FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR Vera Lúcia Jacob Chaves UFPA – Centro de Educação Outubro de 2005 E-mail- [email protected] O financiamento é uma questão crucial no quadro das mudanças de relações entre Estado e as instituições educacionais, especialmente as públicas (DIAS SOBRINHO, 2002) Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. O Fundo Público – é formado pelos recursos oriundos de toda a população e se destina a financiar todas as atividades da burocracia do Estado e podem dirigir-se a duas vertentes: social e econômica. Vertente social: financia programas de educação, saúde, saneamento, habitação, assistência social, etc. Vertente econômica: subsídios a agricultura, instalação de fábricas, juros subsidiados em empréstimos, recursos para salvar bancos, renúncia fiscal, etc. Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. A VINCULAÇÃO CONSTITUCIONAL DE IMPOSTOS CF -1934 CF -1937 CF -1946 LDB-1961 CF –1967 EC-n°1 -1969 EC- João Calmon-1983 CF-1988 União municípios estados 10% 10% 20% Suprimida 10% 20% 20% 12% 20% 20% Suprimida 20% 13% 25% 25% 18% 25% 25% Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. DF 20% 20% 20% 25% 25% Mecanismos restritivos – burla: Inflação astronômica (correção trimestralLDB9394/96); Sonegação fiscal gigantesca; Manobras fiscais; Criação de contribuições e taxas (CPMF, CIDE, CONFINS,etc.); Fundo de Estabilização Fiscal-FEF(EC-10/1996); Desvinculação das Receitas da União – DRU (EC-27/2000); Lei Kandir (desoneração do ICMS exportações) Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Mecanismos restritivos – burla: Receitas da União em 2004 (em valores nominais) R$ % Receitas 450.589.980.944,80 correntes 100 Impostos 128.674.367.343,10 28,55 Fonte: Ministério da Fazenda. SIAFI – STN/CCONT/GEINC Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Mecanismos restritivos – burla: Desvinculação de Recursos da União : subtração de 20% da verba vinculada 2004 26,1 bilhões Retirada de 4,7 bilhões na educação Renúncia Tributária 2004 17,8 bilhões no orçamento social do governo federal 13,84% da receita de impostos. Renúncia na Educação 1,3 bi 10% dos gastos do governo federal com educação. Fonte: Ministério da fazenda, Secretaria de Política Econômica, Orçamento Social do Governo Federal 2001-2004 Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Demonstrativo do cumprimento do Art. 212 da Constituição Federal (em R$ bilhões) Ano 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Impostos (a) Transferências a estados e Municípios (b) FEF e DRU (c) Base de cálculo para a aplicação dos 18% (d = a-b-c) Despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino (e) Percentagem alcançada (mínimo exigido pelo art. 212: 18%) (e/d) 47.413 53.091 58.050 66.863 73.743 77.358 23.856 22.438 23.153 27.455 29.348 38.376 9.547 16.044 18.538 12.962 23.557 30.653 25.350 23.364 25.857 26.020 7.086 6.767 6.733 5.480 5.313 7.666 30,08 22,08 26,56 23,46 20,55 29,46 Fonte: Tesouro Nacional: http://www.stn.