EPIDEMIOLOGIA A ITU acomete homens e mulheres em qualquer idade, sendo que os grupos mais comprometidos são recém-nascidos do sexo masculino, meninas em idade pré-escolar, mulheres jovens sexualmente ativas, homens com obstrução prostática e idosos de ambos os sexos). Após o primeiro ano de vida, as infecções tornam-se mais comuns no sexo feminino. A atividade sexual e a gravidez favorecem a infecção urinária. ETIOLOGIA O trato urinário pode ser invadido por uma grande diversidade de microrganismos, como bactérias, fungos e vírus. O microorganismo invasor mais comum é a Escherichia coli, detectada em cerca de 80% a 90% das infecções bacterianas agudas não-complicadas das vias urinárias. O Staphylococcus saprophyticus pode ser responsável por 10% a 20% dos casos em mulheres jovens adultas, sendo descrito como a segunda causa mais freqüente de ITU nessas pacientes. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de uma infecção do trato urinário é feito com bases clínicas e laboratoriais. condições adequadas (isto é, tempo suficiente) para que essa conversão ocorra. A amostra de urina deve ser obtida através do método do jato médio e colhida com assepsia em pacientes que não apresentem anormalidades funcionais do trato urinário e, preferencialmente, a 1ª urina do dia. Se não for colhida a 1ª urina do dia, deve ser colhida amostra de urina com intervalo de 2 a 4 h após a última micção. 2. Urocultura A urocultura quantitativa é o exame mais importante para o diagnóstico de uma infecção urinária, pois não apenas indica a ocorrência de multiplicação bacteriana no trato urinário, mas também permite o isolamento do agente causal e o estudo de sua sensibilidade frente aos antimicrobianos. A infecção urinária é caracterizada pelo crescimento bacteriano de pelo menos 100.000 unidades formadoras de colônias por mL de urina (100.000 UFC/mL) colhida em jato médio e de maneira asséptica. Em determinadas circunstâncias (paciente idoso, infecção crônica, uso de antimicrobianos) pode ser valorizado crescimento bacteriano igual ou acima de 10.000 UFC/mL. 3. Teste de sensibilidade in vitro a antimicrobianos (TSA). O antibiograma, como é habitualmente reconhecido este exame, atua complementarmente à cultura de urina e fornecerá os antimicrobianos potencialmente úteis a serem prescritos. O ANTIBIOGRAMA DE ACORDO COM O CLSI A infecção do trato urinário (ITU) é uma das mais comuns na clínica médica, sendo definida como a invasão microbiana de qualquer órgão do trato urinário desde a uretra até os rins. O processo infeccioso pode afetar o rim, a pelve renal, os ureteres, a bexiga e a uretra, bem como as estruturas adjacentes, incluindo próstata e epidídimo, existindo possibilidades de agravamento na dependência do estado geral do paciente e da sua idade, merecendo, assim, grande atenção em pesquisas e estudos nas ciências médicas. Podem ocorrer com ou sem sintomas, nesse caso sendo conhecido como bacteriúria assintomática. DIAGNÓSTICO CLÍNICO A infecção do trato urinário baixo (cistite), quando sintomática, exterioriza-se clinicamente pela presença habitual de disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica. Febre, neste caso, não é comum. A infecção do trato urinário alto (pielonefrite), que habitualmente se inicia como um quadro de cistite, é habitualmente acompanhada de febre – geralmente superior a 38 graus centígrados –, de calafrios e de dor lombar, uni ou bilateral. Esta tríade febre + calafrios + dor lombar está presente na maioria dos quadros de pielonefrite. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 1. Exame de urina I com sedimento urinário. Este exame irá fornecer, quando associado à anamnese e ao quadro clínico, os dados que praticamente confirmam o diagnóstico de ITU: presença de piúria (leucocitúria), de hematúria e de bacteriúria. A associação entre nitrito urinário e ITU foi inicialmente relatada em 1914. O teste de nitrito positivo requer a presença de nitratos na urina, bactérias em quantidades suficientes capazes de converter nitratos em nitritos e As normas que regem a realização do antibiograma são fornecidas pelo CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute) que é uma organização internacional interdisciplinar, sem fins lucrativos, educacional, que promove o desenvolvimento e uso de normas/padrões e diretrizes consensuais voluntárias na comunidade de atenção à saúde. É reconhecido no mundo inteiro pela aplicação do processo consensual ao desenvolvimento de normas/padrões e diretrizes para testes de patologia clínica e questões relacionadas à atenção de saúde. O CLSI emite documentos revisados a cada ano, e a partir destes documentos são escolhidos os antibióticos a serem utilizados para cada tipo de bactéria, além da classificação de sensibilidade ou resistência pelas medidas dos halos (quando o TSA é realizado pela metodologia de disco-difusão) ou pela medida da MIC (concentração inibitória mínima) por outras metodologias. A MIC é a mínima concentração do antibiótico necessária para inibir a multiplicação de um isolado bacteriano. Seu uso no antibiograma é avaliar, por exemplo, qual o agente antimicrobiano mais efetivo contra tal microrganismo, ou avaliar a atividade de um mesmo agente relativamente a diferentes microrganismos. Exemplo de documento do CLSI (para enterobactérias) M100-S18: DROGAS A SEREM TESTADAS: Grupo A: Ampicilina; Cefalotina; Gentamicina A Ampicilina é representativo da classe das penicilinas para ampicilina e amoxicilina. A cefalotina pode ser usada para predizer a atividade de cefalotina, cefapirina, cefradina, cefalexina, cefaclor e cefadroxil. A cefalotina deverá ser testada quando necessário. Grupo B: Amicacina; Amoxicilina/Ac.clavulânico ou Ampicilina/sulbactan; Cefoxitina; Ceftriaxona; Cefepime; Ciprofloxacino; Levofloxacino; Ertapenem; Imipenem; Sulfa/trimetropim. Grupo C: Aztreonan; Ceftazidima; Cloranfenicol; Grupo U: Norfloxacina; Nitrofurantoína. Cada laboratório de patologia clínica deve selecionar os agentes antimicrobianos mais apropriados para realizar os testes, em consulta com os especialistas em doenças infecciosas e farmacêuticos. As recomendações que constam no documento do CLSI para cada grupo de organismos incluem agentes de eficácia comprovada, com desempenho aceitável em testes in vitro. Na seleção dos antimicrobianos para grupos específicos de testes, deve-se considerar eficácia clínica, prevalência de resistência, minimização do surgimento de resistência, custo, indicações do FDA e atuais recomendações consensuais para drogas de primeira escolha e drogas alternativas.