UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA FLAVIA DE MARTINS FARIA VIEIRA DOMINGUES GESTÃO POR PROCESSOS: UMA ANÁLISE DA FERRAMENTA DE GESTÃO UTILIZADA PARA PROMOVER O ALINHAMENTO DAS ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS NO PODER JUDICIÁRIO DE SANTA CATARINA Florianópolis 2014 FLAVIA DE MARTINS FARIA VIEIRA DOMINGUES GESTÃO POR PROCESSOS: UMA ANÁLISE DA FERRAMENTA DE GESTÃO UTILIZADA PARA PROMOVER O ALINHAMENTO DAS ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS NO PODER JUDICIÁRIO DE SANTA CATARINA Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Administração da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Administração. Orientador: Wlamir Gonçalves Xavier, Dr. Coorientador: Renê Birochi, Dr. Florianópolis 2014 FLAVIA DE MARTINS FARIA VIEIRA DOMINGUES GESTÃO POR PROCESSOS: UMA ANÁLISE DA FERRAMENTA DE GESTÃO UTILIZADA PARA PROMOVER O ALINHAMENTO DAS ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS NO PODER JUDICIÁRIO DE SANTA CATARINA Esta Dissertação foi julgada adequada à obtenção do título de Mestre em Administração e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pósgraduação em Administração, da Universidade do Sul de Santa Catarina. Florianópolis, 7 de maio de 2014. _____________________________________________ Profº. e Orientador Wlamir Gonçalves Xavier, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina ________________________________________________ Profº. e Coorientador Renê Birochi, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina ________________________________________________ Profº. Jacir Leonir Casagrande, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina ________________________________________________ Profº Sidnei Vieira Marinho, Dr. Universidade do Vale do Itajaí Florianópolis 2014 Dedico este trabalho aos meus pais que me ensinaram a perseguir meu ideal com dedicação e coragem, e a minha filha Júlia, meu maior PRESENTE! Amo muito vocês. AGRADECIMENTOS Redigir uma dissertação de Mestrado é uma experiência enriquecedora e de plena superação. Aprendemos muito com nossas aflições de pesquisador e com cada tentativa de encontrar respostas às nossas dúvidas. Além, de um crescimento profissional, há, sobretudo, um crescimento pessoal. Porém, este trabalho só se concretizou com a colaboração de muitas pessoas, que direta ou indiretamente, fizeram parte desta pesquisa. E, a estas pessoas que agradeço imensamente. Inicio meus agradecimentos por Deus, já que ele colocou pessoas tão especiais ao meu lado, sem as quais certamente não teria conseguido tal conquista! Ao meu orientador, professor Dr. Wlamir Gonçalves Xavier, pela disponibilidade para orientar este trabalho, pelo aprendizado, pela revisão crítica do texto, pelas opiniões emanadas e pela ajuda na reta final. Obrigada. Ao meu coorientador, professor Dr. Renê Birochi, pelos ensinamentos passados ao longo desse período, pela preciosa ajuda na definição do objeto de estudo, pela incansável orientação científica, pelos profícuos comentários e sugestões, pelos oportunos conselhos e pela acessibilidade. Sendo assim, minha referência acadêmica e profissional. Aos professores Dr. Jacir Casagrande e Dr. Sidnei Vieira Marinho, por contribuírem para esta pesquisa aceitando participar da banca de arguição. Aos demais professores do PPGA da Unisul, por despertar nos alunos o gosto e a fruição pela busca do conhecimento científico, especialmente: Dr. Jacir Casagrande, Dra. Clarissa Carneiro Mussi, Dr. Ademar Dutra e Dra. Simone Senna. Agradeço de forma especial o amigo Wanderley Horn Hülse, pelo fundamental apoio durante esta caminhada, pelos sábios conselhos, pelo incentivo nos momentos críticos e pelo carinho que sempre conferiu a mim. Ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina pelo incentivo e por viabilizar financeiramente o meu curso de mestrado. Ao Coordenador de Planejamento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, João Anfilóquio Machado Júnior, pela confiança depositada no meu trabalho e pela significativa oportunidade de participar ativamente do projeto que me auxiliou na elaboração desta dissertação. Meu eterno agradecimento! Aos meus colegas da Assessoria de Planejamento, agradeço o apoio e a disponibilidade oferecida para a concretização deste estudo. Obrigada pela força! Aos meus colegas de mestrado pelos momentos que dividimos. Obrigada pela cumplicidade! Aos meus familiares que são meus baluartes, meus pilares, minha fonte de carinho. Vocês me deram força em tudo que precisei! Ao meu marido, Fernando J. Nercolini Domingues, por despertar em mim vontade de crescer e determinação para seguir adiante. Meu sincero agradecimento pela disponibilidade e paciência ao longo deste período e compreensão pelos momentos em família que abdiquei para desenvolver este trabalho. Agradeço, de forma muito afetuosa, o apoio irrestrito de minha mãe ao longo deste processo de dissertação. Obrigada pelo carinho e amor em todos os momentos da minha vida. Pelos conselhos e cumplicidade. Você é minha fortaleza. Meu infinito agradecimento! Obrigada pai, por tudo que você me deu e me ensinou. Obrigada pela sua generosidade e simplicidade. Pelo amor incondicional e por ter me dado educação, ensinandome, principalmente, a importância da construção e coerência de meus próprios valores. Não encontro palavras que consigam lhe agradecer, simplesmente fico completamente envolvida por um enorme sentimento: gratidão. Muito obrigada! Agradeço minha amada Júlia, que nesta trajetória, soube compreender, como ninguém, minhas dificuldades e minhas ausências. Com sua meiguice, sempre soube demonstrar carinho e me encher de beijinhos e abraços aconchegantes. Seus gestos me inspiram a querer ser mais do que fui até hoje. Mostra-me que a vida é para ser curtida, e não, simplesmente vivida. Eu te amo filha! Estarás sempre em primeiro lugar em minha vida. Ninguém vence sozinho. Obrigada a todos! “Se pude enxergar mais longe, foi porque estava sobre os ombros de gigantes” – Isaac Newton. RESUMO A administração pública deve-se orientar por princípios basilares, como a impessoalidade, a publicidade e a eficiência, de sorte que suas atividades possam caminhar sempre na direção do interesse público. Na trajetória da administração pública, desde a administração patrimonialista até a administração pública gerencial, podem-se perceber progressos na profissionalização dos serviços prestados. Com a evolução desse cenário, a sociedade passou a exigir, cada vez mais, serviços de qualidade, transparência dos atos administrativos e resultados mais efetivos. Assim, as organizações públicas passaram a rever suas estruturas e dinâmicas de funcionamento, buscando otimizar seus processos e rotinas de trabalho. Dessa forma, identificar cada processo de trabalho que é executado na organização, e buscar a sua melhor performance, passou a ser um meio pelo qual eliminam-se atividades desnecessárias e busca-se um melhor desempenho organizacional. Objetivou-se aqui, realizar uma pesquisa empírica e evidenciar aspectos relevantes diagnosticados durante as fases do projeto de implementação da gestão por processos no poder judiciário de Santa Catarina. Desta maneira, buscou-se proporcionar, a futuros pesquisadores, uma síntese teórica comparando com os resultados do campo empírico. Por meio de entrevistas semiestruturadas e questionários, procurou-se investigar a prática do processo de implementação na visão de estrategistas e demais atores envolvidos no respectivo projeto. O presente estudo foi embasado na visão do paradigma funcionalista e quanto à abordagem do problema optou-se por uma pesquisa qualitativa-quantitativa. Evidenciou-se que, com o uso convergente das ferramentas e técnicas de gestão por processos, os servidores passaram a repensar a forma de trabalhar e de executar as atividades. Com o início dos trabalhos de orientação às áreas, alguns servidores começaram a enxergar os processos de forma integrada e a trabalhar de forma cooperativa com as demais áreas, buscando a mudança da visão departamental. Porém, a análise dos dados propiciou o entendimento de que a resistência à mudança é significativa, sendo necessários esforços que instiguem uma cultura organizacional que possua características que valorizem aspectos da integração interfuncional, trabalho em equipe e a busca da melhoria contínua dos processos. Por fim, o estudo também apontou como resultado, a importância de uma comunicação efetiva, a necessidade de uma estrutura que dê suporte às áreas e o comprometimento da alta administração e das pessoas que irão operar os processos. Palavras-chaves: Gestão por processos. Melhoria contínua. Eficiência organizacional. Estratégia organizacional. ABSTRACT Public administration must be guided by the basic principles such as impartiality, publicity and efficiency, so that their activities can always walk toward the public interest. In the course of public administration from patrimonial administration to new public management may be perceived progress in the professionalization of services. With the evolution of this scenario, the company began requiring increasingly, quality services, transparency of administrative acts and more effective results. Thus, public organizations have begun to review their structures and dynamics of operation, seeking to optimize their processes and work routines. Thus, identifying each worker process that runs in the organization, and seek their best performance, has become a means by which are eliminated unnecessary activities and seeks to better organizational performance. The objective here, undertaking empirical research and evidence relevant aspects diagnosed during phases of project management implementation processes in the judiciary of Santa Catarina. Thus, we sought to provide the future researchers, a theoretical synthesis compared with the results of the empirical field. Through semi-structured interviews and questionnaires, we sought to investigate the practice of the process of implementing the vision of planners and other actors involved in its design. This study was based on the view of the functionalist paradigm and how to approach the problem we chose a qualitative - quantitative research. It was evident that with the convergent use of the tools and techniques of process management, the servers began to rethink the way we work and perform activities. With the start of work orientation area, some servers began to see the processes in an integrated manner and to work cooperatively with other areas, seeking to change the departmental vision. However, the analysis of the data led to the understanding that resistance to change is significant, efforts are needed that encourage an organizational culture that has features that enhance aspects of functional integration, teamwork and continuous improvement of processes being. Finally, the study also pointed out as a result, the importance of effective communication, the need for a structure that supports the areas and the commitment of senior management and the people who will operate the processes. Keywords: Business process management. Continuous improvement. Organizational efficiency. Organizational strategy. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Hierarquia dos processos ........................................................................................ 35 Figura 2 - Práxis, Práticas e Praticantes ................................................................................... 55 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Processo de Implementação .................................................................................. 93 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Recursos empregados no BPM .............................................................................. 45 Quadro 2 – Variáveis de valor expressivo em um processo de implementação de BPM ........ 46 Quadro 3 - Barreiras enfrentadas no BPM ............................................................................... 46 Quadro 4 – Gestão por processos relacionada às estratégias e cultura organizacional ............ 