Aceitabilidade, consumo e análises de cardápio isento de frituras em restaurante auto-serviço Aldemir Mangabeira Júnior Seção de Assistência Nutricional Coordenadoria de Saúde Ocupacional e Prevenção Superior Tribunal de Justiça Introdução Referencial teórico A redução de apenas 100 calorias diária evitaria que grande parte da população americana engordasse. (Hill; Petters, 1993) Margem inconsciente (Wasink,2007) 100 ou 200 kcal dia a menos no dia não provoca sensação de privação. Ecologia da obesidade (Fischler) Insucessos das tentativas de emagrecimento Ações não transformadoras, Centradas em recomendações: Faça isso e evite aquilo. Desconsideram aspectos culturais e a história dos indivíduos. “Muitas pessoas acham muito difícil fazer mudanças de longo prazo em sua dieta, sem um diagnostico de DCNT” (British Nutrition Foundation, 2004). Objetivo Geral Verificar variações no consumo alimentar e no estado nutricional de clientela cativa a um restaurante auto-serviço, antes e após a redução do teor lipídico das preparações e a exclusão das preparações fritas do cardápio. Objetivos específicos Variações no consumo alimentar e no estado nutricional de clientela com sobrepeso e obesidade. obesidade. Avaliar a aceitação dos usuários Verificar alterações nas preferências e rejeições alimentares. Metodologia Elaboração de novo contrato Proibição de frituras Aquisição de fornos combinados Elaboração de projeto básico Retirada da fritadeira da Unidade Simultaneamente ao início da utilização dos fornos Funções e características do forno combinado Metodologia Elaboração de FTPs (meses 1 a 3) n=911 Avaliação do estado nutricional (mês 2) 1ª fase Amostra cativa (n=195) Avaliação da Aceitabilidade (meses 6 e 7) (n=195) Amostra sobrepeso e obesidade Avaliação do Consumo (meses 6 e 7) (n=80) Início da utilização forno combinado e eliminação das frituras (mês 8) Reelaboração de FTPs (meses 8 a 12) Redução de gordura Reavaliação da Aceitabilidade (mês 13) (n=85) Reavaliação do Consumo (mês 13) (n=61) 2ª fase 12 meses após a primeira avaliação Reavaliação do estado nutricional (mês 14) Metodologia Avaliação de Aceitabilidade Questionários de aceitabilidade Escala Hedônica (1-7) Ótimo .....................7 Muito bom...............6 Bom.........................5 Indiferente................4 Ruim........................3 Testes estatísticos Percentuais de aceitabilidade Aceitabilidade, indiferença e rejeição Teste de Fischer – ANOVA (P≤0,05) Programa Statistic 6.0 Muito ruim...............2 Análise dos Componentes Principais e Hierárquicos Muitíssimo ruim.......1 Programa XLStat 2008.5 Metodologia Avaliação de Consumo e estado nutricional VET Refeição Método de Observação direta (Sávio, 2005) Parâmetros observados: • Porcionamentos Testes estatísticos Teste de Fischer – ANOVA (P≤0,05) Programa Statistic 6.0 • Peso da refeição • Restos/ingestão Avaliação nutricional Aferição de peso e altura (Jellife, 1968) Análise dos Componentes Principais e Hierárquicos Programa XLStat 2008.5 Resultados: perfil da amostra Idade: 42 ± 5,7 IMC: 28 ± 4,8 Escolaridade: 86,7% nível superior Renda mínima: 10 salários mínimos Resultados: perfil da UAN e do Cardápio UAN de Grande porte (Brasil, 1999) 1000 refeições por almoço Cardápio padrão médio (Teixeira, 2006) Composição do cardápio diários: • 8 pratos principais • 23 saladas • 6 acompanhamentos • 5 tipos de frutas • 11 guarnições • 6 a 8 tipos de sobremesas Resultados: Aceitabilidade Qualidade Global Percentual de aceitação Antes Após Guarnições fritas