Fátima Cristina Macedo ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS Fátima Cristina Macedo ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Administração da Qualidade do Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes. Orientador: Prof. Carlos Cereja Dedicatória Dedico este trabalho ao meu esposo Anderson Valerio e a minha filha Luiza Cristina, que me apóiam em todos os momentos da minha vida. Agradecimentos A Deus, por estar sempre guiando meus passos. A amiga de trabalho Anna Carolina de S’antanna que me apóia em todas as decisões À minha mãe e irmã, pela amizade e apoio. RESUMO As Unidades Estratégicas de Negócios têm suas estratégias e a maioria de suas decisões baseadas e/ou acompanhadas por indicadores (medidores ou índices) de desempenho: quantificadores que buscam sintetizar as condições objetivas do mundo real em que efetivamente a operação acontece, traduzindo em números ou identificadores a situação do ambiente, do negócio e da interação entre eles, de forma a possibilitar o reconhecimento pela organização, e, particularmente, pelos executivos, do desempenho alcançado, em quais condições e a manifestações das tendências. A utilidade dos indicadores de desempenho, portanto, vai além da quantificação numérica dos resultados obtidos e do conjunto de situações que circunscrevem a operação. Pode-se assumir que os indicadores de desempenho norteiam as organizações no julgamento da operação e fornecem o referencial para as decisões que definirão o seu futuro. O objetivo deste trabalho é destacar a importância da utilização dos indicadores de desempenho em Unidades Estratégicas de Negócios no setor de Engenharia. Utilizou-se, como método de pesquisa, o estudo de caso, realizado no departamento de Engenharia de uma indústria de grande porte. Na análise do caso foram observadas algumas inconformidades como a falta de conhecimento de todos os marcos contratuais que deveriam ser cumpridos em cada contrato; falta de histórico de projeto que pudesse servir de analogia para obras posteriores, devido à indústria não ser de equipamentos seriados; estouro da quantidade de horas orçadas em cada projeto e descumprimento de prazos pré-estabelecidos. Palavras-chave: Gerenciamento, Indicadores de Desempenho, Unidades Estratégicas de negócios. SUMÁRIO RESUMO........................................................................................................................ 5 ABSTRACT .................................................................................................................... 6 LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 9 LISTA DE QUADROS .................................................................................................. 10 LISTA DE EQUAÇÕES................................................................................................ 11 LISTA DE SIGLAS....................................................................................................... 12 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 13 1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO................................................................................ 14 1.2 14 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO................................................................................ METODOLOGIA DA PESQUISA........................................................................... 14 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................. 15 2 UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS..................................................... 16 2.1 O CONCEITO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS.............................. 16 2.1.1 Vivenciar a Unidade Estratégica de Negócios........................................ 17 2.1.2 Aspectos Básicos a serem Considerados na Estruturação por UEN..... 18 2.2 DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL POR UEN.............. 19 2.2.1 Os Níveis de Abrangência de uma UEN................................................. 19 2.2.2 Os Níveis de Influência de uma UEN..................................................... 20 2.2.3 Componentes da Estrutura Organizacional por UEN ............................. 21 2.3 CONDICIONANTES DA ESTRUTURA POR UEN .................................................... 25 2.3.1 Fator Humano......................................................................................... 25 2.3.2 Fator Ambiente ....................................................................................... 26 2.3.3 Fator Sistema de Objetivos, Estratégias e Políticas ............................... 26 2.3.4 Fator Tecnologia..................................................................................... 27 2.4 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO DE UMA UEN ............................................. 27 2.5 CRITÉRIOS PARA A ALTERAÇÃO DE UM NEGÓCIO PARA UMA UEN...................... 28 2.6 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS 30 2.6.1 Fases do Planejamento Estratégico ....................................................... 32 8 2.6.1.1 Fase I - Diagnóstico Estratégico: ........................................................ 34 2.6.1.2 Fase II - Missão da Empresa .............................................................. 36 2.6.1.3 Fase III - Instrumentos Prescritivos e Quantitativos............................ 36 2.6.1.4 Fase IV - Controle e Avaliação:........................................................... 36 3 INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UEN.................................................... 39 3.1 A MEDIÇÃO DO DESEMPENHO DAS UEN........................................................... 39 3.2 DEFINIÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................. 41 3.3 MODELOS DE INDICADORES DE DESEMPENHO .................................................. 42 3.4 A IMPORTÂNCIA DA MEDIÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ................... 43 3.4.1 Função dos Indicadores de Desempenho .............................................. 45 3.5 GESTÃO ESTRATÉGICA ORIENTADA POR INDICADORES DE DESEMPENHO .......... 45 3.6 A REVISÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO .............................................. 47 3.7 TIPOS DE INDICADORES.................................................................................... 49 3.8 REPRESENTAÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO..................................... 51 3.9 BALANCED SCORECARD (BSC) ........................................................................ 52 3.9.1 As Quatro Dimensões do BSC e seus Principais Indicadores................ 53 3.9.1.1 Dimensão Financeira.......................................................................... 55 3.9.1.2 Dimensão Cliente / Mercado............................................................... 58 3.9.1.3 Dimensão Processos de negócio internos/operacionais..................... 60 3.9.1.4 Dimensão Aprendizado e Crescimento............................................... 61 3.9.2 A Utilização do BSC na Ação Estratégica.............................................. 63 4 ESTUDO DE CASO: UMA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA................................ 67 4.1 CONFIGURAÇÃO DA EMPRESA DO ESTUDO DE CASO......................................... 67 4.2 CONFIGURAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DA METALFFI................. 69 4.2.1 Definição das atividades da Engenharia................................................. 71 4.2.2 Os Indicadores de Desempenho da Engenharia.................................... 76 5 CONCLUSÃO....................................................................................................... 83 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 86 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Modelo de UEN......................................................................................... 18 Figura 2 - Amplitude Teórica Ideal de uma UEN....................................................... 23 Figura 3 - Interação Entre a Administração Corporativa e UEN................................ 27 Figura 4 - Fases do Planejamento Estratégico.......................................................... 33 Figura 5 - Níveis do Ambiente da Empresa............................................................... 35 Figura 6 - Processo do Planejamento Estratégico.................................................... 37 Figura 7 - Gestão Estratégica.................................................................................... 46 Figura 8 - Pirâmide da Medição Usada em Todos os Níveis da Companhia............ 52 Figura 9 - As Quatro Perspectivas do Balanced Scorecard (BSC)........................... 54 Figura 10 - Medidas Essenciais da Perspectiva de Clientes no BSC....................... 59 Figura 11 - Representação da Proposta de Valor..................................................... 59 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Medidas dos Objetivos Financeiros x Estratégia das UEN..................... Quadro 2 - Planilha de Análise Crítica............................................................. ......... 57 79 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 - Modelo de Indicador de Desempenho de Retrabalho........................... Equação 2 - Modelo de Indicador de Desempenho de Custo de Retrabalho........... Equação 3 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Produtivas................. Equação 4 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Gastas por Projeto.... 77 78 79 80 Equação 5 - Modelo de Indicador de Desempenho de Eventos de Projeto.............. LISTA DE SIGLAS AEN - Área Estratégica de Negócios BSC - Balanced Scorecard GE - General Eletric UEN - Unidade Estratégica de Negócios ROI - Retorno Sobre Investimento 81 INTRODUÇÃO No cenário atual, muitas empresas estão optando por dividirem seus negócios em Unidades Estratégicas de Negócios, que representam agrupamentos de atividades que possuem amplitudes de negócios, com o objetivo de buscar a otimização dos resultados da organização. Afinal, a concorrência assume escala global e postura cada vez mais agressiva, forçando as empresas a buscarem constante melhoria em seus processos, produtos/serviços, rapidez e melhores preços. Todas estas mudanças passam a exigir das organizações novos modelos de gestão. As Unidades Estratégicas de Negócios (UEN) são empresas que descentralizam-se em subatividades, e se espera que cada uma destas atividades tenha vida própria, com receitas e despesas, porém respeitando estratégias, regras e objetivos do contexto global da organização. Estas estruturas são orientadas para negócios ou para um conjunto de negócios relacionados; tal focalização estimula o desenvolvimento de unidades mais especializadas e sintonizadas com um tipo de mercado, em relação a conhecimento, eficiência e especialização. As UEN auxiliam a otimização dos resultados da organização e uma de suas principais vantagens está na focalização do negócio, que assegura maior foco e compreensão do mercado e desenvolvimento de competências específicas para o negócio. Neste ambiente, mais do que nunca, requer-se das UEN o uso de indicadores de desempenho que funcionem como elementos básicos dentro do processo de gestão, que sejam sistemas de medição, que reflitam todas as mudanças no ambiente, que forneçam informações adequadas para suportar o gerenciamento do negócio e que sejam empregados para analisar se as suposições que estão por trás das estratégicas utilizadas são válidas ou não. Os indicadores de desempenho devem ser desenvolvidos para auxiliar a implantação da estratégia empresarial, devem objetivar a aprendizagem organizacional e servirem como sinais vitais da organização. Assim, podem funcionar como diagnósticos situacionais, em que, mais do que simples indicadores financeiros, podem atuar como ferramentas de gerenciamento que direcionem as mudanças, evidenciem a posição competitiva da empresa como um todo, aprimorem processos e funcionem como ferramentas para melhor prever o futuro. 1.1 Objetivos do Trabalho Apresentar, de forma estruturada, a importância do desenvolvimento de Indicadores de Desempenho efetivos que auxiliem no sistema de decisão das Unidades Estratégicas de Negócios. E, também, identificar, através do estudo de caso, as vantagens da aplicação de Indicadores corretos no departamento da Engenharia. 1.2 Delimitação do Estudo O presente estudo verificou o que são Unidades Estratégicas de Negócios e o que são Indicadores de Desempenho como sistemas de medição e verificação da performance. Apresenta, também, a aplicação de caso na Engenharia, limitando-se, apenas, a descrever um exemplo de aplicação de indicadores de desempenho. 1.3 Metodologia da Pesquisa O objetivo da metodologia é propiciar o desenvolvimento de uma pesquisa que segue a direção estabelecida por Silva e Meneses (apud Costa 2003). O objetivo da pesquisa é a solução de problemas que ainda não têm suas respostas encontradas. A metodologia, conforme Marconi e Lakatos, (2000) não garante o alcance da verdade, mas ajuda a reduzir e evitar mais facilmente o erro. Ela pode ser desenvolvida por meio da utilização de métodos e técnicas, além de outros procedimentos científicos. O estudo de caso é uma das muitas maneiras de se fazer uma pesquisa científica. Segundo Gil (apud Costa 2003) sua característica principal é o estudo detalhado de um objeto, investigando o fenômeno atual dentro do contexto real no qual se encontra. Segundo Tellis (apud Costa 2003), o estudo de caso pode ser dividido em três tipos: descritivo: em que se narra uma situação; exploratório: em que as questões e hipóteses que serão levantadas pela pesquisa podem ser definidas após o campo de trabalho e a coleta de dados terem sido feitos; e explanatório, quando que são vinculados fatos com suas respectivas causas. O presente trabalho optou por utilizar como método de pesquisa o estudo de caso descritivo, a fim de observar a utilização de indicadores de desempenho na área de Engenharia de uma Unidade Estratégica de Negócios. A pesquisa tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias; seu objetivo é proporcionar uma visão geral da importância e utilização dos Indicadores de Desempenho em Unidades Estratégicas de Negócios. A metodologia proposta neste trabalho é uma pesquisa descritiva associada a um estudo de caso. As razões que levaram a desenvolver este tema foi a verificação de várias tomadas de ações erradas, devido a utilização de indicadores ineficientes, que apresentavam informações errôneas ou superficiais que prejudicaram a decisão correta e a tomada de ações preventivas e corretivas pontuais para os diversos momentos da organização, além da perda de tempo devido a constantes revisões nos mesmos processos. 1.4 Estrutura do Trabalho No capítulo 1 são abordados os objetivos deste trabalho, assim como sua importância, limitações e estruturação. O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica sobre os conceitos referentes às Unidades Estratégicas de Negócios, assim como de seu Planejamento Estratégico. O capítulo 3 traz uma descrição da utilização de Indicadores de Desempenho. Em seguida, o capítulo 4 analisa, por meio do estudo de caso, a aplicação dos Indicadores de Desempenho. No capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas através do desenvolvimento do trabalho. UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS Este capítulo tem por objetivo apresentar o conceito das Unidades Estratégicas de Negócios (UEN), sua representatividade, importância, os aspectos que devem ser considerados na estruturação de uma UEN, como é seu gerenciamento, quais são suas responsabilidades como estrutura organizacional, níveis de abrangência, de influência, assim como os componentes e objetivos. 