Fundamentos Legais e Pedagógicos para Organização e Oferta do AEE Luciane Campos [email protected] CUIABÁ, 03 DE JULHO DE 2012 Fundamentos Legais do Atendimento Educacional Especializado AEE O que é o AEE? Onde ele se estrutura? O QUE É O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE ? É um serviço da educação especial que [...] identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas (SEESP/MEC, 2008). O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno, visando a sua autonomia na escola e fora dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. EDUCAÇÃO ESPECIAL Modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. (MEC/SEESP, 2008, p.15) EDUCAÇÃO ESPECIAL ORGANIZAÇÃO DE REDES DE APOIO OFERTA DO AEE FORMAÇÃO CONTINUADA RECURSOS E SERVIÇOS PRÁTICAS COOLABORATIVAS REGULAMENTAÇÃO LEGAL Constituição Federal 88 Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; REGULAMENTAÇÃO LEGAL 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos 1994 – Declaração de Salamanca 1994 – Política Nacional de Educação Especial 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 1999 – Convenção de Guatemala 2001 – Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica – Resolução CNE/CEB nº 2/2001 O que se observava neste momento? O direito de todos a escola regular, por si só, não promoveu a organização de um sistema de ensino capaz de atender as singularidades de aprendizagem dos alunos da Educação Especial. REGULAMENTAÇÃO LEGAL Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – 2008 Tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais. REGULAMENTAÇÃO LEGAL Resolução CNE/CEB nº 4 de 2 de outubro de 2009 Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial Decreto 7.611 de 17 de novembro de 2011 Dispõe sobre a Educação Especial e o Atendimento Educacional Especializado Público-alvo da Educação Especial Alunos com: - Deficiência Surdez, baixa audição Cegueira, baixa visão Surdocegueira Deficiência Física Deficiência Intelectual - Transtornos Globais do Desenvolvimento - Altas Habilidades/ Superdotação PÚBLICO DO ATENDIMENTO Alunos com deficiência: aqueles com impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial que podem ter obstruída/dificultada sua participação plena e efetiva na sociedade diante de barreiras que esta lhes impõem, ao interagirem em igualdade de condições com as demais pessoas (ONU, 2006). Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicose infantil) e transtornos invasivos sem outra especificação (MEC/SEESP, 2008). Alunos com altas habilidades/superdotação: estes alunos devem ter a oportunidade de participar de atividades de enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de suas escolas em interface com as instituições de ensino superior, institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes, dos esportes, entre outros. A OFERTA DO AEE O AEE é organizado para suprir as necessidades de acesso ao conhecimento e à participação dos alunos com deficiência e dos demais que são público alvo da Educação Especial, nas escolas comuns. A OFERTA DO AEE o AEE é ofertado em todas as etapas e modalidades da educação básica e do ensino superior e nas modalidades: educação indígena, educação do campo e quilombola e nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos. constitui oferta obrigatória dos sistemas de ensino, embora participar do AEE seja uma decisão do aluno e/ou de seus pais/responsáveis. QUEM ATUA NO AEE? É realizado mediante a atuação de PROFESSORES com conhecimentos específicos no ensino de: LIBRAS, língua portuguesa na modalidade escrita, como segunda língua de pessoas com surdez Sistema Braille, sorobã, orientação e mobilidade, utilização de recursos ópticos e não ópticos Tecnologia Assistiva - TA Desenvolvimento de processos mentais, Adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, enriquecimento curricular e outros Plano AEE Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias