UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM ESCRITA E ORAL Fátima Regina de Araújo Orientador: Professor Mestre Robson Materko Rio de Janeiro Agosto/2001 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM NA LINGUAGEM ESCRITA E ORAL Fátima Regina de Araújo Trabalho monográfico apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Psicopedagogia Rio de Janeiro Agosto/2001 AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus que com sua força espiritual me ajudou a acreditar no poder de sua presença para que eu confiasse em minha potencialidade. Agradeço a meus pais, que com palavras de incentivo me ajudaram a ficar sempre fortalecida para seguir em frente. Agradeço a minha irmã, que com carinho e incentivo me ajudou a ingressar neste curso. Agradeço ao meu futuro marido, que com paixão e paciência, pode compreender as minhas horas de ausência para a conclusão desta monografia. SUMÁRIO pag. Resumo ........................................................................................... 01 Introdução ....................................................................................... 02 1– O que é aprender? ................................................................. 04 1.1 – Condições necessárias para aprender ................................... 07 2 – O que é distúrbio de aprendizagem? ...................................... 11 2.1 – Como diagnosticar um distúrbio de aprendizagem? ............... 13 3 – As causas dos distúrbios da aprendizagem ............................ 17 3.1 – Causas físicas ......................................................................... 20 3.2 – Causas sensoriais ................................................................... 21 3.3 – Causas neurológicas ............................................................... 21 3.4 – Causas emocionais ................................................................. 23 3.5 – Causas intelectuais ou cognitivas ........................................... 23 3.6 – Causas educacionais .............................................................. 23 4 – Distúrbios de aprendizagem na Linguagem Escrita ................ 24 5 – Distúrbios de aprendizagem na Linguagem Oral .................... 29 Conclusão ................................................................................ 35 Referências bibliográficas ....................................................... 37 RESUMO O processo de ensino-aprendizagem é o tema central do trabalho docente. É um processo dinâmico de comunicação entre professor e aluno. Essa comunicação é recíproca e eles interagem constantemente. Dessa interação resultam as aprendizagens, isto se não surgir nenhum obstáculo que se interponha à ação educativa, ou seja, que apareçam distúrbios. O distúrbio é um transtorno que desvia todas as possibilidades positivas da aprendizagem pois faz surgir uma dificuldade no momento da aquisição do conteúdo. A finalidade aqui é mostrar que se deve diagnosticar os casos desses distúrbios para que se tenha a exatidão das causas para assim utilizar o procedimento correto. Os distúrbios de aprendizagem na linguagem escrita e oral têm influência direta em outros conteúdos pois o indivíduo precisa ler e escrever normalmente para que não ocorra os desvios. A metodologia para o tratamento deve ser acomodada a problemática em questão, isto porque, não se pode utilizar o programa de educação padronizado em uma educação que não conseguiu se relacionar com outros padrões. INTRODUÇÃO A necessidade de falar e escrever é um tipo de manifestação muito antiga e de exclusividade do homem. Cada povo elaborou uma forma diferente de usálas. Ao longo do tempo o homem percebeu o quanto seria importante falar e escrever. Sendo assim, surgiu a necessidade de expandir estes dois aspectos que iriam contribuir para o seu desenvolvimento e consequentemente do meio aonde vivia. Foram surgindo conceitos e métodos para a aplicação do ensino da linguagem escrita e linguagem oral e a cada período, a vontade de saber como escrever e falar aumentava. A elaboração do alfabeto parte desta vontade, pois ocorreu a necessidade da criação da linguagem de cada grupo. Isto fez surgir pequenos grupos de ensino que mais tarde receberam o nome de escola; homem o objetivo é orientar o a conhecer novos horizontes e entender sua utilidade enquanto integrante de uma sociedade. A escola sempre acompanhou o homem em seu progresso mantendo-se objetiva apesar dos contratempos pelo qual o mundo passou e ainda passará. É importante lembrar que no começo a proposta de aprender era restrita a pessoas de grande poder aquisitivo. Com o advento da modernidade e postura social, esta restrição começa a perder a força tornando a escola mais acessível. Os professores são o elo entre a escola e a sociedade, e aquele capaz de ensinar e perceber qualquer comportamento que possa interferir de forma negativa no processo de ensino e aprendizagem. Estando sempre atento ao ambiente escolar, com melhor dizendo, a sala de aula, o professor começa a observar alunos que de uma forma ou outra não conseguem entender o conteúdo abordado. Isto da início a estudos e maiores detalhamentos no que diz respeito a observações tanto pedagógicas quanto psicológicas, no decorrer da aprendizagem para que se entenda o porque deste distúrbio na aprendizagem facilitando o trabalho em sala de aula. Passa-se a entender que qualquer dificuldade específica na aquisição de informações ou habilidades são essenciais a solução de problemas. Existe um problema significativo de aprendizagem quando o desempenho real do indivíduo ou sua realização em uma habilidade qualquer está bem abaixo de sua capacidade ou potencial. Este trabalho irá explorar a causas e conseqüências dos distúrbios de aprendizagem na linguagem oral e escrita, não deixando este aspecto somente ligado ao pedagógico, mas também ao psicológico e sociológico, fazendo entender que todo os casos devem ser analisados para que se possa utilizar o método adequado onde o mesmo conteúdo tenha diferentes formas de como atingir o aluno. O professor deve saber identificar estes distúrbios assim como suas causas. Este trabalho tem o objetivo de também facilitar a compreensão a cerca dos distúrbios mostrando que o professor deve estar sempre preparado para acontecimentos extras em sua sala de aula e fazer com que os outros alunos compreendam e não diferenciem os alunos que possuírem dificuldades. 1. O que é aprender? O aprender consiste em o indivíduo possuir um conjunto de condições, capacidades, habilidades e aptidões consideradas pré-requisitos para iniciar a aprendizagem. A aprendizagem não pode ser formatada, ou seja, ter uma forma única, isto porque seu objetivo é atingir o indivíduo que por sua vez é um complexo misto. O processo de aprendizado é gradual, pois a cada ciclo de desenvolvimento do indivíduo inicia-se um novo período de conhecimento que terá continuidade durante toda a sua vida. Partindo desta afirmativa pode-se dizer que ela é constante ou contínua e cada um possui seu ritmo próprio de aprendizagem que juntamente com seu esquema próprio de ação, constitui sua individualidade. Esta, dá origem as diferenças de cada um e que levam alguns indivíduos a serem lentos na aprendizagem, ao mesmo tempo que outros são mais rápidos. Pode-se afirmar que a aprendizagem é um processo pessoal, individual, ou seja, tem fundo genético e depende de muitos fatores como por exemplo: esquemas de ação inatos do indivíduo; estágio de maturação do seu sistema nervoso; constituição psicológica; e de seu grau de envolvimento, esforço e interesse. Aprendemos por nós e não pelos outros, isto porque novas aprendizagens são dependentes de experiências anteriores e com isso, pode-se dizer que as primeiras aprendizagens são um impulso para as que estão por vir. A partir deste princípio vemos o lado cumulativo de aprender, ou seja, vemos que a aprendizagem é um processo cumulativo e que cada nova aprendizagem vai se juntar ao repertório de conhecimentos e experiências que o indivíduo já tem, contribuindo para sua posição cultural. Este processo cumulativo não é estático e isto faz com que o indivíduo reorganize suas idéias estabelecendo relações entre as aprendizagens anteriores