UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A gestão democrática e a formação de equipe Por: Valeria Rosa de Mello Orientador Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A gestão democrática e a formação de equipe Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e supervisão escolar. Por: Valeria Rosa de Mello 3 AGRADECIMENTOS Ao meu marido Fernando minha filha Karina. Antônio e 4 DEDICATÓRIA Dedica-se aos meus professores do curso de pós graduação da AVM. 5 RESUMO Apesar da LDB garantir a gestão democrática dentro das escolas, muitas delas continuam sendo orquestradas por diretores autoritários. A gestão autoritária forma uma equipe escolar? Que tipo de líder a escola precisa para ser uma escola de sucesso? Somente através da democratização da escola, a escola construirá uma equipe que trabalhará por ela, porque a participação implica comprometimento do grupo. O gestor precisa ser capacitado para tal, pois o imaginário coletivo é lento. A lei já garante a escola democrática e a nossa luta é implementá-la no coração dos gestores , que são capazes de levar a escola para esse rumo, através de uma liderança influenciadora , que convoca vontades. Somente dessa forma, a escola pode formar uma equipe de verdade sem sombras que embotam a formação da mobilização coletiva. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I - A gestão autoritária e a gestão democrática 10 CAPÍTULO II - Funções da administração escolar e a formação de equipe 15 CAPÍTULO III - A liderança nas escolas 21 CAPÍTULO IV - A importância do movimento GEO 30 CONCLUSÃO 34 ANEXO 1 ANEXO 2 37 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41 7 INTRODUÇÃO O tema da pesquisa é a gestão autoritária, centralizada na figura do gestor. A necessidade de se explorar esse tema vem do fato de que apesar da lei garantir a Gestão Democrática, algumas escolas do Rio de Janeiro nos dias atuais continuam sem representatividade, com o poder na mão do gestor de forma centralizada, vertical, sem formação de equipes. Isso colabora para o fracasso escolar em nossa cidade. O mundo atual carece de bons líderes. Tudo é processo, mas é hora dos gestores fazerem uma autoanálise, reverem valores, terem o planejamento a seu lado para vencerem as limitações e os desafios da escola. O novo gestor deve se aprofundar no conhecimento científico e na formação crítica. Estar junto com o grupo como sugere a etimologia da palavra. O poder partilhado, que gera equipes é utilizado pelo líder que convoca vontades. A pesquisa é baseada em discussões bibliográficas, confrontando esses dois tipos de gestões- Autoritária e Democrática. Todos os argumentos serão dialogados com os seguintes autores- Heloísa Luck, Vítor Henrique Paro, Maria Heleno Patto e Débora Dias Gomes. A pesquisa será dividida em quatro capítulos, tendo como objetivo mostrar a importância da gestão participativa como chave para as portas de uma escola democrática, libertadora e transformadora e o quanto a gestão autoritária forma a escola reprodutora para poucos. O capítulo um trabalhará o paradoxo dos dois tipos de gestão. O capítulo dois trabalhará as funções da administração e a formação de equipe, contrapondo o planejamento real do irreal. Além disso, abordará a importância do planejamento e do 8 diagnóstico escolar. O capítulo três discutirá a liderança e a formação ou não de equipes na escola participativa; finalmente, o quarto capítulo trabalhará o movimento GEO pra uma escola Democrática. Essa pesquisa é uma pesquisa bibliográfica, com uma metodologia analítica de textos que discorrem sobre a temática pesquisa por mim- a não formação de equipes em gestões autoritárias. Esse trabalho mostrará o quanto o perfil do diretor orquestra uma escola. Se queremos uma escola em que todos aprendam - alunos, pais, professores, funcionáriosprecisamos estudar o líder que conduza a isso para tirar do sistema educacional o autoritarismo. Essa pesquisa mostrará o quanto um gestor autoritário rege o fracasso escolar. Os artigos 13 e 14 da LDB garantem democracia com direito a representatividade, mas isso não ocorre em muitas escolas. A missão do gestor democrático é influenciar através da autoridade para liderar uma escola participativa. É necessário abrir reflexões sobre a figura do gestor. Que tipo de escola queremos? Uma escola reprodutora com um gestor autoritário ou uma escola democrática com um gestor democrático capaz de formar uma equipe de sucesso? A democratização da escola e a descentralização dos recursos e a política de distribuição das verbas devem sem acompanhadas sempre, pois a lei deve ser monitorada pelas pessoas, uma vez que são elas as beneficiadas. Há que diga que a lei não “ pegou” em certos casos, mas isso ocorre por falta de fiscalização da nossa parte enquanto cidadãos transformadores do nosso espaço social. O gestor deve lutar por um país democrático e por uma escola com recursos que beneficiem a facilidade da aprendizagem e otimizem o tempo de todos dentro da escola. 9 O autoritarismo dentro da escola não funciona mais em nosso país e ,assim, todo gestor deve ser capacitado para o novo perfil de gestão educacional- O que forma equipe de trabalho, que luta pela democracia e pelo direito de todos a educação. 