Organizar o tipo e o número de atendimento aos alunos QUE CONTEÚDOS PERPASSAM A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE AEE Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Língua Portuguesa na modalidade escrita. Produção e adequação de materiais didáticos e pedagógicos com base em imagens. Sistema Braille. Orientação e mobilidade. Tecnologias de informação e de comunicação (TICS) acessíveis: ponteiras de cabeça, acionadores, mouses, teclados com colméias, sintetizadores de voz, entre outros. Produção de materiais táteis (desenhos, mapas, gráficos). Sorobã (ábaco). Disponibilização de materiais didático-pedagógicos acessíveis: transcrição de material em tinta para o Braille, áudio-livro, texto digital acessível e outros. QUE CONTEÚDOS PERPASSAM A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE AEE Recursos ópticos e não ópticos. Produção de textos escritos com caracteres ampliados, materiais com contraste visual. Estimulação visual. Comunicação alternativa e aumentativa – CAA. Recursos de acessibilidade: engrossadores de lápis, plano inclinado, tesouras acessíveis, quadro magnético com letras imantadas. Indicação, aquisição e a adequação de mobiliário: cadeiras, quadro. Desenvolvimento de processos educativos que favoreçam a atividade cognitiva. Alfabeto digital, Braille tátil, Tadoma. Identificação de necessidades. Elaboração dos planos de atuação – Planos de AEE. Organização de atendimentos. Seleção de atividades. O QUE FAZ O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE? 1 -Apóia o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação; Professora de AEE e os alunos atendidos na SRM 2 -Disponibiliza o ensino de linguagens e de códigos específicos de comunicação e sinalização; Alunos com surdez aprendendo a linguagem de sinais Aluno cego aprendendo a usar a reglete para uso em sala de aula comum 3 - Oferece Tecnologia Assistiva – TA; Aluno fazendo uso do computador Aluno utilizando caderno de comunicação 4 -Faz adequações e produz materiais didáticos e pedagógicos tendo em vista as necessidades específicas dos alunos; Engrossador de lápis Escrita Adaptada Produção de material pedagógico SEMPRE AMIGOS AEE PARA DF Oportunizar o acesso à Tecnologia Assistiva (TA) e suas modalidades, por meio do ensino e utilização de recursos que lhes possibilitam a ampliação de uma habilidade funcional, oportunizando autonomia de ações e participação em todos os momentos escolares. AEE PARA DF Ensino da Comunicação Alternativa Avaliação e indicação de recursos de acesso ao computador: ponteira de cabeça, colméia, mouse adaptado, acionador... Adequação e produção de material pedagógico: engrossador de lápis, plano inclinado, tesoura adaptada; Mobiliário adequado – mesa, plano inclinado, quadro AEE PARA DF Adaptação nas atividades AEE PARA DI Características do Funcionamento Intelectual Aspecto Estrutural Desenvolvimento semelhantes estruturas Aspecto Funcional - Gênese dos esquemas conceituais e processos de conhecimento - semelhantes Etapas do desenvolvimento – semelhantes Ritmo de desenvolvimento das estruturas intelectuais – mais lento Podem não conseguir finalizar o desenvolvimento das suas estruturas intelectuais (Inhelder, 1963; Paour, 1988; Figueiredo, 1995; Poulin, 1989; Lustosa, 2000; Figuiredo, 2000, 2002, 2003) Jean Piaget COMO É O CONHECIMENTO PRODUZIDO PELA MENTE HUMANA???? Jean Piaget O CONHECIMENTO É ELABORADO PROGRESSIVAMENTE POR UM SUJEITO HISTÓRICO E NA RELAÇÃO COM OS OBJETOS QUE SE ENCONTRAM NO MUNDO Jean Piaget O SUJEITO, AO NASCER, POSSUI ALGUMAS FORMAS HEREDITÁRIAS (DA ESPÉCIE E DO FUNCIONAMENTO DO ORGANISMO) PARA RELACIONAR-SE COM O MUNDO. PROGRESSIVAMENTE ESTE SUJEITO CONSTRÓI SOB O ESTOFO INICIAL TODA UMA REDE DE COORDENAÇÕES QUE POSSIBILITA O CONHECIMENTO DAS COISAS, DO NASCIMENTO À VIDA ADULTA. Desenvolvimento cognitivo segundo Jean Piaget O CONHECIMENTO PARA PIAGET, É SEMPRE ASSIMILAÇÃO ÀS ESTRUTURAS COGNITIVAS DO