Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial Curso de Negociação e Mediação Empresarial João Alberto Santos de Oliveira SATISFAÇÃO DOS DOIS LADOS ENVOLVIDOS NA NEGOCIAÇÃO ARACAJU 2013 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3 2 O CONFLITO ................................................................................................................ 3 3 A NEGOCIAÇÃO ......................................................................................................... 4 4 FASES DA NEGOCIAÇÃO ........................................................................................ 5 5 O NEGOCIADOR ........................................................................................................ 6 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 7 3 1 Introdução A negociação está inserida em quase todos os atos das nossas vidas. Quando contratamos, compramos, vendemos, entre empresas, nas relações de emprego, na conversa com a esposa, com os filhos, na escola, enfim, quase sempre estamos negociando. No caso em tela vamos tratar da negociação para resolução de conflitos no contexto empresarial, que envolve empresas que estão contratando entre si, relação de fornecimento de matéria prima, mercadorias e serviços e a relação de sócios, empregados, gerentes com seus subordinados, dentre outras. 2 O conflito Inicialmente vamos entender o que é o conflito. O conflito é gerado pela insatisfação de uma ou mais partes envolvidas no negócio. Existem vários tipos de conflitos, desde os mais simples que podem ser resolvidos rapidamente e sem muita técnica, os conflitos médios e os conflitos complexos. É necessário dimensionar o conflito para escolher a melhor solução para resolvê- lo. Seja através da negociação ou de outros meios de solução com a intervenção de um terceiro, como a conciliação, mediação ou a arbitrage m, não excluindo a possibilidade de se procurar a solução estatal. No meio empresarial a solução procurada geralmente é a estatal, que, muitas vezes não atende a real necessidade das partes. A Justiça brasileira é lenta e demora a dar uma resposta ao litígio. A grande possibilidade de recorrer atrasa ainda mais o resultado final do processo. Além disso, na maioria das vezes a decisão não satisfaz os anseios das partes, geralmente julgando favorável para um em detrimento do outro. Seria uma decisão GanhaPerde. Para melhor dar uma solução aos conflitos são estimulados os meios extrajudiciais de solução, na maioria resolvendo o litígio de uma forma pacífica, reduzindo os transtornos decorrentes do conflito. 4 Em um conflito, as partes litigantes muitas vezes envolvem, além do objeto em disputa, o lado emocional e os sentimentos, que alteram aparentemente o que se quer buscar com aquela contenda. Temos aí dois tipos de formas em que a parte de apresenta: uma a que a parte aparenta litigar (posição) diante a outra parte, e a outra é o que a parte queria realmente ganhar (interesse) se ganhasse a demanda. Para identificar o real interesse da outra parte, o negociador tem que ser perspicaz e ter conhecimento das técnicas da negociação para saber conduzi- la da melhor forma possível até chegar a uma solução do litígio. 3 A negociação Algumas pessoas pensam que negociar é um dom inerente à pessoa. Ledo engano. É verdade que têm pessoas que tem a facilidade em negociar, seja pela personalidade própria ou pelo ambiente em que foi criado. Porém, negociar é uma ciência em que as pessoas aprendem técnicas específicas para administrar o litígio ou qualquer outro tipo de negociação. Para isso, existem diversos cursos especializados em ensinar a arte de negociar. Portanto, a arte de negociar é fazer com que um negócio se realize entre duas ou mais parte, sem a necessidade de disputas acirradas, nem a transformação de um ato de negociar em uma vitória de um e uma derrota para o outro. Quando ouvimos o ditado popular: “negócio bom é quando é bom para os dois” se trata de uma forma de definir a negociação no tipo ganha-ganha, ou seja, as parte saem ganhando ou, no mínimo, satisfeitas com o resultado. Nem sempre o resultado é igual para as partes. O importante é a satisfação de cada lado. Para se realizar o procedimento da negociação é necessário está de boa-fé e ter conhecimento de técnicas, respeitarem as fases do processo, fazer um planejamento das ações, preparar com afinco as reuniões (local, data, estrutura, conforto, etc.) para que as partes se sintam bem. 5 Quando se aceita sentar em uma mesa para tentar um entendimento, as partes em litígios devem participar com expectativas positivas e com a intenção de resolver o conflito, preparada para ceder alguns pontos controversos e demonstrar suas reais necessidades, se desvinculando um pouco da posição que assumiu frente ao conflito, praticando atos e atitudes que promovam o entendimento no procedimento negocial. A negociação é uma sequência de atos praticados pelas partes, fazendo concessões e reajustes em suas posições e interesses cada um com a intenção de se chegar a uma solução do impasse, através de um acordo. Negociar não é comprar pelo menor preço nem tirar vantagem, prejudicando a outra parte. Negociar é saber conduzir uma disputa ou um desentendimento de uma maneira que não prejudique as partes e que no final todos fiquem satisfeitos com o resultado ou o acordo. Negociar é uma arte que encanta as pessoas no desenrolar do litígio, transformando até inimigos em pessoas que possam conviver socialmente, ou até fazer com que as partes superem o litígio e voltem a ter uma relação comercial sadia. 