ID: 61712162 O 05-11-2015 Tiragem: 16000 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Radar Cerca de 20 milhões ao ano são o que se ganharia com uma maior cobertura dos cuidados de saúde primários, diz a OCDE Aarrómo PEDRO SANTOS Saúde. Portugal é dos países da UE onde famílias mais pagam dos seus bolsos Relatório da OCDE mostra que Portugal foi o país onde a despesa na farmácia mais caiu e que a obesidade infantil ainda é preocupante KÁTIA CATULO katia.catulo@ümline.pt As famílias portuguesas estão entre as que mais gastam em cuidados de saúde nos países membros da OCDE. A conclusão surge no relatório "Health ata Glance 2015", que conclui ainda que 27,2% dos encargos totais com a saúde foram pagos directamente pelas famílias. Portugal foi em 2013 o terceiro país da União Europeia onde as famílias mais contribuíram directamente para a saúde, sendo apenas ultrapassado pela Grécia (30,7%) e pela Hungria (28,1%). Na OCDE, em média, os países apresentam taxas de pagamentos directos dos doentes na ordem dos 19%. Portugal destaca-se sobretudo por ter registado a maior queda na despesa com medicamentos nas farmácias entre 2009 e 2013. Nesse intervalo, a despesa pública com medicamentos nas farmácias desceu 11,1% ao ano, a maior queda entre os 28 países analisados. No mesmo período, a descida média de despesa com fármacos nas farmácias entre o conjunto de estados da OCDE foi de 3,2% ao ano. Aliás, a maioria dos países analisados no relatório cortou com as despesas em remédios entre 2009 e 2013, tendo os cortes percentualmente mais significativos acontecido em Portugal, na Dinamarca, na Islândia, na Grécia e no Luxemburgo. De acor- do com a OCDE, em Portugal os gastos com medicamentos em 2013 foram em média de 358 euros por cada português, abaixo da média de 471 euros per capita do conjunto de países analisados. No relatório ontem divulgado, a organização volta a lembrar que as questões financeiras, a par das barreiras geográficas ou dos elevados tempos de espera, condicionam o acesso, o que põe em causa a saúde dos utentes. DESPERDíCIOS A cobertura dos cuidados de saúde primários é outras das fragilidades apontadas que não ficaram resolvidas com a reforma do sistema hospitalar. "O sistema de saúde por- tuguês ainda é demasiado dependente do sector hospitalar", lê-se no documento, que propõe um aumento da resposta a "nível comunitário para a oferta de reabilitação, cuidados pós-agudos e resposta a urgências" para aliviar a pressão sobre os hospitais. A OCDE estima que 30% da actividade hospitalar poderia ser feita na comunidade e que 20 milhões de euros poderiam ser "poupados num ano com a transferência de mais cuidados de enfermagem para fora dos hospitais". No que respeita ao número de enfermeiros, a organização refere que, Portugal é o terceiro país da UE onde as famílias mais pagam pela saúde Esperança de vida à nascença é um dos indicadores mais positivos para Portugal no ano passado, mais de 6500 enfermeiros portugueses estavam a trabalhar noutros países da União Europeia. Portugal é assinalado no relatório como um dos países com um Meio de enfermeiro por médico mais baixo (1,4 em 2014), apresentando ainda, em 2013, uma média de 6,1 enfermeiros por mil habitantes, muito abaixo da média da OCDE, que era nesse ano de 9,1 enfermeiros por mil habitantes. OBESIDADE Destacando os pontos fortes e fracos de cada país, o relatório aponta o bom exemplo das baixas taxas de obesidade entre adultos, o que já não acontece entre as crianças portuguesas. Portugal apresenta também elevadas taxas de morte, por ataque cardíaco e AVC. Os serviços deficitários de saúde dentária estão igualmente entre as principais críticas. Já no que se refere à esperança média de vida à nascença, Portugal merece destaque pelas melhores razões. Em 2013 este indicador fixou-se nos 80.8 anos, enquanto a média da OCDE se ficou pelos 80,5 anos. Nas últimas quatro décadas. Portugal foi o país da Europa que apresentou melhorias mais significativas neste indicador, registando mais 14,1 anos que aquela que era a esperança média de vida à nascença na década de 70. Com Lusa