e novas, criando valores e colocando seus sentimentos neste julgamento. Trata-se portanto, de um processo integrativo. Aprender é conseqüência do desenvolvimento do indivíduo enquanto integrante da sociedade, pois ela impõe a condição de aprender a partir do momento de concepção. Somos preparados para ingressar na escola e a partir do momento em que estamos fora dela, estamos aprendendo normas sociais de relacionamentos para podermos ter consciência da aprendizagem em sala de aula. Qualquer manifestação social é dependente da aprendizagem. A aprendizagem deve trazer benefícios a quem está exposto a ela, ou seja, de todo o processo de aprendizagem, o indivíduo deve estar claramente integrado no objetivo da instrução. Aprender é um caminho para a auto-realização e o crescimento integral. Pelo fato de estar presente e ser peça fundamental do desenvolvimento, a aprendizagem necessita de quatro elementos para fazer fluir o processo de entrada e saída. São eles: - Comunicados: que têm como representante o professor que participa ativamente, estando motivado e com pleno conhecimento da mensagem que será transmitida. - Mensagem: é o próprio conteúdo educativo, ou melhor dizendo, os conhecimentos e informações passados aos alunos que por sua vez devem ser claros e precisos para serem bem assimilados. - Receptor: são os alunos. Eles não devem ser passivos pois parte da aprendizagem também depende de suas reações. - Meio: é a escola, a família e a sociedade onde está inserido. Estes devem também ser estimuladores da aprendizagem, proporcionando boas condições para o processo educativo. A aprendizagem pode ser vista pelo lado comportamental, que coloca a aprendizagem como um conjunto de mudanças observáveis no comportamento do sujeito, adquiridas através da experiência. Tal definição supõe atuação e interação do sujeito em seu ambiente que inclui outros e os objetos de aprendizagem. A troca decorrente da interação sujeito-meio, indica um movimento entre pessoas e objetos que resulta em transmissão de conhecimentos, entendido de uma forma abrangente, excluindo, portanto, aspectos cognitivos, emocionais e sociais. A transmissão de conhecimentos requer algumas condições. É necessário que o indivíduo possa recriar o conhecimento que está no outro através do uso de símbolos significativos. Recriar é apropriar-se, valendo-se de estruturas próprias, capazes de captar o sinal e generalizá-lo para, daí, ampliá-lo, a fim de que se torne um novo conhecimento. Pode-se entendimento dizer de também alguns que conceitos definir básicos: aprendizagem sujeito, pressupõe o desenvolvimento e conhecimento. Devemos considerar ainda, o meio em que ocorre tal processo, as condições necessárias à aprendizagem, bem como a interação dinâmica desses elementos com a estrutura cognitiva do sujeito. Existem dois tipos de aprendizagem: a aprendizagem casual, que quase sempre é espontânea, surge naturalmente da interação entre as pessoas e com o ambiente em que vivem. Ou seja, pela convivência social, pela observação de objetos e acontecimentos, pelo contato com os meios de comunicação, leituras, conversas, etc., as pessoas vão acumulando experiências, adquirindo conhecimentos, formando atitudes e convicções. E a aprendizagem organizada, que é aquela cuja finalidade específica é aprender determinados conhecimentos, habilidades, normas de convivência social. Embora isso possa ocorrer em vários lugares, é na escola que são organizadas as condições específicas para a transmissão e assimilação de conhecimentos e habilidades. Esta organização intencional, planejada e sistemática das formalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa específica do ensino. A aprendizagem escolar depende, basicamente, dos motivos intrínsecos, ou seja, uma criança aprende melhor e mais depressa quando sente-se querida, esta segura de si e é tratada como um ser singular. Ela aprende melhor e mais depressa quando suas necessidades básicas são atendidas, convenientemente, ou seja, se ela não está com fome, nem tem sono, nem está cansada, doente ou nervosa, tende obviamente, a aprender melhor, se a tarefa escolar atender aos seus impulsos para a exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonia forem banidos da escola, se o professor, além de falar, souber ouvir e se propiciar experiências diversas, a aprendizagem infantil será melhor, mais será a de transferir-se para novas situações, inclusive extracurriculares. É importante lembrar que apesar de tudo o que se comenta a respeito da aprendizagem, ainda há grupos sociais fora do alcance de aprender, facilitando o enfraquecimento da corrente social. Isto ocorre porque há sobras de um ideal arcaico que insiste em permanecer presente e pessoas colaborando para esta permanência. 1.1. Condições necessárias para aprender O processo de aprendizagem exige fatores de nossa constituição enquanto indivíduos, suscetível ao desenvolvimento intelectual o qual será necessário para sua integração na sociedade dando suporte para que tenha posição e opinião própria. Existem inúmeros fatores que colaboraram para a efetivação da aprendizagem, mas aqui no momento serão citados somente sete, independente da teoria de aprendizagem abordada: 1) Saúde física e mental: para que seja capaz de aprender, a criança deve apresentar um bom estado físico geral, isto é, deve estar gozando de boa saúde, com seu sistema nervoso e todos os órgãos dos sentidos funcionando perfeitamente bem. As perturbações que porventura surgirem, tanto na área física como na sensorial e principalmente na área nervosa, são distúrbios que poderão se constituir em problemas de aprendizagem. Febre, dores de cabeça, deficiência de visão, de audição, disritmias, são alguns exemplos desses distúrbios. 2) Motivação: o fato de querer aprender garante à criança um maior sucesso na aquisição de conhecimentos, habilidades ou técnicas. O interesse é, portanto, a mola propulsora da aprendizagem. Os motivos que a criança tem par aprender situam-se nos vários níveis de desenvolvimento humano. Todo comportamento humano pode ser visto como a busca do equilíbrio, ou seja, como a procura do bem-estar pelo indivíduo, tanto em relação a sim mesmo como em relação ao meio ambiente em que vive. O equilíbrio mostra satisfação e o desequilíbrio tensão: a criança pode querer aprender por vários motivos: - para satisfazer à sua necessidade biológica de exercício físico com a finalidade de liberar energia; - ao ser estimulada pelos órgãos dos sentidos, como por exemplo, pela visão das cores alegres de um material pedagógico; - ao sentir-se motivada para uma atividade mental, quando consegue resolver um problema ou entender bem uma explicação do professor; - para evitar a punição dos pais, caso não apresente boas notas nos estudos; - por sentir necessidade de conquistar um prêmio ou uma boa qualificação na escola, que lhe de status no meio social que freqüenta. O fato de garantir a admiração da família ou dos colegas também é uma boa motivação para aprender. 3) Prévio domínio: domínio de certos conhecimentos, habilidades e experiências anteriores, que são chamados pré-requisitos para a aprendizagem. Um exemplo de prévio domínio é o currículo oculto que as crianças já trazem de casa, ou seja, a soma de conhecimentos, experiência, noções e habilidades que já vivenciaram no lar e que lhes dão uma grande vantagem em relação aos outros colegas que não o possuem. 4) Maturação: se dá por etapas que se sucedem sempre em uma mesma seqüência, embora em tempos diferentes para cada indivíduo. A seqüência de sentar, arrastar-se, engatinhar e andar são exemplos do processo de maturação biológica. A maturação e a aprendizagem são processos diferentes, porém intimamente ligados, pois a maturação é que cria condições para que as aprendizagens ocorram. Nelas não há predomínio da hereditariedade ou do ambiente, pelo contrário, há uma interação perfeita entre ambos. 5) Inteligência: a criança deve ter a capacidade de assimilar e compreender as informações que recebe; de estabelecer relações entre várias dessas informações; de criar e inventar coisas novas com base nas que já conhece; de raciocinar com lógica na resolução de problemas que lhe são apresentados. 