Vegetais refogados Carnes 61,3 78,6 82,7 85,3 93,3 86,7 Percentual de Rejeição Antes Após Guarnições fritas Vegetais refogados Carnes 17,3 10,6 6,7 2,6 4,0 6,7 Resultados: Aceitabilidade escala Hedônica (1-7) Sabor - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Bom - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Indiferente P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 Resultados: Aceitabilidade, escala Hedônica (1-7) Textura - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Bom - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Indiferente P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 Resultados: Aceitabilidade, escala Hedônica (1-7) Aparência - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Bom - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Indiferente P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 Resultados: Aceitabilidade, escala Hedônica (1-7) Qualidade Global - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Bom - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Indiferente P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 P< 0,05 Resultados: Aceitabilidade (escala hedônica 1-7) Qualidade Global – Toda amostra Antes Após Acompanhamentos Fritos 4,48 5,14 Acompanhamentos refogados 4,82 5,30 Carnes 4,48 5,04 Conceito de “indiferente” para “bom”; Elevação significativa em 29 de 36 notas pareadas. Teste de Fischer P ≤ 0,05 Resultados: aceitabilidade - Qualidade Global (ACH) Biplot (eixos F1 e F2: 62,60 %) 6 Seg 3 14,6% H=7 M=4 4 Seg 1 35 GF1 C1 74 29 2 59 60 53 55 6 26 16 30 56 4 18 33 71 54 64 VR1 2 72 70 13 39 51 63 34 11 1 486737 8 F2 (29,94 %) H=25 M=26 73 41 68% 507 4317 44 36 61 46 5 10 0 Seg 2 17,3% H=3 M=10 -2 42 38 21 47 15 49 28 3145 12 58 57 40 65 14 9 QG2 32 62 27 69 VR2 22 75 68 23 GF2 20 66 24 3 -4 19 52 25 -6 -8 -6 -4 -2 0 F1 (32,66 %) 2 4 6 8 Resultados Consumo Resultados: consumo % de gordura preparações 1ª fase 2ª fase Arroz (n=6) 5,1 ± 1,7 1,6 ± 0,1 <0,001 Feijão (n=4) 6,9 ± 2,9 1,6 ± 0,3 0,035 Batata (n=5) 4,9 ± 1 1,3 ± 0,8 < 0,001 Farofas (n=5) 15,7 ± 1,1 8,4 ± 1,1 < 0,001 5,1 ± 2 1,2 ± 0,6 < 0,001 10,2 ± 9,7 1,8 ± 1,0 0,009 Hortaliças (n=15) Massas/Tortas (n=10) P-valor Frituras (n=10) 9,6 ± 11,1 0,6 ± 0,6 0,019 Pratos protéicos (n=27) 4,0 ± 2,1 1,1 ± 0,6 p<0,001 Resultados: consumo Distribuição macronutrientes na refeição Homens Mulheres Antes Após Antes Após Carboidratos (%) 42,4 54,3 50,6 60,3 Proteínas (%) 18,7 23,9 16,3 19,5 Gordura (%) 38,9 21,8 33,1 20,2 Resultados: consumo Homens Média calorias almoço Média peso da refeição Média restos/ingestão 1ª fase 895 ± 186 494 ± 100 4,5 ± 8 2ª fase diferença 742 ± 174 -153 499 ± 76 3,5 ± 6 Mulheres 1ª fase Média calorias almoço 693 ± 149 Média peso da refeição 420 ± 87 Média restos/ingestão 12 ± 18 2ª fase diferença 593 ± 134 -100 408 ± 106 6,5 ± 11 P< 0,001 no VET P< 0,01 no VET P< 0,04 no R/I Avaliação do estado nutricional Média de Peso e IMC dos indivíduos acompanhados (IMC) 1ª fase 93,2±12 30,9±3,3 30,9 3,3 2ª fase diferença 91,2±11 -1,73kg 30,2±4,2 30,2 4,2 -2,2% Mulheres 82,0±11 79,9±11 -2,03kg 0,4 (IMC) 31,6±2,8 30,8±4,3 -2,5 % 0,4 Homens P-valor 0,5 0,4 Resultados: variação no estado nutricional Redução de peso da população com sobrepeso ou obesidade, após 1 ano Homens Aumento 17% Manutenção 7% Redução 76% SOMENTE FORNO FORNO + FTP SOMENTE FTP Preparações do cardápio Arroz (n=6) Feijão (n=4) Farofas (n=5) Massas/Tortas (n=10) VET (Kcal) média e DP Antes Após 200±12 154±18 225±93 486 ±58 374 ±193 163 ±67 345±56 279 ±118 99 ±38 56 ±32 Frituras (n=10) 269 ±124 184 ±89 Batata (n=5) Pratos protéicos (n=27) 191 ±84 291 ±146 147 ±90 255 ±147 Hortaliças (n=15) Opções 1 2 3 4 Característica Preparações servidas (tipo, nome e quantidade) Sem frituras Arroz branco (100g) Feijão carioca (100g) Abóbora cozida (50g), Chuchu refogado (50g) Filé de peito de frango grelhado (100g) Salada (alface e tomate (50g) Sem fritura e AC1 rico em gordura Arroz branco (100g) Farofa de ovo (100g) Abóbora cozida (50g), Chuchu refogado (50g) Filé de peito de frango grelhado (100g) Salada (alface e tomate) (50g) Com 1 fritura Sem fritura e AC1 rico em gordura Peso da refeição (g) VET (Kcal) Antes após 450 642 492 450 724 531 Arroz branco (100g) Feijão carioca (100g) Abóbora cozida (50g) Chuchu refogado (50g) Bife de alcatra à milanesa (100g) Salada (alface e tomate (50g) 450 776 506 Arroz branco (100g) Feijão tropeiro (100g) Abóbora cozida (50g) Chuchu refogado (50g) Filé de peito de frango grelhado (100g) Salada (alface e tomate (50g)) 450 806 611 consumo de gordura x sobrepeso Consumo de gordura x sobrepeso 46% do valor calórico do cardápio do restaurante era fornecido pelos pratos ricos em gordura (Pascoal, 2001) Excessos no consumo de gordura nos restaurantes: gordura saturada 36% dos usuários gordura insaturada 50% dos usuários Segundo os usuários, as refeições mais completas de restaurante self service são: preparações fritas, empanadas e à base de creme Tucker e Kano (1992) VET ajustado + manut % de gordura dietética Bray et al (2004) elevação da adiposidade VET ajustado + redução de gordura Hill (1993) Restrições da ingestão energética + teor de gordura elevado diminuição do peso perda de peso discreta e reduzida Baba (1999) Superalimentação (>40% VET) - 4 semanas 1º grupo: dieta rica em CHO 2º grupo: dieta rica em gordura > adiposidade Obesidade no mundo e Aspectos econômicos Dados sobre obesidade 1 bilhão de indivíduos com sobrepeso ou obesidade (Allison, 1999) Obesidade no Brasil: 13% (atualmente) 33% (em 2030) Obesos mórbidos no Brasil: 3,073 milhões (SBCBM, 2007) Sobrepeso/obesidade na instituição sede da pesquisa 43,4% mulheres 55% homens Obesidade: Custos diretos x indiretos Diretos Despesas assistência saúde e medicamentos Indiretos (bens intangíveis): Dor, sofrimento, custos administrativos, infra-estrutura, seguros de vida, redução nos lucros da empresas, perda na qualidade de vida, absenteísmos, diminuição nos anos de trabalho invalidez Gastos com tratamento EUA Em 1999, U$ 52 bilhões anuais. Diabetes: U$ 174 bilhões ano (Dall, 2008) 116 bilhões medicamentos 58 bilhões redução da produtividade União Européia em 2005 ( Fry; Finley, 2005): € 32,8 Bilhões anuais. Brasil (Ministério da Saúde, 2008): Mais de 200 mil óbitos, por ano, poderiam ser evitados com alimentação adequada. A 5kg/m2 a mais no peso: (Whitlock > 40% problemas cardíacos > 60% AVC > 120% DM et al, 2009) Faixa etária x incidência de sobrepeso e obesidade Maior incidência (Roblin, 2001): 35 a 55 anos Por sexo: Homens: 35 e 55 anos: 48% Mulheres: 45 a 55 anos: 31,4% Previsão de gastos com obesidade e DCNT Em 2025 os países gastarão: 8,73 do PIB (Bray et al, 2004) Investimento em tecnologia na produção de alimentos? Despesa? Ou Prevenção em saúde visando economia? Conclusões Aceitabilidade Eleva/mantém a aceitabilidade do cardápio. Consumo Redução no VET sem diminuição na porção. Considerações Finais Inclusão de tecnologias à produção Perspectivas TJDF contrato semelhante Regulamentações Novas legislações Decreto 6833, de 29 de abril de 2009