51 Quadro 5 – Benefícios advindos do BPM ................................................................................ 51 Quadro 6 – Operacionalização do BPM por meio da estratégia enquanto prática ................... 57 Quadro 7 – Gerenciamento das comunicações do Projeto ....................................................... 80 Quadro 8 – Fatores determinantes para o sucesso na visão dos estrategistas........................... 88 Quadro 9 – Quadro conceitual na visão dos estrategistas e demais atores ............................... 94 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Fatores Motivadores ............................................................................................... 71 Tabela 2 – Padronização dos processos de trabalho ................................................................. 74 Tabela 3 – Interação com outras áreas que atuam no processo ................................................ 74 Tabela 4 – Como deve ocorrer a comunicação? ....................................................................... 80 Tabela 5 – Escritório de Processos ........................................................................................... 82 Tabela 6 – Benefícios sucedidos da implantação da gestão por processos na visão dos demais atores ......................................................................................................................................... 83 Tabela 7 – Benefícios sucedidos da implantação da gestão por processos na visão dos estrategistas ............................................................................................................................... 84 Tabela 8 – Barreiras que emergem durante a implantação da gestão por processos ................ 85 Tabela 9 – Fatores determinantes para o sucesso da gestão por processos .............................. 88 Tabela 10 – Expectativas do público pesquisado ..................................................................... 90 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BPM – Business Process Management BPMS – Business Process Management Suite PE – Planejamento Estratégico CNJ – Conselho Nacional de Justiça PJSC – Poder Judiciário de Santa Catarina TJSC – Tribunal de Justiça de Santa Catarina ASPLAN – Assessoria de Planejamento DGJ – Diretoria-Geral Judiciária DDI – Diretoria de Documentação e Informação DRI – Diretoria de Recursos e Incidentes DCDP – Diretoria de Cadastro e Distribuição Processual DGA – Diretoria-Geral Administrativa DMP – Diretoria de Material e Patrimônio DTI – Diretoria de Tecnologia e Informação DRH – Diretoria de Recursos Humanos DOF – Diretoria de Orçamento e Finanças DEA – Diretoria de Engenharia e Arquitetura DIE – Diretoria de Infraestrutura DS – Diretoria de Saúde GESPÚBLICA – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal LOA – Lei Orçamentária Anual RCL – Receita Corrente Líquida ABPMP – Association of Business Process Management Professionals TQM – Gestão da Qualidade Total BPR – Reengenharia Total de Processos ERP – Enterprise Resource Planning TI – Tecnologia da Informação SI – Sistema de Informação MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão CII - Construction Industry Institute PMBOK - Project Management Body of Knowledge RH – Recursos Humanos SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 18 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO ................................... 20 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 24 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 25 1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 25 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 25 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 30 2.1 GESTÃO POR PROCESSOS ............................................................................................ 30 2.1.1 A evolução de conceitos de gestão organizacional ......................................................... 31 2.1.2 Conceitos de processo e BPM ......................................................................................... 32 2.1.3 Hierarquia dos processos organizacionais ....................................................................... 33 2.1.4 BPM e o foco nas pessoas ............................................................................................... 35 2.1.5 BPM e a estrutura organizacional .................................................................................... 38 2.1.6 BPM e a cultura organizacional....................................................................................... 39 2.1.7 BPM e o desempenho organizacional ............................................................................. 40 2.1.8 BPM: informação, conhecimento e tecnologia................................................................ 41 2.1.9 BPM e as ferramentas de gestão ...................................................................................... 42 2.1.10 Mapeamento de processos ............................................................................................. 43 2.2 RECURSOS EMPREGADOS NO BPM ........................................................................... 44 2.3 PRINCIPAIS BARREIRAS DO BPM ............................................................................... 45 2.4 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO BPM .............................................................................. 47 2.5 ESTRATÉGIA ENQUANTO PRÁTICA .......................................................................... 52 2.6 OPERACIONALIZAÇÃO DO BPM POR MEIO DA ESTRATÉGIA ENQUANTO PRÁTICA ................................................................................................................................. 55 3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA ................................................... 58 3.1 PARADIGMA DE PESQUISA ......................................................................................... 58 3.2 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ......................................................................................... 61 3.3 OBJETO DO ESTUDO ...................................................................................................... 64 3.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 65 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .................................................................... 69 4.1 FATORES MOTIVADORES PARA ADOÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS ....... 70 4.2 PADRONIZAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO ........... 72 4.3 INTERAÇÃO DAS ÁREAS QUE ATUAM NO MESMO PROCESSO DE TRABALHO .................................................................................................................................................. 74 4.4 INDICADORES ASSOCIADOS AOS PROCESSOS DE TRABALHO ......................... 76 4.5 A COMUNICAÇÃO DO NÍVEL DE DESEMPENHO DOS PROCESSOS DE TRABALHO ............................................................................................................................ 78 4.6 ESCRITÓRIO DE PROCESSOS ....................................................................................... 80 4.7 BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS ........................ 83 4.8 BARREIRAS DIAGNOSTICADAS NA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS ............................................................................................................................ 84 4.9 FATORES DETERMINANTES PARA O SUCESSO DA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS .................................................................................................. 87 4.10 EXPECTATIVAS DOS ESTRATEGISTAS E DEMAIS ATORES .............................. 89 4.11 RESULTADOS ATÉ O PRESENTE MOMENTO ......................................................... 91 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 96 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 99 APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA (ESTRATEGISTAS)................................ 113 APÊNDICE B – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO .............................................................. 115 APÊNDICE C – ROTEIRO DA ENTREVISTA (CONSULTORES EXTERNOS) ............. 119 ANEXO A – ORGANOGRAMA DO PJSC .......................................................................... 121 ANEXO B – CADEIA DE VALOR DO PJSC ...................................................................... 122 ANEXO C – DESCRIÇÃO DOS OBJETOS DA CADEIA DE VALOR DO PJSC ............ 123 18 1 INTRODUÇÃO Com o intuito de dar uma resposta à altura dos anseios crescentes da sociedade por serviços públicos de qualidade, as organizações públicas têm buscado adequar sua estrutura organizacional e seus processos internos, aprimorando seus modelos de gestão e otimizando seus sistemas de trabalho. Nestes termos, segundo Cardoso (2005), surgem novas técnicas gerenciais que introduzem na cultura do trabalho público, noções de qualidade, melhoria contínua, desempenho organizacional, administração por resultados, delegação de responsabilidade entre outras. De acordo com Paim et al. (2009), qualquer organização, incluindo as públicas, tem, sem exceção, que coordenar o trabalho que executa. Para os autores, os mecanismos de coordenação do trabalho estão intrinsecamente relacionados à forma como os recursos e as atividades estão projetados, ao modo como essas atividades são geridas no dia-a-dia e os meios pelos quais a organização irá gerar o aprendizado e promover as melhorias nas operações e na forma de coordenação do trabalho em si. Assim, gerir processos é útil para qualquer tipo de organização, já que a necessidade de coordenar deriva exatamente da própria ação de dividir e organizar o trabalho em si. Portanto, “melhorar processos é uma ação básica para as organizações responderem às mudanças que ocorrem constantemente em seu ambiente de atuação” (PAIM et al, 2009, p. 25) . Belmiro e Reche (2003) afirmam que a crescente necessidade de as organizações alcançarem maiores índices de desempenho e eficiência por meio de ganhos em celeridade e flexibilidade, é um dos principais fatores que motiva uma organização a adotar uma gestão orientada por processos. Para os autores espera-se que “... o foco no resultado viabilize melhorias contínuas nos processos internos e que uma reorientação na forma de gestão propicie uma cultura voltada para a eliminação de gargalos e redundâncias e para o questionamento contínuo da forma de se trabalhar” (BELMIRO; RECHE, 2003, p. 261). Com base em pesquisas conduzidas por uma empresa de telecomunicação, Belmiro e Reche (2003) relatam que um dos ganhos mais expressivos numa mudança para orientação por processos é a integração entre as áreas organizacionais. “Se as barreiras entre áreas deixassem de existir, tornar-se-ia possível concluir o processo em tempos mais competitivos” (BELMIRO; RECHE, 2003, p. 266). Neste sentido, fundado em resultados obtidos por meio de uma pesquisa empírica, Antunes (2009) afirma que, efetivamente, a gestão por processos evidencia um impacto 19 positivo direto no desempenho organizacional. Dessa forma, a utilização de ferramentas de Business Process Management (BPM) é um dos meios dos quais a administração pública dispõe para assegurar a melhoria contínua de seus processos de trabalho e obter um melhor desempenho da organização. Sob este prisma, desenvolveu-se esta pesquisa que busca compreender a gestão por processos via estudo de caso e a identificar o que esta ferramenta proporciona à organização, e consequentemente à sociedade. Procurou-se elucidar então, como a gestão por processos auxilia a organização alcançar melhores resultados, quais impactos refletem na organização e que relação pode existir desta ferramenta com a abordagem da estratégia enquanto prática. Face ao exposto, a estruturação da presente dissertação está distribuída em cinco capítulos. O capítulo 1 introduz o fenômeno aqui estudado por meio da contextualização do tema e problematização, apresentando os objetivos e a justificativa da pesquisa. O capítulo 2 aborda os conceitos sobre a gestão por processos, com a apresentação da evolução de conceitos de gestão organizacional, processos, bem como a explicação de recursos empregados no BPM, barreiras que podem emergir durante um processo de implementação, benefícios advindos desta ferramenta de gestão e, ainda, conceitua estratégia enquanto prática. Finaliza, trazendo um quadro teórico com algumas orientações, que permite, de forma sintética, uma visão de como se pode operacionalizar o BPM por meio da estratégia enquanto prática. O capítulo 3 explica a metodologia aplicada na construção desta dissertação, descrevendo o paradigma de pesquisa, a estratégia de pesquisa, referenciando o objeto de estudo e discutindo as técnicas de coleta de dados adotadas. Revela-se no capítulo 4 os resultados atingidos da presente dissertação, os quais resgatam congruências conceituais da revisão teórica exposta no capítulo 2 que agregam a análise e interpretação dos dados coletados, possibilitando por fim, a construção de um quadro conceitual proposto pela autora sobre o tema na ótica dos estrategistas e demais atores envolvidos na pesquisa. O capítulo 5 mostra as conclusões do estudo realizado, envolvendo a avaliação dos resultados da pesquisa, bem como a importância do projeto de implantação da gestão por processos no PJSC, a busca pela disseminação desta ferramenta de gestão e a necessidade da mudança cultural na organização. Apresenta, ainda, as limitações da pesquisa e sugestões de desdobramento do trabalho visando pesquisas futuras. 