Anais do SITED Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso Porto Alegre, RS, setembro de 2010 Núcleo de Estudos do Discurso Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul MARCAS DE POLIFONIA EM REVISTA DE PSIQUIATRIA: RETOMADAS DE PESQUISAS/DIÁLOGOS DE RESULTADOS Aparecida Feola Sella 1 Introdução A discussão aqui apresentada nasce de análises sobre ocorrência de polifonia na parte denominada “Discussão”, a qual integra as normas de composição a serem seguidas por autores interessados em enviar artigo para a Revista Brasileira de Psiquiatria. Por se tratar de um roteiro dado como regra para publicação, o produtor do texto deve adequar-se às orientações relativas à exposição dos resultados obtidos, o que requer certo cuidado com assertivas positivas ou mesmo negativas expressas nas referências bibliográficas selecionadas para discussão. Procedimentos terapêuticos ou mesmo estudos de caso referenciados pelo produtor do texto devem ser tomados com a devida cautela, principalmente, quando se intenta revisão de iniciativas de pesquisa. Essa instância, basicamente interlocutiva, presente na seção “Discussão”, lembra de perto a proposta de Ducrot com relação à noção de argumentação inscrita na língua. Barbisan (2006), ao promover reflexão sobre a noção de enunciação em Benveniste e Ducrot, explica que, na proposta inicial e desdobramentos (seriam três fases2) da teoria ducrotiana manteve-se a noção de que: a argumentação está na língua, não nos fatos e, como tal, explica a argumentação a partir da relação entre locutor e interlocutor, por meio da qual o locutor age de certo modo verbalmente sobre seu interlocutor, apresentando um ponto de vista argumentativo sobre um aspecto da realidade, que se torna tema de seu discurso, e ao qual, com base em sua argumentação, atribui um sentido argumentativo. O foco de análise da teoria de Ducrot é, pois, a argumentação, ou seja, as marcas que o locutor, produtor do enunciado, coloca em seu discurso. Essas marcas se apresentam tanto explicitamente, do ponto de vista da relação entre locutor e interlocutor, portanto, tanto entre sujeitos da enunciação quanto entre o locutor e outros sujeitos, os enunciadores, que, em diferentes níveis de implicitação dialogam com o locutor, postulando a não unicidade de sujeitos do enunciado. Então, as relações no discurso, como propõe essa teoria, se estabelecem não apenas entre palavras ou frases, mas igualmente entre discursos. A enunciação é definida por Ducrot como o surgimento do enunciado, tornando-se este o objeto de suas análises, sem contudo se desvincular, em nenhum momento de sua perspectiva enunciativa. (Barbisan, 2006, p.34) 1 Doutora em Letras, Unioeste, Paraná. E-mail: [email protected]. Mais informações sobre as fases da pesquisa de Ducrot, indicamos 1. O conceito de enunciação em Benveniste e em Ducrot, Revista Letras, n.33, 2006, de Leci Borges Barbisan; 2. Semântica e Argumentação: Diálogo com Oswald Ducrot, de Heronildes Moura, artigo publicado na revista Delta, volume 1, 1998; 3. O percurso de Ducrot na teoria da argumentação na língua, de Cláudia M. Campos, publicado na Revista da ABRALIN, v.6, n.2, p.139-169, jul./dez. 2007. 2 75 Anais do SITED Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso Porto Alegre, RS, setembro de 2010 Núcleo de Estudos do Discurso Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Nesse esboço da enunciação, reside a figura de um locutor que pretende criar certa obrigação, e a argumentação é vista como um elemento básico e, portanto, estruturante do discurso. Este é o ponto de partida da presente pesquisa e, sob este olhar, percebeu-se que a caracterização da seção “Discussão” era bastante significativa em termos da presença de enunciadores que se encontram como conhecedores de segmentos científicos, de grupos, de um conhecimento amplo com relação a publicações já realizadas. Dos movimentos polifônicos percebidos na seção sob estudo, destacamos a recorrência a expressões de teor generalizante, pois se mostraram estruturas propícias para o acionamento