Começar de Novo: presídio de Feira de Santana se destaca em ações de ressocialização de presos Qua, 05 de Dezembro de 2012 07:57 A equipe gestora do Programa Começar de Novo no Estado da Bahia, em visita – na última sexta-feira (30/11) – ao Presídio de Feira de Santana, verificou que a unidade encontra-se em um avançado processo de condução do sistema carcerário na direção da ressocialização. Muitas ações estão sendo realizadas na unidade com o objetivo de devolver a cidadania a detentos e ex-detentos. A intenção do Começar de Novo é, justamente, não permitir que a marginalização provocada pelo isolamento carcerário, se transforme em uma total perda de perspectiva para o apenado e, deste modo, eleve o índice de reincidência criminal. Cerca de 955 pessoas estão tuteladas na unidade, sendo a maioria de presos provisórios (613), e o restante cumpridores de regimes fechado, semiaberto e aberto. A unidade conta com uma estrutura diferenciada, graças ao conjunto de forças que atuam de forma integrada para oferecer dignidade aos presos. Oito salas de aulas bem organizadas e uma equipe de 17 professores compõem um investimento educacional que contempla, regularmente, 100 internos. Os que não estão matriculados no curso de ensino fundamental podem ter acesso aos outros espaços de aprendizado, a exemplo da biblioteca, que também dispõe de acesso à informática. O núcleo de atividades laborais da unidade vem desenvolvendo, periodicamente, cursos capacitadores nas áreas de cozinha, costura, jardinagem e construção civil. Atualmente, cinquenta internos estão trabalhando em empresas parceiras do Começar de Novo. Uma delas é a Conteflex – indústria de embalagens flexíveis – que já integrou quarenta presos em seu quadro de funcionários, e agora está prestes a implantar um núcleo de produção dentro do presídio, voltado para empregar presos em regime fechado. “Quando eu cheguei aqui, eu passei pouco tempo no pavilhão sem fazer nada. Logo encontrei oportunidade de estudar e trabalhar”, afirmou Diego Figueiredo, preso há dois anos e três meses na unidade, atualmente empregado na Conteflex. “É uma oportunidade ímpar. Tenho colegas que ficaram mais de 20 anos presos e disseram que nunca viram uma coisa dessas. Através do trabalho nós retomamos o contato com a sociedade. Isso é ressocialização”, acrescentou. Diego sai do presídio, todos os dias, às 21 horas e volta às 6 horas da manhã. No período noturno de produção da empresa, homens e mulheres trabalham juntos. Mais de 80% do 1/2 Começar de Novo: presídio de Feira de Santana se destaca em ações de ressocialização de presos Qua, 05 de Dezembro de 2012 07:57 público carcerário feminino está trabalhando. Os presos que estão trabalhando foram abrigados em outro pavilhão para que não haja risco de desestímulo por parte dos que ainda não estão inseridos no Programa. Durante a visita ao presídio, a servidora Maria do Socorro Frerichs – representante do Começar de Novo pelo Tribunal de Justiça da Bahia, reuniu-se com a administração da unidade, Edmundo Dumet (diretor) e Clériston Leite (diretor adjunto), o assistente social Valney Pereira, o coordenador laborativo Nilson Ribeiro, e com o instituto Max Weber, importante parceiro do Programa, que foi representado por Marcos Andrade. “O projeto Começar de Novo foi um marco. A partir daí estamos sentindo realmente que a ressocialização vai vingar”, afirmou o diretor da unidade, Edmundo Dumet. Além de um balanço sobre as ações em desenvolvimento na unidade, foram traçadas algumas perspectivas para o aperfeiçoamento do processo de reestruturação do sistema prisional para os moldes da ressocialização. O grande saldo do encontro foi a proposta de implantação do projeto “Xadrez que Liberta”, uma iniciativa do Espírito Santo que incentivou a prática e organizou campeonatos que envolveram 3.500 internos de 32 unidades do estado. O projeto, que tem o objetivo de cultivar o raciocínio lógico e a criatividade dos internos, ganhou o prêmio “Spirit of Sports”, após concorrer com outros 140 projetos no concurso realizado pela Sportaccord, entidade que reúne federações esportivas internacionais, como a Federação Internacional de Futebol (FIFA). Outros estados como Ceará, Minas Gerais e São Paulo, já estão seguindo o exemplo do Espírito Santo e agora chegou a vez da Bahia. Inicialmente será aplicado nos moldes de um projeto-piloto, apenas no presídio de Feira de Santana, para depois expandi-lo por todas as unidades do Estado. O plano inicial deverá formar um clube de xadrez por pavilhão, cada um com um dirigente do próprio grupo e outro monitor de fora, que deverá auxiliar nos grupos que vão se auto-organizar. “Através das regras do jogo, aos poucos será melhorada a capacidade de concentração de cada participante, a diminuição do impulso de agir e reagir, desenvolvendo ainda a ajuda no pensar e repensar dos atos de cada um”, afirmou a servidora Maria do Socorro, entusiasmada com o projeto que, para ela “influencia de forma direta e incisiva na reeducação do interno e no combate à reincidência criminal”. Texto: Ascom / Fotos: Começar de Novo 2/2