6) Concentração ou atenção: a capacidade de buscar-se em um assunto é um fator intelectual que interfere na aprendizagem. Com maior ou menor capacidade que o indivíduo tenha para se concentrar no objeto do conhecimento, dependerá sua maior ou menor facilidade para aprender. 7) Memória: o indivíduo aprende devido a seus sistemas sensoriais que se comunicam com o centro de aprendizagem ajudados pelos centros nervosos que estão localizados nos hemisférios cerebrais e os dados aprendidos são transferidos a outro centro nervoso que é o da memória. A memória irá armazenar as informações até quando o indivíduo necessitar utilizá-la. Quem aprende está sujeito a esquecer o que aprendeu. O esquecimento acontece por vários motivos: - Pela fragilidade ou deficiência na aprendizagem, causada por estudo insuficiente; - Pela tentativa de evocação do fato memorizado através de um critério diferente do utilizado na fixação da aprendizagem. Por este motivo as informações devem ser apresentadas sob formas diferentes, para que o aluno possa armazená-las também sob diferentes critérios. Isso aumenta a capacidade de a criança lembrar-se das informações recebidas, quando necessário. - Pelo desuso das informações; - Por um componente emocional, que também pode prejudicar a memorização e a concentração. O indivíduo muito ansioso ou preocupado não consegue fixar sua atenção no que está sendo ensinado, conseqüentemente não memoriza a informação e não aprende. A memória não funciona isoladamente. Ela é um dos fatores da inteligência e evolui com o desenvolvimento das funções intelectuais. Todos estes aspectos devem agir conjuntamente para que se obtenha o objetivo principal da aprendizagem, ou seja, que tanto a criança como o momento da aprendizagem estejam no mesmo plano. É de fato real dizer que nem sempre esta harmonia irá acontecer, pois pode ocorrer falha em alguns destes fatores, mas pelo menos em 50% (cinqüenta por cento) deles, o indivíduo tem dentro de si. Preparar uma criança para os processos de aprendizagem depende em geral de uma complexa integração das funções neurológicas, que precisam ser exercitadas para que amadureçam harmoniosamente. A importância da exercitação, ou seja, da estimulação é comprovada por vários autores e pesquisadores de educação, pois foi e é percebido que o estímulo é um fato dinamizador da aprendizagem, ou seja, caso os estímulos sejam intensos, a aprendizagem se fará com determinação e eficácia. É importante lembrar que a aprendizagem não significa apenas experiência, embora a qualquer tipo de aprendizagem corresponda uma conseqüência comum: a mudança. A aprendizagem sempre e invariavelmente supõe mudança de comportamento e, não só isso, quanto mais possível de suscitar mudanças é um fato ou situação, maior motivação terá o indivíduo para envolver-se nele. As situações de ensino agradáveis suscitam no aluno um desejo de repetir e renovar a aprendizagem. Quando por infelicidade, o contrário acontece, o aluno tende a rejeitar não só a disciplina que não consegue aprender, mas também tudo quanto a ela se refira, inclusive o mestre e até a própria escola. 2. O que é distúrbio de aprendizagem? O distúrbio de aprendizagem é uma dificuldade em adquirir conhecimentos novos. Neurologistas concordam que é decorrente de uma variedade muito grande de causas. Essas causas podem ser cerebrais, extracerebrais e ambientais. Entre as causas cerebrais existem as primárias e secundárias. As primárias são decorrentes de discreta disfunção do cérebro aparentemente normal, do ponto de vista anatômico e de exames laboratoriais. Fica mais evidente quando a criança, aparentemente normal, atinge a idade escolar e não consegue mais aprender. A deficiência seria decorrente de distúrbio histológico, bioquímico e elétrico, impossíveis de detectar em vida pelos meios atuais de diagnóstico laboratoriais. As causas cerebrais secundárias são aquelas evidenciáveis pelos meios diagnósticos neurológicos e por exames de laboratórios como encefalograma, tomografia computadorizada de crânio, ressonância magnética nuclear. Há muito tempo, a complexidade e a abrangência dos aspectos que envolvem as dificuldades de aprendizagem vêm despertando grande interesse dos especialistas das mais diferentes disciplinas. Isto acaba por se refletir, de acordo com a visão de cada estudioso, nas diferentes terminologias utilizadas para a descrição dos seus achados, tornando árdua a tarefa de classificação destas dificuldades. Além dos distúrbios específicos de aprendizagem e daqueles deficitários da atenção, a conceituação das dificuldades de aprendizagem abrange, atualmente, a hiperatividade, os problemas emocionais, familiares e sociais. Desta conceituação, ficam excluídos os problemas de aprendizagem decorrentes do prejuízo intelectual e das perturbações severas do emocional. O posicionamento de alguns médicos e psicólogos a respeito dos distúrbios de aprendizagem é o mesmo dos educadores, pois estes profissionais afirmam que distúrbios são problemas ou dificuldades no processo ensino-aprendizagem. Isso porque, para esse grupo, distúrbios são perturbações de origem biológica, neurológica, intelectual, psicológica, sócio-econômica ou educacional, encontradas em escolares, que podem tornar-se problemas para a aprendizagem dessas crianças. Há também um outro lado do distúrbio que pode ser visto apenas para aqueles casos de crianças com dificuldade de aprendizagem de causas desconhecidas, uma vez que essas crianças não apresentam defeitos físicos, sensoriais, emocionais ou intelectuais de espécie alguma. Tendo como ponto de partida estas definições, pode-se perceber que, qualquer que seja a causa básica destes distúrbios, não se trata de quadros neurológicos definidos. Presume-se que sejam condições intimamente relacionadas aos processos de amadurecimento do sistema nervoso central. podem melhorar com o passar do tempo e, não raramente, problemas psicológicos, na maioria dos casos, não justificam por si só as dificuldades que as crianças apresentam. É importante que os problemas que a criança, jovem ou adulto apresentem, sejam vistos como decorrentes de dificuldades e não um desvio mais ou menos acentuado do quadro normal, mais aceitável, e que responde às expectativas relativas a um sujeito que aprende. O distúrbio de aprendizagem abrange uma variedade de problemas de diferentes espécies e devido a causas diferentes, o que pode ocasionar confissão no diagnóstico e mesmo no tratamento. Todas essas crianças têm em comum a dificuldade de aprendizagem em condições normais de sala de aula. Neste caso o tema distúrbio fica restrito apenas a casos em que os sintomas revelem dificuldade de atenção seletiva. Entende-se por atenção seletiva, capacidade de selecionar dentre os numerosos estímulos recebidos, os que interessam, e de responder a um ou a outro número deles ao mesmo tempo. Essas dificuldades significam um retardo no desenvolvimento mental da criança. Geralmente não são deficiências irreversíveis, mas uma forma de imaturidade. Não se pode ignorar o fato de que os distúrbios de aprendizagem podem ocorrer tanto no começo como durante o período escolar, isto porque, surgem em situações diferentes para cada aluno. Os distúrbios de aprendizagem são classificados entre os distúrbios de desenvolvimento, subdivididos por sua vez em grupos específicos. A característica essencial deste grupo de distúrbios é que a perturbação emocional predominante está na aquisição das habilidades cognitivas da linguagem, motora ou social. A perturbação pode envolver um atraso quantitativo que poder ser geral, como no retardamento mental ou parcial, como no atraso ou falência no progresso de uma área específica na aquisição de habilidades. Pode ainda, ocorrer em áreas múltiplas, nas quais há distorções qualitativas do desenvolvimento normal. 