10 Capítulo I A GESTÃO AUTORITÁRIA X A GESTÃO DEMOCRÁTICA Esse primeiro capítulo irar contrapor as duas principais formas de gestão encontrada no Brasil atual- a gestão autoritária e a gestão democrática .A administração escolar evoluiu e se diferenciou de acordo com os anos no Brasil trazendo sua marcas históricas e ideológicas do poder dominante, gerando um espaço de administração autoritário. A administração no espaço escolar é um reflexo do macro espaço, que é a sociedade em que vivemos. Percebe-se que os interesses políticos trabalham para a não democratização da escola, embora a LDB em seus artigos 13 e 14 garantam a gestão democrática na escola. Segundo Libâneo (2006) existem quatro concepções de organização escolar e gestão1- técnico científica (centralizadora e autoritária) 2- autogestionária 3- Interpretativa 4Democrática- participativa. Nesse capítulo, porém, será contraposto a gestão centralizadora com a democrática, pois a primeira é a mais encontrada nas escolas brasileiras e a segunda é a prevista em lei. A ideia de inclusão social de uma escola para todos entra aos poucos no universo escolar apesar de muitos gestores exercerem a administração de forma centralizada e vertical. Representando, assim, o poder pelo poder. Esses gestores não partilham o poder, não geram funcionários autônomos e ao invés de formarem uma equipe unida, eles formam tarefeiros, que trabalham insatisfeitos; muitos funcionários se tornam sombras organizacionais, que embotam o trabalho dentro da escola; o gestor democrático estabelece uma relação horizontal e flexível. Para garantir a gestão Democrática faz-se necessária a eleição de diretores 11 previamente capacitados e a representatividade como o grêmio estudantil, o CEC (Conselho Escola Comunidade), professores representantes de área, etc. Logo, o gestor deve ter uma visão de poder partilhado e objetivar a formação de uma equipe autônoma. A hierarquia existe par dividir os papéis e não para oprimir e massificar o outro. Essa visão de um gestor poderoso e absoluto vem da História de nosso país que é muito jovem na Democracia. O processo de Democratização é muito lento dentro de nós. Por exemplo, muitos professores não gostam de alunos em Conselhos de classe ou ainda muitos diretores sequer fazem reuniões com os pais. A escola é para o crescimento de todos. É como Vítor Paro afirma (Paro,1998) - o ensino deve ser visto como uma prática social e o currículo deve tratar de coisas imateriais como sujeito, identidade e cultura. Deve ser Democrático com conteúdo, interdisciplinaridade, valores e cidadania e o aluno deve ser sujeito na relação para a prática democrática. Assim, numa escola democrática, todos aprendem e são parte do processo escolar e todos devem ser capacitados para isso e constituírem o planejamento dessa escola para que haja o sucesso e um bom clima organizacional. É preciso que toda a comunidade trabalhe pela escola, que essa escola reacenda as pessoas para iluminar todo o ambiente educacional e o gestor tem a chave disso tudo, pois é ele que vai definir o modelo da escola. O diretor democrático acredita na participação e no poder da influência, do saber ouvir, elogiar, reconhecer o bom trabalho e gerir uma cultura de relacionamento baseada no respeito. Acima de tudo o gestor participativo planeja coletivamente, fazendo reuniões e dando fluxo de informações dentro e fora da escola. Reter informações significa controle e uma política de privilégios. “A concepção técnico científica, por exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidos unilateralmente. Enfatizando relações de subordinação, rígidas determinações 12 de funções e supervalorizando a racionalização do trabalho, tende a retirar das pessoas ou, ao menos, diminuir delas a faculdade de pensar...” (Libâneo, 2006). As pessoas não se envolvem com o trabalho e não se tornam autônomas porque estão subordinadas a uma gestão que não valoriza o trabalho coletivo e o desenvolvimento individual. “A concepção democrático- participativa...acentua a necessidade de combinar a ênfase sobre as relações humanas e sobre a participação das decisões com as ações efetivas ...valoriza os elementos internos do processo organizacional- o planejamento, a organização, a direção, a avaliação...” (Libâneo, 2006). Outro ponto importante é a avaliação do trabalho escolar coletivo, porque é a partir dele que se fará o planejamento e replanejamento, ou seja, a organização da gestão perante coleta de informações reais para que haja uma ação eficaz, controlada para ações corretivas que vão prever a manutenção ou mudança de planos. A escola democrática deve se preocupar com o paradigma sucesso escolar- evasão escolar, pois ela objetiva a inclusão de todos. Para resolver esse paradigma a escola deve ser uma escola equipada. Primeiramente, uma escola equipada com laboratórios de química e física; sala de música; sala de Artes visuais; teatro; laboratório de línguas; biblioteca; laboratório de informática. A aprendizagem se dá do concreto para o abstrato, então, primeiro o aluno vai para o laboratório depois para sala de aula. As salas seriam equipadas com quadros eletrônicos e os alunos usariam tablets. Em segundo lugar, uma escola que equipe as pessoas com sonhos, conhecimento, competência, capacitação e motivação. O professor precisa de condições de trabalho, de alunos disciplinados e interessados para que ele/ela 13 possa trabalhar, ensinar. Precisa acreditar que somente se a equipe planejar a escola esta será de sucesso, transformada e não reprodutora, que causa evasão e determinismo social, como a escola autoritária. Em terceiro lugar, uma escola com uma equipe unida, capacitada, participativa, com vontade de trabalhar por ela. A escola precisa construir um bom clima organizacional. Escolas equipadas com equipes que planejam e com espaços equipados são democráticas. Se isso for impossível, o paradigma se mantém. A avaliação, o diagnóstico e o planejamento são fundamentais para uma escola democrática. O projeto político pedagógico é um projeto político e coletivo e deve envolver a todos para sua realização, um produto provisório de um planejamento escolar coletivo. Serve como base para o plano de ação do gestor, o regimento escolar, pedagogia de projetos, etc...com tudo isso, o gestor democrático deve se preocupar , porque nosso currículo ainda é muito autoritário, disciplinar e fragmentado; precisa ser democrático, intercultural, interdisciplinar, baseado na realidade e no planejamento da escola. Concluindo esse capítulo, a educação brasileira caminha lentamente para a sua democratização. O gestor tem o poder de dirigir a escola para que ela seja reflexiva, transformadora e inclusiva. É preciso capacitá-lo também para que ele tenha o direito e a consciência de se posicionar claramente e de assumir ou não a missão de através da autoridade e influência liderar uma escola democrática. A gestão autoritária não forma equipe, não desenvolve e capacita os funcionários e exclui os envolvidos na construção da escola, que é de todos e para todos aprenderem e se desenvolverem. Além disso, ela reproduz o poder e o jogo de interesses políticos que são misturados a ela de forma sutil e devastadora. O gestor que planeja a escola sozinho e obriga os outros a 14 cumprirem suas idéias está construindo uma escola esvaziada de sonhos , de visões de futuro e realizações mútuas em conjunto , uma escola esvaziada de democracia. 