SUJEITO. COMO É A ESTRUTURA NO PERÍODO SENSÓRIO MOTOR? COMO É A ESTRUTURA NO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO? COMO É A ESTRUTURA NO PERÍODO OPERATÓRIO CONCRETO? COMO É A ESTRUTURA NO PERÍODO OPERATÓRIO FORMAL? Desenvolvimento cognitivo segundo Jean Piaget O CONHECIMENTO PARA PIAGET, É SEMPRE ASSIMILAÇÃO ÀS ESTRUTURAS COGNITIVAS DO SUJEITO. AS GRANDES ESTRUTURAS DE PENSAMENTO APRESENTAM UMA PROGRESSÃO E REORGANIZAÇÃO EM CADA PERÍODO DAS FORMAS QUE POSSIBILITAM A PERCEPÇÃO DAS COISAS, O PENSAMENTO E O CONHECIMENTO. O EDUCADOR QUE DOMINAR AS ESTRUTURAÇÕES COGNITIVAS, PODERÁ PROPOR ATIVIDADES E ESTIMULAÇÕES QUE CONDUZAM AO DESENVOLVIMENTO. CONHECER COMO OCORRE O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA POSSIBILITA ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS PARA OS CUIDADOS NECESSÁRIOS A ESSA “FAIXA ETÁRIA” . AEE PARA DI CARACTERÍSTICAS COGNITIVAS DO DI Dificuldades para mobilizar os seus próprios recursos cognitivos internos de modo eficiente; Oscilação do raciocínio; Dificuldades na atenção seletiva, gerando dificuldade de se orientar e planejar-se eficazmente para a realização da tarefa; Dificuldades com a memória de curto prazo – não utilizam estratégias de repetição interna ou de agrupamento de informação; Dificuldades com o planejamento e a auto-regulação = refletir sobre a própria ação e sobre a transformação das estratégias relacionadas a esta ação – repete a mesma estratégia, mesmo que ela seja ineficaz; Dificuldades na transferência das aprendizagens; Fragilidade em operar no nível das representações mentais – evoluir conceitualmente; Dificuldades psicomotoras – demora de resposta ao estímulo; AEE PARA DI TRABALHO DO PROFESSOR DO AEE Investir no potencial de aprendizagem; Organizar e promover situações de estimulação do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem - processos mentais – exercício da atividade cognitiva; Proporcionar participação ativa; Promoção da autonomia intelectual – apropriação do próprio saber; Superação de atitudes de dependência; Organização da expressão verbal; Propor desafios que impliquem o uso de estratégias cognitivas; DESENCADEAR O CONFLITO COGNITIVO AEE PARA DV Objetiva oferecer aos educandos com deficiência visual, recursos materiais e alternativas que favoreçam o acesso aos conteúdos escolares e o pleno desenvolvimento de suas potencialidades CEGOS: - Postura; - Destreza tátil - Sentido de organização, esquemas e critérios de ordem e organização; - Estimulação e exploração dos sentidos remanescentes; - Reconhecimento de desenhos, gráficos, diagramas, mapas e maquetes em relevo - produção - Sistema Braille – ensino e transcrição - Sorobã; - Orientação e mobilidade; - Aprendizagem e uso de recursos tecnológicos – leitores de tela com síntese de voz, livro digital, audiolivro BAIXA VISÃO: - Avaliação funcional da visão; -Aprender a usar recursos ópticos e não ópticos; - Aprender a usar de forma eficiente a visão residual; - Estimulação sensório motora; - Avaliar as condições de iluminação, localização no ambiente; - Uso de lupas eletrônicas; - Software magnificadores de tela - Ampliação de fontes; - Materiais com contraste visual; - Produção de materiais didáticos adequados ao tipo de visão. AEE PARA PS Ensino da Língua Brasileira de Sinais LIBRAS Ensino da Língua modalidade escrita. Ensino em LIBRAS Portuguesa na AEE PARA PS O planejamento do Atendimento Educacional Especializado é elaborado e desenvolvido conjuntamente pelos professores que ministram aulas em Libras, professor de classe comum e professor de Língua Portuguesa para pessoas com surdez. O planejamento coletivo inicia-se com a definição do conteúdo curricular, o que implica que os professores pesquisem sobre o assunto a ser ensinado. Em seguida, os professores elaboram o plano de ensino. Eles preparam também os cadernos de estudos do aluno, nos quais os conteúdos são inter-relacionados. AEE PARA TGD FUNDAMENTOS