1.5 O Conceito das Unidades Estratégicas de Negócios O conceito de Unidades Estratégicas de Negócios (UEN) foi desenvolvido, em 1970 por Fred Borch, principal executivo da General Eletric (GE), que adotou como estratégia a divisão dos negócios da empresa em um conjunto de unidades independentes e autônomas. O objetivo era administrar estas unidades isoladamente, como negócios próprios. Esta divisão foi recomendada para Borch pela empresa de consultoria McKinsey. A nova estruturação da GE se tornou necessária porque a empresa passou por uma grande evolução, deixando de fabricar somente motores elétricos e negócios de iluminação para tornar-se uma organização com vasta quantidade de indústrias. Todo esse crescimento resultou, para a GE, em complexos desafios, resultado do aumento de tecnologias necessárias, diversidade de negócios ou tamanho da empresa e diferentes escopos internacionais. Surgia, assim, um novo conceito de gerenciamento; cada unidade estratégica de negócios deveria ter um segmento de mercado bem definido, garantindo, ao executivo da empresa, o domínio de todos os aspectos que interferissem no negócio e recursos para executar uma estratégia de sucesso com completa autonomia do restante da empresa. As Unidades estratégicas de Negócios (UEN), segundo Oliveira (2003, p. 90), define-se como um “agrupamento de atividades que tenham amplitude de um negócio e atuem com perfeita interação com o ambiente empresarial”; portanto, somente podese considerar uma divisão por UEN quando houver, realmente, enfoque e abrangência de um negócio. As UEN são empresas que descentralizam-se em subatividades, e se espera que cada uma destas atividades tenha vida própria, com receitas e despesas, porém respeitando as estratégias, regras e objetivos do contexto global da organização. Estas subestruturas são orientadas para negócios ou para um conjunto de negócios relacionados, tal focalização estimula o desenvolvimento de unidades mais 17 especializadas e sintonizadas com um tipo de mercado em relação a conhecimento, eficiência e especialização. Um dos principais aspectos abordados sobre a estruturação por UEN é que, ela auxilia a otimização dos resultados da organização, pois, conforme menciona Oliveira (2003, p. 90), “cada produto/serviço ou conjunto de produtos/serviços homogêneos quanto a sua finalidade maior constitui um negócio e, conseqüentemente, deve ser administrado como tal, apresentando os devidos resultados”. Uma das principais vantagens das unidades estratégicas de negócios está na focalização, que assegura maior foco e compreensão do mercado e desenvolvimento de competências específicas para o negócio. 1.5.1 Vivenciar a Unidade Estratégica de Negócios De acordo com Saviani (1998), viver o negócio significa conhecer o mercado concorrente nacional e internacional, descobrir as novas possibilidades de sair à frente da concorrência. Para tanto, a organização deve apresentar forte comprometimento com sua estratégia, com a forma de desenvolver suas atividades, com a contínua busca da satisfação dos clientes e com o objetivo de vislumbrar um modelo que se sustente num horizonte de mais longo prazo. Neste ambiente, Telles (2003) afirma que as UEN incorporam precisamente o conceito de uma divisão da organização em subestruturas orientadas para negócios ou conjunto de negócios específicos que, em geral, operam com estruturas de caráter funcional nos demais níveis hierárquicos. O mesmo autor afirma, também que a focalização em negócio, assegura maior foco e compreensão do mercado (clientes, concorrentes, fornecedores, cadeia de produção, cadeias de distribuição, mercado alvo, entre outros), desenvolvimento de competências específicas para o negócio e gestão/controle dos resultados. Oliveira (2003) menciona que uma empresa deve se assegurar que não alocou amplitudes de atuação, que não reduziu exageradamente seus negócios de maneira a inviabilizar a operacionalização de um processo administrativo por Unidades Estratégicas de Negócios. É apresentado, na Figura 1, um exemplo de focalização de negócio de parte da estrutura corporativa, que estimula o desenvolvimento de unidades individuais mais especializadas e em sintonia com determinado mercado/produto, em termos de competências, conhecimento e eficiência e possui a abrangência ideal para UEN. Figura 1- Modelo de UEN Fonte: Arantes (apud Telles, 2003) 1.5.2 Aspectos Básicos a serem Considerados na Estruturação por UEN Conforme enfatiza Oliveira (2003), a estruturação de UEN deve respeitar os conceitos intrínsecos existentes na própria expressão unidade estratégica de negócios, em que o termo unidade conceitua um todo que não pode ser separado, e deve ser abordado em sua amplitude ideal; o termo estratégia refere-se à interação da UEN com os fatores externos e o termo negócios caracteriza algo que deve ser administrado como um negócio. Como a UEN é uma área de negócio que possui mercado externo de produtos e serviços para o qual pode determinar objetivos e estratégias independentes, a empresa de consultoria Arthur D. Little (ADL) (apud Oliveira, 2003) identificou que para acompanhar esta segmentação é necessário atentar para um conjunto de regras que definem, de forma clara, a identificação de negócios independentes: • Concorrentes: cada unidade estratégica de negócios deve possuir um conjunto único de concorrentes; • Preços: todos os produtos de uma unidade estratégica de negócios devem ser afetados por mudanças nos preços; • Clientes: as unidades estratégicas de negócios devem ter um conjunto único de clientes bem definidos; • Poder de substituição: todos os produtos ou serviços de uma unidade estratégica de negócios devem ser substituíveis, não devendo existir produtos ou serviços substitutos em diferentes UEN; • Desligamento ou liquidação: todos os produtos ou serviços pertencentes a determinada unidade estratégica de negócio devem ser independentes do restante da empresa. Do conjunto de regras apresentadas, as três primeiras representam o conjunto de produtos ou serviços de cada UEN, e as duas regras restantes o total domínio da UEN sobre seus produtos e serviços que podem ser alterados ou substituídos por outros, de acordo com as necessidades, porém sempre respeitando os objetivos da organização. 1.6 Desenvolvimento de uma Estrutura Organizacional por UEN A estrutura organizacional de uma UEN deve ser desenvolvida considerando que é dinâmica e que as funções da administração corporativa devem ser utilizadas como instrumentos facilitadores no alcance dos objetivos determinados. Portanto, torna-se necessário considerar alguns aspectos básicos para se criar uma UEN. Para o desenvolvimento de uma estrutura organizacional por UEN, conforme afirma Oliveira (2003), é preciso considerar um modelo básico, com o nível de abrangência, os níveis de influência, os componentes e os condicionantes. 1.6.1 Os Níveis de Abrangência de uma UEN Segundo Oliveira (2003), o nível de abrangência de uma UEN deve ser desenvolvido com uma perfeita interação com a administração corporativa, para que o executivo responsável se sinta perfeitamente adaptado para administrá-la e apresentar para a administração corporativa os resultados esperados. Os níveis estão divididos em: • Nível corporativo: neste nível são definidos a estratégia, as políticas e os objetivos corporativos, bem como sua disseminação e acompanhamento. É exatamente neste nível que se visualiza o conjunto de empresas quanto ao seu objetivo maior; • Nível de UEN: nível de abrangência de um negócio, que deve ser desenvolvido respeitando os objetivos estabelecidos pelo nível corporativo, por meio da administração corporativa; • Nível da empresa: neste nível é representado o sistema básico para o delineamento da estrutura organizacional. Então, pode-se concluir que a estruturação por UEN, assim como sua amplitude de controle, é determinada pelo fator humano que se encontra na posição de responsável pela alta administração da empresa. 1.6.2 Os Níveis de Influência de uma UEN de acordo com Vasconcellos (apud Oliveira, 2003), existem fatores que interagem no delineamento de toda e qualquer estrutura organizacional para os quais os executivos devem estar atentos procurando obter o equilíbrio entre os três níveis considerados (estratégico, tático e operacional), pois uma situação de equilíbrio caracteriza uma interação otimizada no processo decisório de cada UEN: • Nível estratégico de influência da UEN: o planejamento estratégico é uma ferramenta que possibilita ao executivo analisar o ambiente externo e definir as melhores diretrizes a serem seguidas. Neste nível são desenvolvidas estratégias que respeitam a abordagem estratégica da corporação, para evitar que a administração coorporativa se torne confusa; • Nível tático da influência: este nível de influência é extremamente utilizado em uma UEN, pois é nele que se começa a preparar o que realmente deve acontecer. Deve ser desenvolvido em conjunto com o planejamento tático, que trabalha para otimizar determinada área, ou seja, define o funcionamento adequado; • Nível operacional de influência: relacionado ao desenvolvimento e operacionalização dos planejamentos operacionais de uma UEN, o nível operacional pode ser considerado como a formalização por meio de documentos escritos, da metodologia de desenvolvimento e implementação estabelecidos. Este nível cria as condições para uma adequada realização dos trabalhos da UEN; é considerado uma parte específica de uma estrutura organizacional por UEN. 1.6.3 Componentes da Estrutura Organizacional por UEN Vasconcellos (apud Oliveira, 2003, p. 95) considera que “podem ser identificados quatro componentes da estruturação por UEN, a saber: responsabilidade, autoridade, comunicação, e o processo decisório em si”. • Sistema de responsabilidade: estabelece a rede hierárquica de responsabilidades correspondentes à distribuição das atividades a serem executadas pelos executivos. É a alocação das atividades, conforme a quantidade de atividades executadas, em que deve ser determinada a quantidade de autoridade delegada, que se evidencia na interação da UEN com a administração corporativa. Existem alguns aspectos básicos do sistema de responsabilidades que podem ser encontrados: • Forma de departamentalização: é a divisão das atividades de acordo com um critério específico de homogeneidade e corresponde a uma forma de efetuar o agrupamento de atividades e recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em uma mesma UEN. Existem diversas formas de departamentalizar: por projetos, quantidade, UEN, processos, clientes, produtos ou serviços, funcional, territorial, matricial e mista. Para a escolha do modelo a ser utilizado, a análise do executivo deve levar em consideração os objetivos da empresa; • Equilíbrio entre as atividades-fim e atividades meios: Em UEN, o principal executivo tem sob seu domínio todas as atividades-fim, que conduzem o negócio por estarem estruturadas para atender o mercado e outros fatores ambientais ou externos. Já as atividades meio muitas vezes podem ser de responsabilidade da administração corporativa, e existem com o objetivo de atender as atividades-fim. Em outras palavras, as atividadesfim servem para a condução do negócio e as atividades meio podem ser consideradas corporativas, como: suprimentos de matérias primas e de imobilizados; várias atividades de recursos humanos; análise de mercados e controladoria e finanças, entre outras. O equilíbrio entre a divisão destas atividades deve ser estudado pela corporação e pela UEN, a fim de garantir ao executivo autonomia sobre o negócio; • Atribuições: são definidas levando-se em consideração as diversas funções executivas como o planejamento, organização, direção, 22 pessoal e controle e também considerando quais atribuições são de responsabilidade da UEN e quais são da organização. • Sistemas de autoridade: apresentam alguns aspectos básicos, como a delegação, descentralização e centralização; amplitude de controle e níveis hierárquicos, de acordo com Vasconcellos (apud Oliveira, 2003). São sistemas responsáveis pela distribuição de poder na UEN e devem ser estabelecidos criteriosamente a fim de evitar atritos desnecessários entre a corporação e a UEN. A autoridade pode ser formal (delegada pelo superior hierárquico imediato) ou informal (adquirida), também pode ser classificada em hierárquica e funcional, e esta última é muito utilizada em estruturação por UEN, pois a administração coorporativa é responsável por muitas atividades meio: • Delegação: é a transferência de autoridade de um chefe para um subordinado, mas perante a corporação o superior continua com a responsabilidade a ele atribuída; • Descentralização e centralização: depende da quantidade de concentração do poder decisório distribuído ou não entre os níveis de uma organização. A própria UEN é um exemplo do processo de descentralização e a administração corporativa um exemplo de atividade centralizada; • Amplitude de controle: de elevada importância na estruturação por UEN, significa a quantidade de colaboradores que um chefe pode supervisionar pessoalmente, de maneira adequada. Conforme Oliveira (2003) essa amplitude deve ser estudada adequadamente, pois se for baixa indica que o executivo não tem sob seu comando algumas das atividades necessárias para que, realmente, esteja exercendo a função de responsável pelo negócio. Mas, em contrapartida, se ela for elevada, significa que outros executivos estão repetindo as mesmas atividades e neste caso estas atividades devem ser corporativas. É apresentada, na Figura 2, uma situação teórica ideal de amplitude de UEN, e embora exista uma abordagem ideal, é necessário respeitar a realidade de cada UEN, a atuação de seus principais executivos e a forma de administração corporativa, pois não é possível encontrar uma forma única de amplitude das UEN: o executivo deve tratar cada caso analisando suas particularidades. Suprimentos Produção Tecnologia Qualidade Logística Vendas Apoio Administrativo Figura 2 - Amplitude Teórica Ideal de uma UEN Fonte: Oliveira (2003) • Níveis Hierárquicos: são os conjuntos de cargos de uma organização e a sua redução aproxima os aspectos estratégicos dos aspectos operacionais proporcionando maior qualidade, agilidade de decisões e redução do nível de despesas. • Sistemas de Comunicações: é o resultado da interação, do entendimento da mensagem entre as unidades organizacionais. É função do executivo avaliar constantemente se a forma estrutural da comunicação entre a empresa e a UEN atende às necessidade de ambas. O sistema de comunicação deve ser considerado a partir da observação de aspectos básicos, como a correta compreensão do que deve ser comunicado; como deve ser comunicado; quando deve ser realizado o comunicado; de quem deve vir a informação; por que deve ser feita a comunicação e o quanto deve ser comunicado. Para tanto, os executivos devem considerar os esquemas, fluxos e custos da comunicação na UEN; • Sistemas de decisões: É a ação resultante das informações, o resultado de uma determinada ação sobre as diversas informações tendo em vista 24 um resultado a ser alcançado. De acordo com Drucker (apud Oliveira, 2003) deve ser efetuada uma análise das decisões para estabelecer qual a estrutura organizacional ideal e, para tanto, devemse considerar os seguintes itens: 1 Que decisões devem ser necessárias para o desempenho ser indispensável à realização dos objetivos? 2 De que tipo são essas decisões? 3 Em que nível da empresa devem ser tomadas? 4 Que atividades elas acarretam ou afetam? 5 Que executivos devem participar dessas decisões? Quais devem ser previamente consultados? 6 Que executivos devem ser informados, depois de tomadas as decisões? 7 Drucker (apud Oliveira, 2003) também analisa o aspecto dos pontos mais baixos em que deve e pode ser tomada a decisão e apresenta duas regras : • A decisão pode ser tomada no nível mais baixo e mais perto possível da cena de ação; • A decisão sempre deve ocorrer no nível exato necessário para a correta consideração plena de todos os objetivos afetados. O mesmo autor afirma que, em um processo decisório, o executivo da UEN deve apresentar e consolidar decisões efetivas quanto à forma de atuação, pois tem sob seu comando toda a equipe básica necessária para consolidar os resultados esperados; a responsabilidade por esses resultados; a autoridade hierárquica sobre todas as atividades e um processo decisório eficaz. Ele menciona as partes integrantes do sistema de decisão como: • Dado: ponto de partida identificado, mas quando considerado de uma forma isolada não conduz à compreensão de um fato ou situação, é um elemento identificado em sua forma bruta; • Informação: é a consideração de dados, ou dado trabalhado, que permite ao executivo tomar uma decisão; • Decisão: é a escolha feita pelo executivo entre vários caminhos alternativos, gera determinado resultado, pois é o delineamento de um futuro estado de coisas que podem ser verdadeiras ou falsas, a decisão permite uma visão factual da situação presente e futura; • Ação: é o resultado da operacionalização de uma determinada decisão visando o alcance de determinados resultados; • Resultado: é a conseqüência resultante de um processo de decisão, é o produto final de um sistema decisório. 