15 Capítulo 2 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E A FORMAÇÃO DE EQUIPE Esse capítulo tratará das funções do gestor para construir uma escola democrática em oposição a gestão autoritária, não formadora de uma equipe unida e bem orquestrada. A principal função do gestor é garantir a democracia na escola. A obra de Patto é fundamental para os educadores comprometidos com a democratização do ensino, porque aponta o fracasso escolar como um processo psicossocial. Segundo Patto, a reprovação e a evasão escolar são um fracasso: “produzido no dia –a –dia, da vida na escola e na produção deste fracasso estão envolvidos aspectos estruturais e funcionais do sistema educacional, concepções de ensino e de trabalho e preconceitos, no entanto, longe de serem uma característica apenas dos educadores que se encontram nas escolas, estão disseminados na literatura educacional há muitas décadas, enquanto discurso ideológico, ao se pretender neutro e objetivo, participa de forma decisiva na produção das dificuldades de escolarização das crianças das classes populares”(Patto, 1987, 59). Cabe ao gestor remover essa estrutura arcaica e autoritária de escola que só serve para reproduzir a ideologia dominante. Esse gestor precisa construir coletivamente uma escola democrática. “nesse contexto, sem ignorar as questões extraescolares não se pode deixar de enfrentar que o fracasso escolar bem como a evasão constituem um problema pedagógico. É no estudo do cotidiano da escola que vários autores têm apontado possibilidades concretas de transformação de suas práticas como forma de enfrentamento de problemas” ( Patto,1997, pg 238).É função, assim, da equipe escolar 16 planejar a escola, pois o gestor possui uma função política que “que lhe dê condições de inserir a organização escolar em seu contexto social, político e econômico ( Hora,1994)”. Isso nos remete a uma outra função importante do gestor que é planejar a escola. Segundo Garden: “o planejamento é um processo em que as pessoas realmente participam porque a elas são entregues não só as decisões específicas, mas os próprios rumos que se deve imprimir à escola, os diversos saberes são valorizados, cada pessoa se sente construtora e o realmente o é.” ( Garden,1998). A equipe vai refletindo sua prática em cima dos resultados reais e vai orientando essa prática para os acertos que a escola precisa, por isso a organização deve ser feita através de um planejamento real e deve-se realizar um diagnóstico concreto a partir de uma realidade. É importante visar uma escola reflexiva, capaz de transformar as pessoas e o seu entorno. O planejamento será organizado através do conjunto de recursos, meios, ações e procedimentos; será direcionado através da potencialização e mobilização das pessoas e será controlado através do controle de dados e avaliação. O gestor deve mobilizar as pessoas para, a participação através de reuniões, seminários, cronograma de continuidade, delegar poderes e estimular a autonomia responsável, formando uma capacitada por workshops, seminários, formação continuada, etc. O fluxo de informação dentro da escola é muito importante para o gestor divulgar as ações da escola. Assim, o uso de murais ou e-mails coletivos são estratégias de divulgação do planejamento. 17 Avaliar para planejar. O gestor tem a função de diagnosticar com sua equipe. O diagnóstico serve de base para o planejamento do próximo ano. Portifólios, avaliação interna são formas de registros desse diagnóstico. Segundo Vasconcelos: “uma ação reflexiva que norteia o planejamento, é quando busca-se construir mentalmente o caminho a ser seguido; ela traduz-se quando intrinsicamente elaboramos uma série de alternativas a serem seguidas através das quais pretende-se chegar aos objetivos propostos. O resultado deste momento reflexivo é a produção de alternativas para o caminho a ser tomado.” A reflexão da prática gera um movimento positivo de melhoria e acerto de todos na escola, pois a auto- avaliação é importante para o crescimento pessoal. Muitos gestores reclamam que fazem tudo sozinho, porque além de serem centralizadores, não refletem sua prática, colocando a responsabilidade do fracasso nos outros. Falando de forma mais pragmática, o gestor deve planejar em equipe o plano de ação da escola com prazos e responsabilidades, construir também um Projeto Político Pedagógico também em equipe para dar uma identidade à escola e um regimento interno como condução ao PPP. Faz se necessário realizar várias reuniões com a equipe para esse planejamento e estabelecer cronogramas de execução de desdobramento desses projetos. A gestão autoritária não planeja coletivamente e muitas vezes nem informa aos professores o seu planejamento individual e quase sempre projetos de última hora chegam ao conhecimento dos professores que se sentem perdidos pela retenção de informações por parte desse gestor. Segundo Lima, “propostas alternativas interessadas na superação de tendências autoritárias poderão através de uma administração escolar 18 democrática conduzir os sujeitos do processo educacional a uma atuação criteriosa, tendo em vista não apresentação de