2.1 Como diagnosticar um distúrbio de aprendizagem? O distúrbio de aprendizagem é um problema que tem possibilidades de ser resolvido, mas para que isto aconteça é preciso saber a verdadeira causa do distúrbio para encontrar o tratamento adequado. Para saber disto é feita a chamada avaliação diagnóstica que tem como objetivo submeter a criança a uma série de provas que reúnem todas as capacidades, habilidades e aptidões necessárias à aprendizagem. O período preparatório deve ser reservado para essas provas de avaliação. Esse período de sondagem das capacidades da clientela que vai iniciar o curso está sendo proposto em substituição ao treino psicomotor que é feito nesse primeiro mês. De acordo com as características individuais dos alunos, o professor poderá definir os tipos de testes de prontidão a que eles deverão ser submetidos para atingir um bom nível inicial de aprendizagem. Assim estará evitando futuros distúrbios de aprendizagem. É de certeza afirmar que o professor do 1º grau não tem a formação necessária para diagnosticar graves distúrbios de aprendizagem, ou seja, resta a ele fazer a observação onde poderá detectar diferenças ou falhas nos desempenhos de seus alunos, observando basicamente: - se o aluno tem dificuldade de movimentos ao executar tarefas que os outros realizam com facilidade; - se tem problemas na fala; - se não consegue ler de uma certa distância as palavras escritas no quadro de giz; - se não entende bem o ditado; - se é superexcitado ou então muito quieto, desanimado e/ou distraído; - se não consegue aprender a ler nem a escrever até o final do ano letivo, etc. O professor, ao constatar algumas dessas dificuldades ou ainda outras que não tenham sido mencionadas, deverá registrá-las na ficha individual do aluno. Caso ocorra a persistência do problema, o professor, antes de tomar qualquer atitude para recuperar a dificuldade, deverá pedir a assistência de um especialista adequado para o caso: fonoaudiólogo, psicólogo, médico clínico, oftalmologista, otorrino e outros. Após colher o maior número possível de dados sobre o aluno (deficiências físicas, condições mentais, experiências educacionais anteriores e histórias de seus fracassos e sucessos), o professor poderá executar o programa de remediação específico para a dificuldade de aprendizagem diagnosticada. O diagnóstico é feito buscando não apenas identificar os problemas nas suas possíveis causas. As etapas principais do processo diagnóstico são descritas a seguir; a) entrevista inicial com a criança/adolescente e com seus pais, separadamente, quando se levanta a queixa principal, seu histórico, além de dados sobre o desenvolvimento da criança. O discurso da família permite verificar como o problema é percebido por ela e identificar a eventual presença de sintomas nos seus outros membros. O trabalho diagnóstico pode se estender por quatro a cinco atendimentos, aproximadamente, e deve respeitar um compromisso feito entre as partes. b) Contatos com o educando: são realizadas algumas sessões com o objetivo de avaliar o nível de desenvolvimento cognitivo, nível do pensamento, a vinculação com o meio e objetos de aprendizagem, capacidade percepto-motora e atuação pedagógica. Para realizar isto, são utilizadas as chamadas provas piagetianas, testes projetivos e neurolingüísticos, análise do material escolar e outras atividades complementares. Caso haja necessidade, serão ministrados testes psicológicos específicos. É feita ainda avaliação de conceitos do raciocínio lógico-matemáticos. c) Contatos complementares: São realizados contatos com especialistas que atenderam a criança anteriormente, como neurologista, oftalmologista, fonoaudiólogo, etc., os quais poderão nos auxiliar com informações e detectar interferência de fatores orgânicos na dificuldade de aprendizagem. São realizados contatos com a escola da criança pra complementação de dados ou apresentação de resultados obtidos no diagnóstico. d) Entrevista devolutiva: neste encontro são explicados aos pais as conclusões da avaliação diagnóstica bem como são lançadas hipóteses referentes aos obstáculos do processo de aprendizagem, suas possíveis causas e procedimentos terapêuticos indicados no caso. Quando necessário, faz-se o encaminhamento para os médicos e outros especialistas bem como pode ser realizado um trabalho de orientação psicopedagógica familiar. Pode-se dizer que geralmente, as avaliações diagnósticas de uma criança têm como finalidade: a) determinar a etiologia de um problema de aprendizagem; b) avaliar o seu impacto no desenvolvimento sócio-emocional da criança; c) facilitar decisões relacionadas com a educação ou outra forma de atendimento; d) definir a situação da criança em relação a expectativas futuras de desenvolvimento. Logo após a avaliação, a criança e seus pais, entrevistados e toda a informação diagnóstica consolidada e discutida, os resultados são apresentados verbalmente numa reunião para os pais ou responsáveis pela criança. O professor de sala de aula também pode dar um diagnóstico que é conhecido como escala de avaliação do aluno. Este método mostra o desempenho escolar futuro da criança e tem a mesma precisão dos testes psicoeducacionais padronizados. É dada esta confiança ao professor, pois ele acompanha a vida do aluno diariamente e também devido sua formação, muito raramente ele não percebe quando o aluno está ou não acompanhando o conteúdo o qual está sendo exposto. Pode ocorrer dele não saber o porque da dificuldade, mas sabe identificar uma criança com aprendizagem lenta. Após uma criança ser identificada como portadora de um problema real ou potencial de aprendizagem, ela é encaminhada para uma avaliação diagnóstica detalhada e altamente estruturada. O objetivo deste passo em educação especial é definir tão especificamente quanto possível a natureza do problema que a criança apresenta. Dependendo do tipo de referência feita, a avaliação diagnóstica pode exigir a colaboração de profissionais de várias disciplinas diferentes. Áreas profissionais normalmente, envolvidas na avaliação diagnóstica incluem a medicina, psicologia, educação, fonoaudiólogos e as profissões relacionadas com estas disciplinas, como a assistência social e a terapia física e ocupacional. 3. As causas dos distúrbios da aprendizagem Os distúrbios de aprendizagem se tornaram tema de muitos estudos, principalmente na área psicológica e psiquiátrica para assim encontrar a melhor forma de classificação dos distúrbios que prejudicam a aprendizagem, bem como determinar suas causas. A necessidade de participação destes dois especialistas em comportamento humano dá-se pelo fato da complexidade do assunto que envolve muitos conhecimentos e que o pedagogo não obteve em seu curso de formação como por exemplo: defeitos genéticos, distúrbios da personalidade, da conduta, disfunções cerebrais e outros. Pode-se dizer que uma variedade de fatores se relacionam com as dificuldades porque as crianças passam ao aprender. Embora, na aparência, as crianças com deficiência possam apresentar sintomas comportamentais similares (atenção inapropriada, dificuldades em aprender a falar), as causas para estes comportamentos freqüentemente variam de um indivíduo para outro. Como conseqüência, dependendo do fator ou conjunto de fatores associados com um problema de aprendizagem, requerem-se métodos e abordagens diferentes para o tratamento desta forma, a habilidade do educador especial em reconhecer tais fatores proporciona dados valiosos em relação a decisões subseqüentes para o diagnóstico e remediação. As causas dos problemas de aprendizagem são geralmente agrupadas em sete categorias distintas. Estas incluem as causas relacionadas com deficiências sensoriais, deficiências intelectuais, distúrbios emocionais, carências sócioculturais, problemas físicos ou de saúde, anomalias neurológicas ou problemas no processamento de informações (dislexia e disgrafia em crianças). A habilidade para determinar que fator ou fatores levam a um problema de aprendizagem possibilita uma identificação precoce e decisão diagnóstica apropriada da criança que apresenta uma excepcionalidade. A classificação de uma criança como portadora de deficiência requer que ela apresente comportamentos relacionados com uma ou mais das sete categorias mencionadas. Além disto, a criança assim classificada precisa demonstrar a necessidade de educação especial ou serviços médicos ou psicológicos relacionados. O ser humano é constituído por um todo organizado de sistemas com profunda vinculação entre si. Não será feita aqui uma classificação dos distúrbios, apenas será considerado grupos de acordo com suas causas principais, haja visto