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/serieMDE.xls Obs: de 1997 a 1999, não havia DRU, mas o Fundo de Estabilização Fiscal ANO CONTRIBUIÇÕES FINSOCIAL/COFINS PIS/PASEP CSLL CPMF CIDE 2002 2003 2004 2005 90.129 106.159 113.120 126.108 76.555 43.907 52.308 60.454 68.557 31.218 15.413 22.385 23.240 26.123 15.491 30.809 31.466 29.427 31.428 29.845 9.181 10.189 10.364 12.394 4.855 29,80 32,38 35,22 39,44 16,27 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 27.362 31.881 41.315 42.114 57.278 73.769 84.323 106.108 124.192 147.434 82.404 15.226 17.892 19.118 18.745 32.184 39.903 46.364 52.266 59.564 76.613 41.875 6.122 7.390 7.590 7.547 9.835 10.043 11.396 12.870 17.336 19.390 10.535 5.852 6.598 7.698 7.704 7.303 9.278 9.366 13.363 16.749 19.554 12.999 162 1 6.909 8.118 7.956 14.545 17.197 20.368 23.047 26.432 14.292 7.241 7.496 5.445 2.702 Fonte: Receita Federal: http://www.receita.fazenda.gov.br/Historico/Arrecadacao/Historico85a2001.htm e http://www.receita.fazenda.gov.br/Arrecadacao/default.htm Obs: a partir de 2004, os estados e municípios passaram a receber 29% da arrecadação da CIDE, parcela esta já excluída dos valores acima. Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Demonstrativo do cumprimento do Art. 212 da Constituição Federal (em R$ milhões) Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Recursos mínimos para a educação na hipótese de considerar-se 18% dos Impostos e Contribuições (em R$ bilhões) ANO Mínimo, considerando Impostos e Contribuições, sem DRU Mínimo, considerando Impostos e Contribuições, com DRU Mínimo, considerando Impostos, sem DRU Valor efetivamente destinado para educação Mínimo, considerando o atual art. 212 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 9.165 11.256 13.718 14.674 18.301 20.295 23.498 28.793 31.835 36.897 22.993 8.180 10.108 10.512 10.270 12.902 15.306 17.688 20.943 23.180 26.888 17.238 4.240 5.518 6.281 7.093 7.991 7.017 8.320 9.693 9.480 10.359 8.161 7.086 6.767 6.733 5.480 5.313 7.666 9.181 10.189 10.364 12.394 4.855 4.240 5.518 4.563 4.205 4.654 4.684 5.546 5.664 5.297 Fonte: Tesouro Nacional: http://www.stn.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/execucao_orcamentaria_do_GF/serieMDE.xls Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. 5.657 5.372 Recursos das IFEScomo%doPIB(todasasfontes) %doPIB 1,5 1 Recursos das IFES 0,5 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Ano Fonte: Nelson Cardoso Amaral. Financiamento da Ed. Superior: Estado X Mercado. SP, Ed. Unimep & Cortez Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. IFES: evolução das matrículas x recursos (1989=100) Matrículas Recursos (R$ de 2003) 19 89 19 91 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Fonte: Nelson Cardoso Amaral. Financiamento da Ed. Superior: Estado X Mercado. SP, Ed. Unimep & Cortez Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Despesa da União em C&T por Unidade Orçamentária - 2003 Orgão Despesas Liquidadas (R$ milhões) Liquidada/Dotação Embrapa 780 97 M C&T 750 92 CNPq 679 98 FNDC&T 628 49 INEP 123 76 CAPES 536 98 Total 3496 0,24% do PIB Fapesp 355 0,024% do PIB Fonte: STN Fonte: Nelson Cardoso Amaral. Financiamento da Ed. Superior: Estado X Mercado. SP, Ed. Unimep & Cortez Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Orçamento das IFES, em 2004, segundo a proposta atual do MEC Base de cálculo (mil reais) Categorias Receita tributária 128.674.367 Transferências Constitucionais Subtotal 1 DRU Subtotal 2 18% (art. 212 C.F.) 75% dos 18% (proposta MEC) Descontos (mil reais) - 68.557.453 60.116.914 - 25.734.873 34.382.041 6.188.767 4.641.575 Fonte: Ministério da Fazenda. SIAFI – STN/CCONT/GEINC Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Orçamento das IFES em 2004 (em bilhões de reais) 4,24 Segundo a proposta do MEC 7,3 Orçamento realizado Fonte: Ministério da Fazenda/ Secretaria de Política