Reorganização Curricular do Ensino Básico Princípios, Medidas e Implicações • • • • • Apresentação Introdução Princípios sobre o currículo e a avaliação Medidas de reorganização curricular Implicações na organização pedagógica das escolas Apresentação A presente brochura é a primeira de uma série destinada a apoiar o processo de reorganização curricular do ensino básico, após a promulgação do Decreto-Lei 6/2001, de 18 de Janeiro. Por isso, começa justamente por transcrever na íntegra o referido decreto e inclui um capítulo introdutório sintetizando o percurso dos últimos anos até à sua promulgação. Dos três capítulos que, após a introdução, integram a brochura, os dois primeiros constituem versões actualizadas de secções já existentes na "proposta de reorganização curricular do ensino básico", que foi apresentada em Março de 2000 e que serviu de base à discussão com diversos parceiros entre essa data e a aprovação do decreto pelo Conselho de Ministros em Novembro de 2000. Nesses dois capítulos, apresentam-se, respectivamente, os princípios da reorganização curricular e as principais medidas que lhe estão associadas. O último capítulo apresenta e discute algumas das implicações imediatas do decreto-lei em aspectos decisivos da organização pedagógica das escolas. Será útil recordar que o Decreto-Lei 6/2001 prevê a regulamentação ou a elaboração de orientações mais específicas relativamente a diversos pontos, nomeadamente: • • • • • modalidade de educação especial (artigo 10º); diversificação das ofertas curriculares (artigo 11º); avaliação das aprendizagens (artigo 12º); adequação da componente lectiva dos docentes à nova organização da carga horária dos alunos (artigo 19º); mecanismos de transição para os novos desenhos curriculares (artigo 20º). Do mesmo modo, será necessário proceder-se a uma revisão de algumas disposições legais, de modo a adequá-las aos princípios da reorganização curricular. Um exemplo significativo é o da gestão de créditos horários por parte das escolas. Por esta razão, novas brochuras de apoio à reorganização curricular irão sendo publicadas nos próximos meses. Ao mesmo tempo, o trabalho de formulação das competências e de experiências educativas a assegurar aos alunos no ensino básico e em cada um dos três ciclos, tanto as de natureza transversal como as que dizem respeito às diversas áreas disciplinares, prosseguirá de acordo com a metodologia adoptada, a qual prevê a elaboração de propostas para discussão e a sua posterior harmonização, conduzindo a um documento único que estabelecerá as orientações centrais relativas à aprendizagem, no quadro do currículo nacional do ensino básico. Neste processo, que deverá estar concluído até ao final do corrente ano lectivo, serão ainda formuladas orientações específicas para as áreas curriculares não disciplinares e relativas à utilização das tecnologias da informação e comunicação. Por razões que se explicam no capítulo I desta brochura, uma reformulação global dos programas das diversas áreas disciplinares e disciplinas será realizada apenas numa segunda fase do actual processo de reorganização curricular. No entanto, alguns programas para o 3º ciclo serão revistos nesta primeira fase, para permitir a sequencialidade ao longo do ciclo, no caso de algumas disciplinas, ou para responder ao novo enquadramento curricular, no caso de outras. As orientações programáticas correspondentes serão divulgadas muito brevemente, devendo notar-se que se destinam a entrar em vigor a partir de Setembro de 2002, quando a nova organização curricular para o 3º ciclo começar a vigorar. Um plano de informação sistemática e de formação relativa aos aspectos centrais da presente reorganização curricular foi concebido e começou já a ser concretizado, contando com o envolvimento do Departamento da Educação Básica, das Direcções Regionais de Educação, de Centros de Formação de Professores e de instituições do ensino superior. Este plano prevê a realização, até ao final do ano lectivo de 2000/01, de acções de informação, formação e debate, de um modo que assegure uma cobertura nacional, envolvendo directamente responsáveis de todas as escolas básicas 2/3 e de todos os agrupamentos e grupos de escolas do 1º ciclo. O mesmo plano inclui, ainda, a formação de professores e técnicos da administração central, regional e local que já desempenham ou virão a assumir funções de apoio e acompanhamento às escolas e de colaboração com os Centros de Formação. A realização intensiva de iniciativas a curto prazo, nomeadamente acções de divulgação e discussão e cursos relativamente breves, é necessária mas não poderá dispensar ou substituir o desenvolvimento de processos de formação continuados, envolvendo grupos de professores de cada escola e realizados em estreita ligação com a própria acção pedagógica e o seu contexto. A formação em acção, assumindo modalidades diversas — com destaque para os círculos de estudos, as oficinas e os projectos — e incidindo prioritariamente em questões relativas ao conceito de currículo, ao desenvolvimento e gestão curricular, às novas áreas transversais do currículo e à utilização das tecnologias da informação e comunicação, deverá prosseguir, nos casos em que já decorre, ou iniciar-se, nos restantes casos, de modo a envolver um número crescente de professores nos próximos anos lectivos. Para apoiar o processo, o DEB e o IIE, em colaboração, estão a elaborar materiais de apoio em vários domínios, nomeadamente no da educação para a cidadania, incluindo indicações de recursos anotados sobre diversos temas, os quais começarão a ser apresentados no início de Junho de 2001. Introdução Educação, integração, cidadania No ano lectivo de 1996/97, o Ministério da Educação, através do Departamento da Educação Básica, lançou o projecto de reflexão participada sobre os currículos do ensino básico, com o propósito de contribuir para a construção de uma escola mais humana e inteligente, tendo em vista a formação e o desenvolvimento integral de todos os seus alunos e a promoção de aprendizagens realmente significativas. O diagnóstico da situação apontava sérios problemas na escola básica, com uma evidente dificuldade em promover o cumprimento de uma escolaridade obrigatória de nove anos bem sucedida. O 1º ciclo tem sido marcado por uma grande dispersão da rede escolar e pelo isolamento e falta de condições de muitas escolas. Nos 2º e 3º ciclo, têm persistido elevadas taxas de insucesso e de abandono, com a consequente exclusão escolar e social, verificandose uma grande dificuldade em lidar com a heterogeneidade dos alunos e a diversidade de situações. Realizado o diagnóstico, foram de imediato lançadas medidas de combate à exclusão no âmbito do ensino básico, nomeadamente a constituição de territórios educativos de intervenção prioritária, os currículos alternativos e os cursos de educação-formação, e iniciou-se um intenso processo de intervenção a nível do currículo, com a participação dos vários parceiros educativos, que, tomando como referência experiências inovadoras de gestão curricular desenvolvidas por várias escolas, permitisse encontrar respostas para os problemas de fundo. Paralelamente, foram lançadas outras medidas com impacto directo na qualidade das aprendizagens e na vida das escolas, designadamente o Programa de Expansão e Desenvolvimento da Educação Pré-Escolar, concebida como primeira etapa da educação básica, e o novo Regime de Autonomia, Administração e Gestão das Escolas, que assumiu como condição estrutural a plena inclusão do 1.