que muitos deles têm mais de uma causa e em todos há interferência de mais de um fator, seja ele somático ou psíquico. As causas responsáveis pelos distúrbios são mais ligadas ao indivíduo em si do que q parte exterior, ou seja, a parte aonde o mesmo está inserido. Serão expostas aqui todas elas para que se tenha um prévio entendimento, haja visto que o detalhamento será feito mais adiante: Causas físicas São aquelas representadas pelas perturbações somáticas transitórias ou permanentes. São provenientes de qualquer perturbação do estado físico geral da criança, tais como febre, dor de cabeça, dor de ouvido, cólicas intestinais, anemia, asma, verminoses e todos os males que atinjam o físico de uma pessoa, levandoa a um estado anormal de saúde. Causas sensoriais Estas causas têm como responsáveis os órgãos dos sentidos, pois eles comandam a percepção que o indivíduo tem do meio exterior. Qualquer problema que afete os órgãos responsáveis pela visão, audição, gustação, olfato, tato, equilíbrio, reflexo postural ou os respectivos sistemas de condição entre esses órgãos e o sistema nervoso, causará problemas no modo de a pessoa captar as mensagens do mundo exterior e, portanto, dificuldade para ela compreender o que se passa ao seu redor. Causas neurológicas São as perturbações do sistema nervoso, tanto do cérebro, como do cerebelo, a medula e dos nervos, isto porque, o sistema nervoso comanda as ações físicas e mentais do indivíduo. Então, qualquer distúrbio em uma dessas partes se constituirá em um problema de maior ou menor grau, de acordo com a área lesada. Causas emocionais Pode se chamar também distúrbios psicológicos, ligados às emoções e aos sentimentos dos indivíduos e à sua personalidade. Esses problemas geralmente não aparecem sozinhos, eles estão associados a problemas de outras áreas, como por exemplo da área motora, sensorial e etc. Causas intelectuais ou cognitivas Estas causas dizem respeito a inteligência do indivíduo, ou seja, à sua capacidade de conhecer e compreender o mundo em que vive, de raciocinar sobre os seres animados que o cercam e de estabelecer relações entre eles. É importante lembrar que o sistema nervoso tem também papel importante nesses distúrbios. O modo pelo qual o indivíduo conhece o mundo, sua maior ou menor capacidade de estabelecer relações, de criar coisas novas, de inventar, de construir e de buscar soluções diferentes para um mesmo problema vão depender muito de suas estruturas mentais e de sua capacidade intelectual. Causas educacionais O tipo de educação que a pessoa recebe na infância irá condicionar distúrbios de origem educacional, que a prejudicarão na adolescência e na idade adulta, tanto no estudo como no trabalho. Portanto, as falhas de seu processo educativo terão repercussões futuras. Causas sócio-econômicas Diferente das outras causas, essas não se revelam no aluno. São problemas que se originam no meio social e econômico, ou seja, no meio físico social onde vivem têm poder sobre eles, podendo ser favorável ou desfavorável a sua subsistência e também as suas aprendizagens. Será feito nos próximos subtítulos uma exploração maior. 3.1 – Causas físicas São perturbações orgânicas, que envolvem a saúde, podendo ter as origens mais diversas e tempo de duração variáveis e causar inúmeros problemas de saúde, tanto na criança como no professor, afetando o processo de ensino e aprendizagem. Pode se classificar as causas em dois grupos: Perturbações transitórias e perturbações permanentes. Perturbações transitórias São aquelas que podem atingir tanto o professor como os alunos, irá depender de seu grau de intensidade para que se tenha o período de duração, ou seja, são passageiros, pois terminam com a cura da doença ou com a eliminação da perturbação. Estes são exemplos deste tipo de perturbação: 1) dores de um modo geral; 2) doenças parasitárias; 3) febre resultante de qualquer processo infeccioso ou inflamatório, que também é um fator negativo no processo de ensino e aprendizagem; 4) doenças alérgicas; 5) doenças infantis como sarampo, catapora, etc. Perturbações permanentes São obstáculos que impedem o bom desenvolvimento do aluno em termos de aprendizagem, e que são devidos a qualquer tipo de deficiência orgânica permanente. Incluem-se nesses casos os deficientes físicos que: não possuem um órgão; não possuem um membro; não possuem um dos dedos ou tenha a paralisia. Estão incluídos aqui os indivíduos de má formação congênita ou hereditária. A desnutrição causa sérios distúrbios na aprendizagem, pois colabora para o surgimento da anemia, prejudicando assim a vitalidade da criança. Isto ocorre porque as proteínas, como se sabe, contribuem para a formação dos nervos e do sistema nervoso em geral, ou seja, a falta delas no organismo impede os nervos de se desenvolverem normalmente. 3.2 – Causas sensoriais São todas as causas que envolvem distúrbios dos órgãos dos sentidos e suas ligações com o sistema nervoso central, áreas cerebrais sensoriais e com dos movimentos. Cada órgão do sentido possui um meio para atingir negativamente o processo ensino-aprendizagem. 3.3 – Causas neurológicas Como já foi comentado, o sistema nervoso comanda os outros sistemas do nosso corpo e sendo assim, ele interfere em muitas atividades e em especial na parte que diz respeito a aprendizagem. Os distúrbios neurológicos podem atingir tanto crianças quanto adultos dando origem a problemas de fala, locomoção, memória, funcionamento do cérebro e outros. Será comentado aqui somente os que mais freqüentemente se transformam em problemas de aprendizagem, de leitura, fala e escrita, pois as dificuldades nestas áreas conduzem a outras dificuldades de aprendizagem, haja visto que o aluno irá precisar da leitura e da escrita para compreender outras disciplinas e se conduzir na vida sozinho. Para que se tenha um entendimento melhor dos distúrbios neurológicos, serão mostrados a seguir alguns deles: a) lesão cerebral A lesão cerebral atinge um dos centros nervosos vitais da aprendizagem que irá retardar o andamento normal do processo de aprendizagem. b) disfunção cerebral mínima Isto significa dizer um mal funcionamento do cérebro, devido a fatores hereditários ou a má formação do embrião durante a vida uterina, traumas sofridos pelo feto na hora do parto ou ainda a problemas adquiridos pelo indivíduo após o parto. Este termo foi utilizado no lugar de lesão, porque a maioria dos distúrbios de aprendizagem não se deve a uma causa traumática irreversível, ou seja lesão cerebral. São devidos a pequenos prejuízos da estrutura cerebral. O indivíduo portador desta disfunção apresenta combinações variáveis e déficit de percepção, conceituação, linguagem, memória, controle de atenção, dos impulsos ou da função motora. O que interessa à educação é que esta disfunção pode se manifestar durante os anos escolares, principalmente na pré-escola e no 1º Grau, com uma variedade de dificuldades especiais de aprendizagem. Os problemas de comportamento estão dentro desta disfunção, e estes, provocam nas crianças comportamentos bastantes diversificados. São, geralmente, crianças agressivas, barulhentas, exibicionistas e não aceitam regras de educação social. Isto provoca problemas em sala de aula pois a criança não consegue se concentrar para ter atenção necessária para o entendimento do conteúdo. Existem várias dificuldades que estão associadas ao DCM, mas só interessa neste contexto, as que estão ligadas a linguagem oral escrita: a) Disgrafia: dificuldade de utilização dos símbolos gráficos para exprimir idéias. É identificada pelo traçado irregular das letras e pela má distribuição das palavras no papel. A criança consegue copiar o texto, porém quando este mesmo texto é ditado, ou então quando esse texto é uma dissertação, surgem sérios problemas de escrita. b) Disortografia: é a falta de capacidade de apresentar uma escrita correta, com o uso adequado dos símbolos gráficos. A criança não respeita a individualidade das palavras. Junta palavras, troca sílabas e/ou omite sílabas ou palavras. Os portadores de DCM têm os seguintes comportamentos de verbalização: - fala muito alto; - conversam sem parar; - se pronunciam sem serem chamados; - choram, gritam e riem muito; - ameaçam bater nos colegas e mesmo no professor. As causas neurológicas não podem ser ignoradas em momento algum numa avaliação diagnóstica é a primeira a ser investigada. 