A Nutrição no combate à obesidade De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o excesso de peso é considerado um dos problemas de saúde pública mais prevalentes no mundo, sendo que a perspectiva para 2015 é que sejam cerca de 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso, mais de 700 milhões de obesos e cerca de 75 milhões de crianças diagnosticadas com sobrepeso e obesidade. No Brasil, segundo dados do IBGE, em 2014 o índice de obesidade e de sobrepeso na população aproximou-se de 60%, havendo registro maior em mulheres (58,2%), sendo que em homens, alcançou-se o patamar de 55,6%. Tanto o sobrepeso como a obesidade por induzirem a inflamação tecidual está associada a doenças crônicodegenerativas, tais como: diabetes mellitus, hipertensão, cardiopatias e câncer, sendo responsáveis indiretos por 72% dos óbitos no cenário nacional. Dentro de um cenário preocupante e que ultrapassa fronteiras globais, algumas políticas nacionais de combate à obesidade estão sendo tomadas, tais como: - incentivo ao aleitamento materno; - estímulo às redes de ensino para a compra de alimentos frescos produzidos pela Agricultura Familiar; - resolução 24/2010-Anvisa: proíbe veiculação de publicidade de alimentos ricos em açúcar, sódio e de gorduras saturada e transesterificadas; - incorporação de ações voltadas à prevenção da obesidade e de doenças relacionadas. Caracterização da obesidade: doença crônica e de caráter inflamatório, resultante do acúmulo de gordura corporal, tanto pelo crescimento das células adiposas, como pelo aumento do número destas, podendo ser classificada como ginóide e andróide, sendo que o grau da sua severidade é diagnosticada pelo índice de massa corporal acima de 25 Kg/m2. Os fatores etiológicos apontados, além do aumento do consumo alimentar rico em carboidratos simples e gordura saturada, associado pelo baixo gasto calórico, há ainda doenças genéticas como, Prader Willi, de Laurence Mon Biedl, mutações em genes produtores e/ou receptores de leptina, exposição prolongada a toxinas ambientais, distúrbios endócrinos que são desencadeados por hipotireoidismo, menopausa, entre outros, distúrbios do sono, estresse crônico e problemas emocionais. Considera-se ainda como importante fator causador do ganho excessivo de peso o desequilíbrio da flora intestinal, uma vez que: 1) há maior proporção de bactérias firmicutes em detrimento dos bacteroidetes (comum em eutróficos), situação que leva a maior extração energética dos alimentos; 2) aumento do processo inflamatório pela liberação de endotoxina por LPS, principalmente em dietas ricas em gordura animal, assim como pelo processo de hiperpermeabilidade intestinal, o que permite maior liberação de substâncias inflamatórias; 3) alteração na modulação dos genes responsáveis pela saciedade, gasto e armazenamento energético. Em relação às comorbidades (patologias associadas), somando-se as complicações anteriormente mencionadas, têm-se: osteoartroses, esteatose hepática, apnéia do sono, dislipidemias (aumento dos valores de triglicerídeos e colesterol LDL e VLDL), riscos maiores para depressão e disfunções cognitivas, etc... Deve-se compreender que as complicações da obesidade incidem diretamente na redução da capacidade funcional, na qualidade de vida, sobre a autoestima, menores aceitações social e profissional, depressão e morte precoce do indivíduo por complicações metabólicas. Há ainda, estudos que observam que indivíduos que fazem alta ingesta calórica derivada de gordura animal e açúcar, além do ganho de peso, está mais susceptível a desenvolver doenças neurodegenerativas, tais como, Parkinson e Alzheimer. Prevenção e tratamento: O consenso, como já se sabe é associar a prática de exercícios físicos frequentes aliados a inserção de boas condutas alimentares. Eis algumas orientações: - alimentação reduzida em gordura animal e de carboidratos simples (pães, massas, confeitarias, arroz branco, biscoitos, batata, etc...) e de produtos alimentícios altamente processados; - incentivo ao aumento no consumo de alimentos ricos em fibras (verduras, legumes, frutas e leguminosas); - baixo consumo de refrigerantes, produtos lácteos integrais, frituras, embutidos, carnes, margarinas e enlatados; - regularidade nos horários das refeições, sendo que os alimentos devem ser fracionados em quantidades moderadas, associando-se a uma adequada mastigação; - maior consumo de água em detrimento do menor consumo de bebidas açucaradas e de alcoólicos; A Nutrição no combate à obesidade - devida higiene do sono e estratégias para lidar com o estresse do cotidiano; - saber diferenciar a fome da gula; - evitar fazer as refeições em frente à televisão, do computador, lendo, estudando ou trabalhando. Diante das perspectivas do avanço do sobrepeso e da obesidade, somadas às patologias crônicodegenerativas em todas as faixas etárias e em vários países no mundo, propostas importantes vêm sendo tomadas para a conscientização, redução das comorbidades e de seus impactos, em especial para os custos aos cofres públicos cada vez maiores nos tratamentos ambulatoriais, medicamentosos e cirurgias bariátricas, assim como dos números crescentes de afastamentos de trabalhadores dos seus postos de trabalho. Entre todas as políticas, são necessários compreensão e estímulos para se adotar melhores hábitos de vida, aplicando-se na vida diária a modalidades esportivas e adequadas escolhas e quantidades do que se consome, em especial, para o público infanto-juvenil. Fontes: www.nutritotal.com.br www.abeso.org www.saude.gov.br www.nutricaoempauta.com.br