1.7 Condicionantes da Estrutura por UEN Vasconcellos (apud Oliveira, 2003) apresenta como condicionantes da estrutura organizacional os fatores: humano; ambiente da empresa; sistema de objetivos, estratégicas e políticas e o fator tecnologia. Ansoff (apud Oliveira, 2003) estabelece que quando há uma estruturação por UEN, deve haver negociação e aproveitamento das oportunidades de mercado, visto que, visto que à medida que uma UEN evolui, freqüentemente desenvolve competências únicas. Quando se define o estabelecimento das UEN deve ser feita uma análise da estrutura organizacional, principalmente devido a ser considerada uma especialização por finalidade. 1.7.1 Fator Humano A estruturação por UEN é uma das formas de departamentalização que mais evidencia a importância do fator humano no delineamento da estrutura organizacional. A eficiência das estruturas, segundo Oliveira (2003), depende de sua qualidade intrínseca, bem como do valor e da integração das pessoas que ela organiza, portanto, pode-se afirmar que no desenvolvimento de uma estrutura organizacional eficiente, devem ser considerados o comportamento e os conhecimentos individual e das equipes que terão que desempenhar as funções que lhe forem atribuídas. Todo executivo deve trabalhar com e por meio de pessoas, já que, são estas que realizam os trabalhos que permitem alcançar os objetivos estabelecidos pela organização. Simeray (apud Oliveira, 2003) afirma que o coeficiente humano que pondera a qualidade da estrutura é resultado das pessoas, do nível de conhecimento que elas possuem em relação à estrutura, e da sua motivação para fazer a estrutura funcionar da forma melhor possível. As UEN devem estabelecer um processo de avaliação de desempenho e de capacidade com o objetivo de evitar possíveis problemas com a equipe, o que poderia causar um desequilíbrio na sua atuação; no estilo de administração da empresa e disfunções no seu desenvolvimento e consolidação. 26 1.7.2 Fator Ambiente Segundo Oliveira (2003, p.108), “ambiente é o conjunto de todos os fatores externos à corporação, UEN ou empresa que, de forma direta ou indireta, proporcionam ou recebem influência sobre a referida organização”. Quando uma UEN considera o fator ambiente, deve também avaliar o processo de interação com seu ambiente, ou seja, com a estratégia inicial à época do nascimento da empresa; à avaliação contínua das constantes mudanças no ambiente relevante à UEN e o efeito em sua estrutura organizacional. Ackoff (apud Oliveira, 2003, p.108) apresenta outro aspecto que deve ser considerado; enfoca que o fator ambiente e a estrutura organizacional são aspectos da análise do fluxo de decisões, na qual são identificadas as decisões administrativas necessárias para dirigir uma UEN e a relação entre elas, conforme roteiro: • Identificar as pessoas, fora da UEN, cujas necessidades e desejos a empresa pretende atender; • Determinar como essas necessidades ou desejos são comunicados à UEN; • Determinar como a informação necessária é registrada e transmitida a outras pessoas na UEN. Os fatores ambientais são de extrema importância, e é por meio da sua interação que se consolida a abordagem estratégica de uma determinada UEN. Em outras palavras, a interligação de fatores ambientais ou externos com fatores internos da UEN consolida a sua abordagem estratégica. • 1.7.3 Fator Sistema de Objetivos, Estratégias e Políticas Este fator é diretamente influenciado pela estrutura organizacional, visto que, quando os objetivos, as estratégias e políticas estão bem definidos e entendidos por toda a organização cada membro do grupo sabe o que é esperado dele e a estruturação dos diversos processos se torna mais simples. Entretanto, é necessário que inicialmente os objetivos, estratégias e políticas sejam claramente definidos e estabelecidos entre toda a UEN. O fator mais importante dentre estes itens é a política, que corresponde, conforme Oliveira (2003, p. 109), ao “instrumento administrativo que interliga a administração corporativa à UEN.” A Figura 3 apresenta a forma de interação entre a administração corporativa e a UEN. Administração Corporativa Políticas Projetos UEN UEN Figura 3 - Interação entre a Administração Corporativa e UEN Fonte: Oliveira (2003) 1.7.4 Fator Tecnologia O fator tecnologia corresponde ao conjunto de conhecimentos que são utilizados para operacionalizar as atividades da empresa, para que seus objetivos possam ser alcançados, conforme Vasconcellos (apud Oliveira, 2003). Conforme Oliveira (2003), o fator tecnologia deve ser considerado na estruturação da UEN, uma vez que é a partir deste momento que ela deve ser operacionalizada em sua plenitude, principalmente nos produtos e serviços oferecidos ao mercado. 1.8 Objetivos do Desenvolvimento de uma UEN Quando uma organização opta por uma divisão de seus produtos em Unidades Estratégicas de Negócios, busca alcançar certos objetivos. Conforme menciona Oliveira (2003), cada um destes objetivos valida, por si só, a forma de trabalhar por UEN, como: • Aumento no faturamento; • Maior facilidade de controle administrativo de diversos negócios; • Utilização otimizada dos recursos existentes; • Melhor interação com as oportunidades de negócios e mercado; • Melhor controle e operacionalização do plano tributário e fiscal; • Desenvolvimento e aumento da qualidade das atividades, produtos e serviços oferecidos; • Utilização de uma administração voltada para resultados e sustentada por responsabilidades; • Criação de um clima competitivo interno saudável; • Desenvolvimento de uma visão otimizada com a sinergia empresarial; • Simplificação e estruturação do processo de planejamento; • Formulação de estratégias com mais qualidade; • Direcionamento das atividades para vantagens competitivas aproveitando a focalização do processo para negócios específicos em determinados mercados; • Maior interação de habilidades e conhecimentos entre as UEN, e administração corporativa, aprimorando o modelo de gestão. Além dos objetivos propostos existem outras vantagens, de acordo com o tipo de negócio, mas cada um destes objetivos, mesmo que analisados separadamente, consolida e valida a estruturação de uma organização por UEN. 1.9 Critérios para a Alteração de um Negócio para uma UEN A alteração de um negócio para o estabelecimento de unidades estratégicas de negócios não apresenta critérios rígidos a serem seguidos, mas, conforme Oliveira (2003), existem alguns critérios básicos que devem ser estudados e analisados a fim de se adequar à situação específica da UEN, da empresa ou grupo empresarial. O critério principal é aquele ligado à relação produto x mercado, em que o estabelecimento de uma UEN está inerente às características de mercado, como a disposição de preços, qualidade e estilo vinculados, clientes semelhantes, necessidades fundamentais iguais e mesmos concorrentes. É aconselhável que cada UEN atenda às necessidades de um segmento de mercado externo, desde que não tenha como mercado os correspondentes a outras UEN dentro da mesma administração corporativa, ou seja, da mesma organização. Existe, porém, algumas formas que se relacionam com custos, como os custos de produção, de distribuição compartilhada e de tecnologia. Day (apud Oliveira, 2003) estabelece uma definição diferenciada para estas formas: • O uso do critério de orientação por mercados deve ser empregado quando houver uma grande situação de complexidade de mercado, com existência de muitos produtos ou serviços alternativos e diferentes usos em distintas situações; • O uso do critério de orientação para o custo do produto ou serviço deve ser utilizado em situação contrária a anterior. 29 Outros critérios também devem ser considerados no estabelecimento de uma UEN, (Oliveira, 2003), como: • Faturamento médio equivalente a 10% em relação as outras UEN da mesma organização; • Quantidade média de produção em 10% em relação as outras UEN; • Alto nível de sinergia tecnológica; • Vantagem competitiva real e considerável; • Segmento de mercado em crescimento; • Melhor adequação geográfica; • Resultado líquido eficaz; • Missão ou negócio único e independente das outras UEN da mesma organização; • Conjunto de concorrentes definidos de forma clara; • Competir em mercados específicos; • Ter um responsável pelo planejamento, resultados e recursos; • Fornecer produtos e serviços que requerem habilidades e recursos similares; • Ter estratégia concentrada em um único segmento de mercado; • Ser grande o suficiente para conseguir a atenção da administração coorporativa; • Parecer e agir como negócio independente. Para (Oliveira, 2003), em uma estruturação por UEN exige uma filosofia competitiva; quanto mais se aumenta o nível de diversificação de uma empresa torna- se mais difícil estabelecer suas estratégias, tornando-se necessário a criação de novas UEN. Ansoff (apud Oliveira, 2003) estabelece que ao se estruturar uma UEN, deve haver características próprias de negociação e de aproveitamento de mercado. Prahalad e Hamel (apud Oliveira, 2003) consideram que em uma empresa composta por diversas unidades estratégicas de negócios, nenhum destes negócios pode ser considerado responsável por manter uma posição viável em produtos e serviços essenciais, muito menos justificar o investimento requerido para gerar uma liderança mundial em alguma competência essencial. Conforme Oliveira (2003), os executivos responsáveis pelas UEN, na ausência de uma visão mais abrangente determinada pela administração corporativa, tendem a sub investir, concebendo os concorrentes da mesma forma como se visualizam. A medida que uma unidade estratégica de negócios evolui, acaba por desenvolver competências únicas. 1.10 O Planejamento Estratégico das Unidades Estratégicas de Negócios Antes de iniciar um planejamento estratégico, existem algumas perguntas cujas respostas, conforme afirma Oliveira (2003), podem auxiliar as UEN no entendimento e definição das melhores estratégias: • Quanto à definição do negócio de uma UEN: 1 Qual é o ramo da UEN? 2 O que a UEN vende? 3 O que a UEN valoriza como negócio? 4 Quais são e onde estão seus mercados? 5 Como podem seus mercados mudarem com o tempo? • Quanto à identificação dos fatores-chaves para o sucesso de uma UEN: 1 O que, realmente, faz a diferença entre sucesso e fracasso no negócio da UEN? 2 Como se pode diferenciar as UEN vencedoras das perdedoras? 3 Como poderão os fatores-chaves mudarem com o tempo? 4 Como a UEN pode influenciar e modificar esses fatores? • Quanto à análise do posicionamento competitivo dos maiores concorrentes das UEN: 1 Em relação aos fatores de sucesso, onde a UEN se situa em relação a seus concorrentes? 2 A UEN, ou algum de seus concorrentes, possue alguma vantagem competitiva exclusiva? 3 Como a posição competitiva de uma UEN poderá mudar com o tempo? • Quanto ao desenvolvimento de estratégias para alcançar os objetivos da UEN: 1 Como a UEN pode utilizar melhor de suas vantagens contra as de seus concorrentes, e desenvolver ou adquirir uma vantagem competitiva real, sustentada e duradoura? 2 Como uma UEN pode criar seu próprio futuro? 3 As estratégias estão perfeitamente definidas e discriminadas dentro da UEN? 4 As estratégias da UEN são consideradas como filosofia de toda corporação? • Quanto à construção do plano de negócio: 1 Quais as necessidades da UEN em termos de desenvolvimento de produto, marketing, produção, entre outros? 2 Há Retorno Sobre Investimento (ROI) satisfatório? Pode a UEN arcar com os investimentos necessários ao seu desenvolvimento? 3 O que a UEN deve fazer para implementar sua estratégia? Uma UEN, conforme afirma Oliveira (2003), estabelece uma forma de relação da empresa com o mercado, mas o mercado relaciona-se com a empresa através das áreas estratégicas de negócios. A Área Estratégica de Negócios (AEN), segundo Oliveira (2003), é uma parte ou segmento de mercado por meio da qual uma empresa, utilizando-se de suas UEN, relaciona-se de maneira estratégica. Uma AEN é uma área de oportunidade com necessidades atendidas em função de cliente e distribuição geográfica ou tecnologia utilizada. Cada UEN é responsável por desenvolver uma ou mais AEN, cabendo ao executivo identificar e avaliar as oportunidades. Oliveira (2004, p.47) faz a seguinte definição sobre o planejamento estratégico: Planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada. O planejamento estratégico normalmente é de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa, se refere à formulação de objetivos a serem seguidos e ao rumo e direção a serem tomados, levando sempre em consideração as condições externas e internas da empresa, assim como sua evolução esperada. Para que uma unidade estratégica de negócios defina seu planejamento estratégico de forma precisa com a missão da empresa e coerente com sua posição no mercado, ela deve entender o que espera desse planejamento. Segundo Oliveira (2004), uma empresa espera do planejamento estratégico: • Conhecer e aperfeiçoar a utilização de seus pontos fortes e suas vantagens operacionais para desenvolver a maneira mais apropriada e vantajosa de utilizá-los, pois os mesmos proporcionam uma grande vantagem no ambiente empresarial; • Descobrir seus pontos fracos, sua operação inadequada e eliminá-los ou minimizá-los, já que são variáveis controláveis que proporcionam uma desvantagem competitiva; • Conhecer e aproveitar as oportunidades externas que possam favorecer suas ações estratégicas. A oportunidade é uma força ambiental incontrolável pela empresa, mas somente favorece qualquer ação estratégica, quando é conhecida; • Identificar as ameaças e os obstáculos em tempo hábil para uma tomada de providências. As ameaças também são forças ambientais incontroláveis pela empresa, mas desde que conhecidas poderão ser evitadas; • Desenvolver um plano de trabalho que apresente as premissas básicas que deverão ser consideradas; as expectativas da empresa; os caminhos que deverão ser seguidos, incluindo os possíveis caminhos alternativos em caso de necessidade; planos de ação detalhados que apresentem informações como o quê, como, quando, por quem, para quem, por que e onde estes planos de ação devem ser utilizados, e alocação de recursos. Portanto, o planejamento estratégico, conforme Oliveira (2004), deve apresentar um correto direcionamento de esforços para pontos comuns; a forma detalhada do que deve ser feito pela empresa; consolidar o entendimento de todos em relação à missão da empresa, aos propósitos a que se destina, às macroestratégias, às macropolíticas, à postura estratégica, aos objetivos funcionais e gerais, aos desafios, às metas políticas e aos projetos da empresa, além de estabelecer um período factível de trabalho levando em consideração as prioridades estabelecidas e as exceções. O planejamento estratégico é responsável por transformar os planos da empresa em realidade, por isso deve ser detalhado o suficiente para garantir ao executivo da empresa informações suficientes para a definição da execução. O conhecimento de uma metodologia para utilização do planejamento estratégico é de essencial importância, conforme afirma Urwick (apud Oliveira, 2004, p. 65) “nada podemos fazer sem a teoria”. 