20 Para finalizar, dispõe-se na seção de anexos o roteiro das entrevistas realizadas, o modelo do questionário aplicado, as transcrições das respectivas entrevistas e o organograma do órgão público onde o estudo fora desenvolvido. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO De acordo com Schikmann (2010), ao longo dos últimos anos, percebe-se a crescente cobrança da sociedade em relação à aplicação dos recursos públicos, bem como a exigência de uma atuação mais voltada para o alcance de resultados. Essa imposição por uma melhor eficiência na gestão pública faz com que os gestores se preocupem cada vez mais em evidenciarem uma gestão baseada em critérios de excelência, por meio da transparência de seus atos e da qualidade de seus serviços. Para isto, as organizações tem buscado modernizar a administração pública, acompanhando as transformações que emergem do mundo contemporâneo. Novos conceitos, modelos e ferramentas de gestão são seguidos pelas organizações, na tentativa de alcançar os objetivos almejados. A este respeito, cabe ressaltar que: (...) nas últimas décadas do século XX, alguns países iniciaram um movimento para discutir o modelo de gestão adotado pelos governos, tendo como propósito mudanças no gerenciamento do setor público, que poderiam tornar as organizações mais ágeis e eficientes, reduzir os custos e melhorar a satisfação no atendimento às necessidades da sociedade. No Brasil, as mudanças na forma de atuação do setor público iniciaram-se, a partir da década de 90, com a criação do Plano Diretor da Reforma do Estado (MARCONI, 2005, p. 386). Desde então, o setor público brasileiro tem buscado modificar sua atuação perante a sociedade. Mais especificamente, em 1995, a Reforma da Gestão Pública proposta por Luiz Carlos Bresser-Pereira, na época, ministro do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, contribuiu para tornar o Estado Brasileiro mais eficiente e moderno. A criação de novas formas de responsabilização dos gestores, dentre elas, a administração por resultados, a competição administrada por excelência, e o controle social, conduziram as organizações públicas a uma nova forma de administração, contrária aos preceitos da predominante administração burocrática. Esta Reforma objetivou também, a descentralização da estrutura organizacional e criação de uma cultura gerencial, baseada na avaliação de desempenho. Com isso, “avançou na direção de uma administração mais autônoma e mais responsabilizada perante a sociedade” (BRESSER-PEREIRA, 1998). 21 Configurou-se, assim, um novo marco teórico e uma nova prática para a administração pública. Esta abordagem gerencial, “parte do reconhecimento de que os Estados democráticos contemporâneos não são simples instrumentos para garantir a propriedade e os contratos, mas formulam e implementam políticas públicas estratégicas para suas respectivas sociedades tanto na área social quanto na científica e tecnológica. E, para isso, é necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de vista sua função eminentemente pública.” (BRESSER-PEREIRA, 1998) Diante disso, Manzini (2010) expõe que nas duas últimas décadas, a incorporação de práticas de governança e sistemas de gestão – movimento denominado de Nova Gestão Pública – tem provocado uma verdadeira transformação no setor público. Em concordância, Olías de Lima (2001) propõe uma significativa mudança de perspectiva em relação à maneira de atingir resultados no âmbito da Nova Gestão Pública. A mesma autora ressalta que: O certo é que, como se tratasse de uma força da natureza, a renovação da gestão pública é algo inevitável. O mundo mudou e a gestão pública não é uma exceção. Usar os recursos públicos, com a máxima eficiência para atender as demandas dos cidadãos, aproveitar as oportunidades de um mundo globalizado e competitivo para alcançar uma sociedade mais justa com os desejos coletivos exige mudanças, imaginação e inovação. (OLÍAS DE LIMA, 2001, p. 12). Gomes (2009) considera que, atualmente, a eficiência é parte do escopo da Nova Gestão Pública que, de certa forma, é um modelo para onde convergiram preocupações, preceitos e objetivos presentes nos modelos anteriores de reforma do Estado, desde o gerencialismo puro, até perspectivas mais democráticas de gestão. De forma geral, o autor acrescenta e expõe como principais características da Nova Gestão Pública: um Estado administrativo ao estilo da iniciativa privada; mudanças no modelo burocrático de administração; foco no cidadão; reforço dos elementos meritocráticos; maior flexibilidade na condução dos serviços e políticas públicas; foco em resultados; avaliação de desempenho; uso eficaz da informação; e, descentralização na formulação e execução de políticas públicas. Vê-se então, que uma nova realidade em gestão pública emerge nos últimos anos e, não obstante, no cenário da prestação jurisdicional do Brasil. Refletida também em Santa Catarina as recomendações do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) -, que visa promover a gestão pública de excelência - nortearam o Poder Judiciário catarinense, que passou a reavaliar e alinhar conceitos como planejamento, estratégia e qualidade às novas tendências administrativas. Dentre os métodos de soluções ofertados pelo Programa GesPública destaca-se a gestão por processos de negócio. 22 Cabe mencionar que em 2000, a administração do Poder Judiciário catarinense iniciou a implementação do seu Planejamento Estratégico e, a partir de 2006, sob a coordenação da Assessoria de Planejamento, deu início ao delineamento do mapa estratégico institucional, definiu indicadores e estabeleceu as respectivas metas. Diante do exposto, percebe-se que a evolução na administração pública, desde a reforma do Estado e da Nova Gestão Pública, vem conduzindo algumas organizações a adotarem novas formas de gestão, dentre as quais se destaca a gestão por processos de negócio (Business Process Management – BPM)1. “O interesse das organizações por práticas de gestão ou melhoria de processos tem crescido e se consolidado a cada ano (DALE et al., 2001). O “Guia de Simplificação Administrativa” publicado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão objetiva apoiar estas organizações interessadas em simplificar seus processos e normas segundo a ótica da gestão por processos. Segundo Gonzales (2009), confirma-se o enunciado, também, num estudo da consultoria Gartner, que revela uma economia de 20% em custos após a adoção da gestão por processos já no seu primeiro ano de implantação. Segundo Jeston e Nelis (2008), o BPM é a concretização dos objetivos de uma organização por meio da melhoria, gestão e controle de processos de negócio essenciais. Além disso, os autores consideram o BPM o alicerce das abordagens contemporâneas de gestão, pois a utilização desta ferramenta proporciona um melhor entendimento das raízes da organização. “Porém, conforme Okayama (2007), por caracterizar-se por mudanças contínuas em seus processos, é necessário garantir compromisso dos gestores e colaboradores da organização. A mesma autora acredita que o envolvimento facilita a criação do compromisso necessário e a aceitação das mudanças propostas. Ressalta-se, então, que “a gestão por processos de negócio é uma prática complexa de gestão, a qual muitas empresas têm dificuldade de implantar” (PRICHARD; ARMISTEAD, 1999, p. 10). A esse respeito, Jeston e Nelis (2008) acreditam que uma das preocupações dos praticantes de BPM é a possibilidade desta complexidade influenciar o resultado das organizações e impedir o alcance dos benefícios esperados. Deste modo, a gestão por processos precisa de um ambiente colaborativo e voltado para resultados no qual a cooperação das pessoas para resolver problemas é uma prática imprescindível. Afinal, os processos comportam pessoas, suportadas por sistemas e constituídas em áreas de atuação integradas para consolidar a estratégia. 1 No transcorrer deste trabalho, serão utilizadas as terminologias gestão por processos de negócio, gestão por processos de trabalho ou Business Process Management - BPM, de acordo com a literatura citada. 23 O tema estratégia tem sido abordado por muitos autores na literatura. Conforme Whittington (2002), estratégia é um tema complexo, para o qual não existem receitas fáceis. Este posicionamento reflete a pluralidade dos desenvolvimentos na área e os diversos enfoques que foram dados ao longo de todo o período de desenvolvimento do tema. Assim, o conjunto de contribuições teóricas ao tema, proporcionadas pelas distintas áreas do conhecimento; as diversas ferramentas propostas por acadêmicos e consultores para a operacionalização de seus conceitos; e a pluralidade dos vários atores deste espaço organizacional são apenas alguns exemplos dos fatores constituintes desta complexidade. Relevante também ao tema é a abordagem da “Estratégia enquanto Prática”, iniciado por pesquisadores europeus no sentido de trazer um enfoque sociológico às estratégias, considerando-as como algo que as empresas fazem e não algo que as mesmas simplesmente possuem. De acordo com Jarzabkowski e Wilson (2006), ressalta-se que diferentemente das teorias características do pensamento estratégico, que são construídas em torno de premissas (geralmente divergentes) sobre a fonte de vantagem competitiva, a Estratégia enquanto Prática não é uma “nova teoria” sobre a origem desta vantagem, mas sim uma mudança de foco que visa colocar os holofotes sobre a importância na prática de todas estas teorias e sobre as pessoas que as empregam, as ferramentas que utilizam, entre outros. Sendo assim, pode-se dizer que a estratégia enquanto prática se preocupa com a maneira pela qual uma organização pratica a estratégia, buscando compreender a práxis2, sobretudo por meio das visões que as embasam, as práticas que utilizam e quem são os praticantes do processo. A esse respeito, Scheffel (2013), menciona que na teoria da Estratégia enquanto Prática, os estrategistas são as pessoas da organização que fazem a estratégia acontecer no dia a dia. Em outras palavras, são os que pensam e executam, num processo interativo e de relações com outras pessoas e áreas da organização. Ao contrário, na visão de Mintzberg et al (2000), os estrategistas são as pessoas que ficam em gabinete, formulando, pensando, para depois, em um processo separado, outros executarem. Portanto, sob a ótica da estratégia enquanto prática, pretende-se contribuir para o aprofundamento da compreensão teórica e prática do BPM no Poder Judiciário catarinense. Mais especificamente, sob a ótica dos estrategistas e dos demais atores envolvidos na implementação, a pesquisa buscará identificar como o projeto de gestão por processos está se 2 Segundo Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007), a práxis estratégica se refere a fluxos de atividades situados em contexto social amplo, possuindo impactos significativos no direcionamento e sobrevivência da organização. O conceito será mais profundamente explorado em outro capítulo. 