Artigo Original Paratireoidectomia total sem auto-transplante imediato em hiperparatireoidismo secundário: Jacob Erdheim revisitado Parathyroidectomy without immediate autotransplantation in secondary hyperparathyroidism: Jacob Erdheim revisited RESUMO Introdução: O hiperparatireoidismo secundário é uma complicação da doença renal crônica. Muitos pacientes necessitam realizar paratireoidectomia. Não há consenso sobre a melhor técnica cirúrgica a ser empregada. Objetivo: Analisar a evolução de doentes submetidos à paratireoidectomia total com auto-transplante imediato (PTX-AUTOTX) ou à paratireoidectomia total sem o auto-transplante imediato (PTX SEM TX). Métodos: Estudo prospectivo de pacientes submetidos à PTX-AUTOTX ou PTX SEM TX, com análise da sintomatologia e os dados da biópsia óssea antes e após um ano da paratireoidectomia. Resultados: A PTX SEM TX foi realizada em 12 casos e a PTX-AUTOTX em 28 pacientes. A melhora dos sintomas foi semelhante nos dois grupos, que passaram de cerca de 90% de sintomas severos a nenhuma queixa em 80% dos casos, um ano após a operação. A biópsia óssea pré-operatória mostrou osteíte fibrosa ou doença mista. A biópsia óssea pós-operatória foi realizada em 11 casos. A doença óssea adinâmica foi detectada em todos os quatro doentes submetidos à PTX SEM TX e em dois de sete casos de PTXAUTOTX (p = 0,06). Quando estratificados pelo nível de paratormônio, a doença óssea adinâmica só foi notada em um de seis casos com detectável, mas esteve presente em todos os cinco com o hormônio da paratireóide indetectável (p = 0,02). Conclusões: A paratireoidectomia permite significativa melhora sintomatológica independentemente da técnica emprega. Entretanto, a PTX SEM TX parece associar-se a risco aumentado de doença óssea adinâmica. Essa alteração deve ser considerada na seleção da técnica de paratireoidectomia a ser empregada. Fábio Luiz de Menezes Montenegro1 Melani Ribeiro Custódio2 Rosa Maria Affonso Moysés3 Luciene Machado dos Reis4 Vanda Jorgetti3 Lenine Garcia Brandão5 Anói Castro Cordeiro5 ABSTRACT Introduction: Secondary hyperparathyroidism is a complication of chronic kidney disease. Parathyroidectomy is necessary in many patients. The best operative approach is still debatable. Objective: To analyze the clinical course after total parathyroidectomy with immediate autotransplantation (PTX-AUTOTX) and after total parathyroidectomy without undergone PTX-AUTOTX or PTX NO TX, comparing symptoms and results of bone biopsies before and one year after the parathyroidectomy. Results: PTX NO TX was performed in 12 cases and PTX-AUTOTX in 28. Symptoms improved equally in both groups. Preoperatively, almost 90% of the patients presented severe bone symptoms. After one year, 80% were asymptomatic. Preoperative bone biopsy showed osteitis fibrosa or mixed bone disease. After the operation, it was available in 11 cases. Adynamic bone disease was detected in all four PTX NO TX patients biopsied and in two of seven submitted to PTXAUTOTX (p=0.06). When these patients were stratified according to parathyroid hormone levels, adynamic bone disease was observed in only one of six cases with detectable hormone, but was evident in all five with undetectable parathyroid hormone. (p=0.02). Conclusions: Parathyroidectomy is associated with a significant improvement in bone symptoms, irrespective to the technique employed. Not withstanding, adynamic bone disease risk seems to be increased after PTX NO TX. This risk should be considered in the selection of the most appropriate technique for each patient. Key words: Parathyroidectomy. Hyperparathyroidism, Secondary, Renal Osteodystrophy. Parathyroid Hormone. Hyperphosphatemy. Descritores: Paratireoidectomia. Hiperparatireoidismo Secundário. Osteodistrofia Renal. Hormônio Paratireóideo. INTRODUÇÃO Embora o tratamento clínico do hiperparatireoidismo em doentes renais crônicos dialíticos (2HPT) tenha