Escola Secundária António Nobre Técnicas Laboratoriais de Química II 21 de Abril de 2004 Síntese do Ácido Acetilsalicílico (Aspirina) Trabalho experimental n.º 2 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Experiência realizada por: Ricardo Vieira N.º 18 – 11ºC Ricardo Pinto N.º 20 – 11ºC Tânia Raquel N.º 25 – 11ºC Relatório realizado por: Tânia Raquel N.º 25 – 11ºC 2 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Introdução ♦ Objectivos ........................................................................................ 4 ♦ Fundamentos Teóricos Essenciais............................................ 5 a 7 ♦ Protocolo • Material e Reagentes............................................................. 8 • Procedimento......................................................................... 9 ♦ Cálculos ................................................................................. 10 e 11 ♦ Observações.................................................................................. 12 ♦ Discussão ...................................................................................... 13 ♦ Conclusão...................................................................................... 14 ♦ Bibliografia ..................................................................................... 15 ♦ Curiosidade.................................................................................... 16 3 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Objectivos • Sintetizar Ácido Acetilsalicílico (Aspirina). C6H4COOHOH (s) + (CH3CO)2O (l) C6H4COOHOCOCH3 (s) + CH3COOH (l) • Determinar o rendimento da reacção e o seu ponto de fusão. 4 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Fundamentos Teóricos Essenciais A Química Orgânica deve o seu nome ao facto de os seus compostos terem sido os primeiramente encontrados em organismos vivos (animais e plantas). A Química Orgânica é também designada por Química dos Compostos de Carbono devido ao facto de em todos os compostos orgânicos estar presente o carbono. Os compostos de carbono encontram-se agrupados em famílias ou classes funcionais. Em cada família existe sempre uma cadeia carbonada e o mesmo grupo característico ou funcional responsável pelas propriedades físico-químicas dos compostos dessa família. Os compostos orgânicos podem, assim, ser considerados como derivados estruturalmente dos hidrocarbonetos (compostos constituídos exclusivamente por carbono e hidrogénio), fazendo a substituição de átomos de hidrogénio por outros átomos ou grupos característicos. Primeiramente, temos que saber algumas regras para nos ambientarmos com a Química Orgânica: 1. Saber como construir o nome dos hidrocarbonetos Î o nome dos hidrocarbonetos é constituído por um prefixo, que indica o número de átomos de carbono, e por um sufixo, que indica os tipos de ligação entre os átomos de carbono. N.º de átomos de C Prefixo 1 meta- 2 eta- 3 propa- 4 buta- 5 penta- ... ... Ligação Sufixo – -ano = -eno = = -dieno -ino 2. Escolher a cadeia principal Î a cadeia principal é aquela que tiver maior número de: a- Grupos funcionais. b- Ligações múltiplas (= , ). c- Átomos de Carbono. d- Radicais e/ou substituintes. 5 Síntese do Ácido Acetilsalicílico 3. Numerar a cadeia principal Î numera-se de um extremo ao outro, de forma a ter o número mais baixo para: a- Grupos funcionais. b- Ligações múltiplas (= , ). c- Radicais e/ou substituintes. d- O radical que primeiro aparece no nome (ordem alfabética). 4. Escrever o nome Î o nome do composto orgânico é escrito pela seguinte ordem: a- Radicais e substituintes por ordem alfabética (devidamente localizados). b- Prefixo indicativo do número de átomos de carbono. c- Ligação dupla e tripla, devidamente localizada. d- Grupo funcional, devidamente localizado. Quando se suprime um átomo de hidrogénio de um átomo de carbono terminal, obtém-se um radical. N.