dados maquiados, mas a construção efetiva de uma escola de qualidade’(Lima,2007). Muitas escolas vivem de maquiagem devido a falta de planejamento coletivo. O profissional só se sente parte da escola quando ele contribui com ideias, discute a escola, sugere projetos e se sente capaz e possui autonomia para tal. Mas não é só o gestor centralizador que fere a autonomia dentro da escola. De acordo com Lima, a burocracia excessiva, as cobranças, o controle do estado ferem a autonomia da escola e é preciso desburocratizar e descentralizar a escola. Segue palavras do autor: “(...) o conceito de autonomia só ganha importância se significar comprometimento e liberdade para a realização da tarefa educativa. Os professores e as escolas deixando de ser meros executores de tarefas, precisam ter liberdade de escolha e tornarem-se responsáveis pelas suas opções, norteados pela sua compreensão do papel da tarefa educativa para a construção de uma sociedade democrática.” ( Lima,2007,pg 88) É preciso que o gestor busque a descentralização também dentro da escola. É como diz paro “o gestor escolar tem de conscientizar de que ele sozinho não pode administrar todos os problemas da escola.. O caminho é a descentralização” ( Paro,2008). Precisa-se compartilhar responsabilidades com os pais, alunos, professores e funcionários. O gestor tem a função de oferecer uma escola digna através da participação coletiva e o planejamento eficaz antecede a isso, podendo se dizer que os verbos mobilizar, motivar, coordenar, mediar são pertinentes ao caráter de um líder que não quer mais uma escola reprodutora, mas libertadora. Concluindo, cabe aqui a citação de Luck sobre a escola que desejamos e precisamos: 19 “Em virtude da necessidade de reordenação do sistema educacional, não se sabe conceber mais dentro da escola uma ação partidária, unilateral e autocrática por parte do diretor. Busca-se a descentralização do trabalho, de uma redefinição de papéis a fim de proporcionar resultados satisfatórios das pessoas que o praticam para consolidar uma ação progressista no desenvolvimento de todas as atividades dentro da escola” (Luck,1996). Partilhar o poder é fundamental para a prática democrática e é o gestor que vai determinara política da escola e, consequentemente, o sucesso escolar. Uma cultura organizacional construída em um clima democrático. O planejamento deve ser democrático e o PPP deve estar ao alcance de todos. Junto com a equipe, o gestor deve analisar os cenários da escola e ver os problemas, as restrições, a vulnerabilidade da escola e as forças que causam alavancagem. O plano de ação a partir dessa análise também deve ser elaborado em equipe. A escola deve ser planejada pela sua equipe. A pedagogia de projetos elaborada em conjunto. A escola deve ser analisada por todos. A escola existe em função do aluno e a equipe escolar deve trabalhar para a formação desse aluno .faz-se necessária uma ação integrada- administrador- supervisor e orientador educacional- para distribuir melhor os papeis da direção dentro da escola. Uma tríade que lidera a escola de forma unida e organizada para democratizar o poder, cada vez mais. Esse poder diluído é importante para a escola. O trabalho integrado dessa equipe de direção gera uma melhor distribuição de papéis com os demais da equipe escolar. Cada um tem sua função que é articulada com a do outro, numa visão holística de escola , com o poder dividido para funcionar bem. O olhar holístico sobre a escola só é possível através de todos os olhares, redefinido os papéis de cada funcionário para que os projetos não fiquem nas mentes ou nos papéis simplesmente, mas sejam abertos em 20 uma mesa de reunião para todos. O PPP deve estar na mesa da direção e do professor, no mural da escola e toda a pedagogia de projeto da escola deve ter como base toda a equipe em sua elaboração, execução e divulgação. Essa é uma escola democrática que segundo Luck “ não é preciso compreendê-la e nem mesmo apenas aceitá-la...é preciso vivê-la.” ( LUCK,1981) 21 Capítulo 3 A LIDERANÇA E A FORMAÇÃO DE EQUIPE 3.1 liderança O capítulo 3 tratará da liderança que forma equipe de fato. Mais importante que saber a definição de liderança é vivenciar a liderança. A liderança pode ser aprendida e entendida em sua significação quando vivenciada. Ser líder é levar o grupo a vencer, se desenvolver , a trabalhar em equipe, a inovar e melhorar a vida de todos. Mas o que é liderança? Toda equipe deve ter um líder? Como deve ser esse líder? “ Liderança é o processo de influência desempenhado no âmbito da gestão de pessoas e de processos sociais, no sentido de mobilização de seu talento e esforços, orientado por uma visão clara e abrangente da organização em que se situa e objetivos que deva realizar, com a perspectiva da melhoria contínua da própria organização e seus processos.” ( Luck, 2011) Essa visão de liderança da autora esbarra nas estruturas autoritárias, onde o líder não partilha o poder e se preocupa mais em cumprir burocracias. Porém, a sociedade atual caminha para a estrutura democrática, pois a ideia de participação entra nas pessoas lentamente e a liderança é um processo que assim como a participação deve ser distribuída, orientada pelo gestor, um líder democrático que deve ter atitudes compatíveis e um olhar diferente sobre a escola. “É possível, no entanto, verificar a ocorrência de estruturas hierarquizadas em escolas em que há muita cobrança de ações, sem no entanto haver a liderança para se viver valores educacionais adequados, agir de modo a melhorar os processos educacionais de forma articulada para que os alunos tenham uma melhor formação e 22 aprendizagem significativa. Há ainda escolas em que o diretor se ocupa, a maior parte do tempo, com questões operacionais secundárias, à margem do que é central para a formação dos alunos e sua aprendizagem, mas onde alguns professores mais conscientes de suas responsabilidades lideram informalmente