FUNÇÕES PSÍQUICAS CONSCIÊNCIA PROF. WILSON KRAEMER DE PAULA Livre Docente – Enfermagem Psiquiátrica COREN SC 6925 A consciência é a capacidade neurológica de captar o ambiente e de se orientar de forma adequada. Estar consciente e estar lúcido com o sensório claro. A consciência pode ser considerada do ponto de vista psiquiátrico como um processo de coordenação e síntese da atividade psíquica. Para Rosenfeld – 1929, “é uma atividade integradora dos fenômenos psíquicos, é o todo momentâneo que possibilita que se tome conhecimento a realidade naquele instante”. A consciência é avaliada pelas sub funções de orientação e atenção. Pode-se dizer ainda que a consciência é a atividade diretamente ao EU, isso é, na consciência que o EU atua e que integra todas as atividades mentais. É através dela que o individuo se da conta do que ocorre no universo objetivo e no seu próprio mundo interno. Consciência do EU refere-se à consciência do EU corporal e psíquico e a sensação subjetiva de convicção da existência pessoal da diferenciação e limites entre o sujeito e o mundo, e inclui a sensação . de autonomia Podemos observar distúrbios nas quatro áreas em que a consciência do eu esta presente: atividade, unidade, identidade e relação eu-mundo. Os distúrbios da consciência do eu são típicos de quadros psicóticos, em particular a esquizofrenia, de transtorno relacionados ao uso de drogas e síndromes demênciais. Alguns distúrbios na esfera do pensamento também podem ser descritos pelas alterações da consciência do eu, como o bloqueio do pensamento, a publicação do pensamento e a leitura do pensamento Nos distúrbios da atividade do eu o paciente sente que não é o agente ativo de seus atos. A experiência transcorre como um acontecer automático. Há ausência da sensação normal do próprio corpo, incapacidade subjetiva de representação e recordação, queixas de inibição afetiva com consciência de automatismo nos processos volitivos. Qualquer tipo de atividade, não apenas pensar, mas andar, falar e agir, podem ter sua ação voluntária influenciada. Nos distúrbios da atividade do eu, o paciente tem noções de ser um outro ou vários outros simultaneamente. Não devemos confundir com a experiência de personalidade múltiplas, na qual as mesmas ocorrem alternadamente. Nos distúrbios da identidade do eu, o paciente não se reconhece como si próprio. O paciente pode se reconhecer como outro ou apenas estranhar o seu próprio eu (despersonalização). Nos distúrbios da relação eu-mundo desaparecem os limites entre o interno e o externo. Há rompimento da dualidade do eu e o não-eu. São exemplos: a publicação, o roubo do pensamento e a sensação de estranheza ao mundo (desrealização) Campo da consciência É o conteúdo mental do qual o individuo se da conta num determinado momento, mesmo que vagamente. O que é campo da consciência num dado momento, tudo aquilo que o sujeito se da conta, pode ser no instante seguinte, e o que não for naquele momento será no instante seguinte. Os limites da consciência não são os limites de seu campo, mas os limites de tudo aquilo que a qualquer momento poderá estar incluindo no campo. Foco e Claridade São duas as propriedades da consciência. A claridade da consciência é o grau da discriminação com que a pessoa se dá conta dos objetos do mundo interno, a medida que esses objetos se distanciam da claridade tornam-se menos claros. O foco da consciência é o grau máximo dessa claridade. O que estará no foco a cada momento será diferente, podendo estar no foco em dado momento o que estava completamente obscuro no momento anterior. Direção do foco da consciência O foco da consciência pode estar voltado para o mundo- consciência do mundo, ou voltado para o próprio individuo - consciência de si. Na consciência do mundo predominam as vivencia sensoperceptivas pois seus conteúdos se referem ao mundo objetivo. A consciência de si é reflexiva, pois focaliza o próprio mundo mental. Existem três tipos de consciência reflexiva: No primeiro o sujeito observa o que esta pensando. * No segundo o foco gira em torno de mundo interno da pessoa, sua estrutura, valores e crenças e o todo de sua vida. * O terceiro tipo é aquele em que o objeto da consciência é o próprio eu, na qual a pessoa se identifica como individuo único, exclusivo, à parte do restante do universo. Este é o grau máximo de diferenciação da consciência e é nele que é permitido identificar as propriedades do eu e certificar de que o eu não tem nem um tipo de conteúdo a não ser o de ser ele mesmo . Níveis de Organização da Consciência Os níveis da Consciência estão ligados á atividade neurofisiológica e são: - vigília: grau máximo de atividade da consciência. - sonolência: é o segundo nível. - obnubilação: que antecede ao coma. - coma: abolição total da atividade da consciência. O sono também é uma abolição da atividade consciente, porem uma abolição seletiva constituindo um estado especial de consciência. Anormalidades da Consciência As anormalidades da divididas em três grupos: • Estreitamento • Entorpecimento • Obnubilação consciência podem ser Estreitamento: Consiste na redução quantitativa e qualitativa da consciência; há um conteúdo menor e uma seleção sistemática dos temas. Ocorre em manifestações histéricas e em estados crepusculares epilépticos. - Entorpecimento: caracterizado pela diminuição ou perda da lucidez e da vigília. Os estímulos externos só são apreendidos com esforço da atenção, a qual dificilmente se forma e se mantém O coma é o estado de maior gravidade do entorpecimento. Ocorre , entre outros, em traumas cranianos, encefalopatias e febres - Obnubilação: além do rebaixamento do nível de consciência que ocorre no entorpecimento, há a presença de um conteúdo anormal. Ocorre, principalmente, nos casos de delirium acompanhado de distúrbios senso perceptivos e do pensamento, nas suas diferentes modalidades. Alguns casos de intoxicação por drogas alucinógenas de exaltação do humor e de esquizofrenia, relacionam-se com sensação de maior clareza de consciência. Há um aumento da capacidade de sentir o ambiente e a si próprio. O individuo torna-se mais vivo e mais alerta.