melhorado com a introdução de novas drogas, como o Cinacalcet e o Sevelamer, a paratireoidectomia é necessária em um significativo número de casos. A paratireoidectomia subtotal e a paratireoidectomia total com auto-transplante imediato (PTX-AUTOTX) são os métodos cirúrgicos mais aceitos. Proposta eletivamente por Ogg em 1967,1 a paratireoidectomia total sem o auto-transplante imediato (PTX SEM TX) tem sido sugerida como técnica alternativa com menor risco de recidiva do 2HPT2-5. Em estudo prévio, mostrou-se que a evolução laboratorial, o consumo de cálcio e de calcitriol após PTX-AUTOX ou PTX 1) Médico Assistente da Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (DCCP), Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Laboratório de Investigação Médica (LIM) 28. Doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo FMUSP. 2) Médica do LIM 16 FMUSP. Doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). 3) Médica Assistente da Disciplina de Nefrologia, LIM 16, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo FMUSP. Doutora pela (FMUSP). 4) Bióloga, Técnica e Pesquisadora do LIM 16 da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Doutora pela USP. 5) Professor Associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Instituição: Disciplinas de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Nefrologia; Laboratórios de Investigação Médica 16 e 28 do Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo – USP Correspondência: Fábio Luiz de Menezes Montenegro, Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255, Instituto Central, 8o andar, Sala 8174 – 05403-000 São Paulo/SP, Brasil. E-mail: [email protected] Recebido em: 17/02/2009; aceito para publicação em: 30/05/2009; publicado online em: 15/08/2009. Conflito de interesse: nenhum. Fonte de fomento: nenhuma. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 38, nº 3, p. 149 - 152, julho / agosto /setembro 2009 149 SEM TX é semelhante. Entretanto, enfatizou-se que outros aspectos metabólicos deveriam ser melhor avaliados6. O presente trabalho tem por objetivo mostrar a evolução sintomatológica e do tecido ósseo observada em pacientes submetidos PTX SEM TX entre 1994 e 1998, em estudo prospectivo não aleatorizado. MÉTODOS Em estudo prospectivo aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição, analisaram-se os dados de pacientes submetidos à paratireoidectomia total sem auto-transplante imediato de fragmentos de paratireóide (PTX SEM TX). Essa técnica foi aconselhada a pacientes com menor expectativa de transplante renal, dentro dos critérios empregados em 1996 (por exemplo, idade, transplante prévio sem sucesso, painel imunológico desfavorável). Após esclarecimento e a assinatura do consentimento, esses pacientes foram submetidos à PTX SEM TX, entre 1996 e 1998. Em todos os casos, realizou-se a criopreservação do tecido paratireóideo. Sua evolução clínica em relação aos sintomas e o diagnóstico da biópsia óssea após um ano da paratireoidectomia foram comparados aos dos doentes submetidos a PTX AUTO-TX entre 1994 e 1998. O tempo cirúrgico empregado nas operações foi registrado. A técnica do implante compreendia a confecção de 20 a 25 lojas e foi previamente descrita com detalhes7. A estratificação da intensidade dos sintomas ósseos obedeceu escala qualitativa ordinal, descrita no Quadro 1 e desenvolvida pelo primeiro autor7. Quadro 1 – Intensidade dos sintomas Intensidade Definição 0 Ausência de qualquer sintoma 1 Dor localizada não incapacitante, inconstante ou não 2 Dor em mais de uma região ou dor moderada, mas não incapacitante para deambulação 3 Dor intensa ou generalizada, com incapacitação. Ocorrência de fratura patológica ou tumor marrom em crescimento. Deformidades ósseas e redução da estatura em progressão. Na análise da sintomatologia, a intensidade 1 foi designada leve e as intensidades 2 e 3, consideradas severas. Além da análise da sintomatologia, analisaram-se