MELHORA SITUAÇÃO DAS DÍVIDAS DOS CATARINENSES: ENQUANTO O ENDIVIDAMENTO
FICA ESTÁVEL, CAI A INADIMPLÊNCIA
O percentual de famílias endividadas permaneceu estável em outubro, ficando em 92%. Já as
contas em atraso tiveram queda de 2% em relação a setembro, sendo que 22% das famílias
estão inadimplentes. Este resultado mostra uma melhora na qualidade das dívidas dos
catarinenses, fato importante neste período de aproximação das festas de final de ano, onde
os gastos se elevam fortemente.
Síntese dos resultados
Situação da família
Meses
out/10 set/11 out/11
Total de endividadas
50%
92%
92%
Dívidas ou contas em atraso
18%
24%
22%
1%
7%
10%
Não terão condições de pagar
Análise do endividamento
As famílias catarinenses permaneceram com o mesmo patamar de endividamento de
setembro em outubro. O percentual de 92% das famílias endividadas permaneceu o mesmo.
Mais importante que isso é o fato de que o endividamento das famílias com renda inferior a 10
salários mínimos caiu de 92% em setembro para 90% em outubro, ou seja, aquelas unidades
familiares mais vulneráveis a tornarem-se inadimplentes tiveram redução deste risco. Já as
famílias com renda superior a 10 salários mínimos se endividaram mais, passando de um
patamar de 94% para 98%.
Na comparação anual o crescimento do endividamento é bastante elevado, passando
de 50% em outubro de 2010 para os atuais 92%. Por trás disso está o próprio crescimento do
consumo das famílias, basicamente alicerçado sobre o crédito ao consumidor. Desta forma
esta expansão do endividamento não pode ser considerada ruim, mas sim resultado do
próprio crescimento econômico ancorado no fortalecimento do mercado interno brasileiro.
Já em relação ao nível de endividamento das famílias, nota-se uma pequena
deterioração. As famílias que se consideram muito endividadas cresceram mensalmente de
48% para 49,2%, sendo que as pouco endividadas caíram de 8,8% para 7,8%. Na comparação
anual a diferença é ainda mais gritante, já que outubro do ano anterior as famílias muito
endividadas eram apenas 8,2%.
As famílias de renda mais alta são as mais endividadas, 66% delas afirmaras estar
muito endividadas, enquanto “apenas” 45,1% das de renda inferior a 10 salários mínimos
afirmaram estar na mesma situação.
Nível de endividamento
out/10 set/11
out/11
8,2% 48,00%
49,2%
Mais ou menos endividado
17,6% 35,50%
35,3%
Pouco endividado
23,9%
8,80%
7,1%
Não tem dívidas desse tipo
44,8%
7,80%
8,4%
Não sabe
2,9%
0,00%
0,0%
Não respondeu
2,5%
0,00%
0,0%
Categoria
Muito endividado
Ao se tratar dos tipos de dívida das famílias, o cartão de crédito aparece como o
principal agente do endividamento, representando quase a metade (49,3%) das dívidas. Em
segundo lugar aparece o financiamento de carros (22,7%) e em terceiro lugar os carnês
(12,4%).
Tipo de dívidas
Não respondeu
0,0%
0,0%
Não sabe
0,2%
0,0%
Outras dívidas
0,2%
1,9%
8,6%
9,9%
Financiamento de Casa
22,7%
22,0%
Financiamento de Carro
Crédito pessoal
1,5%
1,5%
Cheque pré-datado
0,2%
0,8%
Cartão de crédito
Setembro
3,2%
2,1%
Crédito consignado
Cheque especial
Outubro
12,4%
12,5%
Carnês
2,1%
2,3%
49,3%
46,9%
Com relação ao tempo de comprometimento das famílias com as dívidas, a maioria
delas (54%) é de menos de três meses. Este resultado é melhor que o de setembro, onde
50,5% das famílias tinham dívidas de menos de 3 meses. Já as dívidas de prazo maior, acima de
1 ano, correspondem a 34,3% da amostra. Ao se tratar da média de meses que as famílias
estão endividadas, o resultado de outubro é melhor que o de setembro. Se antes a média era
de 6,1 meses agora ela é de 5,7 meses.