de enunciadores genéricos, indicadores de falas repassadas como consensuais. O recorte abaixo é ilustrativo nesse sentido. Toma-se a noção de “estudos” não somente no patamar do generalizante, mas de um generalizante que representa um grupo determinado de estudos (que se utilizam de perguntas fechadas). O enunciador que está sendo convidado a se apresentar na seção deve ser dotado de uma leitura completa do referencial teórico pertinente ao tema sob sua tutela de avaliador, portanto deve ser voz capaz de sintetizar informações que estão sendo apresentadas no decorrer do artigo científico do qual faz parte. Este enunciador é esperado, porque sua função é ser breve, na busca de demarcar reflexões e avaliações pertinentes às análises processadas. Observe-se que outros mecanismos vão sendo acionados para dar credibilidade a esse Enunciador. Trata-se de expressões como “de fato”, “procuram aproximar”, “ou seja”, antepostas ou pospostas ao ato ilocutório basicamente descrito como uma forma de asserção, como mecanismo que serve para dar sustentação a esse exercício de construção de síntese, de reflexão geral acerca dos resultados obtidos, os quais devem ou podem ser comparados com os outros dados trazidos por meio de outros enunciadores. Recorte (1) De uma forma geral, os resultados encontrados neste estudo sugerem que as perguntas referentes à ocorrência de eventos de vida estressantes nos 12 meses anteriores ao preenchimento do questionário se mostraram adequadas no âmbito da estabilidade das informações colhidas. De fato, estudos quantitativos que utilizam questionários com perguntas fechadas procuram aproximar-se de uma dada realidade, ou seja, as questões são formuladas para ser utilizadas como variáveis que são apenas indicadores de uma determinada condição ou evento que se pretende avaliar.3 A proposta de Ducrot (1987) foi suficiente para testar como se constrói esse Enunciador, e as discussões de Neves (2000) e Ducrot (1981) serviram para que se percebesse que o ato de síntese está muito próximo ao de conclusão. Tentamos demonstrar, na sequência, que o enunciador responsável por expressões generalizantes também se apoia no conceito de consenso. 3 Esse recorte foi retirado do artigo Confiabilidade do relato de eventos de vida estressantes em um questionário autopreenchido: Estudo Pró-Saúde, de autoria de Claudia S. Lopes e Eduardo Faerstein, publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, 2001, 23(3):126-33. 76 Anais do SITED Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso Porto Alegre, RS, setembro de 2010 Núcleo de Estudos do Discurso Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Enunciadores que generalizam o teor informativo Na seção “Discussão”, da Revista Brasileira de Psiquiatria, a exposição de resultados atrela-se ao referencial teórico e requer estratégias que indiquem reflexões do produtor do texto, e uma dessas estratégias está relacionada ao tipo de enunciador acionado. A característica particular de render consenso, por exemplo, pode ser fonte, inclusive, de pressuposição, pois, considerando-se o recorte aludido na nossa introdução, tem-se na expressão “estudos quantitativos que utilizam questionários com perguntas fechadas” um Enunciador que acena para um grupo de estudos específico, se comparado com outros que não recorrem a questionários com perguntas fechadas. Esse enunciador que sintetiza, mas é cauteloso, é compatível com temas relativos a transtornos psicológicos, pois compartilha consenso balizado, o que pode e deve ser atualizado conforme percebemos nos artigos publicados pela Revista. Diante do resultado da pesquisa que até desenvolvemos, há, basicamente, três movimentos que podem ser acionados por esse tipo de enunciador: 1. reconhecimento, 2. reelaboração e 3. recusa. São esses movimentos que atualizam o enunciador, que advoga consenso e tem obrigação de promover síntese: tem-se praticamente, neste caso, uma das regras de constituição do texto científico. Por meio de uma voz geral, então, marcada nas propostas/resultados já divulgados, de