determinados grupos nesse processo” (Luck, 2011) O professor, que também é um líder, tenta dentro desse contexto, com dificuldades, formar líderes transformadores de seus meios. O processo de liderança é lento, mas já é discutido, implementado, principalmente em escolas públicas. O diretor deve focar suas ações no desenvolvimento da escola em nível de aprendizagem do aluno. O excesso de burocracia atrapalha o diretor, que poderia estar em contato direto com a equipe, fica atolado de papéis para ler e assinar. Existem várias formas de lideranças. Serão relatadas seis das principais para gerar reflexão. A primeira forma é a liderança Transformacional, que “consiste na liderança orientada fortemente por valores, integridade, confiança e um sentido de verdade, comungado por todos em uma organização, que oferecem uma visão transformadora de processos sociais e da organização como um todo.” (Luck, 2011) É uma liderança que precisa de um líder persistente, mobilizador, pois há avanços e retrocessos da escola. O líder busca os valores da escola como bússola nos projetos escolares. A segunda forma é a liderança Transacional baseada nas relações entre as pessoas, objetivando uma equipe una. “Porém é importante destacar que não são as interações em si que são importantes e sim a qualidade do empreendimento interpessoal garantido por interações positivas” (Luck, 2011) Esse líder é interessado em gestão de pessoas. 23 A terceira é a liderança compartilhada e corresponde às organizações que possuem a gestão democrática. “Sabe-se que a liderança dos gestores escolares deve ser orientada no sentido de influenciar o desempenho de todos que atuam na escola na promoção da melhoria do ensino e elevação da aprendizagem dos alunos, que consiste no fim último da liderança na gestão escolar. No entanto, grande parte dos participantes da comunidade só pode3m fazê-lo indiretamente, uma vez que, quem está em condições de exercer essa influência, diretamente, são os professores (NCSL, 2006), daí por que a relevância de que estes sejam plenamente envolvidos no compartilhamento da liderança em todos os espaços e momentos educacionais.” (Luck, 2011) A quarta forma é a Coliderança: “A Coliderança é sobretudo exercida entre os profissionais da equipe de gestão da escola, como, por exemplo, vice-diretores ou diretores auxiliares, coordenadores pedagógicos ou outros, conforme as definições adotadas para esses profissionais, nos diferentes sistemas de ensino. Necessariamente, estes profissionais, exercem formalmente responsabilidades pela liderança geral da escola, a fim de que esta atinja os objetivos.” (Luck, 2011) Essas duas últimas formas de liderança fazem parte de uma escolar que tenha uma visão de gestão integrada, e que ser líder não é ter um cargo, mas ser parte de um processo dentro da escola. A quinta forma é a liderança educativa. “A liderança educativa é centrada na formação de organizações de aprendizagem e entendida como fundamental na orientação de organizações no sentido de seu estabelecimento como organizações que aprendem. Essa tem sido uma demanda 24 para todas as organizações na sociedade atual, marcada pelo conhecimento e pela tecnologia da informação.” (Luck, 2011) Os avanços e retrocessos dessa educação são monitorados pelo líder através de feedback. Entre erros e acertos, caminhamos para o objetivo-ensinar o aluno. A última forma é a da liderança integradora ou holística. Como o nome sugere a liderança holística vê o trabalho de escola como um todo onde os inventos estão conectados e o gestor que age conforme essa liderança acredita no conjunto. Como pode-se ver são diversas as formas de liderar um grupo. É claro que dentro dos líderes elas se confundem. Muitos não têm noção da forma de suas lideranças. Pode-se liderar pela força ou pela conquista, mas, hoje, acredita-se que Liderar é convocar, influenciar e é uma relação de poder. Mas, não é um poder opressor e sem uma força que mobiliza e motiva as pessoas e é orientada para o desenvolvimento da escola e a aprendizagem de todos na escola. O líder assume o controle, a verificação de medida, conduzindo a equipe para o autocontrole. Todos devem ser envolvidos na avaliação para o planejamento coletivo. “Em uma organização, a pessoa que desempenha suas funções com medo de ser punida, anseia por se ver livre delas, de modo que não viva mais nas penosas condições do medo. Por outro lado, as pessoas que desempenham suas funções para obter vantagens externas e não as inerentes às próprias práticas pensarão em meios para obter essas vantagens sem o trabalho que as mesmas exigem, conforme documentado por estudos de Katz e Kahn (1978). A essas condições são levadas as pessoas que trabalham sob o controle restrito e externo, e sem liderança inspiradora e conscientizadora.” (Luck, 2011). O controle é necessário, mas com a participação de todos, pois é necessário que se vista a equipe “vista a camisa da escola”, trabalhando de forma responsável e autônoma. Se sentir confiável e competente é muito importante para o desenvolvimento 25 profissional de cada um. A escola que controla o professor o tempo todo , cria um cumpridor de tarefas, que pode se tornar uma sombra organizacional, ou seja, uma pessoa que vai liderar um boicote ao gestor autoritário em prol da liberdade de trabalho. O líder deve fazer o seu papel de incentivador, inspirar seus professores e funcionários através do compartilhamento do poder. 