Núcleo de Pesquisas
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores de Chapecó
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor é um importante indicador da saúde
financeira das famílias, dando uma série de informações de fundamental importância para o comerciante
tomar decisões acertadas na hora de conceder crédito aos consumidores e, consequentemente, expandir as
vendas sem incorrer em problemas de solvência financeira.
Esta importante pesquisa começou a ser realizada pela Fecomércio SC em parceria com o Sicom na
cidade de Chapecó. Desde fevereiro os dados já estavam sendo coletados, dados que fornecem uma ampla
gama de informações sobre esse elemento fundamental do consumo no Brasil atual: o crédito ao
consumidor. Abaixo segue a síntese dos resultados e a análise dos últimos meses.
Síntese dos resultados
Situação da família
Total de endividadas
Meses
Fev/12 Mar/12 Abr/12 Mai/12
31,7% 20,7% 22,0% 56,6%
Dívidas ou contas em atraso
9,8%
3,7%
2,4%
14,5%
Não terão condições de pagar
3,7%
3,7%
2,4%
2,4%
Famílias endividadas e com contas em
atraso (%)
Familias Endividadas
Famílias com contas em atraso
56,6%
31,7%
20,7%
22,0%
14,5%
9,8%
3,7%
fev/12
mar/12
2,4%
abr/12
mai/12
Análise do endividamento
Como podemos notar, o percentual de famílias que estavam endividadas em Chapecó vinha em um
movimento relativamente estável, vivenciando até mesmo uma queda natural do percentual de famílias
endividadas de fevereiro para março – isso em virtude da quitação de parte dos compromissos assumidos
nas compras de Natal. Entretanto, na passagem de abril para maio o percentual apresentou um salto, saindo
da casa dos 22% e passando para o patamar de 56,6%, ou seja, registrou crescimento de 34,6% em apenas
um mês.
Por trás desse salto está o Dia das Mães. Segunda data em movimentação das vendas do comércio, é
natural que os consumidores busquem o endividamento para comprar presentes mais caros para suas mães.
A Pesquisa de Resultado de Vendas do Dia das Mães da Fecomércio SC mostrou que 32,9% dos consumidores
da cidade realizaram suas compras para a data com o auxílio do parcelamento, o que efetivamente ajudou
no salto do percentual de famílias endividadas.
Na comparação por diferentes faixas de renda, o percentual de famílias endividadas em maio foi
maior nas famílias com rendimento inferior a 10 salários mínimos (S.M.), atingindo a casa dos 60,6% de
endividadas. Já nas famílias com rendimento superior a 10 S.M., o percentual foi menor, de 41,2%.
Apesar de o endividamento ter crescido, ele não é de caráter preocupante, já que como pode ser
visto na tabela abaixo, em maio apenas 7,2% dos consumidores estão muito endividados, sendo que a
maioria apresenta-se pouco (25,3%) ou mais ou menos endividado (24,1%). Tal fato garante que essa
expansão das dívidas deu-se de maneira racional, sem excessos por parte da maioria dos consumidores.
Na divisão por faixa de rendimento a diferença em maio não foi tão significativa, sendo que as duas
faixas de renda apresentam comportamento semelhante. 5,9% das famílias com renda superior a 10 S.M.
estão muito endividadas enquanto que 7,6% das famílias com renda inferior a isso apresentaram a mesma
condição.
Nível de endividamento
Fev/12 Mar/12
Abr/12
Mai/12
Muito endividado
1,2%
3,7%
4,9%
7,2%
Mais ou menos endividado
11,0%
8,5%
8,5%
24,1%
Pouco endividado
19,5%
8,5%
8,5%
25,3%
Não tem dívidas desse tipo
68,3%
78,0%
78,0%
43,4%
Não sabe
0,0%
1,2%
0,0%
0,0%
Não respondeu
0,0%
0,0%
0,0%
0,0%
Categoria
Já em relação aos principais tipos de dívidas do chapecoense, o gráfico abaixo mostra que em maio
dois tipos de dívidas acabaram empatando na liderança: o cartão de crédito e o financiamento de veículos,
ambos com 36,2% de participação na estrutura das dívidas. Na sequencia apareceram os carnês (31,9%), os
financiamentos de casas (12,8%) e o cheque especial (10,6%).
Isso mostra que além do Dia das Mães, também as facilidades no financiamento de veículos
ajudaram no crescimento do endividamento em Chapecó, já que a compra deste tipo de bem – um bem de
preço elevado – é praticamente impossível para a grande maioria da população se não for feita através do
endividamento.
Principais tipos de dívidas
Não respondeu
não sabe
outras dívidas
financiamento de casa
financiamento de carro
carnês
crédito pessoal
crédito consignado
cheque pré-datado
cheque especial
cartão de crédito
2,1%
0,0%
0,0%
12,8%
36,2%
31,9%
8,5%
0,0%
6,4%
10,6%
36,2%
Já no tempo de comprometimento com as dívidas, nota-se pelo gráfico abaixo que o tempo médio
chegou a maio no patamar de 7,3 meses, o que é superior aos meses anteriores. Isso é correlato ao
crescimento do número de famílias endividadas e ao aumento dos financiamentos de veículos, o que
obviamente aumenta o tempo de comprometimento em virtude do grande número de parcelas dessa forma
de financiamento.