1.10.1 Fases do Planejamento Estratégico Para Oliveira (2004), quando se considera a metodologia para o desenvolvimento do planejamento estratégico existem duas possibilidades: • Primeiramente se define, em termos a empresa como um todo, objetivando descobrir aonde a empresa quer chegar e depois deve ser estabelecido como se encontra a empresa, para que a mesma consiga chegar na posição desejada; • Primeiramente se define, em termos da empresa como um todo, qual é a sua situação atual e depois se estabelece a situação que a empresa deseja chegar. Cada uma dessas duas possibilidades é possível se encontrar diferentes vantagens, no primeiro caso encontra-se grande possibilidade do uso da criatividade, afinal, o processo não possui grandes restrições e no segundo caso o executivo da UEN consegue visualizar por completo a situação antes de iniciar o planejamento estratégico. Lorange e Vancil (apud Oliveira, 2004) mencionam que não existe uma metodologia universal e única para o desenvolvimento do planejamento estratégico; as empresas se diferem em tamanho, tipos de operações, em formas de organização, filosofia e estilo administrativo. Oliveira (2004) apresenta quatro fases básicas e essenciais para a elaboração e implementação de um planejamento estratégico eficaz, conforme Figura 4, mas observa-se que esta metodologia deve ser adaptada às condições e realidades internas e ambientais de cada empresa: • Fase I - Diagnóstico estratégico • Fase II - Missão da empresa • Fase III - Instrumentos prescritivos e quantitativos • Fase IV - Controle e avaliação Diagnóstico Estratégico Controle de Avaliação Missão da Empresa Instrumentos Prescritivos e Qualitativos Figura 4 - Fases do Planejamento Estratégico Fonte: Oliveira (2004) Fase I - Diagnóstico Estratégico: Esta fase também pode ser chamada de auditoria de posição, consiste na determinação da situação atual da empresa levando-se em consideração informações representativas dos ambientes interno e externo da empresa. O diagnóstico estratégico pode ser dividido em quatro etapas: • Identificação da Visão: são analisados os anseios e as expectativas da alta administração da empresa dentro de um determinado período de tempo. Estas informações serão avaliadas posteriormente, uma vez que podem estar distorcidas diante das reais oportunidades e ameaças ambientais. • Análise Externa: fase responsável por analisar o ambiente externo à empresa verificando as ameaças e oportunidades que podem ser evitadas ou aproveitadas. Deve considerar uma série de tópicos como: 1 O mercado nacional e o regional; 2 O mercado internacional; 3 A evolução tecnológica; 4 Os fornecedores; 5 Os aspectos econômicos e financeiros; 6 Os aspectos socioeconômicos e culturais; 7 Os aspectos políticos; 8 As entidades de classe; 9 Os órgãos governamentais; 10 O mercado de mão-de-obra; 11 Concorrentes Na análise externa é necessário distinguir oportunidades ambientais e oportunidades da empresa. Conforme afirma Kotler (apud Oliveira, 2004, p. 70) “a chave da oportunidade de uma empresa repousa sobre a questão de se poder fazer mais por essa oportunidade ambiental que os seus concorrentes”. Outro aspecto que deve ser considerado é a divisão do ambiente em duas partes conforme (Oliveira, 2004), facilita o entendimento do ambiente externo: • Ambiente Direto: refere-se ao conjunto de fatores aos quais a empresa tem condições de identificar, avaliar e medir. • Ambiente Indireto: refere-se ao conjunto de fatores que a empresa tem condições de identificar, mas que no momento não consegue avaliar e medir, como, por exemplo, as variáveis culturais. Os ambientes podem ser visualizados conforme Figura 5. Ambiente Indireto – Influência não Identificável Ambiente Direto – Influência Identificada Empresa Figura 5 - Níveis do Ambiente da Empresa Fonte: Oliveira (2004) • Análise Interna: na análise interna são verificados os pontos fortes, fracos e neutros da empresa. O ponto neutro é toda variável que a empresa não consegue identificar, no momento, quanto a ponto forte ou fraco. São apresentados, conforme Oliveira (2004), alguns fatores que devem ser verificados na análise interna: 1 Produtos e serviços atuais; 2 Novos produtos e serviços; 3 Promoção; 4 Imagem institucional; 5 Comercialização; 6 Sistema de informações; 7 Estrutura organizacional; 8 Tecnologia; 9 Suprimentos; 10 Parque industrial; 11 Recursos humanos; 12 Estilo de administração; 13 Resultados empresariais; 14 Recursos financeiros/finanças; 15 Controle e avaliação. • Análise dos Concorrentes: esta etapa é parte integrante da análise externa, mas deve ser vista separadamente, já que seu resultado garante à empresa a identificação de vantagens competitivas. Fase II - Missão da Empresa A missão da empresa pode ser dividida em: • Estabelecimento da missão da empresa: a missão da empresa deve ser definida levando-se em consideração a necessidade de satisfazer o mercado, não devendo ter como foco o simples oferecimento de produtos e serviços. Kotler (apud Oliveira, 2004); • Estabelecimento dos propósitos atuais e potenciais: os propósitos devem ser estabelecidos de acordo com a missão da empresa; • Estruturação e debates de cenários: os cenários devem ser desenvolvidos com informações oriundas do sistema de informações estratégicas. Devem apresentar determinados momentos no futuro; • Estabelecimento da postura estratégica: a postura estratégica da empresa é a forma através da qual a empresa se posiciona em relação ao ambiente; • Estabelecimento das macroestratégias e macropolíticas: visa o enquadramento da estratégia da empresa. Fase III - Instrumentos Prescritivos e Quantitativos Os instrumentos prescritivos apresentam o que deve ser feito pela empresa, para consiga alcançar sua missão. São divididos em: • Estabelecimento de objetivos, desafios e metas: através do uso de técnicas que utilizem a interseção dos fatores externos, internos entre outros; • Estabelecimento de estratégias e políticas funcionais: com a finalidade de estabelecer as diretrizes a serem tomadas pela empresa; • Estabelecimento dos projetos e planos de ação: que respeitem as políticas e estejam de acordo com as estratégias da empresa. Os instrumentos quantitativos, conforme Oliveira (2004), são projeções econômico-financeiras realizadas pelo planejamento orçamentário e devem estar de acordo com a estrutura organizacional da empresa; Fase IV - Controle e Avaliação: Fase que verifica e controla o andamento das ações rumos à situação almejada pela empresa. Na figura 6 é possível verificar o processo de planejamento estratégico. O processo inicia-se a partir da Visão Algumas vezes irrealista quanto aos “destinos” da empresa e submetida a uma avaliação racional e criteriosa das: OPORTUNIDADES AMEAÇAS Considerando a realidade da empresa e de seus CONCORRENTES com seus PONTOS FORTES PONTOS FRACOS PONTOS NEUTROS Tudo isso “dentro” do horizonte estabelecido para MISSÃO E que deve conduzir a escolha de PROPÓSITOS A partir de detalhes de CENÁRIOS Respeitando a POSTURA ESTRATÉGICA Que possibilita o estabelecimento de MACROESTRATÉGIAS MACROPOLÍTICAS Mais realistas que as expectativas e desejos, como base para a formulação de DESAFIOS E METAS Quantificados, que permitirão o estabelecimento, em nível funcional, de ESTRATÉGIAS E POLÍTICAS Capazes de: • Tirar proveito dos pontos fortes e oportunidades; • Evitar ou eliminar os pontos fracos e ameaças da empresa e que devem ser traduzidos em PROJETOS E PLANOS DE AÇÃO Destinados a operacionalização do plano estratégico através do ORÇAMENTO ECONÔMICO FINANCEIRO Figura 6 - Processo do Planejamento Estratégico Fonte: Oliveira (2004) Desta forma, é possível verificar passo-a-passo o processo de planejamento estratégico como um todo, bem como o envolvimento de todas as suas fases. Conforme salienta Oliveira (2004), é necessário que seja feito controle e avaliação no desenvolvimento de cada passo do planejamento estratégico. Neste capítulo foram abordados os principais aspectos referentes às Unidades Estratégicas de Negócios (UEN), seus principais conceitos, representatividade, importância, estruturação, gerenciamento, quais são suas responsabilidades como estruturas organizacionais, níveis de abrangência, de influência, assim como os seus componentes e objetivos. Procurou-se, ainda, apresentar o que uma Unidade Estratégica de Negócios deve analisar na definição de seu Planejamento Estratégico, o que deve ser buscado com ele e quais são as fases para o correto desenvolvimento de um planejamento estratégico adequado e eficiente. No capítulo seguinte será apresentada a definição de Indicadores de Desempenho e sua utilização como métricas de controle nas Unidades Estratégicas de Negócios. INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UEN Este capítulo tem por objetivo apresentar a importância de se medir o desempenho das Unidades Estratégicas de Negócios, visto que, o mercado exige das empresas um sistema de informações gerenciais que possibilite analisar a situação atual e determinar estratégias coerentes com os diversos níveis de competitividade e melhoria contínua. Na era do conhecimento, com o surgimento de um novo mundo competitivo onde a informação, o domínio das operações, o entendimento dos processos, e a aproximação dos clientes se fazem extremamente necessários para o desenvolvimento de uma organização competitiva, é fundamental estabelecer estratégias inovadoras e métodos de medição de desempenho do andamento dessas estratégias, com o objetivo de garantir seu cumprimento na totalidade. Neste ambiente, onde a maioria das organizações está operando por meio de unidades estratégicas de negócios muito mais próximas dos clientes, mais do que nunca precisa-se de métricas de controle, de indicadores de desempenho que direcionem as estratégias da organização para o atendimento dos objetivos estabelecidos. Além de indicadores financeiros são necessários outros indicadores que atuem como ferramenta de gerenciamento do desempenho, que direcionem as mudanças, evidenciem a posição competitiva da empresa, aprimorem processos e funcionem como ferramenta para melhor prever o futuro. Além de aferir permanentemente se seu desempenho está compatível com o planejamento estratégico estabelecido, as Unidades Estratégicas de Negócios precisam gerenciar seus processos supervisionando seus indicadores de desempenho, a fim de evitar conseqüências negativas em sua performance. 1.11 A Medição do Desempenho das UEN O simples ato de medir desempenho reúne um conjunto de atividades, pressupostos e técnicas que visam verificar e quantificar variáveis e atributos de interesse do objeto a ser analisado, conforme Kiyan (2001). Kiyan (2001) afirma que através da medição pode-se conhecer a capacidade do sistema e os níveis de desempenho atingíveis pelos diversos processos, mas o ponto relevante do processo de medição é obter as informações necessárias sobre onde se deve concentrar as ações e onde devem ser disponibilizados os recursos a fim de se alcançar as melhorias desejadas. 40 Moreira (2002, p. 22) afirma que “as organizações necessitam permanentemente aferir se o seu desempenho está compatível com as premissas estratégicas estabelecidas”, já que os desvios no plano estratégico podem resultar em perda de competitividade. Com o objetivo de evitar tal conseqüência negativa para a organização, se estabelece que o gerenciamento dos diversos processos de uma UEN seja supervisionado por Indicadores de Desempenho. Kiyan (2001) enfatiza que a meta básica, atrás do desejo de qualquer organização na busca da medição de desempenho, é a melhora na compreensão organizacional, que, por sua vez, permite que as decisões e ações a serem tomadas sejam mais corretas. Axson (apud Marccelli, 2000, p. 13), faz a seguinte analogia: Quando dirigimos um carro, o painel de controle nos fornece muitas informações, em tempo real, que nos auxiliam na tomada de decisão imediata que muitas vezes temos que fazer sem, no entanto, nos fornecer informações desnecessárias. Alguns indicadores como os níveis de combustível e óleo, velocidade, temperatura do motor e talvez a rotação do motor são suficientes para um monitoramento contínuo. Ao mesmo tempo, sensores podem estar monitorando outros indicadores também importantes para o bom funcionamento do automóvel, mas que irão alertar você somente se ocorrer algum problema, como por exemplo, uma luz vermelha que lhe alerta quando o motor estiver superaquecido – e ainda bem que lhe proporcionando tempo suficiente para fazer ajustes que corrigirão o problema. Em resumo, o painel de controle lhe fornece a informação que você precisa no momento certo sem lhe inundar com todas as informações. Conforme Kiyan (2001), os sistemas de desempenho foram criados com o objetivo de monitorar e impulsionar as organizações para o sucesso. Porém, deve-se destacar que a medição de desempenho não consta somente de um processo de coleta de dados, mas um sistema de informações de alerta destinado à satisfação dos clientes. Em Kaydos (apud Kiyan, 2001), o desempenho é medido em uma organização para diversas finalidades: • Comunicação das estratégias e esclarecimento dos valores; • Identificação de problemas e oportunidades; • Diagnosticar problemas; • Entendimento do processo; • Definição de responsabilidade; • Melhorar o controle e planejamento; • Identificar quando e onde a ação é necessária; • Guiar e mudar comportamentos; • Tornar o trabalho realizado visível; • Favorecer o envolvimento das pessoas; • Servir de base para um sistema de remuneração; • Tornar mais fácil o processo de delegação de responsabilidade. Para Ñauri (apud Kiyan, 2001, p. 26), a medição de desempenho permite “oferecer uma visão, tanto vertical como horizontal do desempenho organizacional. A visão vertical refere-se à gestão dos recursos da organização e a visão horizontal à gestão de resultados”. Conforme Kiyan (2001), a medição de desempenho pode ser empregada para retratar tanto o âmbito interno quanto o externo da organização: • Âmbito interno: empregados, clientes e fornecedores internos, insumos de produção, produtos, serviços, atividades, processos, modelos de gestão, unidades de negócios, entre outros; • Âmbito externo: produto em campo, clientes e fornecedores externos, marca, concorrentes, cadeia de suprimentos, comunidade, todos entre empresas do mesmo setor, entre outros. 1.12 Definição de Indicadores de Desempenho Os indicadores de desempenho buscam reconhecer as importantes dimensões da organização, medir a situação atual e se o andamento das possíveis ações estabelecidas estão compatíveis com as metas propostas e com o prazo estabelecido. Segundo Telles (2003, p. 213), os indicadores de desempenho são: quantificadores que buscam sintetizar as condições objetivas do mundo real em que efetivamente a operação acontece, traduzindo em números ou identificadores a situação do ambiente, do negócio e da interação entre eles, de forma a possibilitar o reconhecimento, pela organização, e particularmente pelos executivos, do desempenho alcançado – e em que condições – e da manifestação de tendências. Portanto, pode-se afirmar que os indicadores de desempenho oferecem subsídios para que as organizações tomem as decisões acertadas sobre seus processos, sua operação e seu futuro, fazendo valer, assim, a premissa de que os indicadores são muito mais do que simples quantificações numéricas de resultados isolados obtidos através de operações da organização. O indicador de desempenho é uma ferramenta gerencial, que visa atingir as metas definidas pela organização. Deve indicar onde e quais melhoramentos devem ser conduzidos de modo a otimizar os processos, assim como destacar as áreas onde o desempenho é satisfatório. São, portanto, instrumentos de análise fundamentais ao executivo (Kardec, Flores e Seixas, 2002). Os executivos precisam implementar constantemente mudanças organizacionais com o objetivo da organização sanar problemas operacionais, se adaptar ao mercado e implementar melhores práticas. Para tanto, os indicadores são essenciais, por fornecerem subsídios para direcionar as mudanças, possibilitando maximizar a eficiência e a melhoria através da verificação constante do processo. O uso de indicadores imprecisos, que não traduzem a realidade dos fatos ou a falta de interpretação correta das informações apresentadas nos indicadores, leva à tomada de decisões inadequadas e à perda de controle da situação por parte da direção. Segundo Kardec, Flores e Seixas (2002), a principal função dos indicadores é indicar as oportunidades de melhoria dentro das organizações, os pontos fracos, os problemas e evitar as não-conformidades. Os indicadores devem fornecer valores que representem informações racionais e objetivas, que quantifiquem o desempenho e eliminem o nível de subjetividade das medidas. 