24 constituindo na organização, quais as expectativas das pessoas, o que pensam dessa ferramenta de gestão e como a dimensão social – um conjunto formado pela estrutura organizacional e por atores, seus relacionamentos e suas práxis – faz parte desse processo. Para tanto, com a utilização de um roteiro de investigações elaborado a partir da visão dos estrategistas e demais pessoas envolvidas na implementação da gestão por processos no PJSC, propõe-se, ao final, conhecer os fatores motivadores que sustentam essa implementação, bem como adquirir informações quanto aos benefícios percebidos e esperados com a adoção desta ferramenta de gestão. Pretende-se com isto, fornecer subsídios para a tomada de decisão de futuros gestores do Poder Judiciário catarinense no que diz respeito ao prosseguimento deste projeto, que busca a melhoria contínua dos processos organizacionais. Desta maneira, persegue-se entender como de fato a estratégia acontece no PJSC. Como os praticantes em estratégia agem e interagem, verificando o que as pessoas fazem no dia-a-dia e que envolvimentos e interações ocorrem entre os colegas. A análise do que as pessoas estão fazendo em relação à estratégia e, como a fazem é um desafio. Face disso, buscar “teorizar a prática” pode contribuir para que tanto acadêmicos como gestores entendam melhor o que fazem e por quê fazem. Em síntese, dado o cenário atual, as organizações devem realizar a medição de seu desempenho, possibilitando um maior conhecimento de seus processos de trabalho e permitindo uma avaliação contínua da eficiência desses processos. Deste modo, o BPM possibilita uma melhor visão dos processos e, por conseguinte, uma visão sistêmica da organização, proporcionando subsídios aos gestores para tomadas de decisões. Neste contexto, faz-se necessário compreender a gestão por processos, seus facilitadores, direcionadores, bem como, as dificuldades que podem ser encontradas no momento da implementação. Com esse intentu, pretende-se responder à seguinte questão de pesquisa: Como está se constituindo a implementação da gestão por processos no PJSC, sob a ótica dos estrategistas e dos demais atores envolvidos no projeto? O delineamento desta pergunta possibilita a construção dos objetivos desta dissertação dispostos no item 1.2. 1.2 OBJETIVOS Este item apresenta os objetivos geral e específicos desta pesquisa. 25 1.2.1 Objetivo Geral Frente a questão levantada, tem-se como objetivo geral: analisar a implementação da gestão por processos no Poder Judiciário de Santa Catarina, sob a ótica dos estrategistas e dos demais atores envolvidos no projeto. Para tal, foi necessário formular alguns objetivos específicos. 1.2.2 Objetivos Específicos A partir do objetivo geral delinearam-se os seguintes objetivos específicos: Identificar fatores motivadores que sustentam a implementação da gestão por processos no PJSC; Identificar benefícios na implementação da gestão por processos no PJSC; Identificar barreiras na implementação da gestão por processos no PJSC; 1.3 JUSTIFICATIVA Segundo Silva et al. (2013), para que uma organização pública atinja seus objetivos, é imprescindível o planejamento das atividades organizacionais em todos os níveis. As mudanças e inovações se fazem necessárias em prol de metas de eficiência, efetividade e qualidade. Para isto, busca-se celeridade, evita-se a burocracia, mede-se o desempenho, presta-se conta de gastos, dentre outras coisas. E nos últimos anos, de acordo com Becker, Kugeler e Rosemann (2011), a utilização da gestão por processos (Business Process Management – BPM) emerge de forma expressiva, em razão da sua contribuição na busca pela eficiência organizacional por meio da melhoria dos processos. O auxílio na identificação de problemas e ineficiências organizacionais demonstra a sua relevância. Além disso, consente um avanço nos resultados da organização e em seu planejamento estratégico, na medida em que contribui para a definição dos processos considerados proeminentes. Portanto, a gestão por processos auxilia a organização alcançar seus objetivos e proporciona subsídios aos gestores para as tomadas de decisões, por meio da utilização de ferramentas como mapeamento de processos, monitoramento de indicadores de desempenho e ciclo da melhoria contínua. Ressalta-se também, de acordo com Santos, Santana e Alves (2012), que em grande parte da primeira década desse século, o BPM se sustentou como um dos principais 26 tópicos entre empresas de consultoria, em se tratando de melhoria de processos, relacionamento com clientes e cadeia de valor3. Para Trkman (2010), os trabalhos científicos buscaram descrever o real significado da gestão por processos, do que é constituída e como deve ser usada. Já Bandara, Gable e Rosemann (2005) revelam que apesar da existência de diversas investigações a respeito de técnicas de modelagem de processos e ferramentas apropriadas, são raras as pesquisas empíricas acerca de como as iniciativas de BPM estão sendo implementadas do ponto de vista do sucesso organizacional, bem como do monitoramento após a implantação. Ainda, conforme Antunes (2009), a gestão por processos tem se constituído como uma área de grande interesse no meio acadêmico, a avaliar pela quantidade de publicações, conferências, congressos e outras iniciativas a ela dedicadas. Porém, na visão deste mesmo autor, trata-se de um conceito em evolução e verifica-se na literatura dedicada a esta temática, a escassez de investigação empírica. Desta forma, procurou-se auxiliar a compreensão da gestão por processos com o recolhimento de dados a partir de pessoas que vivenciam ou têm conhecimento sobre o tema. Escolheu-se o Poder Judiciário de Santa Catarina para a busca dessas informações por meio da sua experiência. Tal organização apresenta como missão “realizar justiça, assegurando a todos o acesso, com efetividade na prestação jurisdicional” (SANTA CATARINA, 2008, seção Planejamento Estratégico) e, nos últimos anos, aderiu formalmente ao programa de qualidade no serviço público do governo federal. De acordo com informações constantes no site do PJSC, o programa tem por objetivo transformar a gestão pública por meio da utilização de métodos gerenciais que mudam o foco dos processos burocráticos internos para o cidadão e usuários dos serviços. De acordo com Palvarini (2009), baseiam-se em alguns critérios de excelência, quais sejam: liderança; estratégia e planos; cidadãos; sociedade; informação e conhecimento; pessoas; processos; e resultados. Acrescenta-se que a busca constante para atingir seus objetivos estratégicos e a percepção de alguns entraves, tem conduzido o PJSC a preocupar-se em aperfeiçoar seus processos de trabalho. Dentre os obstáculos percebidos, destaca-se a alta taxa de 3 Segundo Porter (1989), uma cadeia de valor representa o conjunto de atividades desempenhadas por uma organização desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até à fase da distribuição final. Dessa forma, o mesmo autor argumenta que “toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Todas estas atividades podem ser representadas, fazendo-se uso de uma cadeia de valor” (PORTER,1989, p. 33). 27 congestionamento processual4. A esse respeito, Gomes e Almeida (2012) observam que a sobrecarga do sistema judicial e a consequente morosidade no andamento processual são evidentes. Cabe ressaltar, que o advento da Emenda Constitucional n. 45/2004, em resposta aos anseios pela justiça ampla e efetiva, consagrou a razoável duração do processo como preceito constitucional. A tal prerrogativa, correlacionam-se as metas de nivelamento traçadas pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, sobretudo a Meta 25. O relatório anual Justiça em Números (2013) disponibiliza no site do CNJ, dados e informações relativas à quantidade de processos em andamento em todos os tribunais. Essas informações confirmam o que revela a prática, ou seja, o congestionamento do sistema judicial, com acervo crescente que origina o alongamento dos trâmites processuais no tempo. Noutra vertente, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (Lei complementar nº 101/2000) estabeleceu normas gerais de finanças públicas, voltadas para o controle da despesa, do resultado fiscal e do endividamento. E, as despesas com pessoal são as que mais despertam a atenção dos gestores públicos em razão de serem as mais representativas. A mesma lei trouxe também dispositivos para limitar as despesas com pessoal em relação à receita corrente líquida (RCL), estabelecendo 6% como limite legal e 5,7% como limite prudencial para o Poder Judiciário. Desta forma, com base na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014 do PJSC, em que a previsão da despesa com pessoal atingirá 5,65% da RCL (quase atingindo o limite prudencial) e, o aumento do número de processos tramitando no Judiciário catarinense, exigese aperfeiçoamentos na gestão dos processos de trabalho, visando à realização de justiça em tempo razoável e com qualidade, sem a necessidade de acréscimo de pessoal em seu quadro. Deste modo, ciente dos problemas supramencionados, para alcançar as metas estratégicas traçadas em seu Planejamento Estratégico, bem como cumprir a Meta 56 de 2010 do CNJ, o PJSC tem buscado meios que proporcionem uma gestão eficaz de seus processos organizacionais. Para isto, instituiu um projeto estratégico com intuito de contemplar melhores métodos de gestão por processos de trabalho. Assim, a adoção desta ferramenta de 4 A taxa de congestionamento mede a efetividade do tribunal em um período, levando-se em conta o total de casos novos que ingressaram, os casos baixados e o estoque pendente ao final do período (CNJ, 2013). 5 Julgar, até 31/12/2013, pelo menos, 80% dos processos distribuídos em 2008, no STJ; 70%, em 2010 e 2011, na Justiça Militar da União; 50%, em 2008, na Justiça Federal; 50%, em 2010, nos Juizados Especiais Federais e Turmas Recursais Federais; 80%, em 2009, na Justiça do Trabalho; 90%, em 2010, na Justiça Eleitoral; 90%, em 2011, na Justiça Militar dos Estados; e 90%, em 2008, nas Turmas Recursais Estaduais, e no 2º grau da Justiça Estadual (CNJ, 2013). 6 Meta 5: implantar método de gerenciamento de rotinas (gestão de processos de trabalho) em pelo menos 50% das unidades judiciárias de 1º grau (CNJ, 2013). 28 gestão consente o conhecimento dos procedimentos realizados na execução dos trabalhos e permite, por meio do mapeamento de processos, a busca do fluxo ideal do processo. Assim sendo, o estudo procurou retratar os fatores motivadores que embasaram a decisão da alta administração da organização pesquisada, em adotar a gestão por processos como ferramenta gerencial. Buscou analisar, na referida organização, as etapas de implementação deste instrumento de gestão, verificar a mobilização das pessoas, o desenvolvimento dos trabalhos e respectivos projetos de melhorias. Ainda, em se tratando de uma pesquisa empírica, considerou-se relevante identificar os benefícios percebidos e esperados com a implementação, as barreiras diagnosticadas e, as impressões acerca da necessidade de uma área formal que se responsabilize pela gestão dos processos na organização. Considerando que foram destacados os fatores que motivaram a adoção do BPM, bem como abordadas as evidências encontradas durante o processo de implementação deste instrumento de gestão, oportunizou a gestores, condições de realizar comparações com a sua unidade de trabalho, e desenvolver exercício reflexivo do que pode ser aproveitado e adaptado, segundo as peculiaridades do ambiente de trabalho em que atua. Aos pesquisadores interessados no tema, prestou, igualmente, informações relativas à prática desta ferramenta em um órgão público. A relevância do trabalho então, está em apresentar uma contribuição teórica, que permita, uma visão de como se pode operacionalizar o BPM por meio da estratégia enquanto prática. Ainda, realizar uma síntese teórica, comparando com os resultados do campo empírico. Destaca-se que, de acordo com Gil (2007b), a contribuição teórica de um trabalho não está limitada à proposição de uma nova teoria, mas também, à proposta de um novo olhar ou uma nova perspectiva sobre o assunto. E, isto pode ser realizado por meio de uma reorganização ou síntese de conceitos, como por exemplo, por meio de um quadro teórico. Para o mesmo autor, um levantamento bibliográfico pode constituir uma pesquisa de cunho exploratório, “cujo produto final seja a recolocação do problema sob um novo prisma” (GIL, 2007b, p. 13). Ainda, “a relevância social de um problema está relacionada indubitavelmente aos valores de quem a julga. O que pode ser relevante para um, pode não ser para outro. Entretanto, esta discussão torna-se importante à medida que ajuda a explicitar as direções possíveis de uma investigação e suas diferentes consequências” (GIL, 2007b, p. 13). 