3.4 – Causas emocionais O fator emocional tem participação importante na aprendizagem, ou seja, qualquer desequilíbrio que afete esta parte causa danos na estrutura psicológica do indivíduo fazendo surgir reações que irão afetar seu comportamento social e conseqüentemente na aprendizagem. A criança que possui esse desequilíbrio apresenta os seguintes quadros: 1) comportamento retraído; 2) subnormalidade mental; 3) comportamento agressivo; 4) ansiedade; 5) medos e fobias; 6) comportamentos psicóticos. 3.5 – Causas intelectuais ou cognitivas A parte intelectual assim como a anterior também é importante na aprendizagem, pois em termos de escolarização, quase todas as aprendizagens exigem do indivíduo seu conteúdo intelectual, e é a partir de seu intelecto que ela irá se adaptar a novos conhecimentos e as condições mutáveis da vida. O indivíduo deve ter a capacidade de aprender e aproveitar-se da experiência. Os distúrbios intelectuais podem ser quantitativamente para mais ou para menos, deles resultando respectivamente indivíduos superdotados e subdotados. 3.6 – Causas educacionais A escola, como se sabe, foi criada para formar o indivíduo e sendo assim, ela deve conter em sua estrutura todo um preparo para que este objetivo seja atingido. O ambiente escolar, físico ou social, deve ser o mais agradável possível onde a criança irá encontrar respostas para os seus questionamentos. Não se pode esquecer da metodologia, pois esta não poderá ficar fora da realidade social do aluno. 4. Distúrbio de aprendizagem da linguagem escrita Este distúrbio trata de uma dificuldade significativa no desenvolvimento das habilidades relacionada com a escrita. Esse transtorno não se explica nem pela presença de uma deficiência mental, nem por escolarização insuficiente, nem por um déficit visual ou auditivo, nem por alteração neurológica. Classifica-se como tal apenas se produzem alterações relevantes ao rendimento acadêmico ou nas atividades da vida cotidiana. A gravidade do problema pode ir desde erros na soletração até erros na sintaxe, estruturação ou pontuação das frases, ou na organização de parágrafos. Costuma-se apresentar outras alterações superpostas, como os transtornos do desenvolvimento na leitura, transtornos do desenvolvimento da linguagem do tipo expressivo e receptivo, transtorno do desenvolvimento matemático, transtorno do desenvolvimento da coordenação ou de habilidades motoras e, também com transtorno de conduta de tipo desorganizado. O exercício depende da gravidade, vindo desde os traços, no segundo ano do primeiro grau, nos casos mais graves e aos 10 anos, no quinto ano do segundo segmento do primeiro grau, ou inclusive mais tarde nos casos mais leves. Foram observados mais casos em familiares de primeiro grau com problemas no desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem escolares do que na população em geral. Esse transtorno costuma apresentar diversas áreas alteradas, tais como o soletrar, a sintaxe escrita em contraste com os resultados da sintaxe oral, a organização do texto, a coesão, ou seja, conexão gramatical, transicionais e lexicais, coerência, sentido da audiência, habilidades cognitivo – sociais, idealização/abstração, etc. A sintaxe escrita pode ser medida através da combinação de orações da complexidade sintática da escrita expontânea e das tarefas de identificação. Todas estas alterações ilustram a linha das pesquisas atuais e as perspectivas de futuro, rigorosas e científicas, de abordar as dificuldades de aprendizagem na escrita. Tendo como base os conhecimentos atuais sobre os processos cognitivos implicados na conduta de escrever, justamente como o avanço da neuropsicologia cognitiva e da linguagem, ao mesmo tempo que da a psicologia cognitiva em geral, e foram propostas diversos modelos modulares sobre o funcionamento mental da escrita. As afirmações da psicologia da escrita tal como as da psicologia da leitura, tem base em dados clínicos procedentes de lesões celebrais, neuropsicologia cognitiva e neurologística, em dados experimentais muito controlados, tais como: dados de simulação através de computador, dado procedente da metodologia observacional e dados procedentes da metodologia seletiva. Esses enfoques têm a virtude de supor modelos completos de explicação da escrita, além de explicar com clareza as características de sua alteração à forma de avaliação e intervenção. A partir desses modelos disgráficas ou o atraso na escrita vão sentido ao refletir em alterações em algum dos modelos ou submodelos que representam processos ou subprocessos implicado na escrita. “A escrita é um processo complicado que vai exigir vários anos de esforço escolares para a sua aprendizagem e que, evidentemente, não culmina com a aquisição dos simples automatismo gráfico, ao contrário. Igualmente, a escrita não é a leitura mas, ao contrário, envolve habilidades diferentes e relativamente independentes.” (GARCIA, 1998, p.194) É necessário citar aqui os quatro processos cognitivos envolvidos na escrita mais importantes, assim como, seus respectivos subprocessos. São eles: 1. Planejamento de mensagem O planejamento da mensagem que se quer escrever suponha a tomada de decisões a cerca da finalidade e do conteúdo que se pretende escrever, motivo pelo qual será necessário selecionar informações congruentes como objetiva. Essas informações podem ser proporcionadas pelo entorno ou podem ser extraídas das experiências e da memória ao longo prazo do sujeito que irá realizar uma conduta escrita. Escrever supõe solucionar, assim como transmitir uma mensagem, como influir na mente do leitor e supõe a tomada de decisões diversas que tenha haver com o que será escrito, como será escrito, a quem será dirigido o escrito, etc. Se bem que, antes de escrever algo, é necessário saber o que se vai escrever, esses processos são os que consomem mais tempo nas tarefas da escrita, apesar de não ser a mesma coisa escrever para uma audiência que para outra, e não é a mesma coisa escrever um texto descritivo que conceitual. 2. Construção sintática Escrever um texto supõe faze-lo em frases e ajustado a regras e estruturas gramaticais próprias à língua em que se escreve e que dependem do objetivo que se persiga do estilo que se escreva. Existem diversos elementos, como o tipo de oração, o uso de palavras funcionais, o uso de sinais de pontuação. Para escrever a mensagem, devemos encaixa-la numa mesma estrutura gramatical que lhe dará forma e determinará o sentido daquilo que se escreva. Existem diversos elementos, como o tipo de oração, o uso de palavras funcionais, o uso de sinais de pontuação. Para escrever a mensagem, deveremos encaixá-la numa estrutura gramatical que lhe dará forma e determinará o sentido daquilo que se escreva. 3 – Recuperação dos elementos léxicos Trata-se de selecionar as palavras pertinentes e adequadas para encaixálas na armação produzida pela leitura léxica. Essa seleção acontecerá em diversas direções, visto que na memória de longo prazo existem “armazéns” diferentes para a forma lingüística das palavras do que para o significado. Ainda que os processos de busca da palavra aconteçam automaticamente, isso nem sempre é assim. O que acontece é que a busca da palavra se submete a uma série de restrições de matiz, estilo e redundância. Foram consideradas duas rotas de acesso a palavra: uma rota visual ou ortográfica ou direta, que permite a extração da palavra, a partir do “depósito grafênico” na memória operativa; A outra rota, indireta ou fonológica, supõe a extração da palavra, a partir do “depósito grafênico” na memória de longo prazo, passando por “mecanismos de conversão fonema-grafema” para o “depósito de pronúncia”. Em ambos os casos, conectam-se o léxico com o sistema semântico, ou memória de longo prazo para os significados das palavras. A rota ortográfica pode interpretar palavras familiares e conhecidas e com ortografia arbitrária, enquanto a rota fonológica permite a interpretação de palavras nunca vistas e pseudopalavras desde que sejam regulares. A rota ortográfica supõe a presença prévia, na memória da palavra que se vai ativar, enquanto que, com a rota fonológica, isso não é necessário, posto que se baseia na aplicação de mecanismos de transformação de fonema a grafema. 