6 REGIÃO CARBONÍFERA, SEXTA-FEIRA, 11 DE FEVEREIRO DE 2011 [email protected] - (51) 3651.4041 GERAL SEGURANÇA PÚBLICA O presídio que é uma bomba-relógio Localizado no Centro de São Jerônimo, casa prisional abriga mais presos que o dobro da sua capacidade RODRIGO RAMAZZINI S uperlotação, estrutura fragilizada, falta de efetivo carcerário, histórico de fugas, desavenças entre presos e localização inadequada. Esses são alguns componentes explosivos que tornam o Presídio Estadual de São Jerônimo em uma bombarelógio. Localizada em uma rua central do município e rodeada de empresas e estabelecimentos comerciais, a casa prisional parece estar em contagem regressiva para explodir. - É uma apreensão diária com esse presídio aqui. Ainda mais com esse vai-e-vem de pessoas e crianças nessa rua -, relata um profissional que trabalha nas proximidades da casa prisional, mas que terá a identidade preservada por questão de segurança. Autoridades policiais consultadas que possuem conhecimento da rotina e da estrutura do presídio reforçam o sentimento de tensão e preocupação com o estabelecimento penal. E, não é para menos. Projetado para 50 vagas, divididas em quatro celas, o presídio abriga, segundo informações da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), mais que o dobro da capacidade. Hoje, 117 apenados entre o regime fechado e semiaberto cumprem pena no local. Também estão sob custódia do presídio mais 21 presos em regime de prisão domiciliar. A inquietação em relação à localização do presídio é justificável. Situado na Rua Adélia Drebes, uma rua central e de grande fluxo de pessoas, a casa prisional é rodeada de empresas e estabelecimento comerciais, como o Expresso Vitória, Grupo Lebes e Supermercado Macropan. Ainda tem ao lado a Casa de Cultura e à frente o Telecentro Municipal, que é muito frequentado por estudantes. Para complementar, há uma parada de ônibus bem próxima ao presídio, que está sempre com grande quantidade de pessoas a espera de transporte. De acordo com a Brigada Militar, estima-se que trafegam pelos arredores da casa prisional, entre Portal363.p65 6 funcionários das empresas, passageiros dos ônibus, clientes do comércio e transeuntes em geral, em média durante a semana, no mínimo, 700 pessoas por dia, que acabam ficando expostas aos riscos com as fugas, motins e eventuais sequestros e disparos com armas. MARCOS BARBOSA Histórico de fugas, motim e falta de efetivo No ano de 2010, foram, no mínimo, sete fugas registradas entre presos do regime fechado e semiaberto. No ultimo mês de novembro, a Brigada Militar (que é responsável pela guarda externa do presídio) evitou uma fuga em massa ao desconfiar do barulho e descobrir um buraco de aproximadamente 40 cm de largura e 40 cm de comprimento que estava sendo cavado pelos apenados em uma das celas. Se a fuga fosse concretizada, mais de 30 presos teriam escapado. Embora essa tentativa de fuga em massa, a maioria dos presos que consegue escapar foge ao escalar os muros do presídio, o que demonstra a fragilidade da segurança. Por vezes, até a árvore que fica na frente da casa prisional é utilizada como auxílio durante as fugas. Em 2011, já há registros de fuga de dois apenados e de um motim, no mês passado. A rebelião aconteceu no dia 14 de janeiro e iniciou com uma briga entre presos no interior do pátio no momento do banho de sol, e se estendeu até uma negativa dos detentos de retornarem para as celas. Um reforço da Brigada Militar precisou ser chamado para acalmar os ânimos. O tumulto deixou nove presos feridos, sendo quatro feridos com estoques (facas artesanais), que precisaram ser levados ao hospital para serem medicados, mais cinco com lesões leves. Apesar de a Susepe considerar o efetivo de agentes penitenciários atuando na casa prisional como adequado, no momento do motim, conforme relato de testemunhas que presenciaram a rebelião, havia apenas um agente trabalhando no local. Agentes da Susepe e Brigada Militar removem presos após o motim de fevereiro: presídio localizado em meio a prédios comerciais e instituições culturais é um risco para a população. Revista Depois de controlado o motim, o Grupo de Ações Especiais da Susepe (GAES) realizou uma revista nas quatro celas e no pátio do presídio, sendo localizados seis estoques e dois celulares. Reformas No ano passado, o Presídio de São Jerônimo passou por reformas na rede elétrica, de esgoto, nas celas e no pátio. Diferença entre Presídios e Penitenciárias A lei de Execuções Penais e o Código de Processo Penal Militar esclarecem que os presídios são os locais que abrigam presos em caráter provisório, que aguardam julgamento pela justiça. Já as penitenciárias são os locais que os apenados cumprem pena pelos processos já julgados pela justiça. Atualmente, o Presídio de São Jerônimo tem abrigado alguns presos com decisão 10/2/2011, 17:48 condenatória expedida pela Justiça. MP e remoção de apenados O Ministério Público (MP) de São Jerônimo já tem conhecimento da atual situação do presídio. A remoção de presos, de acordo com a Susepe, só será realizada com a conclusão da Penitenciária de Arroio dos Ratos. [email protected]