29 Assim, a despeito da magnitude que se propõe na pesquisa, busca-se analisar a implantação da gestão por processos no Poder Judiciário catarinense. 30 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo apresenta a fundamentação teórica que norteará a presente dissertação. 2.1 GESTÃO POR PROCESSOS De acordo com Scucuglia (2013), o tema Gestão por Processos está ganhando notoriedade ao redor do mundo. O aumento do número de associados da Association of Business Process Management Professionals (ABPMP) é um indicador da relevância que o tema tem apresentado nos cenários acadêmicos e profissionais mundiais. Para Hammer (1996), a organização orientada para processos está surgindo como a forma organizacional dominante para o século XXI. A evolução que as empresas têm tido desde o final do século XIX, com o surgimento de novos modelos organizacionais, está indo ao encontro de uma forma de trabalho mais colaborativo dentro da própria organização (entre setores e departamentos) e na interação com outras empresas (conceito de organizações em rede). A prioridade está em focar na qualidade da entrega dos produtos e/ou serviços a um cliente por meio da utilização de abordagens com visão de processos de negócio. (SANTOS; SANTANA; ALVES, 2012, p. 3). Harmon (2005) considera BPM como uma disciplina focada na melhoria da performance corporativa por meio do gerenciamento dos processos de negócio da organização. As principais tarefas da gestão por processos de negócio estão ligadas a um ciclo de vida contínuo, o qual inclui: planejamento, análise, desenho e modelagem, implantação, monitoramento e controle, e refinamento ou melhoria contínua dos processos de uma organização (ABPMP, 2009). Para Santos, Santana e Alves (2012), em todas as fases deste ciclo, pondera-se que BPM pode prover melhores resultados se empregar como base a tecnologia da informação. Sendo assim, BPM é um campo multidisciplinar, que integra conhecimentos e práticas que vêm de disciplinas de administração, sistemas de informação e engenharia de software. Desta forma, a gestão por processos não é novidade para diversas áreas das organizações. Porém, mudanças expressivas ocorreram ao longo do tempo e podem ser verificadas no tópico a seguir. 31 2.1.1 A evolução de conceitos de gestão organizacional A gestão por processos não é novidade para muitas organizações. Todavia, mudanças expressivas ocorreram ao longo do tempo. No início do século passado, os estudos de Taylor alinhados aos princípios da administração científica concentraram-se em um viés organizacional sobre os processos de eficiência, especialização e medição das atividades realizadas pelos trabalhadores. Isso implicou na busca pela especialização das atividades e formação de profissionais especialistas em seus processos de negócio. No início da década de 1980, o mundo voltava sua atenção para o grau de competitividade alcançado pelas principais indústrias japonesas, que ofertavam produtos de excelente qualidade e com preços relativamente baixos. Com isso, a Gestão da Qualidade Total (TQM) popularizou-se como uma prática de gestão, tornando-se o foco das organizações. Assim, buscou-se a particularização das áreas funcionais em torno de competências fundamentais, em virtude da motivação proporcionada pela TQM, que consistia em criar consciência nas organizações de realizarem uma análise crítica de seus processos, produtos e serviços para a identificação de pequenos pontos de melhoria possíveis. Na década posterior, despontou-se o movimento da Reengenharia Total de Processos (BPR), que conforme Furlan (1994) e Coulson-Thomas (1994), é o ato de repensar e reprojetar radicalmente os processos de uma organização com intuito de obter progressos em indicadores críticos de desempenho, tais como: custos, qualidade, serviços e agilidade. Em seguida, surgiu o período dos sistemas integrados de gestão empresarial Enterprise Resource Planning (ERP), com o objetivo de implementar o modelo de organização integrada e promover a mudança da visão departamental para a visão de processos nas empresas. Porém, na visão de Sobreira Netto (2007), esses movimentos não foram suficientes para transformar a cultura do gerenciamento por funções nas organizações, nem para amenizar a discrepância existente entre as áreas de negócio e a agilidade da Tecnologia da Informação (TI) em prover a gestão organizacional de sistemas informatizados. Adicionalmente, Sobreira Netto (2007) expõe que as operações nas organizações estão sujeitas a um ou mais processos, sejam formalizados ou não, que empreguem tecnologia, em especial a de informação. O mesmo autor afirma que a formalização dos processos se dá pelo desenvolvimento de modelos de processos de negócio, considerando os objetivos de negócios, métricas, fluxos, dados, integrações e relacionamentos entre áreas. Hammer e Stanton (1995) consideram que os processos permanecem sendo fragmentados e isolados em setores distintos de organizações tradicionais. Consequentemente, continuam 32 difíceis de serem avistados como parte de uma engrenagem e, assim, de difícil gerenciamento e controle. Na década de 90, surgiram muitos trabalhos científicos relacionados ao desenvolvimento e uso de sistemas de Workflow – “Fluxos de Trabalho”, porém, com poucos apontamentos sobre o seu gerenciamento. Em virtude da evolução destes sistemas, ou com o propósito de suprir as deficiências elencadas por especialistas, surgiu o conceito de Gerenciamento de Processos de Negócio (Business Process Management – BPM). Em 2006, Howard Smith e Peter Fingar fazem emergir os conceitos de Gerenciamento de Processos de Negócio com o lançamento do livro Business Process Management – The Third Wave (“Gerenciamento de Processos de Negócio – A Terceira Onda”). Como especialistas em TI, os autores focaram o BPM como sendo uma automação de processos por meio de ferramentas de software. 2.1.2 Conceitos de processo e BPM De acordo com Graham e LeBaron (1994), todo trabalho importante realizado numa organização faz parte de algum processo. Para os autores, não existe um produto ou serviço oferecido por uma organização sem um processo. “Na concepção mais frequente, processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico” (GONÇALVES, 2000a, p. 7). Num estilo mais convencional, Hammer e Champy (1994) conceituam processo como um grupo de atividades realizadas numa sequencia lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes. Harrington (1991) acrescenta que para oferecer esse resultado, os processos utilizam os recursos da organização. Assim, numa visão simplista, processo nada mais é do que uma entrada, uma transformação e uma saída, baseando-se em regras, utilização de recursos e execução de atividades. Segundo Campos Filho (1994), os recursos organizacionais devem ser vistos como um sistema constituído por estrutura, tecnologia, tarefa e pessoal. Conceitua que um sistema é um grupo interdependente de itens, pessoas ou processos trabalhando juntos, em direção a um propósito comum. Assim, uma organização vista como um sistema é uma rede de processos. Na mesma linha de pensamento, Gonçalves (2000a) corrobora que um sistema pode ser visto como uma coleção de processos. O mesmo autor acrescenta que cada tipo de 33 processo tem características específicas e, portanto, deve ser gerenciado de maneira específica. Neste contexto, para Smith e Fingar (2003), o BPM pretende instituir um significado simples de um processo, de forma que profissionais de áreas distintas de uma organização possam ver e manipular o mesmo processo por meio de uma representação apropriada, e agir segundo suas competências e responsabilidades. Em outras palavras, tem por objetivo constituir uma visão de gestão estratégica orientada a processos, que busca enxergá-los de forma completa e integrada a todas as áreas envolvidas na sua execução. O foco é a busca pela eficiência e efetividade dos negócios, instituindo um plano de melhoria contínua e utilizando a tecnologia como meio para proporcionar agilidade e visibilidade. Para os autores, o que distingue o BPM dos demais movimentos, é o desenvolvimento de uma capacidade que consente à área de negócio ter controle de suas necessidades presentes e futuras, possuindo visão integral do processo, e agilidade e comunicação para a inovação. Isto exige o desenvolvimento de instrumentos de medida que sinalizem e facilitem o processo decisório dos gestores. De acordo com Spanyi (2003), o BPM abrange a definição, o aperfeiçoamento e a administração dos processos de negócio de uma organização, do início ao fim, envolvendo todos os setores, com apoio da tecnologia, com intuito de alcançar três pontos cruciais para o bom desempenho organizacional, quais sejam: nitidez na direção estratégica, alinhamento dos recursos organizacionais e a crescente disciplina nas operações diárias. Smith e Fingar (2003) consideram, ainda, a habilidade para mudar, mais importante do que a habilidade para criar processos. Os autores creem que o BPM seja uma espécie de síntese entre a representação de processos e as tecnologias de colaboração que promovem a remoção dos obstáculos que bloqueiam a execução dos objetivos da organização. Deste modo, há necessidade de se conhecer a estrutura hierarquia dos processos organizacionais. 2.1.3 Hierarquia dos processos organizacionais Segundo Rummler e Brache (1994), a compreensão da dinâmica organizacional é obtida por meio da identificação destes processos, entendendo-se como o trabalho é realizado na organização. Os autores corroboram que gerenciar processos é utilizar um conjunto de técnicas para constantemente. garantir que processos-chave sejam monitorados e aperfeiçoados 34 Para Rados (1999), a gestão por processos pode ser definida como uma metodologia empregada para definir, analisar e gerenciar as melhorias no desempenho dos processos das organizações, com a finalidade de atingir condições ótimas. Dessa maneira, segundo Harrington (1993), tal metodologia favorece o conhecimento do funcionamento das organizações por meio de seus diversos processos, ou seja, do conjunto de atividades que recebe uma entrada, agrega-lhe valor e gera uma saída para um cliente interno ou externo. Sobre esse assunto, podem-se classificar os processos em: “processos essenciais (core process) - uma cadeia de atividades que entrega valor a clientes externos; e, processos de apoio - provêm recursos e insumos vitais aos processos essenciais e são vitais para a gestão de empresa” (KRAJEWSKI, 2009, p. 6). Segundo Costa et al. (2009), os processos podem ser logicamente organizados e hierarquicamente estruturados, contribuindo para a sua melhor compreensão e facilitando a gestão da organização com foco nos processos. De acordo com Braga (2010), o conceito de arquitetura de processos representa o detalhamento ou o desdobramento de uma cadeia de valor, que conforme Porter (1986) é definida como a classificação das ações que geram ou entregam um produto ou serviço a um cliente, possibilitando uma melhor visualização do valor ou benefício agregados nos processos. Para o mesmo autor, a construção desse instrumento permite ao gestor se afastar da perspectiva tipicamente funcional da organização e visualizar, de maneira mais