DENSITOMETRIA ÓSSEA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Análise e Interpretações dos exames O desenvolvimento, nesses últimos vinte anos, de métodos para avaliar a massa óssea, com acurácia e precisão, não-invasivos e com mínima exposição à radiação, permitiu uma melhor compreensão da dinâmica do tecido ósseo na infância e adolescência. Esta fase da vida, particularmente a adolescência, é o período critico de desenvolvimento e crescimento esqueléticos, além de aquisição do pico de massa óssea. Muitos fatores como a hereditariedade, sexo, raça, hábitos dietéticos, atividade física, influências hormonais diversas, composição corporal de massa magra e gordurosa, doenças intercorrentes, uso crônico de medicamentos, etc., influenciam o ganho de massa óssea e trazem dificuldades metodológicas para a interpretação dos resultados da densitometria óssea. Por esta razão precisamos dar especial atenção ao exame em crianças e adolescentes, evitando erros diagnósticos que infelizmente são muito comuns. A ultima reunião de consenso da International Society for Clinical Densitometry (ISCD), publicada no inicio de 2004, recomenda uma serie de normas para a analise e interpretação dos exames em indivíduos menores que 20 anos, que comentaremos a seguir: • T-score não deve ser utilizando em crianças e adolescentes; utilizar o Z-score Os valores de BMD de crianças e jovens devem ser comparados com indivíduos da mesma idade (Z-score), jamais com a média esperada de adultos jovens (T-score). A ISCD recomenda que o T-score sequer seja mencionado no laudo para não causar erros de interpretação. • O diagnóstico de osteoporose não deve ser feito baseando-se apenas na densitometria óssea Como não há consenso sobre a padronização da BMD ou BMC para fatores antropométricos como altura, peso, estadiamento puberal, idade óssea ou composição corporal, parâmetros que sabidamente influenciam a massa óssea nesta fase, os softwares pediátricos no mercado reportam os resultados apenas de acordo com a idade e sexo do paciente. Desta forma devemos incentivar o clinico que pede o exame a interpretá-lo de acordo com os demais parâmetros antropométricos, particularmente o peso e o estádio puberal. • A fase “baixa densidade mineral óssea (BMD) para a idade cronológica” pode ser utilizada se o Z-score for menor que –2.0 d.p. A classificação da OMS para o diagnóstico de Osteoporose não deve ser utilizado em crianças e adolescentes. O termo Osteoporose é inadequado para definir uma situação de atraso na aquisição da massa óssea e não deve ser mencionado no laudo. • Utilizar o melhor banco de dados referencial pediátrico disponível Há softwares especiais para crianças com menos de 10 cm de espessura de abdômen, geralmente bebês ou crianças até 12 anos. O software pediátrico que comumente acompanha o densitômetro é adequado para indivíduos entre 4 e 19 anos. • Coluna Lombar e Corpo Inteiro são os melhores sítios ósseos para avaliação Devido a grande variação no processo de mineralização do fêmur proximal, este sítio ósseo não é examinado. O exame de corpo inteiro fornece o valor de BMC do esqueleto, que é muito útil no seguimento do paciente que está crescendo em tamanho, além de fornecer a massa magra e massa de gordura corporal. • Medidas seriadas de BMD devem ser realizadas no mesmo equipamento usando os mesmos modos de aquisição, software e critérios de análise Algumas mudanças, no entanto, podem ser requeridas com o crescimento pondo-estatural da criança. • O Valor da BMD ou BMC para predizer fraturas em crianças e adolescentes ainda não está determinado Bibliografia recomendada: • • Official Positions of the International Society for Clinical Densitometry. J Clin Densitom 2004, vol 7: 1-50. Dra. Cynthia Brandão Comissão Cientifica da SBDens