4 – Módulos motores O grafema ainda não está traduzido em movimentos. É necessário selecionar os alógrafos pertinentes ou formas diversas que possam apresentar os grafemas para o que, será necessário recorrer ao armazém alográfico, na memória de longo prazo, recuperar os alógrafos e traduzi-los em movimentos. Os movimentos relativos a cada alógrafo estão na memória de longo prazo ou armazém de padrões motores gráficos, que deverão ser passados à memória de curto prazo ou operativa, na qual se especificam seqüências, direção, tamanho proporcional das letras e traços, etc. As tarefas puramente externas, em nível motor, seriam a fase terminal da escrita. Converter toda a escrita numa tarefa terminal puramente perceptivo-motora é um erro, posto que escrever é uma tarefa fundamentalmente lingüística, na qual devem ser considerados os processos anteriores a esta. Processos intervenientes na tarefa da escrita Não intervêm os mesmos processos no ditado que na cópia, na escrita à mão ou à máquina, na escrita compreensiva que na não compreensiva. Não intervêm os mesmos processos na escrita de palavras familiares que na das não familiares ou pseudopalavras. Na realidade, caberia falar de várias rotas, segundo o tipo de escrita ou tarefa que se realize. Até mesmo dentro de cada tarefa, por exemplo, no ditado, podem participar diversas rotas. Uma rota possível consiste em partir da análise acústica dos sons, na qual se identificam os fonemas componentes das palavras. A seguir, se produz um reconhecimento das palavras que estão representadas no léxico auditivo e ativação das respectivas palavras. Produz-se a extração do significado do sistema semântico. Depois, ativa-se a forma ortográfica passa ao depósito grafêmico, iniciando os processos motores com a depuração dos alógrafos e dos padrões motores gráficos antes de executar-se externamente a escrita dos respectivos grafemas. Essa rota supõe a compreensão do significado da escrito e a aferição da ortografia correta. Outra rota possível (a de pseudopalavras e de palavras pouco freqüentes) partirá da análise acústica, irá ao mecanismo de conversão acústico-fonológico, ao armazém de pronúncia dos sons, à fala, ao mecanismo de conversão de fonema a grafema para chegar ao armazém grafêmico e daí, aos processos motores incluindo a recuperação dos alógrafos e a dos padrões motores gráficos antes de executar-se externamente a escrita. V. Distúrbios de aprendizagem na linguagem oral São distúrbios que dizem respeito à dificuldades que prejudicam o desenvolvimento da fala. Podem ser distinguidos dois tipos de transtorno da linguagem oral: os transtornos do desenvolvimento da articulação e os transtornos do desenvolvimento da fala, tipo expressivo e tipo receptivo, que, corresponderiam a terminologia mais habitualmente que é a deslalia seja específica ou generalizada (hotentísmo), de disfasias expressivas e disfasias receptivas, as quais se costuma acrescentar o qualificativo de evolutivas ou de desenvolvimento. Transtornos do Desenvolvimento da Articulação Essa dificuldade ou problema pode dar-se em outros transtornos, como a deficiência mental ou nos transtornos invasivos do desenvolvimento, ou por alteração neurológicas ou neuromusculares, como as disartrias presentes nas pessoas com paralisia cerebral infantil, ou por alterações mecânicas ou orgânicas dos órgãos de fonação, como disglossias. As dificuldades costumam ser observadas em articulação anômala de um ou vários fonema, em omissões ou substituições de alguns fonemas por outros, ou em “linguagem infantilizada por efeito de múltiplas dislalias ou hotentotismo. Os efeitos desse déficit da articulação da linguagem na compreensão da linguagem é variável, indo desde a compreensibilidade total, passando pela parcila, até a ausência total de compreensibilidade. Transtornos do desenvolvimento na linguagem do tipo expressivo As dificuldades de articulação são um transtorno da fala, motivo pelo qual, tratar-se-ia de um problema menor e recuperável. Desta forma, os transtornos do desenvolvimento da linguagem do tipo expressivo ou receptivo deveriam estar incluídos nos transtornos da linguagem. Essa distinção não é leviana, pois os transtornos de linguagem são muito mais graves, e ainda que seja necessário distinguir diferentes graus ou níveis, costumam deixar seqüelas importantes em outros aspectos específicos do desenvolvimento, como a leitura e a escrita ou a matemática. Essa distinção é importante de ser apresentada tanto a pais como a professores visto que, ao nos referirmos a crianças que apresentam um “problema de linguagem”, tende-se a considerar algo passageiro e de importância menor, e isso, quase nunca é assim. Os pais e professores costumam identificar um “problema de linguagem” com um simples “problema de fala” ou “dislalia” As disfasias pressupõem um atraso ainda maior, iniciando-se as primeiras palavras a partir dos 4 anos, com o que se supõe um atraso muito grave da linguagem. Para ser classificado como um transtorno específico do desenvolvimento da linguagem do tipo expressivo, não deve estar presente uma deficiência mental, uma escolarização, um déficit auditivo ou um déficit neurológico ou um transtorno invasivo do desenvolvimento, como o autismo. Além disso, somente se aplica a esta categoria diagnóstica se isto produz interferências relevantes nas aprendizagens escolares ou nas atividades da vida diária. Normalmente, podem soprepôr-se um transtorno de desenvolvimento da linguagem do tipo expressivo com um transtorno do desenvolvimento da articulação de forma mais ou menos generalizada. “O vocabulário se desenvolve como resultado da experiência e da integração neurológica. Deve-se proporcionar às crianças oportunidades educacionais variadas, como base do desenvolvimento da linguagem. O ensino diretivo de substantivos básicos, através de recursos concretos, imitação e técnica de reforçamento deve ser seguido de instrução seqüencial de verbos, advérbios e adjetivos”. (VALETT, 1993, pg.243) Transtornos do desenvolvimento da linguagem do tipo receptivo Quando se observa um atraso grave ou importante no desenvolvimento da compreensão da linguagem em relação ao resto do desenvolvimento, não-verbal, falamos de transtorno do desenvolvimento da linguagem do tipo receptivo. Tratase pois, de um atraso relevante da linguagem e não da fala. Para que se aplique o diagnóstico desse transtorno, o déficit deve afetar ou dificultar as aprendizagens escolares ou as atividades da vida diária. A gravidade do problema de compreensão é variável em função dos aspectos afetados e em relação a idade da pessoa. Podem acontecer transtornos na compreensão da linguagem de áreas semânticas concretas ou quando se utilizam frases complicadas ou com elementos abstratos ou lógicos, nos casos mais leves. E podem acontecer dificuldades mais generalizadas, como os casos graves, em que se dão alterações na compreensão do vocabulário básico, de frases elementares, ou na discriminação de sons ou sua associação com símbolos ou no armazenamento seqüencial e recuperação da informação auditiva. Dificuldades de aprendizagem da linguagem e dificuldades de aprendizagem A aprendizagem da linguagem durante os primeiros anos de vida, apesar de que a maioria das crianças a adquiram “sem muita dificuldade”, não é algo simples, implicando a ação conjunta de múltiplos processos e fatores. É daí que, quando esta aprendizagem falha em algum sentido, é possível tomar consciência da grande complexidade que se supõe e se entusiasmar com o fato de tantas crianças aprenderem a linguagem tão bem. Entretanto, nem todas as crianças aprendem ao mesmo tempo. Quando o tempo de aquisição em relação a idade real é significantemente lento e aparecem dificuldades específicas, a criança pode apresentar uma dificuldade de aprendizagem. Como conseqüência, no seguir dos anos escolares, essas dificuldades de aprendizagem podem tornar-se mais evidentes e persistentes. A aprendizagem das formas da linguagem A aprendizagem das formas da linguagem ou categorias da linguagem incluem a