sistêmica e integrada, o funcionamento do conjunto de processos existentes. A compreensão das relações de causas e efeitos e suas interfaces contribui na identificação do valor e benefícios agregados nos processos, bem como dos resultados e impactos gerados. Na visão de Gonçalves (2000a), seguindo a ideia de hierarquia de processos, estes podem ser agregados em macroprocessos e subdivididos em subprocessos, em uma arquitetura que possibilita o alinhamento entre a estratégia e as atividades efetivamente realizadas. A esse respeito, Harrington (1993) corrobora que os processos de uma organização possuem uma hierarquia que abrange os macroprocessos, processos, subprocessos, atividades e tarefas. Em síntese, esta hierarquia pode ser assim apresentada: Macroprocesso: geralmente, envolve mais que uma função na estrutura organizacional, sua operação tem impacto no modo como a organização funciona; Processo: é um conjunto de atividades sequenciais, relacionadas e lógicas, que transformam um input, acrescentando valor a este, em output; 35 Subprocesso: é a parte que, inter-relacionada de forma lógica com outro subprocesso, realiza um objetivo específico em apoio ao macroprocesso e contribui para a missão deste; Atividades: são coisas que ocorrem dentro do processo ou subprocesso. São geralmente desempenhadas por uma unidade (pessoa ou departamento) para produzir um resultado particular; Tarefas: é uma parte específica do trabalho , ou melhor, o menor microenfoque do processo, podendo ser o único elemento e/ou um subconjunto de uma atividade. Figura 1 – Hierarquia dos processos Fonte: De Sordi (2005). Neste contexto, De Sordi (2005) define a gestão por processos como uma estrutura gerencial orientada por processos, em que tanto os gestores, quanto os executores destes processos, inspecionam seus desempenhos e redesenham seus sistemas de trabalho de forma a alcançarem melhores resultados. Assim, verifica-se que outra vertente da gestão por processos é o foco nas pessoas. 2.1.4 BPM e o foco nas pessoas As pessoas são o centro dos processos. São elas que executam as atividades e implementam as melhorias. Segundo Willaert et al. (2007), as pessoas são a base tanto para o funcionamento de uma organização quanto para a melhoria e inovação de seus processos. 36 Sendo assim, precisam estar motivadas e acreditarem nas mudanças para que ocorra o comprometimento. De acordo com Balzarova et al. (2004), buscando clarificar o papel do indivíduo na gestão por processos, estudos vêm evidenciando que aspectos relacionados à gestão de pessoas – “treinamento e aprendizado pelo fazer” e “gestão da resistência à mudança” – são considerados fatores chaves de sucesso para uma implementação bem-sucedida do BPM. Pettigrew e Whipp (1991) acrescentam a importância do papel do líder e sua atuação no processo de mudança organizacional, que juntamente com o apoio da alta administração e a prática reflexiva, incentiva o ajuste do comportamento dos servidores na direção almejada pela organização. Tal adaptação ocorre “por meio da adoção por parte dos servidores de novos modelos mentais, atitudes e valores diferenciados, que serão estimulados pela própria organização” (GONÇALVES, 2000b, p. 12). Para o autor, as organizações devem adotar modelos alternativos de gestão de pessoas, diferentes daqueles utilizados nas organizações que possuem uma estrutura tradicional. Na mesma linha de pensamento, Duarte (2004) acredita que cabe à alta administração a coordenação dos processos organizacionais, promovendo sintonia entre os departamentos no sentido de sensibilizar as pessoas para melhor qualidade e maior produtividade. Requer-se, ainda, liderança e melhoria contínua do processo por meio de pequenos ajustes. Acrescenta-se, também, a gestão do conhecimento que proporciona benefícios qualitativos às organizações. Para tanto, o autor considera que se precisa contar com profissionais capacitados, com pleno domínio em suas áreas de atuação. Profissionais que, além de possuírem o conhecimento, sejam capazes de disseminá-lo pela organização, gerando resultados tangíveis e intangíveis. Para Lee e Dale (2004), o BPM é considerado um grupo de ferramentas e técnicas para melhoria de processos, bem como um método de integração de toda a organização. Por este motivo, consideram imprescindível que seja entendido por todos os colaboradores. Desta maneira, Gonçalves (2000b) acredita que gerir as organizações sob o prisma do BPM, tornase um dos grandes desafios da gestão eficaz dos recursos humanos, necessitando um grande entendimento sobre o efeito da mudança em processos nos colaboradores. Na visão de Hammer (2001), a maneira como as competências das pessoas são mensuradas e desenvolvidas, auxiliam para que elas trabalhem focadas em processos. Willaert et al. (2007), consideram essencial que as pessoas sejam treinadas e informadas para melhorar os processos e para pensar em termos de processos. Ponderam que se trata de uma abordagem de caráter colaborativo, em que o trabalho deve ser desenvolvido em equipe e englobando 37 todas as atividades, de ponta a ponta. Neste contexto, a liderança precisa estimular o comportamento colaborativo entre os servidores e as equipes, ensinando as pessoas a agir e a adotar essa nova perspectiva. Sobre este assunto, Graham e LeBaron (1994) afirmam que a adoção de uma perspectiva organizacional baseada em BPM desenvolve e destaca os papéis relacionados aos processos, ressaltando aspectos ligados à liderança de equipe, ao relacionamento entre pessoas, à facilitação dos mecanismos grupais e ao desenvolvimento de conhecimento. Assim, dado que as medidas da estrutura de processos básicas representam equipes multifuncionais e a integração de processos, faz-se necessária a presença de uma autoridade interfuncional sobre as equipes. Deste modo, para McCormack et al. (2003), as pessoas envolvidas devem trabalhar como um grupo integrado e com autoridade partilhada para tomar decisões e efetivar ações. Em razão disto, Willaert et al. (2007), destacam que tão importante quanto a habilidade, é a vontade de fazer parte de uma equipe e de se tornar contribuinte do processo. Cabe destacar também que, de acordo com DeToro e McCabe (1997), as equipes são responsáveis em buscar a melhoria contínua dos processos, primar pela redução do custo e do tempo de execução dos fluxos de trabalho, bem como objetivar as melhorias na consistência de seus resultados. Além disso, McCormack e Johnson (2001) corroboram que a orientação para processos não depende de um líder carismático, mas fundamentalmente, da dinâmica organizacional. Ainda, McCormack e Johnson (2001) acrescentam que a orientação para processos pode contribuir no desempenho geral da organização, no que se refere à redução do conflito e da melhoria da cooperação interdepartamental, além de melhorar o esprit de corps7. Os autores consideram que as organizações estruturadas em amplas equipes de processo em detrimento a departamentos funcionais limitados devem ter menos conflitos internos e espírito de equipe mais consolidado. Vê-se, então, que o sucesso do BPM em uma organização advém, também, da postura adotada em relação às pessoas, bem como da estrutura que formaliza a alocação destes indivíduos. 7 Esprit de corps é definido como “o conjunto de sentimentos, crenças e valores entusiásticos compartilhados sobre afiliação ao grupo e seu desempenho. Esprit de corps manifesta um forte desejo pelo alcance de um objetivo comum mesmo em situações hostis. Pode ser um mecanismo poderoso de alinhamento para fortalecer qualquer organização” (McCORMACK e JOHNSON, 2001, p. 25). 38 2.1.5 BPM e a estrutura organizacional Chandler (1962) conceitua estrutura organizacional como o desenho por meio do qual a organização é administrada. Já para Hall (1984), é a forma de distribuição dos indivíduos entre posições sociais que influenciam as relações de papel entre as pessoas. O mesmo autor considera que a estrutura organizacional possui três funções básicas, quais sejam: realizar produtos ou serviços e atingir metas organizacionais; minimizar ou regulamentar a influência das variações dos indivíduos na organização; e, representar o contexto em que o poder é exercido, decisões são tomadas e atividades são executadas. Porém, Santos (2012), acredita que não são os departamentos que satisfazem as necessidades dos clientes, mas sim, os processos que ultrapassam os limites departamentais. Para a autora, a estrutura organizacional condiciona e limita os colaboradores a trabalharem focados nos resultados de seus setores, não se preocupando com a organização como um todo. Desta forma, de acordo com Davenport (1994), surge a necessidade de se estabelecer uma visão horizontal da organização, em que os hand-offs8 entre as unidades funcionais sejam minimizados ou eliminados, de forma que os fluxos sequenciais sejam viabilizados e efetivados perpassando as funções, e haja amplo e rápido intercâmbio de informações. O autor considera que apenas a identificação e a definição desses processos já ocasionam novas formas de se estruturar o trabalho. Segundo McCormack et al. (2003) e Davenport (1994), a estrutura organizacional auxilia os gestores alcançarem os objetivos. E, considerando que estes objetivos derivam de uma estratégia geral da organização, fica evidente que a estratégia e a estrutura estão intimamente relacionadas. Desta forma, Gonçalves (2000b), considera que o BPM surge como uma abordagem gerencial que reestrutura a organização em prol de seus processos, equipes e resultados, tendo como cerne a gestão coordenada das atividades executadas por pessoas de diferentes departamentos. Nessa perspectiva, “a organização é vista como uma série de processos funcionais interligados, em que as políticas e o direcionamento são definidos pela alta gerência, mas a autoridade para examinar, desafiar e mudar os métodos de trabalho é delegada às equipes de trabalho interfuncionais” (SANTOS, 2012, p. 34). Assim, McCormack e Johnson (2001), entendem que a estrutura proporciona uma visão dinâmica das conexões organizacionais e ordena os processos de trabalho, permitindo uma melhoria dos resultados por meio da mensuração de fatores como custo, tempo e 8 O termo hand-offs é utilizado para identificar os momentos em que as atividades e/ou tarefas dos processos são passadas a outro setor ou departamento da organização para continuar a sua realização. 39 qualidade. Assim, ao reduzir essas variáveis, tem-se a melhoria do próprio processo. Por sua vez, Lockamy et al. (2008) acrescentam que, uma vez que a estrutura organizacional influencia a efetividade dos colaboradores, o problema está em identificar uma estrutura que possibilite a organização trabalhar em torno dos processos, e não de suas funções. Ainda, Willaert et al. (2007) e Davenport (2005) alertam que a organização orientada para processos não necessita ser completamente estruturada horizontalmente. Pode contar com áreas e departamentos funcionais definidos, todavia com processos sendo executados de maneira horizontal. Palmberg (2010), acrescenta que quando a organização funcional e hierarquizada muda a abordagem para a nova organização por processos, ocorre um choque entre as pessoas que preferem receber ordens e as que preferem maiores responsabilidades. Nesse caso, uma forma de amenizar o embate é oferecer o devido suporte à transição. O autor acredita que a solução não consiste em escolher entre funcional ou processos, mas em poder aplicar ambos na organização. Para tanto, é necessário que haja uma equipe de negociação e colaboração, na qual os gestores possam se comunicar e alinhar a estratégia da organização com a estratégia de sua área de atuação e, assim, evitar a abordagem dos silos. De acordo com Paim et al. (2009), o escritório de processos surge como proposta de resposta a essa necessidade, pois, além de evitar a abordagem de silos nas organizações, institucionaliza a gestão de processos, tornando-a parte do cotidiano das tarefas e, ainda, da cultura organizacional. A esse respeito, Santos (2012) afirma que os colaboradores de uma organização não se orientam apenas pela sua estrutura. Baseiam-se também, nas crenças e valores que formam a cultura organizacional. 