1.13 Modelos de Indicadores de Desempenho Martins (apud Kiyan, 2001) apresenta o resultado de uma extensa pesquisa que teve por objetivo eliminar ou minimizar os problemas dos indicadores tradicionais e determinou uma série de características comuns, segundo a opinião de vários autores: • Ser congruente com a estratégia competitiva; • Ter medidas financeiras e não financeiras; • Direcionar e suportar a melhoria contínua; • Identificar as tendências e progressos; • Facilitar o entendimento das relações causa-e-efeito; • Ser facilmente inteligível para os funcionários; • Abranger todo o processo, desde o fornecedor até o cliente; • Ser dinâmico; • Influenciar a atitude dos funcionários; • Avaliar o grupo e não o indivíduo. Martins (apud Kiyan, 2001) constatou que após as primeiras publicações e livros sobre a necessidade de aperfeiçoamento dos indicadores de desempenho, com início na década de 80, teve início, na década de 90, o processo de novos modelos propostos pela literatura, dentre os quais são identificados: • SMART “Performance Pyramid” • Sistema de Medição para Competição Baseada em Tempo • Modelo de Medição para Valor Adicionado • Estruturas de Indicadores de Gestão • Desempenho Quantum • Modelo de Desempenho para Manufatura Classe Mundial • Sete Critérios do Desempenho • Sistema de Medição de Desempenho Integrado e Dinâmico • Balanced Scorecard Neste trabalho optou-se por utilizar o modelo de Indicador de desempenho Balanced Scorecard (BSC), de Kaplan e Norton, para monitorar o desempenho dos objetivos segundo as metas traçadas pela estratégia da organização. O Balanced Scorecard retrata e monitora uma estratégia definida pela organização de forma inovadora, o que se aplica ao estudo proposto. 1.14 A Importância da Medição dos Indicadores de Desempenho Segundo Telles (2003, p. 210), para considerar a importância da utilização da informação em uma abordagem sistêmica, em face aos novos desafios, a questão que surge é “como examinar o desempenho da organização nas diferentes dimensões em que ele deve ser analisado e como determinar se as hipóteses e os procedimentos adotados nessa avaliação são efetivamente confiáveis”. Rummler e Brache (apud Moreira, 2002) declaram que a medição do desempenho é o ingrediente chave, uma vez que a sua ausência influencia no desempenho das organizações e do ser humano, e explicam que sem medição: • o desempenho não está sendo gerenciado; • não se pode identificar adequadamente os problemas, nem estabelecer um conjunto de prioridades; • as pessoas não podem compreender totalmente o que se espera delas; • as pessoas não têm certeza de que seu desempenho é adequado ou não; • não pode haver base objetiva e eqüitativa para recompensas (como aumentos, bônus, promoções) ou punições (como ações disciplinares, rebaixamento, demissão); • não há gatilho para as ações de aperfeiçoamento do desempenho; • o gerenciamento é um conjunto de adivinhações desordenadas. As organizações precisam constantemente verificar se o seu desempenho está compatível com as estratégias estabelecidas, já que desvios no plano estratégico empresarial resultam em conseqüências negativas e perda de competitividade. Neste sentido, os Indicadores de desempenho precisam refletir a performance da empresa, agir como sinais vitais da organização, demonstrando um diagnóstico situacional da posição da organização no tocante à sua missão, estratégia e metas. Conforme Moreira (2002), os indicadores de desempenho, quando associam a missão, estratégia, metas e processos de uma Unidade Estratégica de Negócios com a satisfação dos clientes, tornam-se um fator fundamental para a gestão da mesma, sendo um sinal vital da organização. Kaplan e Norton (2000) apresentam a importância dos objetivos empresariais serem entendidos, divulgados e medidos, além de serem de conhecimento e possuírem interligação em todos os níveis da empresa. Harrington (apud Moreira, 2002) acrescenta e enumera a importância de realizar medições corretas: conduz ao entendimento do que realmente está ocorrendo, avalia onde estão as reais necessidades de mudanças, além de avaliar o seu impacto na organização; assegura que os ganhos realizados não sejam perdidos, corrige situações que estão fora de controle, auxilia o estabelecimento de prioridades, decide o momento de se aumentar as responsabilidades e determina o momento em que deve ser providenciado O controle e a compreensão do desempenho, conforme Telles (2003), deve ser estudado e entendido através de três níveis de gerenciamento: • Nível operacional: a eficiência econômica ou também lucratividade é a principal referência; • Nível estratégico: a capacidade cooperativa e competitiva da organização concentra a importância da análise; • Nível normativo: o foco se constitui na legitimidade, definida como potencial de atendimento das necessidades e reivindicações dos indivíduos que compõem a organização. Telles (2003, p. 211) conclui que o gerenciamento e a administração destes níveis “poderia ser avaliado pelo êxito operacional, pela inteligência estratégica e pelo aperfeiçoamento normativo”. 1.14.1 Função dos Indicadores de Desempenho Para a elaboração de indicadores de desempenho devem ser verificados os processos que serão utilizados para o cumprimento dos objetivos anteriormente estabelecidos, já que a adoção de processos diferentes, pode conduzir a respostas diferentes das esperadas. O comportamento da organização como um todo e em suas partes deve ser analisado. A função dos indicadores de desempenho é fornecer um conjunto integrado de informações das diversas áreas analisadas. Harrington (apud Moreira, 2002) afirma que os indicadores de desempenho atuam com a função de aperfeiçoar o gerenciamento das organizações, e enumera os seguintes principais motivos para sua utilização: • Concentram a atenção da organização em fatores responsáveis para a realização da sua missão; • Evidenciam a eficiência com a qual são utilizados os recursos; • Auxiliam no estabelecimento de metas e monitoração das tendências; • Fornecem os dados que determinam as origens e as causas dos erros cometidos; • Identificam onde estão as melhores oportunidades para o aperfeiçoamento contínuo; • Fornecem meios para descobrir a posição da empresa, se está ganhando ou perdendo; • Monitoram o desenvolvimento. 1.15 Gestão Estratégica Orientada por Indicadores de Desempenho O grande desafio na gestão estratégica de uma empresa, conforme Moreira (2002), é supervisionar a implementação de seus objetivos estratégicos. Assim, durante as etapas de implementação são necessárias algumas ações, como diagnosticar o desvio, entender as causas deste desvio, identificar interações existentes e priorizar ações que maximizem a realização do objetivo proposto, ou seja, é necessário conseguir o domínio da situação. Nas últimas duas décadas, segundo Kaplan e Norton (2000), teóricos em gestão, a imprensa especializada e os consultores especializados se concentraram em desenvolver melhores estratégias, que tivessem a função de agregar mais valores para as organizações conseguirem um desempenho superior. Porém, somente a escolha de uma estratégia precisa não é suficiente para garantir o sucesso de uma organização. A capacidade de executar a estratégia é mais importante que a própria estratégia (Kaplan e Norton, 2000); em outras palavras é necessário ter o domínio da implementação do objetivo estratégico. Para obter este domínio é fundamental que o desempenho seja medido, caso contrário, não estará sendo gerenciado e não será possível fazer ajustes no processo. Conforme Rummler e Brache (apud Moreira, 2002, p. 9), “uma organização só pode ser maior do que a soma de suas partes quando a organização é gerenciada”. Mas, para realizar o gerenciamento de uma organização é necessário que seu desempenho seja medido e o resultado compreendido. Para Kaplan e Norton (1997) se o desempenho de uma organização não está sendo medido, a organização não está sendo gerenciada. A medição do desempenho deve estar apoiada em medições corretas e coerentes com a realidade ao qual a organização se encontra. Kardec, Flores e Seixas (2002) afirmam que somente a gestão estratégica estruturada de uma organização pode não conduzi-la ao sucesso. É necessária, também a visão ampla do seu segmento de negócio. A Figura 7 apresenta uma gestão estratégica por meio de indicadores de desempenho e a comparação com os concorrentes. Comparação Internacional Análise Levantamento de Dados • • • Planejamento Estratégico Metas Orçamento Propostas de Melhorias Operar Acompanhar Desempenho Avaliar Figura 7 - Gestão Estratégica Fonte: Kardec, Flores e Seixas (2002) 1.16 A Revisão dos Indicadores de Desempenho As crescentes alterações no cenário mundal fizeram com que as organizações reavaliassem vários de seus preceitos e os indicadores de desempenho representam um dos temas que na década de 90, conforme Kiyan (2001), passaram por um processo de revisão. Conforme Neely (apud Kiyan, 2001), existiram sete grandes fatores que contribuíram para a necessidade de revisão do conceito dos indicadores de desempenho: • Mudança da natureza do trabalho: geralmente os indicadores tradicionais alocam os custos indiretos levando em consideração o trabalho direto. Os custos de mão de obra direta sofreram uma diminuição da representatividade nos custos totais do produto para muitas indústrias, resultando no problema de distorção na maneira de se rastrear os custos indiretos, gerando, com isso, informações distorcidas acarretando problemas organizacionais; • O aumento da competição: devido ao aumento da concorrência, as empresas foram forçadas a reduzir custos e fornecer maiores vantagens para seus clientes, o que afetou consideravelmente os indicadores de desempenho de três maneiras: 1 Necessidade de competir em outras dimensões, além do custo, como qualidade de serviço, flexibilidade, velocidade, entre outros, forçando as organizações a buscarem informações sobre seu desempenho; 2 Devido a alterações no posicionamento estratégico, as empresas foram forçadas a mudar as medidas de desempenho. Este alinhamento revelou um importante benefício: “as medidas de desempenho podem ser mecanismos muito úteis para incentivar o processo de implementação da estratégia” (Kiyan, 2001, p. 27); 3 A descoberta de que os indicadores também servem como meio de comunicação para que os colaboradores visualizem o que é importante para o desenvolvimento do negócio; • Iniciativas de melhorias específicas: devido a competição extremamente acirrada, as organizações buscam formas potenciais para melhorar a eficácia do negócio, e utilizam novas filosofias de gestão, programas da qualidade, tecnologias de processo, entre outros, com o intuito de melhorar o 48 desempenho dos produtos, serviços, processos e do negócio como um todo. Portanto, é necessário utilizar informações para descobrir o desempenho da empresa e revelar áreas e problemas, entre outros; • Prêmios internacionais e nacionais da qualidade: com o objetivo de promover e reconhecer organizações com melhorias expressivas foram estabelecidos vários prêmios da qualidade, tanto nacionais quanto internacionais; • Mudanças dos papéis organizacionais: segundo Neely (apud Kiyan, 2001), os gerentes de recursos humanos assumiram um papel mais ativo no desenvolvimento de indicadores de desempenho, causando impacto desde as influências das medidas sobre o comportamento dos funcionários, até o desenvolvimento de sistemas de recompensa baseados no desempenho. Várias organizações passaram a adotar posturas ativas em relação aos indicadores de desempenho; • Mudanças de demandas externas: para atender a grande variedade de demandas externas, as empresas devem possuir informações sobre seu desempenho; • O poder da tecnologia da informação: conforme menciona Kiyan (2001, p. 38) “a tecnologia da informação possibilitou não só a ampliação da capacidade de se coletar e analisar os dados, como também o de melhorar a apresentação e disseminação da informação”. Estas mudanças começaram a se destacar a partir da década de 70, e conforme afirma Kiyan (2001) esta época caracteriza a mudança de um ambiente com perfil comprador mais estável para o perfil mais agressivo e exigente. Este novo contexto acaba impondo novos desafios ao modo de se administrar as empresas. Todos estes fatores contribuíram para o desenvolvimento de Indicadores de Desempenho atualizados com o mercado competitivo, capazes de expressar a situação atual da organização com informações precisas, fazendo com que a mesma consiga desenvolver um planejamento estratégico capaz de corrigir os problemas detectados, desenvolver as melhorias necessárias e controlar todo o seu processo de maneira satisfatória. 49 1.17 Tipos de Indicadores Conforme Kardec, Flores e Seixas (2002), os indicadores precisam quantificar o desempenho e eliminar o nível de subjetividade das medidas que são utilizadas em sua medição, além de tornarem possíveis as comparações entre dados coletados ao longo do tempo. Os mesmos autores dividem os indicadores de desempenho nos seguintes tipos em relação aos dados: índices(ratio), coeficientes e taxas (rate), parâmetros e porcentagem (%). • Índice (ratio): todo indicador que indica ou denota alguma qualidade ou característica especial. Exemplos: Ø Índice analítico: relação entre valores de qualquer medida ou gradação; Ø Índice cronológico: indicadores cujas entradas são ordenadas cronologicamente por fatos históricos, datas, seqüência de atividades, entre outros; Ø Índice de audiência: indicador de proporção da audiência de uma emissora, em relação ao total de receptores ligados, num determinado horário; Ø Índice de precisão: o inverso da raiz quadrada do dobro da variância ao quadrado; Ø Índice do custo de vida: indicadores de preços que constituem o dispêndio regular de um consumidor típico, tomando-se como fator de ponderação a importância relativa de cada bem no orçamento do consumidor; Ø Índice de diversidade: distribuição proporcional entre número de espécies e o de indivíduos em uma comunidade; Ø Índice de modulação (amplitude): razão entre a máxima variação de amplitude de onda portadora e a amplitude da onda portadora sem modulação; Ø Índices de manutenção: são relações entre duas ou mais grandezas provenientes de dados levantados sobre diversas variáveis das equipes de manutenção, das máquinas, dos valores envolvidos, dos materiais e dos sobressalentes, entre outros. Servem para medir o desempenho das máquinas e a capacidade técnica dos elementos humanos, bem como as conseqüências financeiras, administrativas e organizacionais sobre os processos produtivos. • Coeficientes (grau, nível): são indicadores de desempenho cuja propriedade tem algum corpo ou fenômeno que pode ser avaliado numericamente. Exemplos: Ø Coeficiente angular ou linear; Ø Coeficiente de atrito; Ø Coeficiente de acoplamento; Ø Coeficiente de aproveitamento; Ø Coeficiente de rigidez; Ø Coeficiente de elasticidade; Ø Coeficiente de viscosidade; Ø Coeficiente de correlação; • Taxa (rate, proporção): é a relação entre duas grandezas. Exemplos: Ø Taxa de crescimento populacional; Ø Taxa de colesterol no sangue; Ø Taxa de falha; Ø Taxa de reparo; Ø Taxa de juros; Ø Taxa de mortalidade infantil; Ø Taxa de risco; • Parâmetros: variável ou constante a qual, numa relação determinada ou numa questão específica, se atribui um papel particular e distinto do das outras variáveis ou constantes. Todo exemplo cuja variação de valor modifica a solução de um problema sem lhe modificar a natureza. Exemplo: Ø Parâmetros de distribuição de falha e de tempo para reparo de equipamentos; Ø Entre outros; • Percentagem ou porcentagem: parte proporcional calculada sobre uma quantidade de 100 unidades. Exemplos: Ø 65% dos equipamentos instalados falharam durante o ano passado. Ø Os custos de manutenção aumentaram 20% com relação ao ano anterior. Ø Entre outros. Segundo Kardec, Flores e Seixas (2002), os indicadores de desempenho podem ser apresentados na forma de dados absolutos, relativos e tabelas e gráficos. Os indicadores devem ser selecionados levando-se em consideração sua capacidade de orientar, diagnosticar e melhorar a forma de alcançar os objetivos estabelecidos pelas empresas. 