os dados das biópsias ósseas pré e pós-operatórias, de acordo com o tipo de operação realizada e de acordo com a detecção ou não do hormônio da paratireóide (PTH) em amostra de sangue mais próxima ao período da biópsia óssea. Todos os diagnósticos da análise histomorformétrica óssea foram estabelecidos pela mesma pessoa (VJ), com exemplos nas Figuras 1 e 2. Figura 2 – Biópsia óssea: Ausência de marcação com tertaciclina na doença adinâmica A análise estatística incluiu o cálculo das médias para as variáveis contínuas, com o respectivo erro padrão da média (EPM). Nas distribuições normais, foi utilizado o teste t de Student para o cálculo do nível descritivo (p). Na análise das tabelas de contingência, empregou-se o Teste Exato de Fisher, pelo pequeno número de casos. Foi considerada significativa a diferença cujo índice descritivo calculado fosse inferior a 5%. RESULTADOS Os pacientes submetidos à PTX SEM TX (12 casos) eram significativamente mais velhos (média de 46,5 anos; EPM 4,3), mais pesados (média 55,4 kg; EPM 3,5) e estavam há mais tempo em tratamento dialítico (9,5 anos; EPM 0,9) quando se compararam as médias de 28 pacientes submetidos a PTXAUTOTX, que eram de 34,8 anos de idade (EPM 2,4), com média de peso de 46,1kg (EPM 2,2) e estavam em diálise há 7,0 anos (EPM 0,6), em média. Não houve diferença quanto ao tempo aparecimento dos sintomas de 2,6 anos (EPM 0,5) nos casos de PTX-AUTOTX e de 3,2 anos (EPM 0,6). A tabela 1 mostra o tempo cirúrgico máximo, mínimo e a média de cada tipo de procedimento. Tabela 1 – Tempo cirúrgico de cada tipo de procedimento Tempo Cirúrgico PTX SEM TX (minutos) Máxim o Mínim o Médio PTXAUTOTX 240 50 191 345 180 235 Embora tenha sido observada diferença significativa entre a média de tempo empregada (p = 0,009), deve-se enfatizar a superposição de tempo entre alguns procedimentos. Em 21 casos, foi registrado o tempo de execução do implante, desde a incisão no antebraço até a síntese da pele. O tempo mínimo foi de 30 minutos e o máximo de 60 minutos, com média de 44 minutos. O nível médio do PTH (referência da época 10 a 72 pg/ml) préoperatório foi de 1460 pg/mL para os casos de PTX-AUTOTX e 1172 pg/mL for PTX SEM TX (p = 0,10). Após um ano, o valor médio do PTH sistêmico foi de 84,4 pg/mL para os pacientes PTX-AUTOTX e de 1.0 pg/mL for PTX SEM TX (p = 0,0005). A Tabela 2 mostra os resultados em proporção de registros da intensidade dos sintomas nos dois grupos. Tabela 2 – I ntensidade dos sintomas antes e um ano após a operação Intensidade Préoperatório Figura 1 – Biópsia óssea de doença óssea adinâmica: ausência de osteoblastos e osteoclastos 150 Um ano pósoperatório PTX-AUT OT X Severo Leve Nenhum Severo PT X SEM T X Leve Nenhum (2-3) 92,60% 1 3,70% 0 3,70% (2-3) 91,70% 1 8,30% 0 0% 0% 21,70% 78,30% 0% 16,70% 83,30% Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 38, nº 3, p. 149 - 152, julho / agosto / setembro 2009 A biópsia óssea foi possível de avaliação em 11 pacientes. Quatro haviam sido submetidos à PTX SEM TX e sete a PTXAUTOTX. A biópsia pré-operatória de todos mostrou osteíte fibrosa cística ou doença mista (osteíte fibrosa associada a osteomalacia). A Tabela 3 mostra a contagem dos diagnósticos de doença óssea adinâmica, em relação ao tipo de paratireoidectomia empregada. Tabela 3 – Diagnóstico histomorfométrico de doença óssea adinâmica de acordo com o tipo de paratireoidectomia. Doença óssea adinâmica Presente Ausente PTX-AUTOTX PTX SEM TX 2 5 4 0 P = 0,06 Na Tabela 4 está descrita a contagem de doença óssea adinâmica em relação à detecção ou não do PTH. Tabela 4 – Doença óssea adinâmica pelo nível de PTH após a paratireoidectomia. Doença óssea adinâmica PTH indetectável PTH detectável Presente Ausente 5 0 1 5 P = 0,02 Frente a essas observações, a realização de paratireoidectomia total sem implante foi suspensa e os pacientes com PTH indetectável foram convocados para reimplante de