2.1.6 BPM e a cultura organizacional Na visão de Morgan (2002), a cultura é definida como um grupo de variáveis distintas que forma um todo cultural, juntando crenças, histórias, normas e rituais, bem como a estrutura organizacional. Assim, pode-se afirmar que a cultura organizacional baseia-se em: [...] capacidades características e incapacidades que, como um resultado da evolução da cultura, se transformaram nas características que definem a maneira pela qual a organização trabalha, sendo construída dentro das atitudes e de enfoques dos seus empregados (MORGAN, 2002, p. 144). 40 Para McCormack e Johnson (2001), no contexto da orientação para processos, os gestores precisam instigar uma cultura organizacional que possua características que valorizem aspectos da integração interfuncional, proporcionando a todos um pensamento sistêmico e de processos. Os autores consideram que, nessa perspectiva, o comprometimento com a melhoria dos processos é um componente importante da cultura. Para isto, deve-se estimular o trabalho em equipe e incentivar a cultura da visão interfuncional e orientada para os resultados dos processos em toda a organização. Morgan (2002) acrescenta que a cultura não é algo imposto sobre uma situação social. Mas sim, ela se desenvolve durante o curso da interação social. Em razão disto, Tenner e De Toro (2000), mencionam que um aspecto considerável da orientação para processos com implicações culturais é o apoio da alta administração e, a presença de uma liderança que estimule comportamentos interdepartamentais. Estes aspectos influenciam também, o desempenho organizacional, como apresentado no próximo tópico. 2.1.7 BPM e o desempenho organizacional Neely et al. (1997) afirmam que as medidas de desempenho são um elemento integrante do planejamento e controle de ciclo, pois a captura de dados de desempenho, geram informações e auxiliam a tomada de decisão. Porém, Bourne et al. (2002) destacam que muitos fatores podem influenciar o sucesso ou fracasso do processo de desenvolvimento e de implementação dos sistemas de mensuração de desempenho de uma organização. A literatura aponta alguns exemplos: o tempo e o investimento financeiro (MCCUNN, 1998); a falta de liderança e resistência à mudança (HACKER; BROHTERTON, 1998); a alocação de recursos independente da elaboração da estratégia (KAPLAN; NORTON, 1996); a não incorporação dos avanços em métodos de melhoria contínua (SCHNEIDERMAN, 1999); a estratégia desalinhada dos objetivos do departamento (KAPLAN; NORTON, 1996); as métricas pouco definidas (SCHNEIDERMAN, 1999); a necessidade de quantificar os resultados em áreas que são mais qualitativas por natureza (BIERBUSSE; SIESFELD, 1997). Também é destacado por diversos autores, dentre eles, Scott (1995), Pettigrew e Whipp (1991), que a natureza política das organizações demandam significativa consideração, pelo fato de diversos fatores demonstrarem o impacto que a cultura organizacional pode ter na mudança. Para Neely et al. (2000), a aceitação da mensuração por toda a organização é considerada um pré-requisito chave da evolução, capaz de auxiliar e beneficiar a manutenção 41 de sistemas de mensuração eficazes e eficientes. Os autores consideram desafiador para os gestores, o momento de implantar tais medidas. Emergem fatores como o medo, a política e a subversão, uma vez que as pessoas começam a se preocupar com a exposição de suas deficiências por meio da mensuração de desempenho. Segundo Chen, Mattioda e Daugherty (2007), as medidas de desempenho da cadeia de valor podem tomar uma perspectiva de processos, conduzindo a uma visão mais sistêmica do que a ênfase tradicional nas funções departamentais. Assim, Neely et al. (2000) corroboram que ao estruturar as medidas de desempenho, as organizações precisam evitar a adoção de um foco estreito e unidimensional que enfraqueça o sistema de mensuração, e buscar indicadores com uma visão orientada para processos. Para Buosi (2004), para que a medição do desempenho organizacional seja executada com efetividade, o suporte tecnológico de um sistema de informação se torna essencial, pela quantidade de informação envolvida, agilidade, confiabilidade, entre outros fatores. 2.1.8 BPM: informação, conhecimento e tecnologia Segundo Davenport (1994), as relações entre informações e processos podem ser analisadas sob alguns aspectos, quais sejam: como as informações apoiam os processos; como podem ser produzidas por processos e; como devem ser gerenciadas nos processos. Sendo assim, a informação pode desempenhar inúmeras funções, de modo a promover sustentação às tentativas de tornar os processos mais eficientes e eficazes. Para Souza (2003), as inovações tecnológicas contribuem para modificar a maneira de executar certas atividades, otimizando o fluxo dos processos de trabalho. Porém, o que ocorre é que, a tecnologia expandiu-se com maior velocidade do que a capacidade de explorar novas oportunidades. Por isso, necessita-se compreender e acompanhar os impactos causados pelos avanços tecnológicos nas atividades organizacionais, bem como, avaliar a contribuição de cada inovação disponível. Esse conhecimento torna-se, então, um requisito fundamental para gestão por processos de negócio. Gonçalves (2000a), afirma que a tecnologia é essencial no gerenciamento dos processos organizacionais. Influencia tanto na maneira de realizar o trabalho, tanto como na forma de gerenciá-lo. O autor entende que o processo segue uma sequencia rigorosa de atividades, ditada pela tecnologia característica ou pela própria lógica do trabalho. 42 Contudo, vê-se que o impacto do avanço tecnológico sobre processos organizacionais é considerável e requer uma nova postura frente ao gerenciamento dos processos de negócio. Percebe-se, então, que a tecnologia e a gestão do conhecimento são relevantes para o aprimoramento contínuo dos processos. Aprofundando o tema BPM, na visão da tecnologia da informação, pode-se dizer, segundo Marchand (2009), que Business Process Management System (BPMS) é um sistema (software) responsável pela automação da metodologia BPM. Consente a simulação, a execução, o controle e a otimização de processos. Ainda, possibilita aos funcionários um melhor conhecimento dos processos que participam. O fornecimento de relatórios, conforme a necessidade da organização permite que a alta direção visualize os gargalos, o ponto crítico de atraso de determinada tarefa, a frequência com que isso ocorre, o percentual de processos concluídos e, em andamento, entre outros. Estas informações geradas possibilitam que o gestor tome decisões para a correção de erros ou para a melhoria do processo. Porém, a mesma autora afirma que não precisa de um BPMS para a implantação de BPM. Implantar BPM está num nível de abstração superior a um software. Significa entender o negócio voltado ao cliente, enxergar os processos da organização e perceber a mudança cultural necessária. Assim, o BPMS auxilia a implantação do BPM, proporcionando um suporte aos gestores dos processos. Contudo, é essencial que a organização entenda os processos da empresa, as características e cultura dos atores envolvidos e defina os objetivos de BPM. Sendo assim, está pronta a escolher a melhor solução de BPMS que se adaptará a realidade da organização. Contudo, vale repetir que as ferramentas de software utilizadas para automação dos processos (BPMS) são desejáveis, mas não devem ser o foco. Este deve ser a melhoria dos processos de negócio para que as organizações possam alcançar os resultados almejados. 2.1.9 BPM e as ferramentas de gestão Para Davenport (2005), a gestão por processos é um conjunto eficaz de ferramentas e ações que potencializam os recursos humanos, tecnológicos, sistêmicos e de infraestrutura de uma organização. A estrutura precisa funcionar, de maneira a permitir que a organização disponha do que for necessário para alcançar seus objetivos, eliminando o que for considerado inadequado e incrementando o que se entende benéfico. Desta maneira, como visto anteriormente, o BPM tem a finalidade de alinhar os processos de negócio com a estratégia organizacional, os objetivos e a cadeia de valor. Assim, 43 combina processos de negócio, pessoas, tecnologia e organização para criar uma visão única e integrada de negócios. Para isso, o BPM utiliza ferramentas de gestão, tais como: o mapeamento de processos, o monitoramento por meio de indicadores de desempenho, o ciclo da melhoria contínua, dentre outras. Essas ferramentas aplicadas auxiliam na otimização dos resultados e na performance dos processos. O mapeamento de processos permite uma visão ampla do fluxo de trabalho de uma organização, auxilia a reconhecer as atividades que agregam valor, identifica os gargalos, as oportunidades de melhorias e apoia a integração entre as áreas. Consente também, a adequação de recursos, conhecer melhor o que está sendo realizado e monitorar cada atividade de interesse, por meio de indicadores estratégicos e de desempenho, os quais já foram aqui comentados. Adicionalmente, de acordo com Davenport (1994), melhorias nos processos são representativas para o resultado organizacional. Para isto, o autor sugere focar esforços em processos-chave, que devem ser continuamente adaptados e adequados com intuito de atender os objetivos de negócios. Adesola e Baines (2005) entendem que após o redesenho e implantação das modificações, é preciso monitorar os resultados visando ao aperfeiçoamento contínuo do novo processo. Gonçalves (2000a) complementa que nem todos os processos têm a mesma relevância, tanto sob o ponto de vista dos resultados, quanto dos recursos envolvidos. Deste modo, novamente, percebe-se que o BPM foca na otimização dos resultados organizacionais por meio da melhoria contínua dos processos e utiliza, para isto, técnicas e ferramentas de gestão que auxiliam a análise, modelagem, aplicação e monitoramento dos processos. Ainda, visando garantir a efetividade de um processo de implementação, alguns recursos precisam ser empregados. 2.1.10 Mapeamento de processos Johnston e Clark (2002) definem o mapeamento dos processos como a técnica de se colocar em um gráfico o processo de trabalho para orientação em suas fases de avaliação, desenho e desenvolvimento. Acrescentam, ainda, que o principal benefício obtido é o surgimento de uma visão integral do processo de trabalho e de um entendimento compartilhado por todos os envolvidos e, assim, uma compreensão de seu papel no processo do princípio ao fim. 44 De acordo com Mello et al. (2002), para se gerenciar um processo é necessário, primeiramente, visualizá-lo. Isso é possível pelo emprego de técnicas de análise do processo, que segundo o mesmo autor, permitem detectar falhas e oportunidades de melhorias, destacando as tarefas críticas e eliminando tarefas que não agregam valor ou que são duplicadas, tentando levar a organização para um patamar diferente do atual e igual aquele em que a alta administração deseja. O mapeamento é realizado pela utilização de uma técnica para representar as diversas tarefas necessárias, na sequência em que elas ocorrem, para a realização e entrega de um produto ou serviço. Dentre as principais técnicas existentes para a representação das atividades de um processo, destaca-se o fluxograma. Conforme Barnes (1987), o fluxograma ou gráfico de fluxo de processo, é uma técnica para se registrar um processo de maneira compacta, a fim de tornar possível sua melhor compreensão e posterior melhoria. Adiciona, também, que o gráfico representa os diversos passos ou eventos que ocorrem durante a execução de um processo, identificando etapas de ação (realização de uma atividade), inspeção, transporte, espera e fluxo de documentos e registros. Para Schmenner (1999), o fluxograma é um tipo de diagrama que contem símbolos padronizados, mostrando a sequencia lógica das etapas e realização de um processo de trabalho. Pode ser entendido como uma representação esquematizada de um processo, podendo ser realizada por meio de gráficos que ilustram de forma descomplicada a transição de informação entre os elementos que o compõem. Na prática, pode-se entende-lo como a documentação dos passos imprescindíveis para a execução de um determinado processo. O mesmo autor acredita que essa ferramenta auxilia a melhoria nos processos, bem como a adoção de normas e procedimentos adequados ao alcance dos resultados almejados pela organização. Propicia, ainda, a visão integrada da sequencia do processo, os detalhes críticos, as oportunidades de melhoria, os pontos de controle, as documentações necessárias e a interação com os subprocessos. 