1.18 Representação dos Indicadores de Desempenho Os Indicadores de Desempenho normalmente são expressos da seguinte forma: • Com um elemento que indique o contexto da medida. Exemplos: desempenho de equipamentos, peças produzidas, gestão operacional, entre outros; • Com número que indique o valor de uma variável. Exemplos: quantidade de horas, quantidade de erros, entre outros. Ou, quando da razão entre dois valores de duas variáveis de grandezas diferentes ou não, expressas na forma percentual. Ex. defeitos por área de processo; horas trabalhadas por funcionário; retorno sobre o capital investido; índice de retrabalho e total de horas produtivas em relação ao total trabalhado, entre outros; • Unidade de medida que indique o tipo de grandeza de cada uma das variáveis envolvidas. Ex. horas, reais, peças, metros, entre outros; Os Indicadores de desempenho, conforme Figueiredo (2002), estão sempre ligados a uma meta ou padrão e devem ser mostrados por meio de unidades de medidas que sejam claras para todos aqueles que fazem uso de suas informações para a tomada de decisões. Figueiredo (2002) traz que as informações dos indicadores de desempenho devem orientar as atividades apontadas em todos os níveis da organização, desde o nível mais alto até o nível operacional, e suas medidas devem apresentar como é realizado o trabalho em todos os níveis, devendo se interconectar, conforme Figura 8 e descrição: • Unidades de medida ou indicadores tecnológicos: começam na base da pirâmide para elementos individuais de um processo, produto ou serviço; • Unidades de medida ou indicadores que servem para sumariar os dados básicos (porcentagem de defeitos por processo específico, documentos, componentes de produtos, ciclos de serviços, pessoas, entre outros); • Unidades de medida ou indicadores que servem para expressar a qualidade de departamentos, seus processos, produtos e/ou serviços; • Unidades de medida ou indicadores administrativos superiores e financeiros (índice, taxas, entre outros.), que servem às necessidades dos altos níveis da organização: corporativo, divisional e funcional. Medidas administrativas e Financeiras Medidas de qualidade, comparando-a com nossos competidores. Medidas que ajudam a estabelecer qualidade departamental e de processos Medidas tecnológicas para elementos individuais de produtos, processos e serviços. Figura 8 - Pirâmide da Medição Usada em Todos os Níveis da Companhia Fonte: USA-DoE, 1997 (apud Figueiredo, 2001) Uma organização ou Unidade Estratégica de Negócios não consegue analisar seu desempenho sem a utilização de indicadores de desempenho; a definição dos indicadores quanto ao tipo que deverá ser utilizado deve ser definido de acordo com a necessidade de cada empresa. 1.19 Balanced Scorecard (BSC) O Balanced Scorecard (BSC) foi desenvolvido por Robert Kaplan e David Norton, da Harvard em 1997, a partir de um aperfeiçoamento sistematizado dos indicadores de desempenho, cuja proposta original era superar as limitações da gestão baseada apenas em indicadores financeiros, uma vez que estes, conforme mencionados por Kaplan e Norton (2000) se expressavam por meio de indicadores de resultados defasados que não comunicavam os vetores do desempenho no futuro. O BSC é uma filosofia prática e inovadora de gestão da performance das empresas e organizações. O objetivo da sua implementação é permitir uma gestão eficaz da performance organizacional, baseando-se na visão e estratégia da empresa e traduzindo-a em indicadores de performance. Ao contrário dos métodos de gestão tradicionais, o Balanced Scorecard permite sustentar a estratégia da empresa com indicadores financeiros e não financeiros. A Metodologia do Balanced Scorecard leva a empresa a definir quais indicadores financeiros e operacionais são importantes dentro das suas metas estratégicas, levando em consideração as perspectivas financeira, clientes/mercados, processos internos e aprendizado e crescimento. A estratégia de uma empresa necessita ser monitorada, a fim de que os objetivos traçados possam ser atingidos ao longo do tempo, com o acompanhamento permanente dos diversos fatores neles envolvidos. A implantação do Balanced Scorecard deve ocorrer de forma dinâmica e ser acompanhada, passo a passo, com o envolvimento de todo o grupo de executivos da empresa. É um processo constante que a organização deverá adotar, para melhor otimizar os seus resultados estratégicos. O Balanced Scorecard é uma abordagem estratégica de longo prazo sustentada num sistema de gestão, comunicação e medição da performance, cuja implementação permite criar uma visão partilhada dos objetivos a atingir a todos os níveis da organização. O BSC tem com objetivo traduzir a missão e a estratégia de uma organização em objetivos e medidas, mais do que um simples conjunto de indicadores é um sistema de gestão da performance das organizações e o objetivo de sua implantação é permitir uma gestão eficaz da performance organizacional na busca da realização das estratégias, conforme ilustrado na Figura 9. 1.19.1 As Quatro Dimensões do BSC e seus Principais Indicadores O Balanced Scorecard (BSC) assume quatro dimensões de visão do negócio que são a base para a construção de indicadores para a gestão da organização. Mas compreende-se que essas dimensões somente fazem sentido quando compreendidas conjuntamente com a visão estratégica da organização, e que expressam diferentes visualizações para diferentes agentes sobre a empresa, buscando respostas para quatro perguntas conforme Kaplan e Norton (1997): 1 Como os consumidores vêem a empresa? (perspectiva do consumidor) 2 Em que a empresa deve exceder? (perspectiva dos processos internos) 3 Como a empresa pode continuar a melhorar e criar valor? (perspectiva da aprendizagem e crescimento) 4 Como a empresa assiste seus acionistas? (perspectiva financeira) O que vêem os clientes em nós O que vêem os acionistas em nós Finanças Clientes Visão e Estratégia Aprendizado e Crescimento Processos Internos Figura 9 - As Quatro Perspectivas do Balanced Scorecard (BSC) Fonte: Kaplan e Norton (1997) Segundo Arveson (apud Figueiredo, 2002), para o desenvolvimento de um conjunto adequado de indicadores de desempenho na abordagem do BSC, que resulte de um processo de exame da visão, estratégia e missão da organização, eles precisam atender a doze características: • Ser prospectivos, indicar tendências futuras; • Ser objetivo e imparcial; • Ser normalizado, possibilitar sua comparação com outros indicadores de desempenho; • Ser estatisticamente confiável; • Ser eqüitativo, devendo ser aceito pelas pessoas que devem lidar ou trabalhar com eles; • Balanceado em termos quantitativos, permitindo múltiplas perspectivas; • Apropriados a medir as características de modo adequado; • Ser quantificáveis, podendo ser traduzido em números e em conseqüência, calculado, agregado e comparado; • Ser eficientes, permitindo conclusões e inter-relações construtivas com outros indicadores; • Ser abrangente, podendo incorporar características significantes; • Ser discriminatórios, e cada pequena alteração deve ter significado relevante. A escolha de uma abordagem adequada não é suficiente para assegurar o êxito dos indicadores de desempenho, é necessário, também, uma correta administração e análise dos dados desde a coleta. As dimensões apresentadas a seguir representam apenas um componente da rede de atividades e processos gerenciais responsáveis pelo desempenho superior sustentável. O foco em apenas uma dessas perspectivas, com base no sistema gerencial, induz à subordinação em detrimento das metas organizacionais mais amplas. As quatro perspectivas de desempenho compreendem diversos indicadores como alguns exemplos citados em cada perspectiva. Dimensão Financeira A dimensão financeira está associada a uma perspectiva para os acionistas/proprietários, que devem descrever suas perspectivas com relação ao crescimento e produtividade, além de ter conhecimento sobre os riscos financeiros existentes, tal como fluxo de caixa negativo, verificando se eles são aceitáveis. Assim, os objetivos financeiros são representantes das metas a longo prazo da empresa e espera gerar retornos superiores em relação ao capital investido nas Unidades Estratégicas de Negócios. A partir deste retorno, todos os objetivos e medidas das outras dimensões do BSC deverão estar relacionados a um ou mais objetivos desta perspectiva, e cada medida deve fazer parte de uma cadeia de causa-e-efeito que termine em objetivos financeiros e represente um plano estratégico para UEN. A dimensão financeira permite medir e avaliar os resultados, a eficácia, o crescimento, o risco, a rentabilidade e a melhoria na produtividade e redução de custos, que o negócio proporciona e necessita para o seu crescimento e desenvolvimento. 56 De acordo com Hermanson (apud Figueiredo, 2002), os indicadores de desempenho escolhidos devem ser aqueles mais importantes para o sucesso da empresa a longo prazo, tais como fluxo de caixa, lucro e liquidez. Devem revelar a solidez da organização. Para Kaplan e Norton (1997), os objetivos financeiros da empresa devem derivar de sua estratégia e devem atuar com o foco dirigido para os objetivos e indicadores das demais perspectivas do BSC. Assim, todos os indicadores selecionados devem ser componentes de uma estrutura de causa e efeito que é direcionada para a medição do desempenho financeiro da empresa. Os objetivos dos indicadores financeiros devem se destinar a duas finalidades: definir o desempenho financeiro esperado da estratégia adotada pela empresa e servir de meta principal para os objetivos e indicadores das demais perspectivas do BSC. A escolha dos indicadores financeiros para uma dada organização deve identificar, inicialmente, a fase em que ela se encontra quanto ao seu ciclo de vida. Kaplan e Norton (1997) identificam três fases: crescimento, sustentação e colheita. Na fase de crescimento, a empresa se caracteriza por: 1 Possuir produtos e serviços com importante potencial de crescimento; 2 Ter que fazer investimentos consideráveis (aperfeiçoamento de produtos e serviços; ampliação de instalações, geração de capacidades operacionais em sistemas; infra-estrutura e redes de distribuição; relacionamento com clientes, entre outros); 3 Poder operar até com fluxos de caixa negativos e baixas taxas de retorno sobre o capital investido; 4 Ter como objetivo financeiro global o crescimento da receita e aumento de vendas para determinados mercados, grupos de clientes e regiões. Na fase de sustentação, a empresa se caracteriza por: 1 Fazer menores investimentos, direcionando-os para reduzir as dívidas, ampliar a capacidade e buscar a melhoria contínua; 2 Oferecer retornos de capital (retorno sobre o investimento e valor econômico agregado e retorno sobre o capital empregado); 3 Manter ou aumentar a participação no mercado anualmente; Os objetivos financeiros priorizam a lucratividade (receita e margem bruta). Na fase da colheita, a empresa se caracteriza por: 1 Ter necessidade de colher os investimentos feitos nas fases anteriores; 2 Fazer investimentos pequenos, apenas o suficiente para manter equipamentos e capacidades; 3 Ter como meta principal a maximização do fluxo de caixa em benefício da empresa; Os objetivos financeiros priorizam o fluxo de caixa operacional e a diminuição do capital de giro. Os indicadores financeiros, segundo a perspectiva do BSC, devem ser escolhidos de acordo com a fase em que se encontra a Unidade Estratégica de Negócios, conforme Quadro 1. Quadro 1 - Medidas dos Objetivos Financeiros x Estratégia das UEN Estratégia da Unidade de negócio Estratégias Genéricas Aumento e Mix da Redução de Custos e Receita Aumento de Utilização de Ativos Produtividade Crescimento Aumento da taxa de Receita/funcionário Percentual relativo a vendas por segmento; investimento / total de Percentual de receita vendas gerado por novos P&D/total de vendas produtos, serviços e clientes. Sustentação Percentual de aumento da Custos próprios versus Ciclos de caixa a caixa participação em fatias de custos dos concorrentes ROCE por categoria chave mercado e em contas-alvo Taxas de redução de de ativo Crescimento da receita custos Taxas de utilização dos gerada por vendas Percentual das despesas ativos cruzadas Percentual da indiretas (percentual de Receita operacional Margem bruta receita gerado por novas vendas) aplicações Lucratividade Percentual de transações por clientes e linhas de da empresa pelos diversos produto canais de relacionamento Percentual de produtos e com os clientes. clientes não-lucrativos Colheita Lucratividade por Custos unitários (por Ciclo de caixa - Retorno unidade de produção, sobre produtos por (throughput) Percentual de clientes Percentual não lucrativos transações da empresa clientes e linhas de transação) de pelos diversos canais de relacionamento com os clientes. Fonte: adaptado Kaplan e Norton (1997) investimento Devido a empresa necessitar de objetivos financeiros, todos os outros indicadores das perspectivas de cliente, de processos internos e da inovação e crescimento devem estar relacionados a esta perspectiva financeira. Assim, existem vários tipos de indicadores, dos quais seguem alguns exemplos: • Rentabilidade sobre o patrimônio líquido; • Valor econômico agregado; • Liquidez corrente; • Crescimento da receita; • Margem bruta; • Geração de caixa e vendas, entre outros; Dimensão Cliente / Mercado A dimensão cliente/mercado representa a visão do cliente, no tocante a sua satisfação, criação de valor e diferenciação, qualidade, relacionamento, imagem e reputação. Nesta dimensão busca-se definir em qual mercado e segmento de consumidores as UEN irão competir. Após esta etapa, são identificadas as medidas de desempenho referentes aos segmentos alvos estabelecidos. Assim, os processos internos e os esforços de desenvolvimento da organização devem ser guiados por esta perspectiva. Se a empresa falhar na oferta de produtos e serviços dentro das exigências da satisfação do cliente, a curto e a longo prazo, não haverá a geração de receita. Para a empresa o grande esforço está em garantir o crescimento e a retenção do cliente, dedicando especial atenção às menores mudanças de seu comportamento, sendo capaz de dar pronta resposta à essas alterações. Na visão de Kaplan e Norton (1997) existem dois conjuntos de indicadores que são os mais utilizados para esta perspectiva. O primeiro conjunto representa medidas como: • Satisfação dos clientes; • Participação de mercado; • Retenção de clientes; • Captação de clientes; • Lucratividade de clientes. A Figura 10 apresenta a interação entre as cinco medidas essenciais apresentadas por Kaplan e Norton para esta perspectiva. Participação no Mercado Lucratividade dos Clientes Captação de Clientes Retenção de Clientes Satisfação dos Clientes Figura 10 - Medidas Essenciais da Perspectiva de Clientes no BSC Fonte: Kaplan e Norton (1997) O segundo conjunto representa vetores de desempenho específicos de cada empresa. Segundo Kaplan e Norton (1997), são as propostas de valor que são definidas como atributos dos produtos e serviços, que resultam de três parcelas: atributos do produto/serviço; a imagem e reputação e o relacionamento com os clientes, conforme mostrado na Figura 11. Proposta de Valor Funcionalidade = Atributos do Serviço. Qualidade + Imagem + Preço Figura 11 - Representação da Proposta de Valor / Fonte: Kaplan e Norton (1997) Relacionamento Tempo Quanto aos atributos dos produtos e serviços, vale lembrar a diferença entre os clientes que querem um fornecedor confiável com preços baixos e os clientes que visam um fornecedor diferenciado que apresente características e serviços exclusivos. Em relação ao atributo relacionamento os clientes referem-se a entregas no prazo estabelecido, trata-se do tempo de resposta e o conforto do cliente em relação à compra. A imagem e a reputação são fatores intangíveis e se referem a possuir imagens associadas aos produtos ou serviços. Dimensão Processos de negócio internos/operacionais Na dimensão de processos internos, as medidas são escolhidas de maneira a alavancar a excelência nos processos que são críticos para atingir a estratégia estabelecida: os processos-chave do negócio, as prioridades estratégicas, desenvolvimento de novos produtos e distribuição. Exemplos de indicadores: • Gestão de Processos • Conformidade do produto em relação ao padrão; • Conformidade do serviço em relação ao padrão; • Produtividade; • Eficiência operacional; • Conformidade do processo crítico; • Variabilidade do processo crítico; • Flexibilidade; • Desperdício; • Qualidade do planejamento; • Qualidade resultante do processo crítico de apoio; • Eficácia do Sistema de Qualidade; • Nível de tecnologia em relação ao que existe de mais moderno; • Penetração no mercado dos clientes alvo; • Tempo de entrega; • Aquisição e Fornecedores • Qualidade dos produtos e serviços críticos fornecidos; • Produtividade de aquisição; • Eficácia da garantia da qualidade; • Relacionamento, entre outros; Kaplan e Norton (1997) apresentam um modelo de processo interno com a finalidade de a empresa conseguir criar valores para os clientes e conseguir retorno financeiro. Este modelo é composto de três processos básicos: inovação – que pesquisa as necessidades dos clientes e cria produtos ou serviços com o objetivo de atender estas