paratireóide criopreservada8. DISCUSSÃO A paratireoidectomia total sem autotransplante imediato evoluiu com níveis não detectáveis de PTH na maioria dos casos do presente estudo. A técnica associou-se à ocorrência de doença óssea adinâmica no pós-operatório. É interessante observar que, do ponto de vista da avaliação clínica dos sintomas ósseos e na análise bioquímica sanguínea, não houve diferença entre os grupos tratados com as diferentes técnicas6,7. Desse modo, a doença óssea adinâmica parece desenvolver-se de forma clinicamente silenciosa nesses pacientes. De fato, Stracke et al. relatam que não houve evidência clínica de doença óssea após paratireoidectomia total sem autotransplante9. Até o final do século passado, as implicações clínicas da doença óssea adinâmica não eram muito claras10. O progresso do entendimento do impacto do distúrbio mineral e ósseo levou os especialistas na área a criarem a denominação de distúrbio mineral e ósseo da doença renal crônica (DMO-DRC) para reunir as alterações clínicas, bioquímicas e ósseas, além das calcificações extra-esqueléticas11. Essa nova classificação alerta que, no 2HPT, as complicações como dores ósseas ou tumor marrom (sintomáticas) fazem parte apenas de um desajuste muito mais grave do metabolismo do cálcio e do fósforo (por vezes, assintomático) com calcificações na média dos vasos, hipertrofia miocárdica e risco de morte aumentado11. É essencial que os cirurgiões acompanhem a evolução do conhecimento fisiopatológico e os mecanismos metabólicos para planejarem o seu tratamento12. London et al. mostraram que a doença adinâmica associou-se a altos índices de calcificação arterial13. Mesmo que o risco de calcificação coronária no 2HPT necessite melhor esclarecimento14, há evidência de que a paratireoidectomia reduz o risco de mortalidade por causa cardiovascular em pacientes submetidos a paratireoidecotmia total com autotransplante no HCFMUSP15. Os cirurgiões não devem ficar alheios a esse conhecimento do metabolismo. Em estudo conduzido por cirurgiões, a preocupação com a doença adinâmica foi afastada pela ausência de relato de sinais clínicos dessa complicação por parte dos nefrologistas (sic) 16. Os dados apresentados no presente estudo mostram que aquela suposição fica claramente mal fundamentada, pois não houve diferenças clínicas, em pacientes cuja biópsia óssea comprovou doença adinâmica. Vale ressaltar que naquele mesmo estudo houve um caso de infarto fatal do miocárdio, nove meses após PTX SEM AUTOTX, considerado não relacionado por aqueles autores16. Esse desconhecimento possivelmente leve alguns cirurgiões a dedicarem mais tempo de pesquisa em técnicas que reduzam o tempo cirúrgico. Eles parecem dedicar menos tempo a pesquisas que analisem o possível impacto de sua técnica no metabolismo desses pacientes. Embora Shih et al. também tenham observado uma redução média do tempo cirúrgico na PTX SEM TX, houve operações com auto-implante quase quatro vezes mais rápida do que a mais longa sem autoimplante 1 7 . Essa intersecção é compreensível, pois complexidade dessa operação está relacionada à necessidade de identificação de todo o tecido com função excessiva18. O método de detecção rápida do PTH poderia ser sugerido para a decisão de realizar ou não o autotransplante imediato16. Os presentes autores recomendam cautela quanto a essa atitude, pois a variabilidade de métodos de dosagem do PTH e a influência de fragmentos da molécula intacta podem prejudicar a opção19. Uma alternativa seria a opção de implantar o material criopreservado alguns dias após a paratireoidectomia, caso o PTH estivesse indetectável. Deve-se lembrar que o tecido criopreservado não permite a reversão do hipoparatireoidismo em todos os casos e que a taxa de sucesso é variável entre diferentes instituições20. Em alguns casos submetidos à paratireoidectomia total sem o auto-implante, há o desenvolvimento de níveis detectáveis