º ciclo. A deficiente articulação entre os três ciclos do ensino básico tem constituído um dos aspectos mais negativos do nosso sistema educativo. Aos 10 anos de idade, os alunos passam a ter um grande número de professores e de disciplinas separadas, assim como uma carga horária semanal baseada quase exclusivamente em sequências de aulas, sem que a isso correspondam mais e melhores aprendizagens. As orientações curriculares têm sido expressas em programas extensos e prescritivos, organizados por disciplinas e anos de escolaridade, contribuindo para uma excessiva uniformização da acção pedagógica e um empobrecimento dos conteúdos e metodologias dominantes. Ora, do ponto de vista do currículo, as funções da escola básica não podem traduzir-se na mera adição de disciplinas, devendo centrar-se no objectivo de assegurar a formação integral dos alunos. Para isso, a escola precisa de se assumir como um espaço privilegiado de educação para a cidadania e de integrar e articular, na sua oferta curricular, experiências de aprendizagem diversificadas, nomeadamente mais espaços de efectivo envolvimento dos alunos e actividades de apoio ao estudo. No decorrer do projecto de reflexão participada sobre os currículos do ensino básico tiveram lugar numerosos debates e reuniões, em especial com escolas e associações de professores. Os resultados deste trabalho estão documentados em dois relatórios, um sobre a primeira fase das discussões1 e um segundo sobre a unidade da educação básica2. Além disso, merece referência o fórum nacional sobre currículo e diversidade, que se realizou em 1998 com a participação de cerca de 2000 professores e cujas actas foram publicadas em livro no ano seguinte3. Entretanto, foram encomendados estudos a especialistas de teoria do currículo e de didáctica, os quais têm dado origem a diversas publicações. Entre estas, incluem-se livros sobre Língua Materna4, História5 e Matemática6, assim como sobre a problemática geral da gestão curricular7, publicados entre 1997 e 1999 e enviados a todas as escolas básicas. Na sequência deste trabalho, e num processo ainda em desenvolvimento, foram sendo divulgadas brochuras contendo propostas de formulação das aprendizagens e competências essenciais a desenvolver nos vários ciclos do ensino básico, tanto de natureza transversal como relativas às diversas áreas e disciplinas do currículo. De todo este processo foi emergindo a necessidade de se romper com a visão de currículo como um conjunto de normas a cumprir de modo supostamente uniforme em todas as salas de aula e de se apoiar, no contexto da crescente autonomia das escolas, o desenvolvimento de novas práticas de gestão curricular. Neste sentido, ensaiando as potencialidades de um novo desenho curricular, as escolas foram convidadas a apresentar projectos de gestão flexível do currículo, uma iniciativa a que aderiram 10 escolas no ano lectivo de 1997/98, 33 escolas em 1998/99, 93 escolas em 1999/2000 e 184 escolas em 2000/2001, nas mais diversas zonas do país. Estas escolas têm vindo a construir processos de gestão curricular no quadro de uma flexibilidade que procura encontrar respostas adequadas aos alunos e contextos concretos com que os professores trabalham diariamente. Um pressuposto fundamental é que a concretização deste objectivo implica uma grande responsabilidade e margem de decisão da escola relativamente ao desenvolvimento e gestão das diversas componentes do currículo e à articulação entre elas, o que, por sua vez, requer o reforço do trabalho colaborativo entre os professores e a valorização dos órgãos de coordenação pedagógica da escola. Da parte da administração, exige-se não só o apoio ao desenvolvimento dos projectos das escolas e a criação das melhores condições possíveis para estas, mas também uma clarificação das orientações nacionais num sentido que as torne compatíveis com uma nova visão de currículo, em particular contribuindo para uma efectiva ligação e coerência entre os três ciclos do ensino básico. Em 1998, o Ministério da Educação sintetizou, no documento orientador das políticas para o ensino básico, os aspectos que a organização curricular deveria considerar de modo a garantir uma efectiva congruência no percurso da escolaridade básica, num processo de clarificação das aprendizagens essenciais em cada ciclo. Em consonância com estas perspectivas e como resultado da reflexão e dos debates realizados, assim como da experiência adquirida, foi apresentada uma proposta estruturada em Março de 2000, a qual veio a dar origem, após prolongada discussão pública, ao Decreto-Lei 6/2001, de 18 de Janeiro, consagrando uma nova organização curricular a partir do ano lectivo de 2001/2002. Apresentam-se a seguir os princípios e as principais medidas concretas desta reorganização curricular do ensino básico, assim como algumas das suas implicações na organização pedagógica das escolas. É importante sublinhar que esta reorganização não constitui a "generalização" de um projecto. Sem dúvida, alguns pontos inspiraram-se em soluções que diversas escolas, assumindo uma maior responsabilidade e autonomia, vêm mostrando ser viáveis. No entanto, não se deve confundir o quadro legal que se estabelece para todo o país com os processos de gestão flexível do currículo a desenvolver por cada escola no âmbito do seu projecto educativo. Com efeito, a gestão flexível do currículo não é algo que se possa decretar para vigorar a partir de um dado momento, constituindo um processo que se constrói de forma gradual e devidamente apoiada. Uma organização curricular assente em novos princípios pode contribuir fortemente, a par de outras medidas, para o desenvolvimento deste processo. I Princípios sobre o currículo e a avaliação A reorganização curricular orienta-se pelos objectivos que a Lei de Bases do Sistema Educativo estabelece para o ensino básico, nomeadamente o de assegurar uma formação geral comum a todos os alunos que lhes garanta o desenvolvimento dos seus interesses e aptidões e que promova a realização individual em harmonia com os valores da solidariedade social. Do ponto de vista dos dispositivos legais, tomaram-se como ponto de partida aqueles que têm enquadrado a organização curricular e a avaliação no ensino básico — nomeadamente, o decreto-lei 286/89 de 29 de Agosto e o despacho normativo n.º 98-A/92 de 20 de Junho, alterado pelo despacho normativo n.º 644-A/94 de 13 de Setembro — revendo-os à luz de um certo número de princípios e pressupostos fundamentais que convém explicitar. 1. A concepção de currículo e as práticas de gestão curricular O currículo diz respeito ao conjunto das aprendizagens que os alunos realizam, ao modo como estão organizadas, ao lugar que ocupam e ao papel que desempenham no percurso escolar ao longo do ensino básico. Neste sentido, o currículo não se identifica com uma lista de disciplinas ou com um plano de estudos para cada ciclo ou ano de escolaridade, nem o currículo de cada disciplina se reduz a uma lista de conteúdos e métodos a ensinar dentro das aulas que lhe são especificamente destinadas. Como se sabe, o termo "currículo" refere-se a diferentes realidades, consoante o nível em que nos colocamos. Com efeito, num primeiro nível, este termo é identificado com um conjunto de orientações estabelecidas pelas autoridades educativas, mas, num outro nível, está associado ao modo como o professor orienta e organiza efectivamente o processo de ensinoaprendizagem e às tarefas que propõe aos seus alunos. Qualquer que seja o nível que consideremos, o currículo não deve, porém, ser concebido nem interpretado como um conjunto de orientações rígidas e prescritivas, como algo que, supostamente, seria concretizado de maneira uniforme – o que sabemos não corresponder à realidade que é múltipla e diversa. Naturalmente, o currículo nacional deve contemplar os grandes objectivos para a aprendizagem dos alunos, o que inclui as principais competências a desenvolver e os tipos de experiências educativas que devem ser proporcionadas a todos, assim como uma definição de quais são as áreas e componentes curriculares nos diversos ciclos. Mas