º de átomos de C Fórmula Geral Nome do radical 1 -CH3 metil 2 -CH2CH3 ou -C2H5 etil 3 -CH2CH2CH3 ou -C3H7 propil 4 -CH2CH2CH2CH3 ou -C4H9 butil Há várias classes funcionais: hidrocarbonetos saturados, insaturados e aromáticos, álcoois, éteres, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres, amidas, aminas. O que nos interessa para a nossa experiência é uma classe funcional chamada ácidos carboxílicos. O nome dos ácidos carboxílicos obtém-se substituindo o o final do nome correspondente hidrocarboneto pelo sufixo oico, exemplo: CH3 –COOH, o nome trivial deste composto é Ácido Acético, quando já se trata do nome sistemático (IUPAC) é chamado Ácido Etanoico. O seu grupo característico, desta classe, é o –COOH, onde se encontra o hidrogénio ácido. Este grupo, em estrutura, só se localiza-se nos carbonos das extremidades. 6 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Nesta experiência teve que se saber calcular a massa volúmica. A massa volúmica é uma grandeza física de uma substância, a sua equação é a seguinte: p = m V O ponto de fusão, também, foi objecto de estudo durante esta experiência. O ponto de fusão é a temperatura à qual uma substância passa do estado sólido ao líquido, nas condições normais de pressão, coexistindo ambas as fases (líquida e sólida) em equilíbrio. Como o objectivo principal desta experiência foi calcular o rendimento da reacção, tive que se saber utilizar esta fórmula: Quantidade de produto realmente obtida (real) η (%) = Quantidade de produto obtida na reacção completa (teórico) x 100 7 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Material • • • • • • • • • • • • Aparelho para determinação do ponto de fusão (TLQ I) Balança semianalítica Copos de 250mL e 500mL Erlenmeyer de 250mL Equipamento para filtração por vácuo Papel de filtro Placa de aquecimento Provetas de 10mL e de 25mL Suporte universal com garra e noz Termómetro Espátula Vidro de relógio Produtos • • • • Água destilada Ácido Salicílico Î C6H4COOHOH (s) Anidrido Acético Î (CH3CO)2O (l) Ácido Sulfúrico Î H2SO4 (catalisador) 8 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Procedimento 1. Pesaram-se 5,0 g de ácido salicílico e transferiu-se para o Erlenmeyer. 2. Adicionou-se 10mL de anidrido acético e agitou-se intensamente até ter formado uma mistura homogénea. 3. Fixou-se o Erlenmeyer no suporte universal e introduziu-se em banhomaria. 4. Adicionou-se 10 gotas de ácido sulfúrico concentrado (97%), com esta adição a temperatura eleva-se. 5. Aqueceu-se durante 10 minutos a cerca de 45ºC, até que a reacção cessou. 6. Passados os 10 minutos, adicionou-se 10mL de água destilada, previamente medida numa proveta de 10mL , ao Erlenmeyer, agitando até não ser perceptível a libertação de vapores de ácido acético. 7. Pesou-se o papel de filtro, e de seguida filtrou-se a vácuo. Lavou-se os cristais com água destilada. 8. Deixou-se uma semana a secar. 9. Determinou-se a massa de composto obtida 10. Determinou-se o ponto de fusão com o aparelho automático (TLQ I) 9 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Cálculos • Dados Ar (C) = 12,0107 Ar (O) = 15,999 Ar (H) = 1,0079 Reagente limitante e de excesso: M (C6H4COOHOH) = 138,1214 g/mol M ((CH3CO)2O) = 102,0884 g/mol 138,1214 g de Ácido Salicílico 102,0884 g de Anidrido Acético 5 g de Ácido Salicílico a Ù a = 3,696 g de Anidrido Acético m p= 1,080 Kg = V = 1,080 Kg/L 1L Ou seja, 1080 g 1000 cm = 1,08 g/cm3 3 m=Vxp Ù m = 10 cm3 x 1,08 g/cm3 Ù m = 10,8 g Verificamos que o reagente em excesso é o Anidrido Acético, pois teoricamente só precisávamos de 3,696 g para reagir com o Ácido Salicílico, e o que na realidade temos é 10,8 g. Também, podemos afirmar que o reagente a limitar a reacção é o Ácido Salicílico. Com a subtracção da massa real e teórica de Anidrido Acético, podemos saber o valor da massa que ficou em excesso, 10,8 g – 3,696 g = 7,104 g. 10 Síntese do Ácido Acetilsalicílico • Massa do papel de filtro 1ª Pesagem 2ª Pesagem 3ª Pesagem 0,23 • 0,20 0,23 Média 0,22 Massa do conjunto (papel de filtro e Ácido acetilsalicílico) conjunto = 5,27 g conjunto – papel de filtro ; 5,27 – 0,22 = 5,05 g de Ácido Acetilsalicílico • Rendimento da reacção 138,1214 