Núcleo de Pesquisas Queda no endividamento das famílias catarinenses é acompanhada por um aumento das contas em atraso O percentual de famílias catarinenses endividadas apresentou queda em abril, na comparação mensal a o descenso foi de 5,2%, passando de 90,4% em março para 85,2% em março, já na comparação anual o índice caiu 1%. No entanto, a queda do endividamento não foi acompanhada por queda das famílias com contas em atraso. O percentual de famílias com contas em atraso cresceu 2,6% mensalmente e 1,7% anualmente, o que demonstra uma pequena piora mensal e anual. Síntese dos resultados Situação da família Meses Abr/11 Mar/12 Abr/12 Total de endividadas 86,2% 90,4% 85,2% Dívidas ou contas em atraso 22,5% 21,6% 24,2% 7,4% 8,3% 8,5% Não terão condições de pagar Análise do endividamento O percentual de famílias endividadas em Santa Catarina ficou em 85,2% no mês de abril deste ano. O número é inferior tanto ao do mês anterior (90,4%) quanto ao de abril de 2011 (86,2%). Mostrando que o catarinense buscou menos o endividamento no último mês para realizar suas compras. Na análise por faixa de renda, as famílias com rendimento inferior a 10 salários mínimos (S.M.) estão menos endividadas do que as com rendimento superior. 83,7% das primeiras estão endividadas enquanto que 92,9% das segundas apresentam a mesma situação. O dado é positivo, já que as famílias de maior renda são aquelas que menos frequentemente tornam-se inadimplentes. Acompanhando o movimento descendente do endividamento em geral, o nível de endividamento também apresentou queda mensal. As famílias muito endividadas que eram 46,5% em março, passaram a representar 43,7% em abril. Entretanto, na comparação anual houve crescimento do percentual de famílias muito endividadas, que em abril de 2011 era de 35,3%. As famílias que ganham mais de 10 S.M. aqui também são as com maior nível de endividamento. Nesta faixa de renda 61,2% das famílias encontram-se muito endividadas, enquanto que na faixa de renda inferior, 40,2% das famílias estão muito endividadas. Nível de endividamento Abr/11 Mar/12 Categoria Abr/12 Muito endividado 35,3% 46,5% 43,7% Mais ou menos endividado 40,4% 37,1% 32,9% Pouco endividado 10,5% 6,8% 8,7% Não tem dívidas desse tipo 13,8% 9,6% 14,8% Não sabe 0,0% 0,0% 0,0% Não respondeu 0,0% 0,0% 0,0% Em relação ao tipo de endividamento das famílias, o cartão de crédito apesar de perder participação na composição das dívidas catarinense, continua sendo a principal forma de endividamento das famílias do estado. Se em março ele correspondia a 49,2% das dívidas, em abril ele passou a representar 45,8%. Na sequência aparece o financiamento de carros (23,5%), os carnês (13,5%) e os financiamentos de casas (7,4%). Tipo de dívidas Não respondeu 0,0% 0,0% Não sabe 0,0% 0,0% Outras dívidas Financiamento de Casa 2,0% 1,3% 7,4% 8,2% 23,5% 25,1% Financiamento de Carro Crédito pessoal Março 3,6% 3,3% Crédito consignado 1,4% 1,5% Cheque pré-datado 1,1% 1,0% Cheque especial 1,8% 1,0% Cartão de crédito Abril 13,5% 10,0% Carnês 45,8% 49,2% No que tange o tempo de comprometimento com as dívidas, houve uma melhora em relação a março. Enquanto que em março o tempo médio era de 5,9 meses, em abril ele ficou em 5,7 meses. No entanto, apesar da média ficar próxima a 6 meses, a grande maioria das famílias do estado (52,4%) está comprometida com as dívidas em menos de 3 meses. Completa o quadro os 7,4% que estão comprometidos entre 3 e 6 meses, os 7,2% entre 6 meses e 1 ano e os 33% com mais de 1 ano de comprometimento. Outro elemento importante para verificar a qualidade das dívidas dos catarinenses é o grau de comprometimento da renda das famílias com as dívidas. Em Santa Catarina esse percentual ficou em 26,8% em abril, percentual inferior aos 27,2% de março. Desta forma, com um grau de comprometimento que não é alto e que se mantém praticamente invariável ao longo dos meses, a possibilidade do alto endividamento transformar-se em uma crise de inadimplência é muito reduzido. Parcela da renda comprometida com dívidas Menos de 10% De 11% a 50% 5,2% Superior a 50% Não sabe / Não respondeu 1,1% 22,8% 70,9% Análise das contas em atraso Ao contrário da queda mensal do número de famílias endividadas, o percentual de famílias com contas em atraso cresceu mensalmente, passando de 21,6% em março para 24,2% em abril. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior também houve crescimento, já que naquele mês os inadimplentes representavam 22,5% do total das famílias catarinenses. Na análise por faixa de renda, as famílias com renda superior a 10 S.M. estão em melhor situação, já que apenas 8,2% delas estão em atraso. Por outro lado, a situação das famílias com renda menor que 10 S.M. é pior: 27,4% delas têm contas em atraso. Isso se explica pela própria capacidade financeira maior das famílias de maior renda, mostrando como a renda das famílias é uma variável chave para explicar a qualidade do endividamento. Para estas famílias com dívidas em atraso, apenas 27,8% afirmaram que irão quitar seus compromissos integralmente, enquanto que 35,7% irão pagá-los apenas em parte e 34,9% não irão quitar suas dívidas atrasadas. Esse dado apresenta uma melhora em relação ao mês anterior, já que anteriormente o percentual de famílias que não iria pagar suas contas em atraso era de 38,6%. Em relação ao tempo médio em que as contas dos catarinenses estão atrasadas, em abril o tempo médio foi de 62 dias. O resultado é melhor do que o de março, onde o tempo médio de atraso havia ficado em 64 dias. 28,6% das famílias têm contas atrasadas de até 30 dias, 23% está atrasado entre 30 e 90 dias e 48,4% estão inadimplentes a mais de 90 dias. Análise das famílias que não terão condições de pagar suas dívidas Fechando a análise, o último elemento da pesquisa se refere a como as famílias se declararam para o futuro. Assim, 8,5% das famílias disseram que não terão condições de pagar suas dívidas futuras, percentual um pouco superior ao do mês passado (8,3%) e maior do que o de abril de 2011 (7,4%). Conclusão A queda do percentual de famílias endividadas acompanhado de um crescimento das famílias com contas em atraso apresenta uma pequena piora da qualidade das dívidas dos catarinenses. No entanto, a situação ainda não é preocupante, já que a expectativa para o ano de 2012 continua sendo de manutenção dos níveis de emprego e renda da economia, o que garante uma maior segurança para as famílias. Além disso, o grau de comprometimento da renda das famílias catarinenses ainda é reduzido, de apenas 26,8%, apresentando trajetória de queda. Isso, aliado à conjuntura do emprego e da renda, garante que uma crise de inadimplência seja uma possibilidade extremamente remota para a economia de Santa Catarina. Metodologia Foram entrevistados consumidores em potencial, residentes no Município de Florianópolis, com idade superior a 18 anos. Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas poderiam diferir do valor populacional desconhecido “p” por no máximo 3,5%, isto é, o valor absoluto “d”(erro amostral) assumiria no máximo valor igual a 0,035 sob o nível de confiança de 95%, para uma população constituída de consumidores em potencial. Preferiu-se adotar o valor antecipado para p igual a 0,50 com o objetivo de maximizar a variância populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na população. Em outras palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada. Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados foi de 500, ou seja, com uma amostra de no mínimo 500 consumidores, esperou-se que 95% dos intervalos de confiança estimados, com semi-amplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras freqüências.