deve ser concebido de acordo com o princípio de que a sua concretização é um processo flexível que requer, nos diversos níveis, interpretação de cada contexto de trabalho, consideração dos recursos disponíveis e tomadas de decisão apropriadas. Por outras palavras, a própria noção de currículo integra a procura de respostas adequadas às diversas necessidades e características de cada aluno, grupo de alunos, escola ou região. A noção tradicional de desenvolvimento curricular precisa, portanto, de ser questionada. De acordo com uma lógica rígida e centralista, o desenvolvimento curricular passa essencialmente por mudanças nos planos de estudos e pela elaboração periódica de novos programas, numa tentativa de se criarem orientações precisas, "perfeitas", suposta e desejavelmente "à prova de professor". Porém, segundo uma visão mais abrangente e aberta, o desenvolvimento curricular é sobretudo um processo gradual e contínuo, envolvendo observação, reflexão e ajustamento das orientações e das práticas pedagógicas. As noções de currículo e desenvolvimento curricular aqui sintetizadas estão, naturalmente, associadas a novas práticas de gestão curricular. Embora os professores sempre tenham sido, afinal, determinantes na gestão do currículo, a verdade é que, hoje, é preciso atribuir explicitamente à escola, aos professores e aos seus órgãos de coordenação pedagógica uma muito maior autonomia e capacidade de decisão relativamente aos modos de organizar e conduzir os processos de ensino-aprendizagem. Os professores não são "correias de transmissão" entre programas ou manuais "prontos a usar" e os alunos. Os professores são profissionais que identificam e interpretam problemas educativos e procuram soluções para esses problemas, no quadro de orientações curriculares nacionais. Estas perspectivas, podendo parecer simples, constituem um enorme desafio e será preciso ter-se consciência que as mudanças serão forçosamente lentas e graduais. Estamos a lidar com problemas complexos que têm a ver não só com a identidade e o desenvolvimento profissional dos professores mas também com a criação de condições que lhes permitam assumir efectivamente um maior protagonismo na gestão do currículo. 2. Um currículo nacional baseado em competências e experiências educativas A noção de currículo que aqui adoptamos está ligada a três preocupações centrais, relacionadas entre si: diferenciação, adequação e flexibilização. Na verdade, a concretização do currículo pressupõe que se estabeleçam diferentes caminhos para que as aprendizagens sejam bem sucedidas e para que se atinjam os principais objectivos -- e não para se hierarquizarem esses objectivos entre diferentes grupos de alunos. Trata-se de promover a diferenciação pedagógica, diversificando as estratégias de acordo com as situações. A gestão curricular está relacionada, acima de tudo, com a responsabilização na procura dos modos adequados a cada situação concreta para que seja possível promover determinadas aprendizagens de uma forma realmente significativa. Este processo requer uma flexibilização muito grande, ao nível dos percursos individuais, dos ritmos e dos modos de organização do trabalho escolar, sendo incompatível com orientações e quadros de actuação rígidos e uniformes. A flexibilização deve aqui ser entendida no contexto de um quadro de referência que estabelece balizas e orientações claras. Assim, o currículo nacional está associado à definição de orientações sobre as aprendizagens consideradas fundamentais no ensino básico, no seu conjunto e nas diversas áreas que o integram. Essas orientações serão explicitadas em termos das competências essenciais, quer transversais quer específicas das diversas disciplinas, assim como dos tipos de experiências de aprendizagem que todos os alunos devem ter oportunidade de viver no seu percurso escolar, ao longo do ensino básico. Deve sublinhar-se que se adopta aqui uma noção ampla de competência, que integra conhecimentos, capacidades e atitudes e que pode ser entendida como um saber em acção. A cultura geral, que todos devem desenvolver como resultado do ensino básico, inclui a apropriação de um conjunto de conceitos e processos fundamentais mas não se identifica com o mero conhecimento memorizado de termos, factos e procedimentos "básicos", desprovido de elementos de compreensão, interpretação e resolução de problemas. A aquisição progressiva de conhecimentos deve ser enquadrada pelo desenvolvimento de capacidades de pensamento e de atitudes favoráveis à aprendizagem. Não se trata, definitivamente, de formular "objectivos mínimos", numa lógica de promover um ensino cada vez mais pobre para que todos possam cumprir a escolaridade obrigatória. A própria designação de competências essenciais procura salientar os saberes que se consideram fundamentais para que os alunos desenvolvam uma compreensão da natureza e dos processos de cada uma das disciplinas, assim como uma atitude positiva face à actividade intelectual e ao trabalho prático que lhe são inerentes. Isto dificilmente será alcançado se não se proporcionar a todos os alunos a oportunidade de viver tipos de experiências de aprendizagem que se consideram, hoje, fundamentais nas diversas áreas do currículo. Neste sentido, o currículo nacional deverá explicitar as componentes que o integram nos vários ciclos do ensino básico, de acordo com um plano global de organização curricular, o perfil geral de competências que os alunos devem desenvolver e ainda as competências tanto de natureza transversal como disciplinar que se consideram essenciais, no sentido acima referido. Esta explicitação deve contribuir para promover uma efectiva articulação entre os vários ciclos do ensino básico (e deste com o secundário), um aspecto em que se tem verificado uma das maiores fragilidades do nosso sistema educativo. Pelas razões expostas, a reorganização curricular não incide, numa primeira fase, em alterações dos programas, sem prejuízo dos posteriores ajustamentos que se tornam imprescindíveis. Naturalmente, as competências e experiências de aprendizagem consideradas essenciais, a nível nacional, constituirão uma referência à luz da qual os programas devem ser interpretados. Numa fase posterior e num quadro de uma maior estabilidade das grandes orientações curriculares, os programas poderão vir a desempenhar um papel de instrumentos de apoio à concretização do currículo, sendo gradualmente ajustados de acordo com esse papel. A visão de currículo nacional aqui apresentada implica a necessidade de repensar muitas das medidas e práticas correntes no âmbito dos apoios educativos de vários tipos. Na verdade, os problemas educativos e as dificuldades de aprendizagem com que as escolas e os professores se confrontam são, na sua grande maioria, inerentes ao próprio processo de ensinar e aprender, devendo ser interpretados à luz dos conceitos de desenvolvimento e de gestão curricular atrás esboçados. Naturalmente, o reconhecimento deste facto não invalida a atenção que é preciso dar aos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente que exigem recursos e medidas especiais, as quais podem incluir adaptações curriculares maiores ou menores. Por outro lado, um desenho curricular global para o ensino básico pode coexistir com percursos alternativos que respeitem globalmente as grandes componentes e finalidades do currículo mas que lhe introduzam modificações significativas, em situações bem determinadas e justificadas. 