DO TRABALHO: - Três núcleos de transtornos no desenvolvimento: - Qualitativo da relação; - Alterações da comunicação e da linguagem - Falta de flexibilidade mental e comportamental. TER ATENÇÃO AS POTENCIALIDADES E O QUE FAVORECE O SUJEITO Temple Grandin Carly AEE PARA TGD Desenvolvimento da Cognição Social: - Mediar a familiarização com o ambiente - Estimular e mediar a interação com os pares - Compartilhamento social - Ampliação dos interesses Desenvolvimento da comunicação e linguagem: - Proporcionar a antecipação da rotina escolar; - Ampliação progressiva da flexibilidade da criança mediante as mudanças na rotina ou no ambiente; - Ampliar o acesso a linguagem receptiva e expressiva; Estar atento à progressiva aquisição de flexibilidade mental por parte da criança com TGD, de modo a possibilitar e indicar a flexibilização de estratégias e de oportunidades de oferta de novos desafios cognitivos e assim evitar o risco de reter a criança em seu desenvolvimento. AEE PARA ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO Trabalho de aprofundamento e enriquecimento curricular; Criação de oportunidades para trabalhos independentes e para a investigação nas áreas das habilidades e talentos: - Interface com Núcleo de Atividades de para Altas Habilidades / Superdotação - Interface com instituições de ensino superior – promoção da pesquisa, arte, esportes... AEE PARA ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO Trabalho de aprofundamento e enriquecimento curricular; - Desenvolver as capacidades, habilidades e potencialidades do aluno; - Promover a ampliação de interesses; - Fortalecer o autoconceito positivo; - Ampliar e diversificar as experiências dos alunos; - Oportunizar o desenvolvimento dos valores éticos e do convívio social; O AEE deve se articular com a proposta da escola comum, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. Plano AEE Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias Organizar o tipo e o número de atendimento aos alunos ARTICULAÇÃO: PROFESSOR AEE PROFESSOR SALA COMUM O professor de AEE e o da sala de aula interagem no sentido de assegurar o acesso e a participação autônoma do aluno nas atividades escolares. Ele ensina os alunos da sala de aula a utilizarem os recursos que seu aluno utiliza em sala de aula. Com base nessas interações o professor do AEE avalia e reformula suas ações no sentido de buscar novas estratégias e recursos, ou seja, ele refaz e reajusta o seu plano de AEE para o aluno. Articulação com as sala comum Contação de história Excursão Biblioteca Pública: Setor Braille Projeto: O texto em duas escrita Atividades em grupo Aluno ensinando colegas a utilizarem a reglete ARTICULAÇÃO: PROFESSOR AEE OUTROS PROFISSIONAIS O papel do professor do AEE não deve ser confundido com o papel dos profissionais do atendimento clínico. O AEE é desenvolvido unicamente por professores especializados, embora suas atribuições possam ter articulações com profissionais das áreas da Medicina, Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia e outras afins. O professor do AEE estabelece interlocuções com os profissionais do atendimento clínico da mesma forma que estabelece parcerias com outras áreas, tais como: arquitetura, engenharia, informática. PARCERIAS ADEFIB AEE Áreas intersetorias CRAEI CRAS VILA RECREIO COMPL EXO ESPOR TIVO REGISTROS: DIÁRIO PLANO DE AEE RELATÓRIOS DIÁRIO PLANO DE AEE RELATÓRIOS O AEE não se confunde com reforço escolar. Esse atendimento tem funções próprias do ensino especial, as quais não se destinam a substituir o ensino comum e nem mesmo a fazer adaptações aos currículos, às avaliações de desempenho e outros. “A escola como instituição de cultura há de propor não uma receita, mas princípios; não um pátio, mas caminhos; não uma cerca, mas um horizonte; não uma norma, mas valores e, em vez de um regulamento; um compromisso.” Raymundo Nonato Fernandes Obrigada! Luciane Campos [email protected]