consenso ou não, mas traçada como consensual em favor do argumento que está sendo construído e que deve gerar determinadas conclusões, a expressão acima, por exemplo, serve de forma bastante produtiva para o exercício desse enunciador. Uma rápida verificação das temáticas postas na seção “Discussão” já constitui alvo de concordância, revisão e discordância. Essas três possibilidades de constituição formam instâncias ilocutórias e cada ato pode ser considerado de acordo com o que Ducrot (1987) denomina “eficácia da própria língua”. Na proposta do autor, tem-se que a significação das frases é dada a partir da estrutura léxico-gramatical, e a partir dessa significação tem-se o sentido dos enunciados. A significação é vista como um conjunto de instruções à disposição do processo de interpretação dos enunciados da frase, instruções essas que orientam manobras que servem para associar um sentido aos enunciados. No caso do recorte sob nosso comentário, a generalização assinala orientação para um determinado grupo de respostas, considerando dados pressuposicionais que renderiam objeções do tipo “há outros tipos de resposta”. Esse enunciador acima descrito reside na significação da frase, porque justamente faz parte de um conjunto de indicações sobre a enunciação, conjunto este que é regido basicamente por um conjunto de exigências postas para a constituição do texto da seção “Discussão”. Sendo assim, o locutor, entidade do sentido do enunciado e gerenciador desse sentido (cf. Ducrot, 1987), dá existência a um determinado enunciador cujo ponto de vista e atitude compartilha. A generalização, inclusive, é de responsabilidade, em última instância, do próprio locutor: por se tratar de ponto de vista, expresso por meio da enunciação, palavras precisas que identifiquem a origem das afirmações são postas como não necessárias (esse comentário parafraseia a proposta de Ducrot (1987) com adendo relativo à ênfase dada a “postas como”, pois a generalização caracteriza-se, conforme entendemos, por não estar atrelada, em tese, a uma relação mais direta com a descrição da origem da afirmação, ou pelo menos com o detalhamento do conjunto dessa origem). 77 Anais do SITED Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso Porto Alegre, RS, setembro de 2010 Núcleo de Estudos do Discurso Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Considerando-se essa característica do Enunciador que generaliza e se respalda no consenso (doravante EGS), percebe-se preocupação com o repasse de conclusões fechadas, considerando-se principalmente estudos ainda em desenvolvimento na área da psiquiatria e descobertas recentes, como também recentes formas de divulgação mais amplas, com o acesso irrestrito aos veículos de informação por meio da internet. Por isso, outra questão que recebeu nossa atenção está atrelada às interpretações possíveis, ou melhor, à forma como são recebidas as atualizações dos EGSs. O que se disse agora lembra a seguinte discussão de Ducrot: o encaminhamento dado por um ato ilocutório está na característica de “transformar a realidade” (cf. Ducrot, 1987). Nas palavras do autor, um enunciado como “Esta intervenção me surpreendeu muito” “pode ser compreendido de diversas maneiras”. Sendo assim, o que foi qualificado de surpreendente pode ser: o próprio conteúdo das palavras de X, pode ser seu desempenho, por tal discurso ter acontecido (nesta hora), (Ducrot, 1987, p.169). Esta última reflexão fez com que verificássemos três possibilidades de atualização dos EGSs, conforme será rapidamente demonstrado na sequência. Por outro lado, com relação ao teor de generalização das expressões sob estudo, ainda é preciso verificar as várias formas de manifestação, principalmente com relação aos sentidos que podem ser gerados por estruturas abertas, sempre expostas ao rodeio argumentativo que se estabelece na enunciação. Não desenvolveremos as discussões sobre o processo de referenciação por agora, mas sabemos da importância de se verificar como os EGSs lidam com estratégias vinculadas à forma como englobar