3. Uma perspectiva integrada de currículo e avaliação Uma das consequências da visão tradicional de currículo e de gestão curricular diz respeito à relação entre currículo e avaliação. O carácter essencialmente formativo da avaliação das aprendizagens é aceite desde há muito tempo no discurso educativo a todos os níveis, mas a verdade é que o currículo e a avaliação têm sido frequentemente tratados como dois sistemas separados. Isto passa-se no plano das medidas legislativas, com disposições sobre avaliação dispersas por um grande número de diplomas, por sua vez desligados daqueles que se referem às orientações curriculares. Mas passa-se também no plano das práticas pedagógicas, com o largo predomínio de modos e instrumentos de avaliação uniformes que apenas incidem, e de forma limitada, em alguns aspectos das aprendizagens relevantes. A posição que se adopta na reorganização curricular consiste em considerar o currículo e a avaliação como componentes integradas de um mesmo sistema e não como sistemas separados. A avaliação envolve interpretação, reflexão, informação e decisão sobre os processos de ensino e aprendizagem, tendo como principal função ajudar a promover ou melhorar a formação dos alunos. Por isso, deve basear-se num conjunto de princípios que aqui se explicitam. O primeiro princípio é o da consistência dos procedimentos de avaliação relativamente aos objectivos curriculares e às formas de trabalho efectivamente desenvolvidas com os alunos. Este princípio aponta para a utilização de uma variedade de modos e instrumentos de avaliação, em cada ano e ciclo, adequados à diversidade das aprendizagens que se pretendem promover e à natureza de cada uma delas, assim como para uma atenção especial ao percurso e evolução do aluno ao longo do ensino básico. Um segundo princípio consiste em reafirmar o carácter essencialmente formativo da avaliação e em sublinhar que ela deve assumir igualmente um carácter positivo. O processo deve evidenciar os aspectos em que as aprendizagens dos alunos precisam de ser melhoradas, apontando modos de superar as dificuldades, mas deve tomar como base os seus interesses e aptidões, valorizando o que os alunos (já) sabem e são capazes de fazer e não se identificando com um processo de mera determinação daquilo que (ainda) não sabem. Um terceiro princípio diz respeito à necessidade de promover a confiança social na informação que a escola transmite. Todos os aspectos da aprendizagem dos alunos que se consideram essenciais devem ser avaliados, de acordo com a natureza de cada um deles, sendo fundamental que os resultados deste processo envolvam, de modos apropriados e em tempo oportuno, os alunos e os encarregados de educação. Para além da avaliação contínua nas diversas áreas, disciplinares e transversais, do currículo, ao longo dos vários ciclos, faz sentido uma avaliação global no fim do ensino básico, a qual deverá atender especialmente ao percurso do aluno e ao progresso das aprendizagens que realizou. Este processo poderá apoiar-se em modalidades de avaliação de carácter globalizante e interdisciplinar, com o foco na utilização e integração de conhecimentos disciplinares e em competências de natureza transversal, como a autonomia, o sentido de responsabilidade e as capacidades de organização e de comunicação. A avaliação das aprendizagens será ainda apoiada por formas de avaliação externa, nomeadamente provas nacionais de aferição, as quais não estão relacionadas com a avaliação sumativa e não se referem, por isso, a cada aluno tomado individualmente. O seu objectivo é o de fornecer informação útil aos professores, às escolas e ao sistema educativo. 4. Um papel central da escola e dos professores na gestão do currículo O aspecto fundamental da crescente autonomia das escolas é o reforço da capacidade destas para decidirem sobre a gestão dos processos de ensino-aprendizagem dos seus alunos. Deste modo, a autonomia da escola e a gestão do seu currículo são duas faces de uma mesma moeda. A nova visão de currículo aqui exposta pressupõe que o papel da escola e dos professores não se situa essencialmente no terreno da execução mas sim nos da decisão e da organização. A gestão curricular por parte da escola processa-se, por sua vez, em vários níveis: da própria escola, da turma e do professor. Ao decidir, dentro dos limites estabelecidos a nível nacional, sobre a organização das diversas áreas e disciplinas do currículo, as cargas horárias, os tempos lectivos, a distribuição do serviço docente, a escola está, no fundo, a definir o seu próprio projecto curricular,,, o qual constitui o aspecto fundamental do projecto educativo da escola. Estas decisões são orientadas pela análise da situação e dos problemas concretos, pelas prioridades que a escola estabelece para a sua acção, pela apreciação dos recursos humanos e materiais de que pode dispor. A responsabilidade directa de organização e condução do processo de ensino-aprendizagem cabe aos profissionais que trabalham com cada grupo de alunos, durante um ou mais anos. Por isso, o projecto curricular de turma é um elemento central da gestão do currículo. É neste nível, da turma, que o conjunto das experiências de aprendizagem que se proporcionam aos alunos pode ganhar coerência e que a articulação entre as diversas áreas do currículo se pode tornar realidade. Gerir o currículo significa analisar cada situação e diversificar as práticas e metodologias de ensino para que todos aprendam. No 1º ciclo, o professor titular de turma, com o apoio de outros profissionais que com ele colaboram sempre que a monodocência é coadjuvada, assume um papel central neste processo, sendo o projecto curricular de turma discutido e acompanhado por um Conselho de Docentes, de acordo com o modo como as estruturas pedagógicas da escola estão organizadas. Nos 2º e 3º ciclos, esta responsabilidade cabe a cada Conselho de Turma, sob a coordenação do respectivo Director de Turma. Reforçar ou criar uma verdadeira cultura de gestão curricular e uma cultura interdisciplinar (não em oposição às disciplinas mas à sua fragmentação e isolamento) através do trabalho colaborativo e da responsabilização dos órgãos colectivos de gestão pedagógica é, muito provavelmente, o elemento mais determinante do sucesso da mudança que agora se propõe. Naturalmente, a cada professor, individualmente, cabe a responsabilidade de tomar as decisões adequadas e de conduzir o trabalho concreto com os seus alunos, enquadrado pelos órgãos colectivos em que está integrado. Este é também, como sempre foi, um nível decisivo de gestão curricular. 5. Uma atenção prioritária à natureza das actividades de aprendizagem As medidas que se tomam no plano organizativo, seja no âmbito das orientações do currículo nacional seja na sua concretização em cada escola e em cada turma, assumem, na verdade, um carácter instrumental face ao objectivo central de promover mais e melhores aprendizagens para todos os alunos. A reorganização curricular do ensino básico procura, acima de tudo, contribuir para a construção de uma escola que visa a promoção de aprendizagens realmente significativas. Nesta perspectiva de escola, não basta adquirir conhecimentos, é necessário compreender, dar sentido e saber usar o que se aprende, assim como desenvolver o gosto por aprender e a autonomia no processo de aprendizagem. Esta preocupação central implica que se dê uma atenção prioritária à natureza das actividades de aprendizagem que os alunos realizam na escola, promovendo-se as atitudes e os hábitos favoráveis, simultaneamente, à experimentação e à reflexão, integrando-se as dimensões teórica e prática nos processos de ensino e aprendizagem. Neste sentido, a reorganização curricular está associada à valorização das aprendizagens experimentais que, assumindo naturalmente uma expressão particular no ensino das ciências, dizem respeito a todas as áreas e disciplinas do currículo, de acordo com a natureza e características de cada uma e com o nível etário dos alunos. O trabalho prático, o uso de materiais, as actividades de natureza exploratória, experimental e investigativa — e, neste contexto, a utilização das tecnologias de informação e comunicação — desempenham um papel decisivo na aprendizagem. Deve, contudo, observar-se que a concretização deste tipo de actividades inclui a reflexão sobre o trabalho realizado e articula-se com o estudo e com a aprendizagem dos conceitos fundamentais, visto que a construção de conhecimentos e processos de pensamento estruturados faz parte integrante do que a escola tem por função e está em condições privilegiadas para promover, sendo aliás inerente à noção de competência atrás explicitada. Do mesmo modo, é preciso dar uma atenção especial a outros aspectos dos ambientes de aprendizagem, nomeadamente, promovendo oportunidades para o trabalho com toda a turma, em pequenos grupos e individual. A organização e a duração dos tempos lectivos devem obedecer a critérios que sejam, acima de tudo, de natureza pedagógica. Sem prejuízo da autonomia que é forçoso atribuir à escola, pelas razões já atrás explicitadas, períodos de trabalho mais prolongados do que os tradicionais tempos lectivos de 50 minutos (nos 2º e 3º ciclos) serão, de um modo geral, mais compatíveis com a criação de um ambiente escolar em que há menos interrupções e menos disciplinas em cada dia e com a possibilidade de organizar, nas aulas e noutros espaços, situações e tarefas de aprendizagem mais ricas e mais diversificadas. II Medidas da reorganização curricular 1. Organização do currículo nacional Em consonância com as orientações da Lei de Bases do Sistema Educativo, a reorganização curricular procura contribuir para a articulação entre os três ciclos do ensino básico e a sua sequencialidade. Ainda segundo as mesmas orientações, recorda-se que: • • • no 1º ciclo, o ensino é da responsabilidade de um professor, desejavelmente coadjuvado; no 2º ciclo, o ensino organiza-se por áreas, desenvolvendo-se predominantemente em regime de professor por área; no 3º ciclo, o ensino organiza-se segundo um plano curricular unificado, integrando áreas vocacionais diversificadas e desenvolvendo-se em regime de professor por disciplina ou grupo de disciplinas. Os novos planos curriculares integram um conjunto de áreas e disciplinas que constam das matrizes curriculares anexas ao Decreto-Lei 6/2001. É importante reafirmar que o Conselho de Docentes (no 1º ciclo) e o Conselho de Turma (nos 2º e 3º ciclos) são os órgãos responsáveis, no quadro do projecto curricular de turma, pela planificação e orientação do trabalho a realizar em todos os domínios referidos, tendo como referência as aprendizagens e competências essenciais formuladas a nível nacional. A reorganização curricular contempla diversos aspectos inovadores que convirá destacar. Um deles é a presença em todos os ciclos e com um carácter transversal da educação para a cidadania e da utilização das tecnologias da informação e da comunicação. • A educação para a cidadania é uma componente do currículo de natureza transversal, em todos os ciclos. O seu objectivo central é o de contribuir para a construção da identidade e o desenvolvimento da consciência cívica dos alunos. Esta componente curricular não é da responsabilidade de um professor ou de uma disciplina, atravessando todos os saberes e passando por todas as situações vividas na escola. Por isso, concretiza-se através de um plano que abrange o trabalho a realizar nas diversas disciplinas e áreas do currículo. Aspectos como a educação para a saúde, a educação sexual, a educação rodoviária ou a educação ambiental, entre outros, deverão ser considerados, quer no trabalho a realizar nas áreas curriculares não disciplinares quer no âmbito das diversas disciplinas. • A utilização das tecnologias da informação e da comunicação integra também o currículo em todos os ciclos, assumindo igualmente uma natureza transversal. Sem prejuízo desta perspectiva, as áreas de estudo acompanhado e de projecto serão espaços privilegiados para o desenvolvimento do trabalho com estas tecnologias, orientado simultaneamente para a formação básica dos alunos e para o apoio a todas as áreas e disciplinas do currículo, em cujas competências essenciais deve ter expressão. Um outro aspecto inovador é a criação de três novas áreas curriculares, não disciplinares: • O Estudo Acompanhado visa essencialmente promover a apropriação, pelos alunos, de métodos de estudo, de trabalho e de organização, assim como o desenvolvimento de atitudes e capacidades que favoreçam uma crescente autonomia na realização das suas próprias aprendizagens. Trata-se de desenvolver a capacidade de aprender a aprender, de acordo com o pressuposto de que aprender, por exemplo, a consultar diversas fontes de informação, a elaborar sínteses ou a organizar trabalhos originais constitui um objectivo a assumir explicitamente pela escola e em correspondência com tarefas que nela se realizam. No 1º ciclo, o estudo acompanhado deve ser integrado no plano de trabalho de cada turma. Nos 2º e 3º ciclos, os tempos semanais destinados ao trabalho dos alunos nesta área serão atribuídos a dois professores da turma. • A Área de Projecto tem o objectivo central de envolver os alunos na concepção, realização e avaliação de projectos, permitindo-lhe articular saberes de diversas áreas curriculares em torno de problemas ou temas de pesquisa ou de intervenção. No 1º ciclo, a área de projecto deve ser integrada no plano de trabalho de cada turma, podendo implicar a colaboração entre diferentes turmas. Nos 2º e 3º ciclos, os tempos semanais destinados ao trabalho dos alunos nesta área serão atribuídos a dois professores da turma. • A Formação Cívica é um espaço privilegiado para o desenvolvimento da educação para a cidadania, constituindo um espaço de diálogo e reflexão sobre experiências vividas e preocupações sentidas pelos alunos e sobre questões relativas à sua participação, individual e colectiva na vida da turma, da escola e da comunidade. A actividade a desenvolver neste domínio contará com o apoio de um tempo semanal para sessões de informação e de debate que, entre outros, pode assumir o formato de assembleia de turma. No 1º ciclo, o professor titular da turma será o responsável. Nos 2º e 3º ciclos, o tempo no horário dos alunos destinado a este fim será atribuído, em princípio, ao Director de Turma. Nos 1º e 2º ciclos, não há quaisquer alterações no quadro das áreas disciplinares e disciplinas que integram o currículo. Quanto ao 3º ciclo, as mudanças estão relacionadas com: • • • a iniciação a uma segunda língua estrangeira para todos os alunos; a sequencialidade das disciplinas ao longo do ciclo; uma abertura do leque de opções nos domínios da Educação Artística e da Educação Tecnológica, de acordo com a seguinte orientação: - nos 7º e 8º anos, o plano de estudos inclui Educação Visual e, por regra, numa organização equitativa ao longo de cada ano, Educação Tecnológica e outra disciplina da área do domínio artístico (Educação Musical, Teatro, Dança, etc.); - no 9º ano, os alunos escolhem livremente uma única disciplina, entre as ofertas da escola nos domínios artístico e tecnológico. Convém sublinhar que o currículo não se esgota nas componentes obrigatórias. Devem ser encorajadas as ofertas das escolas ao nível das actividades de enriquecimento curricular, nomeadamente nos domínios da educação física e desporto, das artes, das tecnologias e da experimentação científica. 