O patamar de tempo de comprometimento em maio foi semelhante entre as duas faixas de renda
analisadas. Para as famílias com rendimento maior ele ficou em 6,4 meses e para as famílias com rendimento
menor, em 7,5 meses.
Tempo médio de comprometimento
com dívidas (em meses)
7,1
5,9
7,3
4,7
fev/12
mar/12
abr/12
mai/12
Outro elemento importante utilizado para captar a qualidade das dívidas dos moradores de Chapecó
é a parcela da sua renda que está comprometida com o pagamento de dívidas. Como fica claro no gráfico
abaixo, o comportamento desta variável foi descendente até abril, sendo que maio apresentou um
crescimento que fez o grau de comprometimento da renda chegar ao patamar de 29,3%.
Os especialistas concordam que no Brasil existe um limite de segurança para o grau de
comprometimento da renda das famílias, limite este que se encontra em 30%. Desta maneira, o patamar de
comprometimento de Chapecó é seguro, porém está quase atingindo este limite, fator que deve ser objeto
de preocupação.
Na análise por faixa de renda, os habitantes com renda superior a 10 S.M. tiveram um patamar de
comprometimento da renda de 24,5% em maio, enquanto que no mesmo mês o comprometimento dos de
menor renda foi de 30,2%.
Parcela da renda comprometida com o
pagamento das dívidas (%)
29,7
29,3
28,1
27,1
fev/12
mar/12
abr/12
mai/12
Análise das contas em atraso
Seguindo a tendência do aumento do endividamento em maio, também o percentual de famílias com
contas em atraso cresceu, passando de 2,4% em abril para 14,5% em maio. Nas diferentes faixas de renda da
pesquisa, as famílias com menores rendimentos estão em maior número inadimplentes do que as famílias de
maior renda. Enquanto que 16,7% das famílias da primeira faixa estão com contas em atraso, apenas 5,9%
das famílias de maior renda demonstram a mesma situação.
Para estas famílias em atraso, em maio, apenas 16,7% não conseguirão quitar seus atrasos nos
próximos meses. Enquanto isso, 41,7% pagará apenas parte de suas contas em atraso e 33,3% quitarão
completamente seus compromissos fora de prazo.
Em relação ao tempo médio em que as contas dos chapecoenses estão atrasadas, em maio o tempo
médio foi de 32,5 dias. O resultado, como pode ser visto no gráfico abaixo, é bastante melhor do que o de
abril, onde o tempo médio de atraso havia ficado em 75 dias. Isso mostra que mesmo que o percentual de
famílias inadimplentes tenha aumentado, o tempo de atraso vem caindo, o que indica que as famílias em
pior situação vêm conseguindo quitar seus atrasos.
Tempo médio de atraso (em dias)
90,0
75,0
63,8
32,5
fev/12
mar/12
abr/12
mai/12
Análise das famílias que não terão condições de pagar suas dívidas
Finalizando a análise, outra informação da PEIC é em relação às famílias que anunciam que
futuramente não terão condições de pagar suas dívidas. Como o gráfico abaixo evidencia, a situação deste
indicador é favorável e estável, sendo que em maio apenas 2,4% das famílias afirmaram que não vão pagar
seus compromissos financeiros. Isso indica que não é provável uma expansão das contas em atraso nos
próximos meses, já que poucas são as famílias que indicaram estar à beira da inadimplência em Chapecó.
Famílias que não terão condições de pagar
suas dívidas (%)
3,7%
2,4%
3,7%
fev/12
mar/12
abr/12
2,4%
mai/12
Conclusão
A timidez das vendas de início do ano é expressão de um momento em que as famílias chapecoenses
buscaram quitar suas dívidas, feitas principalmente no Natal. Entretanto, o Dia das Mães e as novas
facilidades na concessão de crédito fizeram o endividamento presenciar um grande salto em maio.
Entretanto, é pequeno o número de famílias muito endividadas, o que nos leva a acreditar que este
patamar de 56,6% de famílias endividadas provavelmente será o pico do ano. Além do mais, apenas 2,4% dos
consumidores indicaram que não conseguirão pagar suas dívidas.
Resta apenas saber como os consumidores chapecoenses irão se comportar com as novas facilidades
de endividamento que estão surgindo. Isso mostra a importância da PEIC como uma nova ferramenta para as
empresas do comércio da cidade ter melhores informações e condições, para orientar a tomada das
melhores decisões de negócios, expandindo suas vendas e aumentando sua lucratividade.
Metodologia
Foram entrevistados consumidores em potencial, residentes no município de Chapecó, com idade
superior a 18 anos.
Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas poderiam diferir
do valor populacional desconhecido “p” por no máximo 3,5%, isto é, o valor absoluto “d” (erro amostral)
assumiria no máximo valor igual a 0,035 sob o nível de confiança de 95%, para uma população constituída de
consumidores em potencial.
Preferiu-se adotar o valor antecipado para “p” igual a 0,50 com o objetivo de maximizar a variância
populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na população. Em outras
palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada.
Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados foi de 82, ou seja, com uma
amostra de no mínimo 82 consumidores, esperou-se que 95% dos intervalos de confiança estimados, com
semi-amplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras frequências.
Download

da pesquisa