grupos, segmentos, instituições que devem servir para o exercício da recategorização. Seria necessário investigar como se comporta esse enunciador diante de estruturas como a) os trabalhos abordando o uso de cannabis e transtornos mentais ao longo das décadas de 80 e 90; b) todos os trabalhos abordando o uso de cannabis e transtornos mentais ao longo das décadas de 80 e 90; c) trabalhos abordando o uso de cannabis e transtornos mentais ao longo das décadas de 80 e 90; d) boa parte dos trabalhos abordando o uso de cannabis e transtornos mentais ao longo das décadas de 80 e 90; e) alguns trabalhos abordando o uso de cannabis e transtornos mentais ao longo das décadas de 80 e 90. Por isso, esta pesquisa requer ainda investigações acerca de estratégias de recategorização, impostas pela própria seção “Discussão”. Com relação ao sentido genérico, tomamos como base o que Neves (2006) comenta: o “uso genérico abrange objetos em geral (referência universal), não uma entidade em particular”. Ainda segundo a autora, “com sintagma nominal indefinido, é possível uma interpretação coletiva” e “a inclusão está presente no artigo definido”. Numa frase como “Brasileiros são muito alegres, festivos”, afirma-se que ser alegre, festivo, é uma característica dos brasileiros, isto é, de uma classe de pessoas. Numa frase como “Os brasileiros são muitos alegres, festivos”, uma interpretação genérica diria que são muito alegres, festivas, as pessoas que nasceram ou moram no Brasil, isto é, um conjunto de pessoas (op. cit., p.130/131). Comentários sobre a análise Conforme consta do site oficial, a Revista Brasileira de Psiquiatria (RBP), com ISSN 1516-4446 – é uma publicação trimestral da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com a finalidade de publicar trabalhos originais de todas as áreas da psiquiatria, com ênfase às áreas de saúde pública, epidemiologia clínica, ciências básicas e 78 Anais do SITED Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso Porto Alegre, RS, setembro de 2010 Núcleo de Estudos do Discurso Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul problemas de saúde mental relevantes em nosso meio. Além dos números regulares, a RBP publica dois suplementos anuais, voltados principalmente à atualização clínica. Quanto aos artigos originais, devem apresentar resultados inéditos de pesquisa, constituindo trabalhos completos que contêm toda a informação relevante para o leitor que deseja repetir o trabalho do autor ou avaliar seus resultados e conclusões. A sua estrutura formal deve apresentar os seguintes tópicos: Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusões. Outra informação importante diz respeito a implicações clínicas e limitações do estudo, as quais devem ser apontadas. Observemos o recorte: Recorte (2) De forma geral, os trabalhos abordando o uso de cannabis e transtornos mentais ao longo das décadas de 80 e 90 traziam um predomínio de incertezas da relação desta substância com psicoses crônicas (principalmente a esquizofrenia); enquanto que os estudos mais recentes sinalizam para evidências mais consistentes desta relação, apesar de ainda controverso4. As ocorrências em destaque revelam um enunciado que poderia estar pautado nos seguintes esquemas enunciativos: • • • Enunciador 1– Generaliza (pressupõe / sintetiza); Enunciador 2 – Generaliza (não pressupõe / apenas sintetiza); Enunciador 3 – (talvez não generalize / sintetiza diante do espaço da seção) Os movimentos enunciativos provocados por essas expressões requerem que se considere o sentido da expressão “De forma geral” diante da noção de totalidade/grupo determinado. São expressões que em maior ou menor grau acabam encenando tipos de enunciadores, os quais podem ser reconhecidos, conforme pensamos, pela forma como o leitor interpretará a orientação dada pelo locutor. Vejamos o próximo recorte: Recorte (3) Para os transtornos ansiosos e do humor, os achados contrastantes e divergentes levam a ainda maiores incertezas, não permitindo assim generalizações. De qualquer maneira, as evidências disponíveis somam argumentos tanto para políticas de prevenção quanto para aquelas de legalização da cannabis.5 O esquema enunciativo poderia ser o seguinte: E (genérico) – pressupõe – E (exceção – não contrastantes e nem divergentes); 4 Abuso de cannabis em pacientes com transtornos psiquiátricos: atualização para uma antiga evidência, de autoria de Alessandra Diehl, Daniel Cruz Cordeiro e Ronaldo Laranjeira, publicado no volume 32, supl. Mai/2010. Neste recorte, ressaltamos as expressões de teor generalizante. 