2. Carga horária e tempos lectivos No 1º ciclo, a carga horária semanal obrigatória comportará 25 horas. Nos 2º e 3º ciclos, os horários serão, por regra, organizados em "blocos" de 90 minutos. Cada bloco corresponde a um tempo dedicado a uma única disciplina ou a dois períodos de 45 minutos dedicados a disciplinas diferentes. Tempos lectivos mais prolongados permitem um trabalho mais diversificado dos alunos, valorizando a aula como tempo de trabalho e de aprendizagem – e não apenas como momento privilegiado de apresentação da matéria. Além disso, favorecem a promoção de uma actividade escolar com menos disciplinas e interrupções diárias. A carga horária semanal comportará, em regra, um máximo de 16 a 17 blocos (de 90 minutos) no 2º ciclo e de 17 a 18 blocos (de 90 minutos) no 3º ciclo. Estes valores correspondem ao propósito de manter próximo das 30 horas o tempo semanal destinado a actividades lectivas obrigatórias. Nestes ciclos, são estabelecidas cargas horárias semanais mínimas nas diversas áreas, deixando alguma margem de decisão às escolas relativamente à distribuição dessas cargas horárias dentro de cada ciclo e no interior das áreas. Cada escola decidirá, ainda, sobre a utilização do correspondente a um tempo semanal em cada ano. Dentro dos limites indicados e em situações justificadas, as escolas poderão adoptar diferentes modos de organizar os tempos lectivos. As decisões neste domínio devem ser tomadas com base em considerações de ordem pedagógica, relacionadas com o ambiente de trabalho que se pretende promover, os tipos de actividades propostas aos alunos e a natureza das aprendizagens. 3. Avaliação das aprendizagens A reorganização curricular, de acordo com os princípios atrás enunciados, em especial o alinhamento dos processos de avaliação com as orientações curriculares, destaca a necessidade de recurso a diversos modos e instrumentos de avaliação, ao longo de cada ano e ciclo. A avaliação deve ter em vista apreciar a evolução global dos alunos, mantendo como referência as aprendizagens e competências essenciais, quer as de natureza transversal quer as que dizem respeito especificamente às diversas áreas e disciplinas. O encorajamento e apoio à adequação e diversificação de práticas de avaliação parece ser, hoje, o essencial nesta perspectiva de consistência com o currículo. No plano das medidas legislativas, retomar-se-ão princípios já expressos no Despacho Normativo n.º 98-A/92, nomeadamente a ênfase no carácter formativo da avaliação assim como a valorização de uma lógica de ciclo, corrigindo-se os aspectos introduzidos pelo referido despacho que se revelaram complicados e potenciando-se os seus aspectos mais positivos. Não se trata, pois, de introduzir qualquer ruptura no domínio da avaliação dos alunos, mas sim de desenvolver e melhorar os aspectos positivos já previstos na legislação. A valorização de uma "lógica de ciclo" não significa a eliminação automática ou a proibição administrativa das retenções no final de cada ano lectivo, momento em que o desenvolvimento das aprendizagens e competências essenciais tem que ser devidamente analisado. Não havendo "passagens administrativas", não pode ser a retenção, no entanto, a resposta banalizada aos problemas de aprendizagem, pelo que a escola deverá proceder dos modos mais adequados face a cada aluno de modo a garantir que, no final do ciclo, aquelas aprendizagens e competências foram efectivamente desenvolvidas. A avaliação sumativa realiza-se no final de cada um dos três períodos escolares. No 1º ciclo, expressa-se de forma descritiva. Nos 2º e 3º ciclos, expressa-se numa escala de cinco níveis (1 a 5) nas diversas disciplinas e de forma descritiva nas áreas curriculares não disciplinares, havendo lugar a uma menção qualitativa no caso da Área de Projecto. Em qualquer dos ciclos, haverá ainda dois momentos intercalares de avaliação, a meio dos primeiro e segundo períodos escolares, centrados na análise da progressão dos alunos no quadro do desenvolvimento do projecto curricular de turma, tendo em vista a introdução dos ajustamentos considerados necessários. Em articulação com a avaliação contínua, realizada ao longo dos vários anos e ciclos, haverá lugar para uma avaliação global ligada à conclusão do ensino básico, que atenderá ao percurso do aluno e ao progresso das suas aprendizagens. Esta avaliação, que é da competência de cada escola e de cada Conselho de Turma, terá em consideração a aquisição dos saberes essenciais e estruturantes das disciplinas e o desenvolvimento de competências de natureza transversal como a autonomia e responsabilização do aluno e as suas capacidades de organização e comunicação. III Implicações na organização pedagógica das escolas A reorganização curricular do ensino básico tem implicações na organização pedagógica das escolas, em diversos aspectos que importa salientar. Apresentam-se a seguir algumas orientações que, consoante os casos, clarificam disposições constantes do Decreto-Lei 6/2001 ou constituem recomendações a ter em conta pelos órgãos competentes e pelos professores em cada escola, no contexto da elaboração dos seus próprios projectos curriculares. 1º ciclo Não havendo modificações no quadro das áreas disciplinares que integram a matriz curricular do 1º ciclo e mantendo-se a carga horária semanal de 25 horas, poder-se-ia pensar que o actual processo de reorganização curricular do ensino básico diz apenas respeito, afinal, aos 2º e 3º ciclos. Porém, esta interpretação seria incorrecta. Na verdade, todos os princípios da reorganização curricular referem-se a qualquer dos ciclos do ensino básico. A diferenciação pedagógica, a adequação e a flexibilização associadas à gestão curricular, no quadro de um currículo nacional que estabelece as aprendizagens e competências fundamentais e os tipos de experiências educativas que devem ser proporcionadas a todos os alunos, são determinantes também no 1º ciclo. O mesmo se aplica à integração de currículo e avaliação, ao papel central dos órgãos de gestão pedagógica das escolas (conselhos de docentes, conselhos pedagógicos) ou à valorização do ensino experimental. Também as principais medidas agora tomadas quanto às componentes e áreas do currículo dizem respeito tanto ao 1º ciclo como aos restantes. Destacam-se, neste aspecto, a importância e o carácter transversal atribuídos à educação para a cidadania e à utilização das tecnologias de informação e comunicação, o lugar e o papel das novas áreas curriculares não disciplinares e as actividades de enriquecimento curricular. Relativamente às novas áreas, atendendo ao regime de monodocência que caracteriza o 1º ciclo, não são estabelecidas a nível nacional cargas horárias semanais. Porém, tal como aliás já sucede com as áreas disciplinares do currículo, isso não significa que tenham uma natureza facultativa. O trabalho a desenvolver, tendo em conta os objectivos de cada uma dessas áreas e a preocupação de articulação entre elas e com as áreas disciplinares, deve merecer um planeamento cuidadoso, no quadro do projecto curricular da escola e de cada turma. Uma questão central no 1º ciclo tem a ver com o significado da monodocência coadjuvada e com o papel do professor titular de turma. A coadjuvação é frequentemente associada ao ensino nas áreas das Expressões, o que se compreende uma vez que estas áreas fazem parte integrante do currículo nacional e devem ser asseguradas. Porém, em diversas situações, considerando a formação, a experiência e a eventual especialização do professor titular da turma, pode ser mais útil e necessário que o apoio incida numa outra área disciplinar. Por outro lado, a coadjuvação poderá assumir diversas modalidades, tendo em conta os recursos humanos e materiais que é possível e pertinente disponibilizar e o tipo de enquadramento do 1º ciclo — num agrupamento horizontal ou vertical ou numa escola básica integrada. O apoio ao professor titular pode incidir na planificação das suas actividades lectivas ou assumir a forma de colaboração efectiva no trabalho directo com os alunos, pode envolver outro professor do 1º ciclo, um professor do 2º ou 3º ciclo da mesma escola ou agrupamento, um professor de outra escola, ou ainda outros docentes ou técnicos, no contexto, por exemplo, da actividade da autarquia ou de uma instituição local. No entanto, sejam quais forem as modalidades adoptadas