necessidades; operações – que têm inicio com o recebimento do pedido do cliente; a entrega do produto ou serviço e serviço pós-venda, Dimensão Aprendizado e Crescimento Nesta dimensão busca-se o desenvolvimento de infraestrutura necessária para suportar os objetivos elaborados pelos processos internos. Entre os elementos que compõem o aprendizado e crescimento organizacional estão a capacidade dos funcionários, a capacidade dos sistemas de informação e o alinhamento dos procedimentos e rotinas organizacionais. Para Hermanson (apud Figueiredo, 2002), os indicadores desta perspectiva são projetados para manter a empresa focada na criatividade, no desenvolvimento do produto e na melhoria. Conforme Kaplan e Norton (1997), os objetivos da perspectiva de aprendizado e crescimento criam a infraestrutura necessária para atingir os objetivos perseguidos nas outras três perspectivas. Exemplos de Indicadores: • Ambiente Organizacional: 1 Satisfação com a liderança; 2 Implementação estratégica; 3 Capital intelectual; 4 Habilidade dos líderes; 5 Qualidade do sistema de informações; 6 Acesso a informações corporativas; • Pessoas: 1 Retenção de pessoas-chave; 2 Conhecimento/Habilidade; 3 Satisfação; 4 Comprometimento; 5 Competência; 6 Poder; 7 Melhoria contínua e produtividade; 8 Eficácia de treinamento; 9 Volume na carreira; 10 Equidade de remuneração; 11 Bem estar; 12 Reconhecimento; 13 Segurança; 14 Participação; • Inovação: 1. Tempo para recuperar o investimento; 2. Receita de novos produtos; 3. Conformidade de projeto; 4. Geração de idéias; 5. Aceitação de novos produtos; • Responsabilidade pública: 1. Conformidade social; 2. Imagem pública; 3. Conformidade ambiental; 4. Custo ambiental; 5. Investimento em responsabilidade social; 6. Divulgação; 7. Risco ambiental; 8. Passivo ambiental; entre outros; A implantação de uma medição de desempenho, pelo BSC, deve ocorrer de forma dinâmica e ser acompanhada, passo a passo, com o envolvimento de todo o grupo de executivos da empresa. É um processo constante que a organização deverá adotar para melhor otimizar o seu resultado estratégico. Contrastando com os sistemas de medição tradicionais, baseados exclusivamente na vertente financeira, o Balanced Scorecard direciona a organização 63 para o seu sucesso no futuro, definindo quais os objetivos a atingir e medindo a sua performance a partir de quatro perspectivas distintas. A perspectiva de aprendizagem e crescimento direciona a atenção da empresa para as pessoas e para as infra-estruturas de recursos humanos necessárias ao sucesso da organização. O investimento que deve ser realizado nesta vertente é um fator crítico para a sobrevivência e desenvolvimento da organização à longo prazo. Contudo, este desenvolvimento tem que ser sustentado pela análise e intervenção constante na performance dos processos internos, os processos-chave do negócio. A melhoria dos processos internos no presente é um indicador chave do sucesso financeiro no futuro. Para traduzir os processos em sucesso financeiro, as empresas devem e têm em primeiro lugar de satisfazer os seus clientes. A perspectiva do Cliente permite direcionar todo o negócio e atividade da empresa para as necessidades e satisfação dos seus clientes. Finalmente, a perspectiva Financeira permite medir e avaliar resultados que o negócio proporciona e necessita para o seu crescimento e desenvolvimento, assim como para a satisfação dos seus acionistas. Quando integradas, estas quatro perspectivas proporcionam uma análise e uma visão ponderada da situação atual e futura da performance do negócio. 1.19.2 A Utilização do BSC na Ação Estratégica Kaplan e Norton (2000) afirmam que a hoje a maioria das organizações está operando por meio de Unidades Estratégicas de Negócios e por equipes descentralizadas mais próximas dos clientes, por isso necessitam de novos sistemas gerenciais e de indicadores criados com a finalidade de gerenciar estratégias. Estas Unidades Estratégicas de negócios, conforme os autores, estão reconhecendo que a vantagem competitiva deriva dos recursos intangíveis, tornando- se necessário que estas UEN implementem estratégias que exijam que todas as UEN, administração corporativa, unidades de apoio e empregados estejam alinhados e conectados com a estratégia, visto que “O sucesso exige que a estratégia se transforme em tarefa cotidiana de todos” Kaplan e Norton (2000, p.18). O BSC tem por objetivo medir a estratégia através de indicadores financeiros e não financeiros, além de criar organizações focalizadas em estratégias. Kaplan e Norton (2000) afirmam que para uma organização conseguir uma estratégia corretamente elaborada, que seja compreendida por todos e propicie avanços, ela precisa de alinhamento e foco. Para o desenvolvimento do alinhamento e foco estratégicos os autores encontraram cinco princípios, que denominaram “princípios da organização focalizada na estratégia” Kaplan e Norton (2000, p.18); • Princípio 1: Traduzir a Estratégia em Termos Operacionais: este princípio mostra como o BSC pode fornecer uma receita para a criação de valor a longo prazo para os clientes e segmentos de mercados desejados. Para este princípio corresponde a estratégia que combina a utilização de recursos e capacidades internas. O balanced scorecard oferece ferramentas para descrever a estratégia, com isto cria um ponto de referência comum e compreensível para todas as Unidades Estratégicas de Negócios e todos os empregados; • Princípio 2: Alinhar a Organização à Estratégia: neste princípio mostra-se como criar sinergia e conexões nos diversos setores, Unidades de Negócios e departamentos individuais, procurando fazer com que o desempenho organizacional seja superior às estratégias individuais, quebrando as barreiras funcionais das organizações; • Princípio 3: Transformar a Estratégia em Tarefa de Todos: o balanced scorecard é usado como ferramenta no processo de comunicar e educar todos da organização quanto à compreensão e desempenho das tarefas diárias direcionadas para o êxito da estratégia; • Princípio 4: Converter a Estratégia em Processo Contínuo: mostra como transformar a estratégia em processo contínuo, menciona a necessidade da interação entre o gerenciamento tático, formado por orçamentos financeiros e avaliações mensais, e o gerenciamento estratégico. A implementação deste processo faz-se a partir de três importantes temas: a conexão da estratégia ao processo orçamentário; a implementação de reuniões gerenciais simples para a avaliação da estratégia e, por último, a evolução para um processo de aprendizado e adequação da estratégia; • Princípio 5: Mobilizar a mudança por meio da Liderança Executiva: este último princípio mostra que a condição mais importante para o sucesso é o envolvimento de todos da equipe executiva; é o desenvolvimento de forma gradual de um sistema que coloque em prática novos valores e novas estruturas. Com a utilização destes cinco princípios, pode-se observar a utilização do BSC como indutor de mudança e de desempenho estratégico por meio de um sistema gerencial que expressa a estratégia ao mesmo tempo em que interliga todas as partes da organização. Neste capítulo foi abordada a importância da existência de um sistema de medição de desempenho em Unidades Estratégicas de Negócios, que obtenha informações necessárias sobre onde se deve concentrar as ações e que descubra onde devem ser disponibilizados os recursos da organização, a fim de alcançar as melhorias desejadas. Foi definido o que são Indicadores de Desempenho e como podem ser utilizados como ferramenta gerencial, com o objetivo de garantir a tomada de decisões acertadas de acordo com o planejamento estratégico e as metas estabelecidas. Foram abordados, também, os principais modelos de Indicadores de Desempenho, sua função no gerenciamento das organizações e a gestão orientada por indicadores de desempenho. Com o objetivo de apresentar um dos modelos de indicadores de desempenho mais disseminados pela literatura foi apresentado o Balanced Scorecard - BSC. No próximo capítulo será apresentado um estudo de caso da utilização de indicadores de desempenho em uma Unidade Estratégica de Negócios, na área de Engenharia. ESTUDO DE CASO: UMA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA Neste capítulo será abordado um estudo de caso sobre os Indicadores de Desempenho utilizados no departamento de Engenharia de uma empresa multinacional, no segmento de equipamentos de grande porte. O nome fictício adotado, por uma questão de sigilo industrial, foi Metalffi. O estudo de caso se limitará a observar a utilização dos Indicadores de Desempenho, mais especificamente da Engenharia de uma Unidade Estratégica de Negócios situada no interior de São Paulo. 1.1 Configuração da Empresa do Estudo de Caso A Metalffi é uma empresa multinacional presente em setenta países, com aproximadamente setenta mil funcionários distribuídos em todo o mundo. Sua história começou no século dezenove e atravessa continentes. A empresa é líder do mercado mundial em Energia e Transporte, sendo responsável pelo fornecimento de 20% da capacidade mundial instalada de geração de energia, fabrica trens de alta velocidade e navios de cruzeiros. É responsável por projetar, fabricar e assegurar a manutenção de produtos e sistemas de alta tecnologia para infra-estruturas destinadas aos setores de energia, transporte ferroviário e construção naval em todo o mundo. A empresa é operada por meio de Unidades Estratégicas de Negócios, e possui uma ampla gama de produtos e serviços em setores distintos que precisam ser gerenciados de forma individualizada. Metalffi é uma empresa com tecnologia de ponta, sua produção é baseada numa venda efetuada, o que significa que somente é iniciada após a venda do projeto, não possuindo estoques de produtos. Todo seu departamento técnico possui treinamento constante, o grupo está focado na eficiência operacional e Qualidade Total, implementando as práticas do Seis Sigma em toda organização. A empresa iniciou suas atividades no setor de energia e transporte no Brasil em 1985, conta hoje com 1800 colaboradores distribuídos entre as áreas administrativas e produtivas das Unidades Estratégicas de Negócios de Energia e Transporte Ferroviário. No Brasil, a Administração Corporativa da empresa está localizada em uma cidade da região da Grande São Paulo, próxima à Unidade de Negócios de Transporte Ferroviário e à Unidade de Negócios de Energia está localizada no interior de São Paulo. A Metalffi é uma empresa com uma estrutura matricial, voltada para a fabricação de projetos e seus profissionais estão dispostos de maneira funcional. Porém, em alguns departamentos da empresa como, por exemplo, no departamento Gerenciamento de Projetos, trabalham Gerentes de Projetos responsáveis por coordenar as diversas encomendas (denominação dos projetos) da Metalffi, como também fazer a interface entre o cliente e a empresa. 1.2 Configuração do Departamento de Engenharia da Metalffi O departamento de Engenharia da Metalffi desfruta de uma sólida reputação no seu segmento de atuação por possuir conhecimento e alta tecnologia adquiridos através de décadas de trabalho. A complexidade dos produtos e serviços ofertados pela Metalffi tornou necessária a divisão da Engenharia segundo cada tipo de produto e tecnologia específica. Devido a empresa trabalhar com venda efetuada e de todos os seus produtos e serviços não serem padrões, além de nunca serem exatamente iguais aos produtos fabricados anteriormente, o que significa a constante exigência de grandes desenvolvimentos por parte da Engenharia, precisa atender as diversas necessidades de cada tipo de cliente. Este motivo faz com que o departamento de Engenharia seja um dos mais importantes da empresa. A Engenharia, devido a sua grande complexidade, precisa ser monitorada constantemente, uma vez que qualquer falha pode levar a perda direta de margem no projeto. Levando-se em consideração todas as particularidades da Engenharia para a empresa, seus dirigentes resolveram analisar a sua forma de trabalho, a fim de determinar quais eram os processos críticos que precisavam ser acompanhados por Indicadores de Desempenho que tivessem a finalidade de apresentar, de forma clara, a situação de cada trabalho executado pela Engenharia em relação ao desenvolvimento de cada projeto e as metas da própria companhia. A primeira decisão tomada foi avaliar o fluxograma da Engenharia, quando foram enumeradas todas as atividades existentes, com suas entradas e saídas para descobrir quais processos eram considerados críticos e precisavam ser monitorados pelos Indicadores de Desempenho. 1.2.1 Definição das atividades da Engenharia As atividades de Engenharia são todas as ações desenvolvidas pela Engenharia na coordenação e elaboração de documentos técnicos necessários ao projeto, à compra de matériasprimas, à fabricação, ao transporte, à montagem e ao ensaio de um produto, a partir dos dados de entrada contratuais. A Engenharia deve preparar planos para cada estágio do projeto e desenvolvimento, descrevendo, referenciando estas atividades e definindo responsabilidades para sua implementação. As atividades de Engenharia são atividades de elaboração de projeto e desenvolvimento, estas devem ser atribuídas a uma equipe qualificada, equipada com recursos adequados. Os planos, estratégias e cronogramas devem ser atualizados à medida que o projeto evolue e devem ser determinados os momentos apropriados para análise crítica, verificação e aprovação. Com a recepção, por parte da Engenharia, de todas as informações, documentos e especificações de um novo projeto, dá-se início às suas atividades. Estas informações geralmente são apresentadas em reuniões chamadas de Reuniões de Início de Projeto, onde estão presentes os responsáveis de todos os departamentos diretamente envolvidos com o projeto, como: • Gerenciamento de Projeto - representado pelo gerente de projeto responsável, frente ao cliente e à empresa; • Vendas - representado pelo responsável da área Comercial que efetuou a negociação da venda do projeto; • Qualidade - representada por funcionário designado para garantir a conformidade de todo o projeto; • Financeiro - representado pelo analista financeiro; • Projeto - representado pelo responsável da engenharia; • Manufatura - representada pelos responsáveis do planejamento, fabricação e logística do projeto; • Compras - representada pelo comprador; • Serviço de Campo - representado pelos montadores dos equipamentos no campo. Dados de Entrada de Projetos na Engenharia Os dados de entrada do projeto são identificados, determinados, documentados, analisados criticamente e registrados quanto a sua adequação pela Engenharia e os requisitos incompletos, ambíguos ou conflitantes são esclarecidos/resolvidos com as partes envolvidas. Estes dados consideram os requisitos contratuais apresentados pelo cliente, inclusive requisitos estatutários e regras aplicáveis, resultantes da análise crítica de contrato e adendos contratuais negociados pelos Gerentes de Projetos. Os dados de entrada estão inclusos nos documentos pertinentes ao fornecimento, tais como: • Edital / Contrato; • Orçamento vendido (lista de massas, quantidade de horas vendidas, quantidade de equipamentos, entre outros;) • Proposta técnica consolidada; • Requisitos estatutários, regulamentos e leis ambientais aplicáveis; ao empreendimento, antes, durante e após fornecimento do equipamento. • Desenhos; • Normas; • Ficha do produto; • Correspondências (cartas, fax, entre outros.) Designação do responsável pelo projeto na Engenharia Após o recebimento dos dados de entrada, as informações iniciais recebidas pela Engenharia, é responsabilidade do gerente de Engenharia determinar um coordenador de engenharia para o projeto em questão. Este coordenador será responsável por responder pelos dados técnicos do projeto. Planejamento da Qualidade / Ações Preventivas / Análise crítica Os projetos desenvolvidos na Engenharia são planejados para assegurar que: os prazos estabelecidos sejam cumpridos: • As horas vendidas não sejam ultrapassadas; • O pessoal qualificado seja empregado no projeto; • Os materiais e recursos necessários estejam disponíveis para a execução do projeto; • Assegurar a conformidade dos requisitos de Projeto. Análise Crítica de Projeto A análise crítica do projeto de Engenharia tem como objetivo detectar com antecedência os problemas potenciais ou dificuldades de realização, além de aspectos