Econômica Orçamento Social do Governo Federal 2001 - 2004 Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Lei Orçamentária Anual – 2005 Receita bruta de impostos da União Transf. p/ Estados e Municípios Confisco da DRU (20%) Renda Líquida 18% Dedução do §único art.41 Sobra dos 18% 75% dos 18% Acréscimo Inativos e pensionistas–art.43 Acréscimo arrecadação própria Recurso Final Recurso atual do MEC previsto na LOA R$ 144,2 bi R$ 59,1 bi R$ 28,9 bi R$ 56,2 bi R$ 10,1 bi R$ 3,0 bi R$ 7,1 bi R$ 5,3 bi R$ 3,0 b R$ 500 milhões R$ 8,8 bi R$ 8,7 bi Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Recursos Necessários para Atendimento das Metas do PNE Nível e Modalidade de Ensino 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 1.921 2.142 2.360 2.576 2.779 122,5 116,4 110,7 105,2 100,0 1,27 1,33 1,37 1,41 1,43 10.481 10.290 10.098 9.907 9.745 Educação Superior Matrícula no Setor 965 1.213 1.470 1.697 Público (em mil) Gasto/Aluno (% PIB 150,0 142,6 135,5 128,8 Per Capita) Recursos Financeiros 0,82 0,97 1,10 1,19 (% PIB) Gasto/Aluno (R$) 11.480 11.143 10.865 10.673 Recursos Financeiros 11.082 13.520 15.975 18.114 (R$ milhões) 20.135 22.040 23.834 25.519 27.084 Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Ed. Superior: % de Matrículas em instituições públicas Coréia 23,2 Japão 27,3 Chile 33,0 36,9 Brasil 38,7 Bélgica 62,3 Peru Estados Unidos 68,7 Mexico 69,0 Média OCDE 80,0 85,2 Argentina Uruguai 88,4 Espanha 88,7 França 89,4 90,3 Rússia Itália 93,8 Alemanha 100,0 Canadá 100,0 100,0 Austrlia 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Percentual Fonte: OCDE Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. Tabela 1 – Taxa de Escolarização Bruta na educação superior Países selecionados – 2000 P a ís A r g e nt in a T ax a d e E s c o la riza ç ã o Br ut a (2 ) (1 ) 48 B o lív ia 36 C h ile 38 C o lo m b ia 23 P a r a gu a i 17 U ru g u a i 36 EU A 73 C a na d á 59 M é x ic o 21 P o r tu g ua l 50 C o ré ia 78 Fonte: UNESCO, Compendio Mundial de la Educación – 2003. Notas: (1) Razão entre o total de matrículas na Educação Superior e a população de 18 a 24 anos; (2) dados referentes a 1999. OBS: Brasil: Taxa Bruta: 15% Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. ALGUNS DADOS SOBRE RECURSOS PÚBLICOS PIB atual em educação: 4,3%; •PNE: Proposta da Sociedade Brasileira: 10% do PIB; •PNE do Congresso: 7% do PIB; •2000 a 2003/2004 – redução de 20% aprox. de recursos; •2004 – lucro dos bancos – R$20,8 bi; •2005 (1º tri)– lucro dos bancos – R$ 6,3 bi – (52% a mais que o ano anterior); •2005 (jan-jun) – superávit primário – cerca de R$68,745 bi (30% a mais que no ano anterior); •Taxas de juros mais altas do mundo aumentando as despesas com os juros. Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. PROPOSTA DO MEC Elevar em 40% o número de matriculas no setor público sem acréscimo de recursos; Com o ProUni e com o orçamento proposto no anteprojeto de lei inviabiliza qualquer expansão. Subsídios para o setor privado: FIES ---------------1 bi ProUni -------------2,5 bi Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005. PROPOSTA DO ANDES-SN PIB – elevar dos atuais 0,9% para 2% do PIB em 2005 e 2006 até atingir o patamar de 2,7% em 2011; IFES – elevar dos atuais 0,6% para 1,1% em 2005 e 2006 até atingir 1,4% em 2011; IEES – elevar para 0,9% do PIB em 2005 e 2006 até atingir 1,3% em 2011; Vera Lúcia Jacob Chaves – Financiamento da Educação Superior. Belém-Pa, 2005.