e os intervenientes envolvidos, a coadjuvação deve ser encarada na perspectiva de um trabalho colaborativo, num processo em que o professor titular da turma é o coordenador e o principal responsável por assegurar o carácter integrador e globalizante da concretização do currículo, no quadro do projecto curricular definido para a sua turma. Por esta razão, e tendo em conta a natureza transversal do Estudo Acompanhado, da Área de Projecto e da Formação Cívica, o professor titular da turma é sempre o responsável por estas áreas, ainda que possa ser coadjuvado em aspectos específicos do seu desenvolvimento. Concretização da matriz curricular nos 2º e 3º ciclos A concretização da matriz curricular deve obedecer a critérios essencialmente pedagógicos, no quadro do projecto curricular de cada escola. Nesta perspectiva, o modo exacto como se fará a distribuição das cargas horárias pelas diversas áreas curriculares, ao longo de cada um dos ciclos, é da competência da escola, no respeito pelos totais por área/ciclo estabelecidos na matriz respectiva — a qual apresenta, com carácter indicativo, uma distribuição por anos de escolaridade. Nesta distribuição, a escola poderá, se assim o entender, tirar partido do tempo indicado na linha "a decidir pela escola", mas não poderá exceder o máximo global indicado para cada ano. Também os tempos a atribuir a cada disciplina no interior de uma área constituem matéria de decisão da escola, a qual dependerá naturalmente de diversas opções — quanto à evolução ao longo do ciclo e quanto ao grau de integração e de colaboração entre disciplinas. Porém, em qualquer das áreas curriculares disciplinares do 2º ciclo e nas de Línguas Estrangeiras, Ciências Humanas e Sociais e Ciências Físicas e Naturais do 3º ciclo, salvo situações especiais bem fundamentadas, a nenhuma das disciplinas deverá ser atribuída um tempo correspondente a uma carga horária semanal que seja inferior a um "bloco" de 90 minutos em cada ano. Convém esclarecer que estão a ser preparados ajustamentos aos programas para o 3º ciclo de algumas disciplinas, devido às mudanças decorrentes, nuns casos, da sequencialidade ao longo do ciclo e, noutros casos, do novo enquadramento curricular adoptado. Este processo abrange, por um lado, Geografia, Ciências Naturais e Físico-Química e, por outro lado, as disciplinas das áreas da Educação Artística e da Educação Tecnológica. Também o programa de Educação Física será objecto de um ajustamento para assegurar a articulação vertical ao longo dos ensinos básico e secundário. No que diz respeito às áreas curriculares não disciplinares, sem prejuízo da possibilidade de se desenvolverem modalidades diversas de integração, por regra, tanto à Área de Projecto como ao Estudo Acompanhado deverá corresponder um bloco de 90 minutos, sendo um tempo de 45 minutos atribuído à Formação Cívica. No 2º ciclo, a carga horária mínima no conjunto destas áreas é um pouco superior (em meio bloco), para permitir um maior apoio aos alunos e uma mais rápida apropriação de métodos de organização pessoal e de utilização de recursos — em particular, ligados às tecnologias de informação e comunicação — numa fase de difícil transição do 1º para o 2º ciclo. Por isso, a própria matriz sugere que este reforço da carga horária seja utilizado no 5º ano de escolaridade. Cada escola decidirá livremente sobre a utilização dos tempos que, na matriz curricular, estão indicados na linha "a decidir pela escola". Estes tempos poderão ser utilizados — numa base semanal, quinzenal ou outra — para reforço de uma área curricular ou disciplina ou para o desenvolvimento de uma componente local do currículo, ou então poderão, simplesmente, não ser utilizados. Na área da Educação Artística, no 3º ciclo, os alunos terão, nos 7º e 8º anos, a disciplina de Educação Visual, devendo ainda escolher, de acordo com a oferta da escola, uma segunda disciplina, entre Educação Musical, Teatro/Expressão Dramática, Dança,… Por regra, esta segunda disciplina será a mesma, para cada aluno, nos dois anos e será, ainda, aquela por que poderão optar no 9º ano, em alternativa à Educação Visual e à Educação Tecnológica. As orientações curriculares para as novas disciplinas estão a ser preparadas de acordo com este pressuposto. Uma decisão de carácter organizativo que a escola terá que tomar diz respeito ao modo de organizar, nos 7º e 8º anos, os tempos lectivos da segunda disciplina da Educação Artística e da Educação Tecnológica. Dada a natureza destas disciplinas, é aconselhável que o professor trabalhe com um número relativamente reduzido de alunos e que o faça durante um período mínimo de 90 minutos semanais. Sendo assim, recomenda-se o desdobramento da turma em dois grupos, cada um dos quais frequentará uma das disciplinas na primeira metade do ano lectivo e a outra na segunda metade. Este modo de organização tem a vantagem adicional de permitir que ambos os professores tenham um serviço lectivo estável e integrem o Conselho de Turma durante todo o ano. No entanto, a escola poderá adoptar outra forma de organização, desde que seja equivalente do ponto de vista da carga horária tanto dos alunos como dos professores. Na área das Ciências Físicas e Naturais, as novas orientações curriculares identificarão os contributos de cada uma das disciplinas que a integram (Ciências Naturais e Fisico-Química) mas serão apresentadas num documento único, organizado em torno de quatro grandes temas. As orientações referem-se ao 3º ciclo, no seu conjunto. Cabe à escola, no contexto do seu projecto curricular e de acordo com os princípios da gestão flexível do currículo, decidir o modo como as orientações para as duas disciplinas serão desenvolvidas ao longo do ciclo e, em particular, as modalidades de coordenação e o grau de integração do trabalho dos respectivos docentes, em cada um dos anos de escolaridade deste ciclo. Organização dos horários dos alunos A carga horária semanal a destinar às diversas áreas do currículo é apresentada na base dos "blocos" de 90 minutos. Para criar melhores condições de aprendizagem, a escola poderá organizar os tempos lectivos semanais de outros modos, ou mesmo adoptar uma organização não totalmente uniforme entre as semanas, desde que sejam cumpridas as cargas horárias estabelecidas para cada área e ciclo e desde que não seja excedido o máximo semanal indicado para as componentes obrigatórias do currículo. Por razões de regulação e de conhecimento do sistema, decisões que impliquem uma organização dos tempos lectivos claramente distinta da que é apresentada na matriz curricular devem ser fundamentadas e comunicadas à administração. Por razões já explicitadas, um "bloco" de 90 minutos deve ser, em princípio, destinado a uma aula de uma determinada disciplina. No entanto, pelo facto de existir um elevado número de disciplinas, sobretudo no 3º ciclo, e/ou por se revelar mais adequado à natureza de certas actividades, algumas disciplinas utilizarão tempos de 45 minutos e, portanto, diversos blocos serão ocupados por duas aulas consecutivas de disciplinas diferentes. Uma hipótese interessante poderá consistir, pelo menos em alguns destes casos, em dedicar o "bloco" de 90 minutos a duas disciplinas de uma mesma área curricular, permitindo diversas modalidades de trabalho ao professor ou de colaboração entre dois professores, consoante a situação. É importante sublinhar que as matrizes curriculares para os 2º e 3º ciclos indicam tempo útil de aula, isto é, não contemplam os tempos destinados aos intervalos. Será conveniente prever intervalos maiores do que os tradicionais nestes ciclos, uma vez que serão menos e entre períodos de trabalho mais prolongados. Além disso, intervalos maiores tornarão mais fácil tomar medidas para se assegurar o tempo útil das aulas de disciplinas que requerem uma preparação