26 3.2 teorias sobre liderança Algumas teorias são usadas como condução à liderança em programas que formam líderes. “1- teoria dos traços de personalidade, que analisa a efetividade da liderança a partir de um conjunto de características especiais do líder.2- a teoria de estilos de liderança, que se assenta sobre a ênfase dada à distribuição do poder.3-a teoria situacional, que explica a liderança pelos processos e fatores contingenciais e a dinâmica da cultura organizacional dos contextos onde a liderança se expressa” ( LUCK, 2011) A primeira teoria coloca algumas características no líder como: perseverança, motivação, habilidade de comunicação, determinação no cumprimento das metas, autoconfiança e empreendedorismo social. A segunda, classifica a liderança de acordo com o grau de distribuição de poder. A liderança, assim pode ser – autocrática, democrática ou laissez-faire. Essas duas primeiras teorias são as mais divulgadas. O estilo autocrático é realizado pelo gestor autoritário e é individual, baseada na visão de mundo do líder, que coloca os envolvidos como tarefeiros somente de suas ordens, pois ele planeja a escola. A escola não reage às medidas rápidas e não forma uma equipe que luta pela escola; no estilo democrático a liderança e o poder de decisões são compartilhados, pois esse líder está aberto a isso, em sua visão de mundo. A liderança laissez-faire é desorganizada, sem controle e geralmente não tem eficácia e corresponde a visão de mundo de seus líderes de deixar fluir naturalmente. O quadro 1 no anexo mostra bem a diferença dos dois principais estilos. O estilo centralizador é voltado para o gestor, como se a escola fosse só dele, assim como todos 27 os resultados dela ;o estilo democrático é voltado para a equipe, isto é, os problemas da escola são de todos , assim como as vitórias e avanços. Finalmente, teoria mais recente é a teoria situacional que foca o estudo da liderança em situações de desafios e tomada de decisões. Não se analisa o líder, mas a liderança. É claro que os estilos se misturam muitas vezes, no líder, há predominância de um ou de outro estilo. Porém, a visão de mundo do gestor determina a forma de liderança na escola. É melhor avaliar a falha com a equipe que culpar o companheiro por ela. “Portanto, a equipe de gestão da escola constitui uma equipe de liderança, cuja atuação nesse sentido necessita ser focada em processos específicos e resultados. Cabe, portanto, a essa equipe atuar no sentido de: a) Promover e manter um elevado espírito de equipe, a partir de uma visão clara dos objetivos educacionais, missão, visão e valores da escola. b) Alargar os horizontes das pessoas que atuam na escola, a respeito de seu papel e das oportunidades de melhoria e desenvolvimento. c) Estabelecer uma orientação empreendedora e proativa na ação conjunta para a realização dos objetivos educacionais. d) Criar e manter cultura escolar favorável e propícia ao trabalho educacional, à formação dos alunos e sua aprendizagem. e) Motivar e inspirar as pessoas no seu envolvimento em processos socioeducacionais cada vez mais efetivos, no interior da escola e na sua relação com a comunidade. 28 f) Estabelecer e manter elevado nível de expectativas a respeito da educação e da possibilidade de melhoria contínua de seu trabalho e dos bons resultados na promoção da aprendizagem dos alunos e sua formação. g) Dinamizar um processo de comunicação e relacionamento interpessoal aberto, dialógico e reflexivo. h) Orientar, acompanhar e dar feedback ao trabalho dos professoras na sala de aula, tendo como foco a aprendizagem.” (Luck, 2011) A escola precisa de pessoas que dirijam ações para um objetivo determinado e ela deve possuir e formar líderes. O líder precisa ser aceito pelo grupo e ter uma relação de influência, conquista. Faz- se necessário formar o currículo oculto da escola que deve ser relacionado com ela para atender suas próprias necessidades. O maior objetivo da escola é a aprendizagem do aluno e para isso, deve se construir um clima de confiança e receptividade. O líder deve ser responsável pela sua equipe. Primeiramente, ele deve se comprometer com os objetivos e desenvolver competências. Ter sabedoria do saberfazer e buscar a ética e a sabedoria social, transferindo as aprendizagens para a realidade da escola. Em segundo lugar, o líder deve socializar os valores necessários para o bem da instituição, relacionando os valores universais com os locais, administrando conflitos e ensinando a boa convivência. O líder cultiva relacionamentos e deve mediar as relações humanas da sua escola para a unidade da equipe. Realizar muitas reuniões e até mesmo festas de confraternização, que são momentos de afeto importantes para nós, seres humanos. 29 Em terceiro lugar, o líder deve administrar o tempo, planejar com o grupo, executar, controlar e avaliar os processos da escola. Em suma, capacitar pessoas, se preocupar com o outro, influenciando a história de cada um, aceitando e encarando os desafios como aprendizagem, lutando pela melhoria da escola. A formação continuada do professor e dos funcionários são fundamentais para o desenvolvimento pessoal, e , consequentemente , o desenvolvimento da equipe. Em suma, a equipe precisa de um líder democrático e empoderador. No próximo capítulo, veremos o que é empoderar o outro, formar lideres autônomos e responsáveis e não mero tarefeiros. 30 Capítulo 4 A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO GEO Esse capítulo abordará um movimento que deveria estar nas mentes dos gestores que enxergam a liderança como um processo de melhoria pessoal e profissional. A escola para dar certo precisa ser planejada e o movimento GEO gera uma mudança na escola que alavanca para frente. O movimento GEO é uma estratégia, uma bússola que orienta os gestores interessados no sucesso escolar. “Tratam-se de três grandes desafios:1-garantir a escola com visão Global;2- a articulação das pessoas para o comprometimento e o envolvimento de todos com o sucesso escolar; e 3- utilização correta de métodos e ferramentas de gestão para otimizar o tempo das pessoas e os recursos da instituição.”