CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE AMÊNDOAS DE DIFERENTES CLONES DE CAJUEIRO PHYSICO-CHEMICAL CHARACTERIZATION OF NUT KERNELS FROM DIFFERENT CASHEW CLONES Ana Carolina de Oliveira Nobre¹; Janice Ribeiro Lima²; Hilton César Rodrigues Magalhães³; Raimundo Nonato Martins de Souza4 ¹ Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq, Discente do Curso de Química da UECE ² Pesquisadora – Embrapa Agroindústria Tropical ³ Analista – Embrapa Agroindústria Tropical 4 Assistente administrativo – Embrapa Agroindústria Tropical Palavras-chave: castanha de caju, composição físico-química, ácidos graxos Introdução Os projetos de melhoramento genético de cajueiros recomendaram, ao longo dos últimos anos, vários clones de cajueiro com características como maior produção de castanhas, precocidade de produção, maior resistência a pragas e doenças, entre outras, que garantiram maior competitividade no agronegócio (BARROS et al., 2002; PAIVA et al.,2004). No entanto, o conhecimento das características das amêndoas de castanha de caju (ACC) produzidas por esses novos clones se restringiu aos aspectos físicos como tamanho e massa de castanhas e amêndoas e seu rendimento industrial. (PAIVA et al., 2004; CAVALCANTI et al., 2000; BARROS et al., 2000). Nesse trabalho, avaliaram-se as características físico-químicas e composição em ácidos graxos de ACC (safra 2009-2010) dos clones CCP 76, CCP 09, Embrapa 51, BRS 189, BRS 226, BRS 265, BRS 274 e BRS 275. O objetivo foi contribuir para a ampliação do conhecimento atual sobre o valor nutritivo dos clones de ACC e avaliar se existem diferenças de composição entre essas amêndoas que justifiquem recomendações para diferentes usos industriais. Material e Métodos As castanhas de caju foram produzidas no campo experimental da Embrapa em Pacajus, Ceará. Após beneficiamento as amêndoas foram despeliculadas manualmente, trituradas e uma parte prensada a frio para extração de óleo. Nas amêndoas trituradas realizaram-se análises de: umidade, cinzas, gordura e proteína (AOAC,1990). O óleo extraído foi filtrado e analisado para índice de acidez e de peróxidos (AOCS,1988) e composição em ácidos graxos por cromatografia gasosa com obtenção de ésteres metílicos dos ácidos graxos segundo HARTMAN & LAGO (1973). Resultados e Discussão No Quadro 1 são apresentados os resultados das análises de composição. Os resultados obtidos demonstraram diferenças significativas de composição entre os clones para todas as análises físico-químicas realizadas. As médias observadas variaram para umidade de 6,54 a 7,94 g/100g; para cinzas de 2,74 a 4,14 g/100g; para proteína de 17,50 a 24,49 g/100g; e para gordura de 39,88 a 45,40 g/100g. A acidez no óleo variou de 0,07 a 1,34 g/100g e não foram detectados peróxidos. O total de ácidos graxos insaturados variou de 80,0% a 86,3%, sendo os ácidos oléico e linoléico os encontrados em maior quantidade. Quadro 1. Composição físico-química de ACC e óleos (médias de 3 repetições) bs- base seca; nd- não detectado; IA- índice de acidez, no óleo, como oléico; IP- índice de peróxidos, no óleo; AG insat- total de ácidos graxos insaturados; AG sat- total de ácidos graxos saturados. Em cada coluna, amostras seguidas de mesmas letras não diferem significativamente ao nível de erro de 5% pelo teste de Tukey. Conclusões As amêndoas dos oito clones de cajueiro avaliados apresentaram alto nível lipídico e protéico, baixo índice de acidez e de oxidação lipídica do óleo. Dentre as espécies analisadas, três apresentaram maiores teores de gordura e ácido linoléico (ácido graxo essencial ômega 6): CCP76, CCP09 e BRS226. Considerando que o consumo de ácidos graxos insaturados tem sido recomendado como benéfico à saúde, a inclusão de amêndoa de castanha de caju e seus derivados na dieta é uma alternativa saudável. Referências Bibliográficas AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis. 15. ed. Washington: AOAC, 1990. 1298 p. AOCS. American Oil Chemists' Society. Official methods and recommended practices. 3. ed. Champaign, 1988. BARROS, L. M.; CAVALCANTI, J. J. V.; PAIVA, J. R.; CRISÓSTOMO, J. R.; CORRÊA, M. P. F.; LIMA, A. C. Seleção de clones de cajueiro anão para o plantio comercial no Estado do Ceará. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.11, p.2197-2204, 2000. BARROS, L. M.; PAIVA, J. R.; CAVALCANTI, J. J. V.; ARAUJO, J. P. P. Cajueiro. In: BRUCKER, C.H. Melhoramento de fruteiras tropicais. Viçosa: UFV, 2002. p.160-176. CAVALCANTI, J. J. V.; PINTO, C. A. B. P.; CRISÓSTOMO, J. R.; FERREIRA, D. F. Análise dialélica para avaliação de híbridos interpopulacionais de cajueiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.8, p.1567-1575, 2000. HARTMANN, L.; LAGO, R.C.A. 1973. Rapid preparation of fatty acid methyl esters from lipids. Laboratory Practices, 22: 475-477. PAIVA J. R.; BISCEGLI C. I.; LIMA A. C. Análise da castanha do cajueiro por tomografia de ressonância magnética. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.11, p.1149-1152, 2004. Autor a ser contatado: Ana Carolina de Oliveira Nobre, Curso de Química da UECE - Fortaleza, CE – e-mail: carl_nobre @hotmail.com