Fator importante também para analisarmos a qualidade do endividamento é o
tamanho da parcela da renda das famílias que está comprometida com o pagamento das
dívidas. Este número no mês em questão ficou em apenas 26,9%, percentual que dá grande
segurança de que este alto endividamento não se transforme de forma massiva em
inadimplência. Abaixo segue um gráfico com estas informações estratificadas por faixa de
comprometimento da renda:
Parcela da renda comprometida com
as dívidas
Menos de 10%
De 11% a 50%
Superior a 50%
Não sabe / Não respondeu
4,5%
1,1%
21,4%
73%
Análise das contas em atraso
As contas em atraso das famílias catarinenses apresentaram uma importante queda
em outubro, isso na relação com setembro. Se anteriormente elas existiam em 24% das
famílias, agora 22% delas estão inadimplentes. Analisando de maneira estratificada por renda,
23% das famílias com renda inferior a 10 salários mínimos estão inadimplentes enquanto que
19% das famílias com renda superior a isto estão na mesma situação.
Na comparação anual, apesar de ter crescido 4%, é importante ressaltar que este
crescimento da inadimplência é bastante reduzido, tendo em vista a expressiva expansão do
endividamento de 42%. Ou seja, o comportamento da inadimplência está se comportando de
maneira bastante controlada, sem riscos de transformar-se em crise.
Dentre as famílias endividadas, 28,1% afirmaram que terão condições de pagar
totalmente suas dívidas, o mesmo percentual (28,1%) afirmou que pagaria apenas uma parte
da dívida e 43,9% não terá condições de pagá-las. Assim, para uma parcela dos que estão
inadimplentes a situação é preocupante, já que não os mesmos não têm perspectiva de sair
desta incômoda situação.
Já o tempo médio que as contas apresentam-se em atraso para estas famílias ficou em
63,6 dias, pior do que os 60,6 dias de setembro. A diferença entre os dois extratos de renda
aqui é bastante marcante, sendo que o tempo médio com contas atrasadas das famílias com
renda superior a 10 salários ficou em 47,4 dias enquanto as com renda menor tiveram um
tempo médio de 66,8 dias.
Análise das famílias que não terão condições de pagar suas dívidas
As famílias que afirmaram não ter condições de pagar tiveram uma pequena elevação
de 7% em setembro para 10% em outubro. As famílias com renda maior apresentam aqui um
índice de 4%, já as famílias de renda inferior tiveram um percentual de 11% de pessoas que
acreditam que não conseguirão pagar suas dívidas.
Conclusão
A estabilidade das famílias endividadas, aliada a redução de 2% nas famílias
inadimplentes, aponta para uma melhor condição financeira das famílias catarinenses frente
ao pagamento de suas dívidas. Juntamente a isso, a parcela da renda familiar comprometida
com o pagamento das dívidas está em 26,9%, o que garante que este alto endividamento não
se transformará em inadimplência de forma violenta.
O cenário mais provável é que a chegada das festas de final de ano acarrete em uma
pequena elevação das famílias endividadas e também da parcela da renda comprometida com
as dívidas. Entretanto, a situação mostra que esta elevação é segura, já que ainda existe uma
margem segura de expansão do endividamento das famílias em Santa Catarina, como bem
apontou a PEIC de outubro.
Metodologia
Foram entrevistados consumidores em potencial, residentes no Município de
Florianópolis, com idade superior a 18 anos.
Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas
poderiam diferir do valor populacional desconhecido “p” por no máximo 3,5%, isto é, o valor
absoluto “d”(erro amostral) assumiria no máximo valor igual a 0,035 sob o nível de confiança
de 95%, para uma população constituída de consumidores em potencial.
Preferiu-se adotar o valor antecipado para p igual a 0,50 com o objetivo de maximizar
a variância populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na
população. Em outras palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada.
Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados foi de 500, ou seja,
com uma amostra de no mínimo 500 consumidores, esperou-se que 95% dos intervalos de
confiança estimados, com semi-amplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras
freqüências.
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