ARGUMENTAÇÃO
Apresentação: Cristiano Ribeiro Ferreira
Argumentação
• Definição: O que é?
É um procedimento que se utiliza para
tornar uma tese aceitável. Argumentos e
provas motivam o convencimento e levam à
persuasão.
“ O que convence é a convicção. Acredite no
argumento que você está lançando. Se você não
acreditar, você está perdido. A outra pessoa sentirá que
está faltando algo e nenhum encadeamento racional,
não importando quão lógico, elegante ou brilhante seja,
irá ganhar o caso para você.”
( Lyndon B. Johnson )
Expedientes da Argumentação
 Onde se encontra textos argumentativos?
Nos textos jurídicos, na publicidade, nos
artigos jornalísticos, nos comentários políticos e
econômicos, literários e artísticos.
Em todas essas manifestações, há idéias,
pontos de vista, debates e discussões.
 Marca do texto argumentativo
É convencer ou persuadir por meio de um
conjunto de recursos oferecidos pela língua. O
emissor escolhe a variante que é a mais eficaz
para atrair o leitor e persuadi-lo .
Tipos de expedientes de
argumentação
• Implícitos
Para implicitar conteúdos, há dois grupos:
Pressupostos e os subentendidos ( são os
expedientes mais utilizados ).
 Pressupostos – A pressuposição pode ser
estudada de duas formas distintas:
a) Para uns, os pressupostos são vistos como
condições de emprego, lógico ou não.
b) Para outros, os pressupostos são elementos do
conteúdo, parte integrante do sentido.
•
O ato de pressupor um conteúdo consiste em situálo e apresentá-lo como fundo comum.
•
O pressuposto não é objeto de discussão, pois não se
coloca como assunto do discurso. Ele evita dizer
diretamente para não caracterizar intrusão, indiscrição.
Ex: Maria Olivia diz a sua amiga Margarida:
- Estive com Mauro ontem. Ele estava triste, porque ainda
não convenceu sua mulher a admitir o divórcio
consensual.
Ao pressupor, o emissor impõe a adesão do enunciatário
 Subentendido
Os subentendidos, como todos os implícitos, tem
caráter manipulador. O enunciador tem a
possibilidade de escapar da responsabilidade do
dizer. Ele pode afirmar, em qualquer momento
que não foi ele que disse, mas o outro que assim
interpretou.
Ex: - Que achou do filme X?
- Gostei muito da fotografia.
Assim, Subentendemos que o filme não agradou.
Tipos de Argumento
Argumento por Exclusão
• Consiste na apresentação
de várias hipóteses que são
paulatinamente excluídas
uma a uma até se chegar a
tida como certa ou
verdadeira.
Ex: É muito usada em
investigações policiais
Argumento pelo Absurdo
• Mostra que é uma
afirmação contraria a
evidência dos fatos e que
contra fatos não há
argumentos.
Ex: Não se pode acusar uma
pessoa de cometer um
delito se ela estava distante
do local do crime.
Argumento de Autoridade
Argumento Contra o Homem
• É aquele que introduzimos pelas
expressões: Para fulano de tal,
conforme sicrano, segundo
delano.
Ex: Se um jogador de futebol usa
determinado material esportivo,
o consumidor sente-se
persuadido a usar também
• É, pois, um tipo de argumento
cujo valor moral ou intelectual de
quem propõe determinada
doutrina. Esse tipo de argumento
domina a argumentação jurídica.
• É o argumento que é válido
apenas contra a pessoa à
qual se dirige .
Ex: Provar que fulano agiu
incorretamente (argumento
contra o homem)
Argumento por Analogia
Argumento com Maior Razão
• Argumento que se baseia na
semelhança de duas
realidades ou conceitos,
como se fundamenta na
comparação, tem força na
persuasão e não de prova
propriamente dita.
• Argumentos que consiste
em estabelecer uma escala
de valores entre termos.
Ex: Se não podemos fazer
determinada coisa porque
a legislação ordinária não
permite, com muito maior
razão não podemos fazer
algo que a constituinte não
admite.
Mecanismos de Argumentação
Um texto argumentativo pode valer-se de
figuras de linguagem que permitem torná-lo mais
agradável ao leitor e conseqüentemente,
convencê-lo.
 Metáfora – Cria um efeito forte.
Ex: Fidel Castro foi alvo de uma série de
conspirações fracassadas por parte da CIA,
algumas de estilo “hollywoodiano”, como as que
propunha levar charutos envenenados ( Folha de
S. Paulo, 22 set. 2003, p. A2).
O que se entende por estilo Hollywoodiano?
 Metonímia – É uma figura de linguagem que substitui
um nome por outro em virtude de haver entre eles
algum relacionamento. As principais relações que
produzem metonímia são: causa e efeito, continente e
conteúdo, matéria e objeto, abstrato e concreto, autor
e obra.
Ex: O bolsa – geladeira é o caraminguá de crédito dos
bancos federais para a compra de “linha branca”
( Vinicius T. Freire. O bolsa-geladeira e outras bossas.
Folha de S. Paulo, 22 set. 2003, p. A2).
Que entende por linha branca?
Ironia – Por meio dela , podemos destruir uma
ideia valiosa, ou introduzir uma nova visão
sobre os fatos.
 Antítese – Figura de linguagem pela qual se salienta a
oposição entre duas ideias , palavras, fatos, objetos.