de PTH com o tempo, o que poderia evitar a doença óssea adinâmica 2 1 . Essa consideração ainda aguarda ser efetivamente provada. Muitos estudos dedicam-se à recidiva do auto-implante. A hipofunção é, muitas vezes, um comentário marginal de uma casuística, sem uma dedicação importante ao assunto. Embora o senso comum leve a pensar que o risco da hipofunção seria a necessidade de cálcio e vitamina D em altas doses, a realidade no doente dialítico é diferente. É curioso observar que alguns doentes dialíticos, mesmo sem PTH detectável, mantém a calcemia sem suplementos de cálcio e vitamina D. Mesmo os transplantados renais submetidos à paratireoidectomia total sem auto-implante podem evoluir sem hipocalcemia22. Ainda que menos sintomática do que a recidiva, a hipofunção do auto-implante não pode ser encarada como isenta de riscos. Nesse sentido, Santos et al. realizaram estudo retrospectivo para tentar prever que fatores poderiam sugerir maior risco de hipofunção do auto-implante23. Mesmo que não seja possível identificar algum fator de predição, o estudo prospectivo do assunto parece plenamente justificado. Jacob Erdheim foi quem fez a primeira relação da ausência da função das glândulas paratireóides com o elemento químico cálcio. Em seus experimentos para esclarecer a tetania paratireopriva, ele destruía a paratireóide de ratos, com um ferro quente, preservando a tireóide. Naquela época, ainda havia dúvida se a tetania ocorria pela falta da tireóide ou da paratireóide e Erdheim desejava esclarecer a questão. Ele destruía as paratireóides e observava as convulsões. Mesmo vivendo distante de uma medicina baseada em evidências, ele observou evidente alteração do dente de alguns ratos que sobreviveram. Eles estavam opacos24. O dente incisivo do rato cresce constantemente e precisa de mineralização. Erdheim desenvolveu uma técnica para estudar o dente dos ratos e observou que desde a destruição das paratireóides, as novas camadas do dente continham muito Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 38, nº 3, p. 149 - 152, julho / agosto /setembro 2009 151 pouco cálcio25. Se o trabalho de Erdheim pudesse ter acesso pela Internet, talvez fosse razoável pensar que os estudos sobre a paratireoidectomia total em humanos devem obrigatoriamente incluir a análise através da biópsia óssea. Os dentes de humanos após 10 anos de idade não permitiriam essa monitorização25. CONCLUSÃO Apesar da evolução clínica semelhante, houve maior ocorrência de doença óssea adinâmica em pacientes submetidos à PTX SEM TX. A paratireoidectomia total com auto-implante imediato parece ser um procedimento mais adequado se considerada a biópsia óssea. REFERÊNCIAS 1. Ogg CS. Total parathyroidectomy in treatment of secondary (renal) hyperparathyroidism. Br Med J. 1967;4(5575):331-4. 2. Kaye M, D'Amour P, Henderson J. Elective total parathyroidectomy without autotransplant in end-stage renal disease. Kidney Int. 1989;35(6):1390-9. 3. Hampl H, Steinmüller T, Fröhling P, Naoum C, Leder K, Stabell U, Schnoy N, Jehle PM. Long-term results of total parathyroidectomy without autotransplantation in patients with and without renal failure. Miner Electrolyte Metab. 1999;25(3):161-70. 4. Higgins RM, Richardson AJ, Ratcliffe PJ, Woods CG, Oliver DO, Morris PJ. Total parathyroidectomy alone or with autograft for renal hyperparathyroidism? Q J Med. 1991;79(288):323-32. 5. Kaye M, Rosenthall L, Hill RO, Tabah RJ. Long-term outcome following total parathyroidectomy in patients with end-stage renal disease. Clin Nephrol. 1993;39(4):192-7. 6. Montenegro FLM, Custódio MR, Moysés RMA, Tavres MR, Britto e Silva Filho G, Ferraz AR, Jorgetti V, Cordeiro AC. Paratireoidectomia total sem autoimplante: evolução laboratorial e necessidades de cálcio e vitamina D no pós-operatório. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 1999;23(3):77-86. 