5 Fases da negociação Muitas são as técnicas utilizadas na negociação, mais, para utilizá- las precisamos dividir em três fases, quais sejam: preparação, execução e encerramento. Na fase da preparação e planejamento é quando se vai trabalhar a forma como a negociação vai proceder. O local adequado, sendo o ideal ser um local neutro ou em território de uma das partes, desde que a outra parte aceite, o horário tem que ser propicio, preparar pauta, etc. A execução é a fase que se vai por em prática as principais técnicas da negociação. Primeiro fazer a abertura da negociação, identificando o conflito, cada parte colocando suas posições ou interesses, demonstrando suas posturas aberta ou fechada para a negociação, fazer a escuta dinâmica, cada parte falando e a outra ouvindo atentamente sem interrupção, deixando para fazê-la em momento adequado. 6 A fase da execução tem uma maior importância porque é nela que as partes têm a oportunidade se transformar o litígio em uma relação negociação sadia, cada um apresentando as suas razões e suas propostas, cabendo ao negociador de cada lado saber identificar o real interesse da outra parte para que essa informação ajude a solucionar o conflito. Também é nessa fase que as partes irão sugerir alternativas ou construí- las conjuntamente, dando explicações sobre o conflito, fazendo concessões cada parte, caminhando para chegar ao acordo. Na fase do encerramento é onde ocorre o desfecho da negociação. Depois do acordo desenhado é necessário ter cuidado com os comentários e as reações, pois podem levar o provável acordo a um desacordo. Não pode haver comemoração por achar que foi um bom negócio, pois a outra parte pode entender que para ela não foi tão bom assim. É importante escrever tudo que foi definido e apresentar a outra parte os termos do acordo para saber se ela concorda. Havendo o aceite, redige o acordo e as parte assinam. Alguns princípios são importantes para se ter uma boa negociação. O primeiro é se colocar no lugar do outro, para tentar identificar os seus interesses e, também, não querer tirar proveitos exagerados da negociação. O outro princípio é saber que não se vai resolver tudo em uma única reunião. Não pode ter pressa. Ela pode prejudicar a negociação e não se chegar a uma conclusão. Por fim as partes têm que conquistar a confiança recíproca. Elas estão ali para solucionar o conflito, utilizando da boa-fé e da honestidade, sem utilizar subterfúgios para levar vantagem. Se perder a confiança, o acordo não vai acontecer. 5 O Negociador O negociador é uma pessoa que pode já ter a experiência prática, habilidades para negociar, mais é preciso também de técnicas negociais. A negociação é um procedimento que tem várias etapas, que nem sempre precisam ser todas cumpridas, mas, se necessário é preciso percorrê- las. A pessoa precisa ter alguns atributos para se tornar um negociador. A começar pelo perfil, além da paciência, humildade, honestidade, ser ético, saber ouvir e se comunicar através de uma linguagem acessível, ter controle emocional, saber se posicionar em uma reunião, ter postura, conhecimento técnico, etc. 7 Nem pessoas preenchem os requisitos necessários para ser um bom negociador. Os requisitos são adquiridos através do tempo da experiência prática e do aprendizado teórico, através de cursos e treinamentos, permitindo que as pessoas aprendam a arte de negociar. 6 Conclusão A negociação é um método extrajudicial de solução de conflitos, sem a interferência de um terceiro, que sendo bem planejada e se for tratada por pessoas experientes, resolve o conflito e, ainda, retoma uma relação harmônica entre as parte. As empresas poderiam procurar resolver seus litígios sem a necessidade de procurar o Poder Judiciário, ganhando tempo e dinheiro, transformando o litígio em uma relação amigável, podendo, até, manter uma relação amistosa entre as pessoas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTINELLI, Dante P.; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação: Como transformar confronto em cooperação. São Paulo: Atlas, 1997. ___________________________________________. Negociação e Solução de Conflitos: Do impasse ao ganha-ganha através do melhor estilo. São Paulo: Atlas, 1998. 8