5 Retirado do artigo Relato de caso Transtorno da compulsão alimentar periódica e transtorno obsessivocompulsivo: partes de um mesmo espectro?, de Marcelo Papelbaum e José Carlos Appolinário, número 23, da Revista Brasileira de Psiquiatria 79 Anais do SITED Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso Porto Alegre, RS, setembro de 2010 Núcleo de Estudos do Discurso Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul E (genérico) – pressupõe – E (gradação – contrastante e ainda divergentes); E (genérico) – pressupõe – (há evidências não disponíveis); E (genérico) – pressupõe – (há argumentos que não somam para prevenção e nem para legalização). Agora o último recorte: Recorte (4) Apesar de (3.1) vários autores terem estudado a relação entre os transtornos alimentares e os transtornos de ansiedade, (3.2) poucos dados existem sobre a comorbidade entre o TCAP6 e o TOC. Pode-se considerar o seguinte esquema enunciativo: E (genérico) – pressupõe – E (exceção – nem todos os autores); E (genérico) – pressupõe – E (há dados sobre outros tipos de transtornos). O que se disse sobre os recortes analisados corrobora as expectativas de Koch (1984), quando observa que os elementos linguísticos introduzem “conteúdos semânticos adicionais os quais, sem a presença deles, não existiriam”, mas que em algumas situações são substituídos pelo contexto, pela intenção comunicativa e pelas crenças (cf. Koch, 1984, p.45). Na seção “Discussão”, observa-se o roteiro de estratégias marcadas nos enunciadores, que o locutor passa a compor para conquistar a adesão do interlocutor para o seu ponto de vista. Algumas considerações Acredita-se que o movimento dos EGSs gera no processo interlocutivo indícios de que as interpretações estão atualizadas no interior do próprio enunciado, o qual está inserido num contorno enunciativo definido, promovido pela equipe de edição da Revista Brasileira de Psiquiatria. Essas estratégias revelam a consciência de que o fato de dizer um enunciado gera consequências no transcorrer do discurso, conforme nos ensina Ducrot em vária s de suas obras. O monitoramento enunciativo promove, pelo que percebemos, certos tipos de enunciadores, que devem se comportar de acordo com a norma interposta. O princípio que gera a constituição dos EGSs está pautado, portanto, ora na resolução da síntese e do consenso, ora no movimento que essa estratégia provoca no leitor. Portanto, acaba sendo um movimento pragmaticamente construído mediante a necessidade de que se obtenha sucesso na interlocução traçada. Para isso, os enunciadores devem ser detentores de uma voz que generaliza afirmações como se fossem consensuais, conforme já anunciamos. 6 Abreviaturas utilizadas: ECA – Episódios de Compulsão Alimentar; TCAP – Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica; TOC – Transtorno Obsessivo. 80 Anais do SITED Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso Porto Alegre, RS, setembro de 2010 Núcleo de Estudos do Discurso Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Referências BARBISAN, Leci Borges. O conceito de enunciação em Benveniste em Ducrot. Revista Letras, n.33, Santa Maria: Programa de Pós-Graduação em Letras. Universidade Federal de Santa Maria, 2006 DUCROT, Oswald. O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1981. DUCROT, Oswald. Provar e dizer: leis lógicas e argumentativas. São Paulo: Edital Global, 1987. KOCH, Ingedore Villaça. Argumentação e linguagem. São Paulo: Editora Cortez, 1984. NEVES, Maria Helena de Moura. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2006. 81