Ex: A noite de um dia difícil ( CONY, Carlos Heitor. Folha
de S. Paulo, 26 set. 2003, p. E16).
ESTILO
São estratégias que o emissor pode usar para conseguir
um efeito determinado na interpretação do receptor.
Ex: O emissor pode alcançar algum efeito deslocando o
sujeito de uma oração, explicitando-o ou escondendo.
Pode provocar o efeito de proximidade, de
comprometimento, mostrando-se no texto, usando a
primeira pessoa, ou efeito de distanciamento, que
provoca a sensação de objetividade e neutralidade,
usando a terceira pessoa.
Teorias da Linguagem
 Muitas teorias da linguagem explicam estruturas
e mecanismos que dão conta apenas em parte da
questão do fazer persuasivo do enunciador.
 Todas essas teorias definem os fatos
pragmáticos, isto é, de interação social do
homem por meio da linguagem. Para Ducrot as
relações pragmáticas devem ser explicadas por
uma teoria semântica. Para ele, a semântica tem
por objetivo explicar o sentido, a significação em
uma situação.
Teoria Semântica da enunciação ou
semântica
 Dois grupos de estudiosos reconhecem os fatos
pragmáticos como fatos da língua.
• Ensina Ducrot que a gramática da língua tem dois
componentes, o sintático e semântico. Para explicar o
sentido, Ducrot formula três leis do discurso: a da
informatividade, a da exaustividade e da litotes. Ele
demonstra através desse estudo que a linguagem é um
instrumento de argumentação.
• Grice e Searle, por sua vez, consideram a pragmática um
componente autônomo da gramática da competência, ao
lado dos componentes sintático e semântico.
• Austin e Searle vêem a linguagem com ação.
Teoria dos atos de linguagem, ou
pragmática ilocucional
• Iniciou-se com Austin e foi desenvolvida
principalmente por Searle. Essa teoria vê a linguagem
como ação. Austin desenvolveu uma teoria dos atos de
linguagem em que mostrou que ao falarmos,
realizamos três atos diferentes: um ato de locução, um
ato de ilocução e um ato de perlocução.
 Foi por meio da teoria dos atos de linguagem que os
lingüistas deixaram de ver a língua como lugar apenas
de representação de significados objetivos e passaram
a considerá-la também como meio convencional de
agir no mundo.
Teoria da pragmática conversacional
• Elabora máximas conversacionais, regras
gerais de direção do comportamento
lingüísticos e de formulação entre locutor e
ouvinte.
Pragmática
• Tem como objeto de estudo as relações sociais
do homem por meio da linguagem, ou
relações que se estabelecem entre enunciador
e enunciatário.
 As teorias pragmáticas complementam-se;
sozinhas não são capazes de explicar os fatos
sob análise. Elas ocupam-se das marcas de
uma língua, das estruturas argumentativas, e
não com a determinação dessas estruturas.
Procedimentos de Persuasão:
Argumentação
• Dois conceitos são usados no estudo da argumentação: (a)
a demonstração utiliza a dedução lógica e provas analíticas;
(b) a argumentação, propriamente dita, emprega provas
dialéticas e diz respeito ao verossímil, ao plausível, ao
provável, escapando as certezas do calculo lógico.
• São condições prévias da argumentação e caracterizam
uma espécie de contrato entre o destinador e o
destinatário: (a) a língua comum ao enunciador e
enunciatário; ( b) o fato de manterem relações sociais; (c) o
desejo do enunciador de entrar em comunicação ; (d) a
atenção e o interesse do enunciatário.
 O estabelecimento de acordos sobre os sistemas de
valores é condição para o exercício da argumentação.
Relações Instauradas entre Enunciação
e Enunciado.
Os efeitos de sentido são dois tipos:
• Efeitos de referentes ou de realidade;
• Efeitos de enunciação.
 A verdade ou a falsidade de um discurso
vinculam-se à comprovação referencial ou à
proximidade e autoridade da enunciação.
 Três diferentes aspectos da questão de ponto de
vista tornam mais explicita sua compreensão: (a)
a delegação da voz; (b) a organização do saber;
(c) as relações entre os papeis do discurso e os da
narrativa.
Temporalização e Espacialização
• O sujeito da enunciação instala o tempo e o espaço do
enunciado segundo dois sistemas de referência: (1) O
primeiro sistema simula metaforicamente o tempo e o
espaço da enunciação e tem como ponto de remissão
o aqui e o agora do enunciado; (2) O segundo sistema
retoma metonimicamente o tempo e o espaço da
enunciação e parte do então e do lá do enunciado.
• A programação temporal realiza a sintagmatização dos
tempos e estabelece uma cronologia.
Relações entre o Enunciador e o
Enunciatário.
• O enunciador é o destinador-manipulador,
responsável pelos valores do discurso. Ele é
capaz de levar o enunciatário, seu
destinatário, a crer e a fazer.
• O enunciador propõe um contrato que
estipula como o enunciatário deve interpretar
a verdade do discurso.
Música - ARGUMENTO
Tá legal
Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim
Sem preconceito ou mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar.
Paulinho da Viola
Referência Bibliográfica
 MEDEIROS, João Bosco e TOMASI Carolina.
Português forense: língua portuguesa para
curso de direito. 3. ed. - São Paulo: Atlas,
2007.
 Ilustrações retiradas do Google Imagens
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