(Gomes,2009) . As forças que alavancam uma escola são- Globalização, Empoderamento e Otimização ou orquestração. O primeiro desafio do gestor dentro desse movimento é o de formar uma escola globalizada, mas com identidade própria, da sua comunidade. O segundo desafio é criar um clima organizacional que capacite as pessoas da escola, as empodere. “Este estilo de gerenciamento exige a cultura de trabalho com visão de processos e liderança participativa. Assim o gestor desenvolverá seus talentos por meio da gestão Participativa e de aprendizado coletivo.” ( gomes, 2009). O terceiro desafio é“utilizar coordenamente os recursos e tecnologia existentes- orquestração de métodos, equipamentos e programas com a finalidade de acelerar mudanças e otimizar os processos 31 educacionais. A Otimização de métodos, processos, produtos, tempo das pessoas, recursos naturais e o meio ambiente através do aprendizado coletivo em ação. Eficiência e eficácia fazendo uma escola com constância de propósito” ( Gomes, 2009). A escola globalizada é uma escola conectada com o mundo. “A escola precisa investigar as tendências e cenários futuro visando desenvolver uma visão sistêmica de mundo, da vida e da educação...tendo gestores com capacidade de gerenciar as transformações” ( Gomes, 2009) A língua desse mundo globalizado é o Inglês, então, as escolas devem saber o que os alunos precisam saber em nível mundial para estarem conectados com o planeta também. Associar o conhecimento global com o local é um desafio para a escola, mas é fundamental porque temos alunos globalizados com cultura local própria. “O empowerment que ficou conhecido como o caminho para reformular a mentalidade de um modelo de gestão tradicional, hierárquico e tecnicista. Traduzido aqui , como empoderamento, o termo visa caracterizar a delegação desejável de poder. Uma forma de dar autonomia, de oferecer capacitação para agir com respaldo do superior hierárquico” ( Gomes, 2009) O empoderamento é, assim, uma nova forma de lidar com o poder, pois é o poder pela influência, baseada no respeito, trabalho em equipe com a liderança dividida objetivando a autonomia profissional, um trabalhador empoderado. O quadro 2 do anexo mostra a diferença das relações do poder que o líder estabelece. O verdadeiro líder está aberto à conversa, a sugestões e deseja ter funcionários capazes de trabalharem sem seu comando e ordem o tempo todo. Quando o diretor se ausenta de uma escola , esta deve funcionar normalmente, pois todos devem ser autônomos. 32 Todos na escola estão sujeitos ao empoderamento. Os pais que trabalham na escola devem ser empoderados e capacitados para as funções, pois o processo de construção da escola é coletivo e o poder e a hierarquia existem para delegar funções e dividi-las e não para classificar e rotular as pessoas. A escola tem direito a essa representatividade e todos devem participar na elaboração do projeto da escola. A construção do planejamento coletivo requer decisões proativas, aquelas tomadas antes do problema acontecer. Os problemas da escola são vistos por todos, pais, alunos, comunidade, professores. O gestor não consegue ver tudo sozinho. O plano de ação do gestor se dá da seguinte forma- Primeiro, as pessoas são mobilizadas e a equipe definida. Depois é feito o planejamento e o diagnóstico da escola deve ser considerado. O projeto, então, é sistematizado e o plano de ação do gestor com prazos e responsabilidades definidos. Finalmente, as informações são difundidas em nível interno e externo e o acompanhamento acionado através de avaliações do trabalho. A otimização dos recursos da escola, implica utilizar os meios da escola, as máquinas, as ferramentas eletrônicas para facilitar a aprendizagem e economizar tempo, inclusive do gestor. A otimização é uma estratégia importante para alavancagem. O estudante tem intimidade com a tecnologia, gosta de usá-la. Os professores precisam se modernizar, serem capacitados para essa tecnologia, pois ela beneficia a escola. A tecnologia quando bem usada ajuda a formação do estudante e facilita o acesso a informações, mas não substitui o facilitador , que é o professor e 33 não instrui propriamente, não educa . É mais uma ferramenta importante para usarmos a favor da aprendizagem. A visão do gestor definirá o uso dessas estratégias. Somente o gestor participativo é capaz de ver a importância do movimento GEO a favor da escola, que deve ser um micro espaço democrático que reflete o macro, a sociedade que queremos. 34 Conclusão A conclusão desse trabalho nos remete à reflexão da pergunta feita na introdução sobre que tipo de escola queremos. O gestor democrático vai criar uma equipe de fato se o for de fato e acreditar em sua gestão; a gestão autoritária tão presente em nossas escolas ainda não atende mais ao modelo de sociedade que estamos construindo . Está na hora dos gestores reverem e avaliarem suas práticas. A avaliação da prática pedagógica não é só importante para o professor, mas para o gestor também porque só através da autoanálise, há um crescimento, um avanço pessoal, aprendemos com nossos erros e nos motivamos com os acertos e nesse ensaio vamos nos preparando para o dia do espetáculo. A busca é mais significativa que o encontro, pois ela nos enche de questionamentos e nos faz avançar, crescer. O gestor precisa humanizar-se, capacitar-se, estar estudando e pesquisando para se modernizar no sentido bom da palavra. Não suportamos mais a opressão e as vontades individuais de quem quer o poder pelo poder, queremos que as relações na escola sejam humanas, respeitosas, inclusivas, com um clima organizacional de afeto, porque passa-se muito tempo no lugar de trabalho e ele deve ser prazeroso. A escola deve ser um lugar onde todos aprendem e trabalham para ela. O papel do líder é garantir o caminho da democracia, reconhecer o trabalho da equipe, formar e ser parte dessa equipe, que não surge com autoritarismo e maus tratos. Não beijamos mais a mão do rei, mas abraçamos nossos companheiros na construção de um objetivo em comum, que é construir um lugar de aprendizagem, no livre exercício da cidadania e na liberdade de expressão de opiniões, com a luta por 35 valores que beneficiem a boa convivência de todos dentro e fora da escola. A