aprendizagem da fonologia, da morfologia e da sintaxe. Da fonologia, trata-se de aprender os aspectos segmentais, da morfologia inclui o léxico, seja de substantivos ou relacional, seja de palavras de conteúdo, como os verbos, advérbios e nomes, ou seja de palavras funcionais como as preposições, conjunções e etc. A aquisição e a aprendizagem da sintaxe supõem a aprendizagem da ordem das palavras; sejam os aspectos lineares ou hierárquicos, sejam o sujeito e o verbo complementos, sejam os tipos de oração: a passiva ou interrogativa: esses três aspectos formais da linguagem deverão integrar-se e conjugar-se para a produção de formas particulares, ou seja, o que a criança diz. As crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem na linguagem podem ter dificuldade em alguns desses aspectos. Aprendizagem do conteúdo da linguagem Um segundo aspecto, que é preciso aprender de maneira integrada com os outros dois componentes da linguagem, é conteúdo da linguagem. Aprender a semântica implica aprender três subcomponentes: o conhecimento dos objetos, seja de objetos particulares ou de classes de objetos, as relações entre os objetos, sejam reflexivos ou de um objeto consigo mesmo, tais como sua existência ou desaparecimento, sejam as relações entre os objetos da mesma classe, como a atribuição ou a quantidade, sejam as relações dos objetos em diferentes classes, como a ação de um sobre outro, sua localização ou sua posse, e as relações entre eventos, sejam intereventos, como o tempo e a causalidade, ou sejam intra-eventos, como o tempo, o modo e o conhecimento. Aprendizagem do uso da linguagem As crianças devem aprender muito sobre esse compromisso. Seria necessário incluir aqui dois aspectos: as intenções e a adaptação do contexto, para provocar os efeitos ou funções desejadas. Deve-se distinguir as intenções do interlocutor, dos efeitos ou funções que exerce ou produz no outro. São diversas as funções que se deve aprender a usar: umas são intra-pessoais, como os comentários, os jogos vocais ou a solução de problemas; e outras são interpessoais, como as demandas, obtenção de informação ou a busca de atenção. As necessidades comunicativas do contexto são complexas; entre elas podem ser destacadas as não lingüísticas, como o apoio perceptivo do contexto, seja em forma de eventos dinâmicos em si ou em outros, ou estáticos, e a adaptação às necessidades do ouvinte, sua idade e seu conhecimento prévio. Entre as necessidades comunicativas do contexto há as de caráter lingüístico ou relacionadas com expressões anteriores, permitindo uma certa coerência no discurso, e podem ser incluídas as não contingentes, como a mudança de tema conversacional e a contingente como imitar, acrescentar informações ou perguntar. As dificuldades quanto a aquisição de aprendizagem da linguagem podem ser originadas também por afecções sensoriais (surdez), infecciosas (encefalite) ou neuromotoras (paralisia cerebral) ou neurológicas (epilepsia infantil). Quando falamos de dificuldade de aprendizagem da linguagem, referimonos a um grupo heterogêneo de transtornos com o denominador comum do atraso significativo das capacidades lingüísticas não explicáveis por deficiência mental ou outras causas neurológicas, tratando-se, em todos os casos, de um atraso ou desvio relevante do desenvolvimento da linguagem que incide em algum componente ou subcomponente tal como os antes mostrados, tratando-se de um problema com efeito bastante persistente. “Durante a fase pré e os anos de maternal a maioria das crianças manifesta dificuldade de articulação que desaparece gradativamente, com o resultado de maturação e experiência. Nas primeiras séries do Primeiro Grau, contudo, a crianças com problema de articulação, de certo modo podem precisar de uma educação específica e de correção da fala. Muitos problemas articulatórios podem ser evitados através de uma programação conscienciosamente desenvolvidos, para o desenvolvimento da fala na sala de aula”. (VALETT, 1993, pg.255) CONCLUSÃO Como vimos, os distúrbios de aprendizagem criam uma barreira que impede o andamento normal do processo ensino/aprendizagem. Quanto maior for o dano, maior será a possibilidade do indivíduo em ter dificuldades de se relacionar com o conteúdo abordado. As dificuldades de aprendizagem na linguagem oral e escrita geram problemas nas outras áreas, principalmente naquelas onde o aluno terá de pronunciar as palavras e escrever para desenvolver o tema. As crianças portadoras desses distúrbios em geral, apresentam características que facilitam o diagnóstico. Em minha opinião, o diagnóstico é a parte mais importante no momento do início do tratamento para a recuperação do atraso provocado pelo distúrbio. Isto porque o diagnóstico irá expor o fato gerador do distúrbio detectado, seja ele oral ou escrito. E também para que se obtenha um resultado diagnóstico perfeito deve-se ter tanto um parecer didático, mostrando as falhas da aprendizagem, quanto um parecer clínico, que pode ser dado pelo psicólogo ou pelo neurologista. Não se pode ter uma visão negativista desses distúrbios, pois apesar da recuperação às vezes não ser de cem por cento, não se pode anular totalmente o indivíduo, o qual é portador de qualquer distúrbio de aprendizagem. Deve-se tomar cuidado para não acontecer os chamados “distúrbios produzidos”, que são aqueles onde o indivíduo adquire o distúrbio devido a algum problema comportamental em nível baixo mais é rotulado pela professora como problemático e isso faz com que a mesma crie um ambiente diferenciado, fazendo com que o aluno se ache afastado dos outros e comece a ter uma consciência contrária de sua capacidade, ou seja, ele vai se incapacitando sem ter noção e passa realmente a ter problemas sérios de aprendizagem que não tinha. Existem vários tipos de problemas comportamentais, o mais simples pode ser contornado na sala de aula, porém é importante lembrar que irá depender da noção de domínio de classe do professor. É de inteira consciência que o indivíduo, mesmo não tendo distúrbios de aprendizagem, nunca estará perfeitamente dentro de todas as exigências descritas no conceito de aprender. Somente os casos mais graves, onde a lesão cerebral ocorreu numa parte irreversível da massa cefálica é que são considerados clínica e pedagogicamente sem solução. É necessário que todos se conscientizem de que estes distúrbios existem e que alguns deles podem aparecer em qualquer indivíduo, independente do extrato social a que pertença. Por isso deve-se fazer um esforço conjunto no sentido de tentar minimizar esses problemas, senão conseguirmos resolvê-los completamente. O professor deve procurar conhecer as diferenças formas de avaliação do rendimento escolar de seus alunos, evitando assim, muitas das dificuldades que surgem no processo de ensino, quando não se levam em consideração as possíveis perturbações físicas, emocionais, sociais, etc., que sofrem os alunos durante as épocas de prova. Deve ser lembrado que todos os fatores (externos e internos) são importantes na aprendizagem. Na realidade se cada um cumprir o papel que lhe cabe e sobretudo se a escola desempenhar o seu verdadeiro papel no centro processador do ensino, certamente a educação recobrará o seu antigo valor e passará a ocupar novamente o seu merecido papel de destaque, como um fator importantíssimo no desenvolvimento individual e social. Sabemos também, que as vezes as dificuldades financeiras, recursos materiais e humanos, retardam o trabalho que pode ajudar no tratamento do distúrbio, mas devemos acreditar em nossa capacidade enquanto profissionais cientes de todos esses fatos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DROUET, Ruth Caubé da Rocha. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000. GARCIA, Jesus Nicasio. Manual de dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1998. PAIN, Sara. Diagnósticos e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre:Artmed, 1991. ROSS, Allan. Aspectos psicológicos dos distúrbios da aprendizagem e dificuldades na leitura. São Paulo:Mcgraw-Hill, 1993. TEBEROSKY, Ana. Psicopedagogia da Linguagem Escrita. Rio de Janeiro:Vozes, 2001. VALETT, Robert E. Tratamento de distúrbios de aprendizagem. São Paulo: E.P.U., 1993.