g de Ácido Salicílico 180,1582 g de Ácido Acetilsalicílico 5 g de Ácido Salicílico b Ù b = 6,522 g de Ácido Acetilsalicílico η (%) = Massa Obtida x 100 Massa Teórica η (%) = 5,05 x 100 6,522 Ù η = 77,43 % • Ponto de fusão do ácido acetilsalicílico Valor = 125,4ºC (valor comentado na Crítica, pág.: 13) 11 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Observações • Quando se adicionou o Anidrido Acético ao ácido salicílico formou-se um líquido branco homogéneo apesar de ser difícil a dissolução. • Quando se colocou a solução em banho–maria, esta tornou-se pastosa. • Os vapores que a solução libertava, lembrava-nos o cheiro a vinagre. • Ao se filtrar a solução já tinha um aspecto em pó. • No decorrer da filtração, notou-se que havia “espuma” no Erlenmeyer. 12 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Crítica A experiência decorreu sem quaisquer problemas, tendo-se obtido um rendimento razoável (77,43%). O rendimento poderia ter sido maior, se no transporte do produto não caíssem pequenas porções. Também, poderia ter sido influenciado (o resultado do rendimento) ao retirar-mos, do produto, dosagens pequenas para encher capilares, para assim, determinar o seu ponto de fusão. Como disse anteriormente, determinou-se o ponto de fusão. Ao nosso grupo deu um valor, relativamente baixo, 125,4ºC (o normal seria 135,6ºC). Para este valor, há explicações: a substância em causa poderia não ser pura; poderia, ainda, estar com humidade. Quaisquer um destes factores poderia ter influenciado o rendimento e, também, o ponto de fusão. 13 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Conclusão Durante a realização desta experiência sintetizou-se a aspirina (ácido acetilsalicílico), cuja fórmula é C6H4COOHOCOCH3. Insere-se nos compostos orgânicos, dentro destes insere-se, ainda, nos compostos funcionais. A sua classe e o seu grupo funcional são os ácidos carboxílicos e –COOH, respectivamente. Observamos o seu ponto de fusão e calculamos o seu rendimento, cujos dados já foram referidos na crítica. A experiência decorreu optimamente e sem quaisquer problemas. 14 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Bibliografia • Queirós, M. A.; Simões, M. O.; Simões, T. S. – Técnicas Laboratoriais de Química – Bloco II , Porto Editora ; Porto, 2003. • Queirós, M. A.; Simões, M. O.; Simões, T. S. – Técnicas Laboratoriais de Química – Bloco I , Porto Editora ; Porto, 2002. 15 Síntese do Ácido Acetilsalicílico Curiosidade A história da aspirina possui um maior interesse a partir de 1853 quando Charles Gerhardt descobriu a estrutura química do ácido salicílico. Reagindo este ácido com cloreto de acetil ele sintetizou o ácido acetilsalicílico, pela primeira vez na humanidade. O novo produto possuía as mesmas características anti-inflamatórias e analgésicas do ácido salicílico, mas não tinha o seu desagradável sabor azedo nem era tão irritante para as mucosas. Em 1899 a Bayer, companhia de produtos químicos onde Félix Hoffmann trabalhava, sintetizou-o e registrou-o, em Março de 1899, no Registo Imperial de Patentes de Berlim com o nome de Aspirina. Aspirina pode ser designada por ácido acetilsalicílico. Esta substância é branca, cristalina, solúvel na água, porém, é mais solúvel no éter e no álcool. Possui um sabor levemente ácido. A Aspirina exerce uma acção antitérmica, analgésica, anti-gripal e anti-reumatismal. O ácido acetilsalicílico costuma aparecer associado a outras substâncias tais como a cafeína, fenacetina, codeína e amido. A Aspirina é usada sob a forma de comprimidos e supositórios. Embora tenha um poder extraordinário, a aspirina é mais perigosa do que geralmente se acredita. A sua toxidade é tanta que cerca de 15g, apenas, podem ser fatais para uma criança pequena. Ela pode causar hemorragia estomacal e reacções alérgicas em pessoas que dela fazem uso prolongado. A preparação do ácido acetilsalicílico pode ser realizada quer no laboratório quer industrialmente, por reacção entre o ácido salicílico e o Anidrido Acético, usando um ácido como catalisador. 16