escola precisa acelerar seus passos, pois a sociedade mudou e ela tem que mudar para acompanha-la e satisfazê-la, modificá-la, se necessário, pois nesse mundo capitalista e globalizado, são muitas as lutas que teremos que travar contra as injustiças e a ganância humana. A escola precisa assumir seu papel de formadora de líderes, que buscam uma sociedade mais justa e humana. Somos todo s um, parte de um todo. O gestor deve ter essa visão holística de mundo e de educação. A escola brasileira tem avançado na direção da democratização. Por exemplo , muitas escolas públicas já tem eleições para a equipe de direção; existe representatividade como o conselho escola comunidade para atuar inclusive dentro do financeiro da escola, a escola vem sendo otimizada em seus recursos, a inclusão social já está em pauta de discussões entre erros e acertos, os professores estão melhorando suas formações, buscando capacitação profissional, mas a luta ainda é grande e contínua. A LDB de 1996 é recente mediante anos de coronelismo e escravidão que o nosso país viveu. A democratização da escola é uma forma de monitorar as verbas públicas minimizando a corrupção. Pois os conselhos devem estar atentos a essa verba que chega de forma descentralizada, porém ainda muito autoritária. Por exemplo, chegase a uma escola uma verba destinada a compra de ventiladores para uma escola que já tem ar condicionado. Fica , assim , a pergunta- será que o gestor é responsável realmente pelo controle dos aspectos financeiros e materiais da escola? Será que todas as escolas brasileiras devem se tratadas da mesma forma , tendo realidades tão 36 diferentes? Essas perguntas nos levam a seguinte resposta- o autoritarismo ainda é muito presente na escola e o processo de democratização dessas escolas é lento, com avanços e retrocessos. Encontramos gestores que se dizem democráticos, mas não o são pela própria estrutura vertical do governo. O importante é caminharmos na direção certa ,tropeçando , caindo, mas olhando para frente sempre de forma otimista e com vontade de aprender e ensinar por toda a vida. 37 ANEXO 1 Quadro 1 Liderança centralizada Iniciativa Cultura organizacional Liderança compartilhada Centrada no dirigente. Pessoas Compartilhada da entre os organização e esperam permissão para tomar membros iniciativa. determinada coletivamente. Considerada como secundária. Fortalecida Mais forte é o culto ao dirigente e desenvolvimento de competências suas decisões. pelo mediante o compartilhamento de decisões e ações que transformam positivamente o modo de ser e fazer na escola. Tomada de decisão Centralizada e baseada em processos formais. Distribuída, mediante processos de reflexão e de disseminação de informações. Sentido de missão e visão Definido e assumido pelo dirigente, que se torna seu arauto. Definido e assumido pelos membros da escola e incorporado no ideário mediante de sua suas ações, iniciativa para implementá-lo. Continuamente revistos à luz das ações e ao trabalho reflexões Crédito do sucesso Atribuído ao dirigente Atribuído conjunto. de 38 Papéis e funções Assumidos de acordo com cargos Assumidos e respectiva definição. compartilhada, segundo o sentido de de responsabilidade forma comum. Desenvolvem-se em associação com o desenvolvimento das competências das pessoas. (Luck, 2011) 39 ANEXO 2 Quadro 2 Um líder autoritário dentro e fora de sala Um líder empoderado. Autoridade dentro e de aula fora da sala de aula ...exige silêncio silêncio para ser ouvido; ... conquista a participação com atividades pertinentes; ...pede tarefas descontextualizadas; ... mostra objetivos das estratégias, metas e atividades sugeridas; ... ameaça e pune- poder pelo medo; ...escuta e dialoga poder pela influência e exemplo; ... exige que as pessoas aprendam do seu ... procura adequar os métodos de trabalho às jeito; necessidades dos colaboradores; ... utiliza a liderança de acordo com a cultura ...utiliza a liderança de acordo com a do medo; necessidade de aprender em cada situaçãoliderança situacional; ...imposição. “ manda quem tem pode e ... obedece quem tem juízo” utiliza o poder pela legitimação, competência, boa comunicação; ... quer apenas passar informações e ...preocupa-se em explicar os porquês, os pressionar as pessoas; obediência e medo com os os prazos e o que terão de benefício como ferramentas; na realização proposta. 40 ... vê as pessoas dentro e fora das salas de ...tem consciência de que as pessoas são aula como complicadas, ou “um a mais” - Seres Humanos com necessidades, expectativas e desejos, merecedoras de não acredita nelas; confiança e investimento em aprendizagem.; ...Faz gestão solitária...e autoritária... ...Realiza a gestão participativa como um exercício democrático e solitário. (Gomes, 2009) 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA LUCK, Heloísa. Liderança em gestão escolar. Petrópolis: Vozes, 2011. GOMES, Débora. A gestão estratégica na escola que aprende. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. PARO Vitor. Gestão democrática da escola pública. São Paulo:Ática,1998. LIBÂNEO, J. Carlos. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 3. Ed., 2006. PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar; historias de submissão e rebeldia, 1987. PATTO, Maria Helena Souza. Introdução a psicologia escolar, 3ª ed. São Paulo: Casa do psicólogo,1997. HORA, Denair Leal da. A gestão democrática na escola: artes e ofícios da participação coletiva. Campinas. SP: Papiros, 1994. GARDEN, Danilo. A prática do planejamento participativo na escola. SP: lLoyola,1988. VASCONCELOS, Celso do S. O planejamento participativo como instrumento de transformação. S/d. LIMA, M. R. C. de. Paulo Freire e a administração escolar. A busca de um sentido. SP: Líber editora, 2007. PARO, Vítor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. 15ª ed. SP: Cortez, 2008. LUCK, Heloisa. Ação integrada- gestão, supervisão, orientação. RJ, Vozes, 1981.