7. Montenegro FLM. Paratireoidectomia total com ou sem autotransplante no tratamento do hiperparatireoidismo secundário. [Tese] São Paulo: Universidade de São Paulo; 2000. 8. de Menezes Montenegro FL, Custódio MR, Arap SS, Reis LM, Sonohara S, Castro IV, Jorgetti V, Cordeiro AC, Ferraz AR. Successful implant of long-term cryopreserved parathyroid glands after total parathyroidectomy. Head Neck. 2007;29(3):296-300. 9. Strack S, Keller F, Steinbach G, Henne-Bruns D, Wuerl P. Long-term outcome after total parathyroidectomy for the management of secondary hyperparathyroidism. Nephrol Clin Pract. 2009;111(2):c1029. 10. Mucsi I, Hercz G. Relative hypoparathyroidism and adynamic bone disease. Am J Med Sci. 1999;317(6):405-9. 152 11. Jorgetti V. Visão geral da doença óssea na doença renal crônica (DRC) e nova classificação. J Bras Nefrol 2008;30(Supl 1):4-5. 12. Montenegro FLM, Santos RO, Cordeiro AC. Practical tips for the surgical management of secondary hyperparathyroidism. In: Cernea CR. Pearls and pitfalls in head and neck surgery. 1st ed. Basel: Karger. 2008. p.22-3. 13. London GM, Marty C, Marchais SJ, Guerin AP, Metivier F, de Vernejoul MC. Arterial calcifications and bone histomorphometry in endstage renal disease. J Am Soc Nephrol. 2004;15(7):1943-51. 14. Hernandes FR, Barreto FC, Rocha LA, Draibe SA, Canziani ME, Carvalho AB. Evaluation of the role of severe hyperparathyroidism on coronary artery calcification in dialysis patients. Clin Nephrol. 2007;67(2):89-95. 15. Costa-Hong V, Jorgetti V, Gowdak LH, Moyses RM, Krieger EM, De Lima JJ. Parathyroidectomy reduces cardiovascular events and mortality in renal hyperparathyroidism. Surgery. 2007;142(5):699-703. 16. Lorenz K, Ukkat J, Sekulla C, Gimm O, Brauckhoff M, Dralle H. Total parathyroidectomy without autotransplantation for renal hyperparathyroidism: experience with a qPTH-controlled protocol. World J Surg. 2006;30(5):743-51. 17. Shih ML, Duh QY, Hsieh CB, Lin SH, Wu HS, Chu PL, Chen TY, Yu JC. Total parathyroidectomy without autotransplantation for secondary hyperparathyroidism. World J Surg. 2009;33(2):248-54. 18. Montenegro FLM, Smith RB, Arap SS, Turcano R, Michaluart Jr P, Tavares MR, Cernea CR, Brandão LG, Ferraz AR, Cordeiro AC. Ensino de cirurgia das glândulas paratireóides e proposta de índice de estratificação da complexidade das operações. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 2008;37(2):71-5. 19. Komaba H, Goto S, Fukagawa M. Critical issues of PTH assays in CKD. Bone 2009; 44(4):666-70. 20. Montenegro FLM, Bento GN, Mello ES, Arap SS, Barreira CES, Reis LM, Graciolli FG, Britto e Silva Filho G, Brandão LG, Martin RC, Jorgetti V, Ferraz AR, Cordeiro AC. Aspecto histológico normal à microscopia óptica comum não prognostica o funcionamento do tecido paratireóideo criopreservado. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 2008;37(4):187-90. 21. Saunders RN, Karoo R, Metcalfe MS, Nicholson ML. Four gland parathyroidectomy without reimplantation in patients with chronic renal failure. Postgrad Med J. 2005;81(954):255-8. 22. Rayes N, Seehofer D, Schindler R, Reinke P, Kahl A, Ulrich F, Neuhaus P, Nüssler NC. Long-term results of subtotal vs total parathyroidectomy without autotransplantation in kidney transplant recipients. Arch Surg. 2008;143(8):756-61. 23. Santos SRCL, Luz HLM, Santos GP, Okada LL, Ramos DM, Brescia MDG, Lorencetti RRG, Aisawa RK, Montenegro FLM. Fatores preditivos da hipofunçõa do auto-implante de paratireóide em pacientes submetidos à paratireoidectomia total por hiperparatireoidismo secundário à insuficiência renal crônica. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 2008;37(1):20-4. 24. Erdheim J. Tetania Parathyreopriva. Mitt Grenzgeb Med Chir. 1906;16:632-744. 25. Albright F, Reinfenstein EC. The parathyroid glands and metabolic bone disease. Baltimore: Williams and Wilkins; 1948. p.30-31. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 38, nº 3, p. 149 - 152, julho / agosto / setembro 2009