e impactos ambientais do produto, antes do seu lançamento para fabricação. Avaliar a capacidade dos resultados do projeto em atender aos requisitos e identificar qualquer problema e propor as ações necessárias. A análise crítica deve ser realizada nos momentos apropriados definidos a cada projeto, podendo ser em várias fases como: elaboração de cálculos, elaboração de desenhos, elaboração das listas técnicas antes ou durante o lançamento, cabendo às Engenharias definirem o melhor momento. Os resultados das Análises Críticas do Projeto devem ser registrados de forma adequada como, por exemplo: em atas de reunião, check-list, e-mail e fax, entre outros. Devem ser mantidos registros dos resultados das verificações e de quaisquer ações necessárias. Realização do Projeto Cabe à Engenharia definir as responsabilidades e interfaces para elaborar, controlar, analisar, verificar, validar e controlar as alterações do projeto e o desenvolvimento do produto, a fim de assegurar o atendimento dos requisitos especificados. Verificação do Projeto Em momentos apropriados do projeto, a Engenharia realiza a verificação para assegurar que a saída deste estágio atende aos seus requisitos de entrada do projeto e desenvolvimento. As medidas de verificação devem ser mantidas com registros dos resultados da verificação e de quaisquer ações necessárias. Dados de Saída de Projeto da Engenharia Após a análise crítica dos dados de entrada, deve-se proceder à elaboração dos seguintes documentos: Memórias de Cálculo, Lista de Massa, Lista de Transporte, Especificação Técnica de Consulta, Especificação Técnica de Proposta, Folha de Informação de Horas de Engenharia, Resumo dos Requisitos para Fabricação e Controle, Registro de Riscos Técnicos. Esses documentos acima poderão ser suprimidos ou outros documentos poderão ser emitidos, de acordo com as necessidades. Os dados de saída do projeto devem ser atualizados e documentados de forma adequada na medida em que o projeto e desenvolvimento progredirem e sejam feitas a verificação e validação com relação aos requisitos de entrada do projeto. As saídas de projeto e desenvolvimento devem: • Atender aos requisitos de entrada para projeto e desenvolvimento; • Fornecer informações apropriadas para aquisição, produção e para seu uso adequado; • Conter ou referenciar critérios de aceitação do produto; e • Especificar as características do produto que são essenciais para seu uso seguro e adequado; Análise dos Indicadores de Desempenho A análise dos Indicadores de desempenho deve ser feita periodicamente, conforme prazos estabelecidos pela alta direção ou conforme a necessidade de cada projeto. Este acompanhamento é realizado com o objetivo de verificar a performance geral da Engenharia, assim como o resultado dos trabalhos realizados nos projetos. Quando for verificado nos indicadores de desempenho alguma falha ou possibilidade de melhoria deve-se estabelecer disposições e ações corretivas e preventivas (quando necessário). Caso seja detectada a possibilidade de ocorrência de não cumprimento de alguma atividade pré-estabelecida, esta divergência deverá ser divulgada a todas as áreas que serão afetadas, para que sejam analisadas as possíveis conseqüências e, se necessário, tomar as providências para minimizar os efeitos, como a renegociação dos prazos e procura de alternativas técnicas. Validação do Projeto A Engenharia deve obter a validação do projeto para assegurar que o produto está em conformidade com as necessidades e/ou requisitos definidos pelo cliente. Quando for praticável, a validação deve ser concluída antes da entrega ou implementação do produto e os resultados da validação, ou de qualquer ação necessária devem ser mantidos com registros. Modificações do Projeto As modificações do projeto devem ser identificadas, documentadas adequadamente analisadas criticamente e aprovadas por pessoal autorizado da Engenharia, conforme matriz de atribuições e responsabilidades das áreas; os registros deve ser mantidos. Quando requerido contratualmente, as modificações do projeto devem ser submetidas ao cliente ou seu representante técnico, para conhecimento e/ou aprovação. Após a definição das atividades da Engenharia, deu-se iníicio ao próximo passo; a segunda decisão tomada foi identificar quais eram os processos que precisavam ser monitorados pelos Indicadores de Desempenho. 1.2.2 Os Indicadores de Desempenho da Engenharia A direção da empresa decidiu monitorar os seguintes processos e saídas da Engenharia com Indicadores de Desempenho: • Valores gastos em retrabalho: para este controle decidiu-se elaborar dois gráficos distintos onde: um gráfico se destina a verificar o custo de retrabalho causado pela Engenharia em relação ao faturamento geral da Unidade Estratégica de Negócios e o outro a verificar o custo de retrabalho causado pela Engenharia em relação ao custo base do equipamento ou serviço; • Quantidade de horas produtivas em relação ao total de horas trabalhadas no período; • Quantidade de carga da Engenharia; • Quantidade de horas gastas por Projeto; • Quantidade de marcos cumpridos no prazo; Estes Indicadores de Desempenho foram definidos com o objetivo de: • Evitar que o histórico dos projetos realizados não fossem corretamente armazenados proporcionando dificuldade de localização das informações; • Possibilitar que projetos antigos servissem de analogia para novos projetos; não podendo ser considerados modelos, pois a empresa não é de produtos seriados; • Garantir que os prazos estabelecidos fossem de conhecimento de todos os envolvidos, possibilitando uma análise crítica e a elaboração de uma estratégia para o seu cumprimento; • Garantir que todos os marcos contratuais, assim como os eventos de faturamento fossem considerados, verificados e de conhecimento dos envolvidos; • Verificação da acuracidade das datas planejadas em relação às datas efetivamente realizadas; • Controle dos recursos da engenharia; • Controle das horas orçadas, gastas e previstas em cada projeto; • Análise do gerenciamento das encomendas Após a definição dos Indicadores de Desempenho que seriam utilizados, foram verificados todos os objetivos da empresa, com a finalidade de definir metas que deveriam ser atingidas pela Engenharia. Foram elaborados Indicadores de Desempenho em formas de gráficos, pois conforme o objetivo da empresa, acreditou-se que seriam mais facilmente entendidos por todos. Serão apresentados a seguir os modelos de Indicadores de Desempenho utilizados para cada processo e saída da Engenharia: Custo de Retrabalho causado pela Engenharia em relação ao faturamento geral da Unidade Estratégica de Negócios. Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a tendência dos impactos que custos de Retrabalho gerados pela Engenharia venham a refletir na performance econômica da UEN. Descrição: Relação entre os custos causados por falhas da Engenharia e o faturamento mensal da UEN. Unidade/ Medida: Percentual Apresentação: Gráfico tipo curva Sua medição é mensal, efetuada no mês subseqüente após fechamento do faturamento. É necessário fazer uma análise crítica quando for observado que a curva do gráfico tem tendência de subir, para que seja descoberto onde estão as falhas que devem ser corrigidas, como, por exemplo, em um mesmo tipo de equipamento ou serviço, em um determinado projeto, cálculo ou montagem na obra. Custo de Retrabalho causado pela Engenharia em relação ao custo base do equipamento ou serviço. Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a tendência dos impactos que custos de Retrabalho gerados pela Engenharia venham a refletir na performance econômica do Equipamento ou serviço. Descrição: Relação entre os custos causados por falhas da Engenharia e o custo orçado do Equipamento ou serviço de determinado projeto. Unidade/ Medida: Percentual Apresentação: Gráfico tipo curva Sua medição é mensal, é necessário fazer uma análise crítica quando for observado que a curva do gráfico tem tendência de subir, para que seja descoberto onde estão as falhas que devem ser corrigidas. A análise crítica das falhas devem estar descritas em planilha de controle, para que sejam registradas e sirvam de referências para a elaboração de equipamentos ou serviços semelhantes. Quantidade de horas produtivas em relação a quantidade de horas realizadas. Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a quantidade de horas produtivas, efetivamente trabalhadas em cada departamento de Engenharia. Cada departamento tem uma meta de horas a serem trabalhadas em projetos, horas previstas para treinamentos, entre outros. Descrição: Relação entre a quantidade de horas produtivas em relação ao total de horas gastas. Unidade/ Medida: Horas Apresentação: Gráfico tipo barras Sua medição é mensal, caso a quantidade de horas produtivas estejam abaixo do objetivo esperado, deve-se elaborar um plano de ação para o ajuste do mesmo. Quantidade de horas gastas em relação a quantidade de horas orçadas Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a discrepância ou anomalias das horas gastas por Equipamento com relação ao avanço do Projeto. Descrição: Relação entre Curvas das horas efetivamente imputadas no Projeto pelas horas orçadas, comparando com a Curva de Avanço de Projeto . Unidade/ Medida: Horas Apresentação: Gráfico tipo curva Objetivo: Este Indicador tem por objetivo Controlar a eficácia do cumprimento dos eventos de pagamentos sob responsabilidade da Engenharia e lançamentos de todos os documentos que impactam em outros eventos/marcos contratuais do projeto. Descrição: Relação entre os eventos realizados no período e os eventos planejados para o período. Unidade/ Medida: Quantidade de eventos. Apresentação: Gráfico tipo curva Sua medição é mensal, e é feita a verificação da acuracidade da Engenharia em relação ao total de eventos planejados e realizados em um mesmo período. Quantidade de Carga da Engenharia Objetivo: Este Indicador tem por objetivo apresentar de forma gráfica as horas programadas em todas as atividades da Engenharia para os próximos doze meses tornando possível planejar a área de Engenharia e verificar a necessidade da contratação de mão-de-obra adicional e terceirização. Descrição: Total de horas programadas Unidade/ Medida: Horas. Apresentação: Gráfico de barras Neste capítulo foi apresentado um estudo de caso sobre a definição de Indicadores de Desempenho no departamento de Engenharia de uma Unidade Estratégica de Negócios. CONCLUSÃO As inúmeras mudanças no mercado mundial, o novo comportamento dos clientes, muito mais exigentes, e a grande competitividade entre as empresas estão obrigando as organizações a encontrarem melhores formas para desempenhar suas atividades, visando ter competitividade e sucesso empresarial. Neste ambiente extremamente competitivo, muitas empresas optam por dividir seus negócios com o objetivo de otimizar os resultados das empresas por meio da focalização. Neste contexto, o presente trabalho apresentou um novo modelo de gestão denominado Unidades Estratégicas de Negócios (UEN), em que as UEN são empresas que se descentralizaram em subatividades, com receitas, despesas e autonomia de um negócio, mas respeitando as estratégias e objetivos da administração corporativa da empresa. O principal objetivo destas Unidades Estratégicas de Negócios é ser mais especializada em seus ramos de atividades, negócios ou conjunto de negócios e serem capazes de entender e focar mercados com o desenvolvimento de competências específicas. Para estas empresas é notável a importância da existência do planejamento estratégico e de sua prática pela alta administração, com a finalidade de formular os objetivos a serem seguidos, considerando as condições externas e internas da empresa e a evolução esperada. Na elaboração e acompanhamento do planejamento estratégico, as Unidades Estratégicas de Negócios conseguem formular os objetivos a serem seguidos e definir as melhores estratégias de acordo com a evolução esperada. Neste momento, surge a necessidade do desenvolvimento e utilização de métricas de controle que funcionem como elemento básico dentro do processo de gestão, capazes de suportar as Unidades Estratégicas de Negócios, fornecendo informações precisas para o seu gerenciamento, bem como para o planejamento estratégico. O objetivo do trabalho foi apresentar a importância do desenvolvimento de indicadores de desempenho, como ferramenta de gerenciamento de desempenho, capazes de auxiliar de forma efetiva no sistema de decisão das Unidades Estratégicas de Negócios. Os indicadores de desempenho são métricas capazes de aferir a posição da UEN em relação ao seu planejamento estratégico, aos concorrentes e aos objetivos estabelecidos pela alta administração e administração corporativa, proporcionando a correta medição da situação em que se encontra a empresa no momento atual e a compatibilidade das possíveis ações estabelecidas com as metas propostas, o prazo estimado e as metas da própria empresa, representada pela Administração Corporativa da Unidade Estratégica de Negócios. O estudo de caso da aplicação de indicadores de desempenho na área de Engenharia de uma empresa de equipamento de grande porte foi utilizado para ressaltar a importância desses indicadores para medir a situação da Engenharia em relação ao esperado, e mostrar de forma prática toda a teoria estudada. Por meio da observação da aplicação dos indicadores de desempenho no departamento de Engenharia descrito no estudo de caso, foi verificado que as principais saídas do processo de Engenharia que necessitam ser monitorados são: • Quantidade de carga da Engenharia: apresenta o volume de trabalho que deve ser realizado para os próximos meses. Através deste controle é possível tomar várias decisões como contratação de mão de obra adicional; necessidade de postergação de prazos; horas extras e mão de obra especializada; • Quantidade de horas gastas por Projeto: quando da venda dos projetos, que possuem uma quantidade de horas vendidas, estas horas precisam ser controladas, principalmente porque gastar mais horas que a previsão inicial significa perda direta da margem de lucro do projeto; • Quantidade de marcos cumpridos no prazo: os marcos representam as atividades que devem ser cumpridas em datas pré-estabelecidas, conforme cronogramas do projeto. O não cumprimento dos prazos pode provocar multas contra a empresa, além de provocar atraso nas datas do recebimento dos pagamentos; • Porcentagem de erros da Engenharia: ser verificada levando-se em consideração duas premissas: a quantidade de erros realizados em cada projeto, que resultam em retrabalhos que geram perdas da margem de lucro direta nos projetos vendidos, e a quantidade total de erros realizados em todos os projetos da UEN, que mostram o total de retrabalho realizado em todos os projetos e a perda da UEN; • Quantidade de horas produtivas em relação ao total de horas trabalhadas no período: com o objetivo de verificar a performance da Engenharia, já que as horas produtivas significam as horas realmente trabalhadas em projetos e o total de horas significa a quantidade de horas existentes com a presença da mão de obra. Através da análise destas principais atividades que necessitavam ser monitoradas foi possível elaborar indicadores de desempenho que agissem como alerta da situação possibilitando que se tomassem decisões para cada tipo de situação ou problema, evitando perdas para a empresa. Conclui-se, portanto, que a utilização dos indicadores de desempenho é primordial para a verificação do andamento dos processos e atividades da empresa; e através dela é possível verificar a situação atual e tomar decisões cabíveis para o controle e elaboração de estratégias necessárias para que os objetivos planejados sejam cumpridos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, Rafaela, C. A importância do controle da informação como instrumento de melhoria no processo de compras: um estudo de caso. Taubaté, 2003. Monografia de especialização MBA Gerência Empresarial e Negócios – Universidade de Taubaté, Taubaté. 2003. FIGUEIREDO, Rômulo, M. 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Sua medição é mensal, e é feita a comparação entre o total de horas gastas e as horas orçadas, mas levando-se em consideração a tendência da curva em relação ao grau de avanço do projeto. O grau de avanço do projeto é verificado mensalmente no cronograma da Engenharia. Acuracidade dos lançamentos da Engenharia em cada projeto