inicial e/ou final (caso, por exemplo, da Educação Física). Naturalmente, os cuidados a ter na organização dos horários não dizem apenas respeito à preocupação em assegurar o tempo útil de trabalho nas várias áreas e disciplinas, continuando a ser pertinentes as recomendações usuais sobre as limitações relativas à carga horária diária. Situando-se esta, em média, entre os 3 e os 3,5 blocos de 90 minutos no 2º ciclo e próximo dos 3,5 blocos no 3º ciclo, será conveniente que, por regra, no horário de cada turma, não se ultrapasse o equivalente a 4 blocos num mesmo dia e se atenda à natureza dominante dos tipos de actividades em que os alunos estarão envolvidos várias horas seguidas. Distribuição do serviço docente Muitas das opções a fazer pela escola, no âmbito da elaboração do seu projecto curricular, têm implicações ao nível da distribuição do serviço docente. No que diz respeito à leccionação das diversas disciplinas, recorda-se que, segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo, no 2º ciclo, o ensino organiza-se por áreas e desenvolve-se predominantemente em regime de professor por área. Isto significa que, em diversas situações e de acordo com as respectivas habilitações, um professor deverá leccionar mais do que uma disciplina numa mesma turma. Esta orientação nada tem de novo mas ganha uma importância acrescida num contexto de maior relevância do Conselho de Turma, o qual terá melhores condições de trabalho se o número dos seus membros for menor. Como alguns professores de cada turma terão ainda a seu cargo a condução de uma ou mais áreas não disciplinares, será possível — através de uma adequada distribuição do serviço lectivo — conseguir-se, ao mesmo tempo, menos turmas e alunos por professor e menos professores por turma. Em última análise, compete à escola a decisão sobre as disciplinas e turmas a atribuir a cada professor, tendo em conta a sua formação e experiência, no quadro de uma política de gestão dos recursos humanos da escola. Porém, em cada área do currículo, é necessário prever e organizar modos de interacção entre as disciplinas que a integram, sejam ou não leccionadas por um mesmo docente. De resto, esta perspectiva é válida também para o 3º ciclo, embora neste caso a disciplinas diferentes correspondam grupos de docência distintos. Sobretudo nas áreas das Ciências Físicas e Naturais, das Ciências Humanas e Sociais e da Educação Artística, é fundamental a colaboração entre os professores das disciplinas que as integram, a qual pode assumir formas diversas desde a simples articulação programática até à planificação em conjunto ou mesmo situações de co-docência. Convém, no entanto, deixar claro que, salvo casos excepcionais devidamente autorizados, estes processos devem desenvolver-se no contexto das cargas horárias atribuídas nas matrizes curriculares e da margem de manobra de que as escolas dispõem quanto à gestão de créditos horários. Apenas nalgumas disciplinas, pela sua natureza, a leccionação por dois professores ou a possibilidade de desdobramento da turma já está ou passa agora a estar prevista. No 2º ciclo, a leccionação de Educação Visual e Tecnológica estará a cargo de dois professores, como aliás já hoje sucede. No 3º ciclo, uma parte dos tempos destinados à área das Ciências Físicas e Naturais — o correspondente a um bloco de 90 minutos em cada ano — poderá ser usado em regime de desdobramento da turma, de modo a permitir a realização de trabalho laboratorial. Ainda no 3º ciclo, nos 7º e 8º anos, haverá também lugar a desdobramento da turma na segunda disciplina da Educação Artística (de oferta da escola) e na Educação Tecnológica, por motivos já atrás explicados; e no 9º ano, a escola poderá optar entre a leccionação por dois professores e o desdobramento da turma com um professor, no caso da Educação Tecnológica. Quanto às áreas curriculares não disciplinares, a Área de Projecto e o Estudo Acompanhado são assegurados por equipas de dois professores da própria turma, preferencialmente de áreas científicas diferentes. Além disso, recomenda-se que, ao longo de cada um dos ciclos, numa dada turma, os professores a quem é atribuído este serviço lectivo sejam do maior número possível de áreas disciplinares diferentes. O tempo destinado à Formação Cívica deverá ser atribuído ao Director de Turma, salvo situações especiais devidamente fundamentadas. Um aspecto importante a ter em conta na distribuição do serviço docente é a necessidade de limitação do número de turmas com que cada professor trabalha. Por razões óbvias, um professor não deverá ter mais do que 6 turmas e só em situações excepcionais poderá ter 7. Convém recordar que a componente lectiva do horário de trabalho inclui a leccionação de uma disciplina (ou de duas, nalguns casos) num certo número de turmas e pode incluir a direcção de turma e a responsabilidade de uma ou mais áreas não disciplinares numa ou nalgumas dessas turmas e, ainda, no âmbito da gestão dos créditos horários da escola, o desempenho de cargos e a orientação de actividades de enriquecimento curricular. Tanto no 2º como no 3º ciclo, um princípio importante a ter em conta será o da constituição, sempre que possível, de equipas educativas, isto é, grupos de professores das diversas áreas e disciplinas a quem são atribuídas, aproximadamente, as mesmas turmas. Esta orientação tem em vista facilitar o trabalho cooperativo ao nível dos Conselhos de Turma. Coexistência de diferentes planos de organização curricular No próximo ano lectivo (2001/02), a entrada em vigor do Decreto-Lei 6/2001 para o 2º ciclo, mas não ainda para o 3º ciclo, leva à coexistência de diferentes planos curriculares em escolas básicas 2/3 e básicas integradas, podendo suscitar dúvidas ou dificuldades na organização dos tempos lectivos. Estas eventuais dúvidas ou dificuldades poderão ser ultrapassadas ou minimizadas através do recurso a um dos seguintes procedimentos: • • • A escola apresenta um projecto de gestão flexível do currículo para o 3º ciclo, ao abrigo e nas condições do Despacho 9590/99. Nesta hipótese, o projecto a apresentar deverá contemplar uma organização das disciplinas das áreas da Educação Artística e da Educação Tecnológica de acordo com o Decreto-Lei 6/2001, de modo a evitar diferentes planos curriculares para o 3º ciclo no ano lectivo seguinte. A escola opta pela coexistência de dois regimes diferentes — para o 2º ciclo de acordo com o Decreto-Lei 6/2001, para o 3º ciclo segundo o DL 286/89 — organizando os horários das aulas e os intervalos de modo adequado, eventualmente estabelecendo tempos lectivos diferentes em diferentes períodos do dia. Esta hipótese será, evidentemente, mais viável nas escolas de menor dimensão. A escola mantém o 3º ciclo de acordo com o DL 286/89 mas adapta os tempos lectivos de modo a torná-los compatíveis com a organização prevista no Decreto-Lei 6/2001. Esta hipótese requer a definição das condições em que tal poderá ocorrer, o que será feito em breve. Será importante notar que existe já experiência de qualquer destas situações em várias escolas, como resultado do seu envolvimento no projecto da gestão flexível do currículo. __________________________________ 1 Relatório do Projecto "Reflexão Participada sobre os Currículos do Ensino Básico", DEB, 1997. "A Unidade da Educação Básica em Análise – Relatório", DEB, 1998. Forum "Escola, Diversidade, Currículo", DEB, 1999. 4 I. Sim-Sim, I. Duarte, M. J. Ferraz, A Língua Materna na Educação Básica, DEB, 1997. 5 N. Félix, A História na Educação Básica, DEB, 1998. 6 P. Abrantes, L. Serrazina, I. Oliveira, A Matemática na Educação Básica, DEB, 1999. 7 M. C. Roldão, Gestão Curricular – Fundamentos e Práticas, DEB, 1999. 2 3 Para mais esclarecimentos contacte através de: Linha verde: 800 20 35 53 Fax: 21 393 46 82 Correio Electrónico: [email protected]