tem que
aceitar mesmo sem nenhum preparo; o aluno dispõe de
um intérprete, o meio pelo qual ele comunica, todavia o
professor e os alunos desconhecem a Língua de Sinais.
Grupos
analisados
Professores
Resultados
- Há satisfação diante dos resultados dessa
experiência. Eles relatam que suas aulas transcorrem
normalmente, pois a presença do aluno Surdo e do
intérprete é facilmente assimilada na rotina escolar; e
que percebem um bom relacionamento entre os
alunos e um bom rendimento geral do aluno Surdo. Há
uma desinformação geral acerca do argumento surdez
e suas peculiaridades; ausência de planejamento de
ações coordenadas que leve em conta a presença do
intérprete e, talvez, o aspecto mais importante - a não
consciência de que existem muitos problemas
ocorrendo nesse espaço.
Grupos
analisados
Intérpretes
Resultados
- A presença do intérprete de língua de sinais não é
suficiente para uma inclusão satisfatória, sendo
necessária uma série de outras providências para
que o aluno possa ser atendido adequadamente
como: uma grade curricular que atenda às suas
necessidades; aspectos didáticos e metodológicos
que facilitem a aprendizagem e conhecimentos
sobre a surdez e língua de sinais, entre outros.
CONCLUSÃO
 Escola se mostra inicialmente aberta a receber o Surdo;
discute as características do Surdo no momento de sua
entrada e depois o insere na rotina, acompanhando-o
por um intérprete de LIBRAS, sem qualquer cuidado
especial. Com o passar do tempo o Surdo parece bem,
já que não apresenta problemas de comportamento, e
todos parecem achar que está tudo certo, mas as
escolas pesquisadas não dispõem de recursos físicos
nem materiais específicos para atender aos alunos com
necessidades educativas especiais.
 Os gestores e professores não têm sido
preparados/capacitados para a tarefa de lidar com
educação inclusiva. As capacitações geralmente
concentram-se nos grandes centros, atingindo um
número restrito de pessoas. Desse modo, é difícil
encontrar, em cidades do interior, gestores ou
professores com capacitação/formação específica
para trabalhar com a educação inclusiva. A falta
de preparação revela para esta prática,
desinformação geral e o desconhecimento acerca
do argumento surdez e suas particularidades.
Foi constatado o problema da pesquisa
Foi comprovada a hipótese da pesquisa
Recomendações
Gestores: uma nova visão do sistema educacional; que
eles priorizem ações de desenvolvimento de
programas de enriquecimento curricular para a
formação de professores; que haja uma melhor
adequação e produção de materiais didáticos e
pedagógicos; que se melhore a tecnologia que assiste
os alunos Surdos, e os prédios escolares sejam mais
acessíveis para a utilização de recursos ópticos e nãoópticos para acessibilidade que ajude na comunicação
com os ouvintes, funcionários e até mesmo
favorecendo o ensino-aprendizagem da Língua de
Sinais em que o aluno Surdo está inserido.
 Professores: que atuam na educação especial
devem ter a formação básica inicial e
continuada. Essa formação possibilita a sua
atuação no atendimento educacional
especializado em conhecimentos gerais sobre o
aspecto da surdez ; e para o exercício da
docência, deve adquirir os conhecimentos
específicos da área.
As salas de aula não dispõem de um comunicado, aviso,
informações, uma citação em LIBRAS que ajude na
comunicação com os ouvintes.
A Secretaria de Educação Especial – MEC propõe que
para viabilizar o atendimento de qualidade na educação
especial é necessário estruturar a utilização em sala de
aula, de recursos visuais adequados. Isso facilita,
sobremaneira, a compreensão e aprendizagem
significativa do aluno (Brasil, 2006 p.49).
A Secretaria de Educação Especial – MEC, o aluno com
surdez deve sentar-se em local de onde possa ver o
professor. Isso facilita a leitura oral-facial, bem como a
língua de sinais, gestos, expressões faciais e corporais.
Sempre que possível, o rosto do professor deverá ficar
na mesma altura do rosto da criança (Brasil, 2006 p.49).
Os alunos Surdos vivem dentro de sua sala de aula, e
isso lhes parece adequado; vêem como natural seu
relacionamento restrito aos intérpretes e as poucas
trocas de diálogo com os alunos ouvintes. Por não
conhecerem outras experiências, só podem achar
que o ambiente em que vivem é bom, pois têm
amigos, vão à escola todos os dias e são bem
tratados.
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