2.2 RECURSOS EMPREGADOS NO BPM Frente ao exposto até este ponto compreende-se que o BPM caracteriza-se por ser uma prática de gestão que requer: o entendimento e o envolvimento da alta administração, a definição clara de papéis, a existência de processos de decisão como parte da governança de BPM, metodologias apropriadas, sistema de informações de processos, colaboradores 45 capacitados e bem treinados, estrutura organizacional orientada a processos e, uma cultura receptiva. De acordo com De Sordi (2005), o processo de negócio é um meio de integração dos ativos organizacionais, e o gerenciamento ocorre quando esses ativos trabalham sincronizados, garantindo-lhes eficiência. Para tanto, alguns recursos precisam ser empregados no BPM, os quais são apresentados no Quadro 1. Quadro 1 – Recursos empregados no BPM RECURSO SIGNIFICADO Tecnologia de Informação e Comunicação Recursos Humanos Empregadas para a automação de regras e atividades, para monitoramento do desempenho e para a formação de ambientes colaborativos de trabalho. Conciliar os interesses e os momentos de integração e interação dos servidores para o bom desempenho dos processos de negócio. Estrutura Funcionários são entendidos como nós de uma rede de Organizacional trabalho, e não como funções isoladas no organograma. Responsabilidades Fortalecer a autonomia do agir e pensar dos servidores Infraestrutura Todos os recursos de apoio e suporte aos processos. Conhecimento O conhecimento capturado e compartilhado com a organização proporciona o aprimoramento de todos os demais ativos de negócio. Fonte: Adaptado de Sobreira Netto (2007). Para Forster (2005), a coordenação dos processos de negócio permite que a organização visualize as ligações entre seus recursos. Ou seja, consegue-se enxergar o elo entre pessoas, tecnologia e processos propriamente ditos, otimizando o compartilhamento de dados, informações e recursos. 2.3 PRINCIPAIS BARREIRAS DO BPM Para uma melhor análise da viabilidade de utilização do BPM, é conveniente pontuar as principais barreiras para a sua implantação. Para a construção de uma tabela com tais obstáculos, embasou-se em algumas variáveis propostas por Rosemann e Bruin (2005), consideradas significativas em um processo de implementação de BPM, as quais são apresentadas no Quadro 2. 46 Quadro 2 – Variáveis de valor expressivo em um processo de implementação de BPM VARIÁVEIS SIGNIFICADO Cultura A aceitação, prática e promoção do BPM pelo pessoal relacionado aos processos organizacionais. Desempenho Métrica e ações de BPM, incluindo processos individuais e pessoal relacionado a processos na organização. Responsabilidades A delegação de responsabilidades para práticas de BPM ao pessoal relacionado a processos na organização. Metodologia A adoção de notações formais, bem definidas para conduzir o BPM. Tecnologia de O uso de recursos de TI e SI na implantação e condução de processos Informação – TI de BPM. Fonte: Adaptado pela autora a partir de Rosemann e Bruin (2005). Com base no exposto até o presente momento e considerando as variáveis apresentadas na última tabela, pode-se dizer que o mapeamento de processos – ferramenta de gestão muito utilizada na implantação do BPM -, permite identificar as falhas dos processos, sendo necessário corrigi-las. Isto, geralmente causa mudanças na rotina de trabalho dos colaboradores e de procedimentos organizacionais, podendo ocorrer resistências. Outro fator a ser considerado diz respeito à visão de processos pelo nível operacional, que precisa de maior orientação para que possam compreender o todo. Observa-se, ainda, que a ausência de medição e ações de BPM, bem como delegação de responsabilidades ao corpo funcional, pode prejudicar ou se configurar como um empecilho ao sucesso de BPM. Outrossim, a falta de uma metodologia adequada e a carência de recursos de TI, podem inviabilizar a implantação desta prática de gestão. Diante do exposto, o Quadro 3 apresenta as principais barreiras identificadas a partir das variáveis destacadas por Rosemann e Bruin (2005), consideradas significativas em um processo de implementação de BPM. Quadro 3 - Barreiras enfrentadas no BPM BARREIRAS Resistência a mudanças Pouca compreensão da visão de processos pelo nível operacional Falta de monitoramento e controle dos processos Ausência de uma metodologia pré-definida Pouco apoio da área de TI Falta de recursos no orçamento destinados à melhoria de processos Cultura organizacional Fonte: elaborado pela autora (2012). Contudo, e em síntese, as variáveis transcritas no Quadro 2 podem surgir como obstáculos, culminando no fracasso de iniciativas de BPM. Assim, o conhecimento destas 47 variáveis e a consequente identificação de possíveis barreiras (Quadro 3) visam fornecer subsídios às organizações, na busca da eliminação destes entraves de crescimento e, ao mesmo tempo, contribuir com o sucesso deste método de gestão. Porém, faz-se necessário também, destacar os benefícios que podem emergir com a adoção do BPM nas organizações. 2.4 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO BPM Segundo Burlton (2001), a gestão por processos requer liderança e direcionamento de seus processos, podendo isso, significar uma mudança radical no processo de negócio e, por outras vezes, uma revisão e melhoria contínua do processo, por meio de pequenos ajustes. Os processos de negócios são ativos da empresa, assim como os recursos humanos, as facilidades disponíveis e as informações. Bem gerenciados, eles trarão retorno na forma de melhor desempenho da organização. Além do mais, processos de negócios são recursos especiais, por servirem de veículos de sincronização dos demais recursos com os aspectos da mudança. Eles servem como um framework9 para organização de todos os demais componentes (BURLTON, 2001, p.2) O interesse pelo tema BPM é relativamente recente. Conforme Scucuglia (2013), visualizar a organização sob a ótica de processos e geri-los de maneira a gerar resultados mais alinhados às expectativas do cliente tem se mostrado uma prática compatível com as demandas nos mais diversos nichos de mercados. Segundo o autor, são diversos os exemplos de aplicações bem sucedidas da nova “filosofia gerencial”, que busca identificar os processos multifuncionais de uma empresa e prover valor e eficiência às organizações. Segundo Silva (2011), estudos têm exibido a gestão da integração interfuncional como uma forma de desenvolver melhorias nos processos e resultados operacionais. Ademais, a gestão por processos incide em uma quebra do paradigma funcional, sugerindo uma visão interfuncional de como os processos poderiam ser melhor geridos com intuito de eliminar os efeitos maléficos causados por conflitos internos em organizações excessivamente fundamentadas em departamentos isolados. A ideia é inverter a lógica de gestão para uma visão focada na cadeia de agregação de valor interfuncional, onde os interesses do processo se 9 Para Gamma et al (1995), um framework é um conjunto de objetos que colaboram com o objetivo de atender a um conjunto de responsabilidades para uma aplicação específica ou um domínio de aplicação. Já segundo Buschmann et al. (1996), um framework é definido como um software parcialmente completo projetado para ser instanciado. O framework define uma arquitetura para uma família de subsistemas e oferece os construtores básicos para criá-los. 48 sobressaem aos interesses departamentais. Para Scucuglia (2013), o BPM surge como uma ferramenta que modifica a maneira da organização visualizar a sua cadeia de valor. Este processo de ponta a ponta permite modelar, analisar e transformar a cadeia produtiva interna, sem que as tradicionais barreiras departamentais exerçam resistências para a fluidez do fluxo. A esse respeito, Pimenta e Silva (2012) acreditam que quando as organizações adotam sistemas de gestão por processos, inevitavelmente será requerida a formalização de determinados fatores de integração, tais como: reuniões interfuncionais e planejamento feito em conjunto. Assim, a partir do momento em que as decisões gerenciais passam a ser internalizadas, compreendidas e decididas pela ótica de processos, podem surgir os benefícios, proporcionando maior eficiência e eficácia às organizações. Na mesma linha de pensamento, cita-se, apenas com efeito de ilustração, experiência divulgada por um praticante (profissional da prática) de mercado a respeito do assunto. Para Calura (2010) a implementação da prática de BPM nas organizações com agregação de valor tem sido um tema bastante abordado. Para este praticante, esta temática surgiu em virtude do grande número de organizações que iniciam projetos de BPM sem se preocuparem em mensurar um resultado esperado, ou seja, sem visão de futuro. Ainda, corrobora que a prática de BPM não se atém em simplesmente mapear processos. Precisa ser principiada a partir de objetivos específicos alinhados à estratégia organizacional e ter foco em resultados mensuráveis. Para o autor, as iniciativas de BPM sem a busca de valor desvirtuam os objetivos e geram descrédito pela ausência de resultados. Porém, a organização que busca uma nova forma de gerenciar seus processos, necessita, além de conhecer o nível de integração e interdependência entre os processos, identificar quais os métodos de monitoramento e controle do desempenho serão utilizados. Estas informações representam a adoção de uma visão sistêmica por parte da organização sobre os seus processos e de como estão relacionados. Portanto, o BPM objetiva permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar e melhorar. Desta maneira, tão importante quanto mapear os processos, é definir os indicadores de desempenho, além dos modelos de controle a serem utilizados. Ainda, cabe lembrar, conforme Neely et al. (1997), que a ausência da medição do desempenho impossibilita tanto a verificação dos planos estratégicos ou táticos, quanto os resultados obtidos. Sendo assim, a utilização de indicadores de desempenho como ferramenta gerencial pode proporcionar uma análise geral da organização, auxiliando os gestores a compreender, administrar e melhorar a eficácia organizacional. Nesta linha de pensamento, Ensslin et al. (2008), corroboram que as medidas de desempenho permitem identificar, 49 organizar, mensurar, integrar e gerenciar os elementos (critérios) segundo a percepção do decisor em um contexto único. Desta forma, os indicadores configuram-se como instrumento capaz de fornecer informações importantes acerca do desempenho organizacional, cabendo aos gestores identificar aqueles que mais se adaptam a seus objetivos e que melhor prognosticam o resultado do desempenho global da organização. Percebe-se, então, que o mapeamento de processos organizacionais e o monitoramento por meio de indicadores de desempenho, surgem como uma ferramenta gerencial para ajudar as organizações a se tornarem mais eficientes, até porque, segundo Kaplan e Norton (1997, p. 21), ”tudo o que não é medido não é gerenciado”. Ainda, na visão de Rummler (1994, p. 197), “sem medição, o gerenciamento é um conjunto de adivinhações”. Neste sentido, existe a necessidade de controle, realizado por meio da avaliação, tornando-se um instrumento fundamental para todo administrador. Cabe ressaltar ainda que, o desafio da gestão por processos de negócio está exatamente em analisar como cada elemento da atividade que compõe o processo se comporta, com intuito de minimizar a ocorrência de erros, evitar retrabalho, eliminar atividades supérfluas, aumentar a confiabilidade do processo e por fim, reduzir custos. Para Paim et al. (2009), a capacidade de gerir processos por meio do BPM tem proporcionado benefícios às organizações, como por exemplo: Uniformização de entendimentos sobre a forma de trabalho através do uso dos modelos de processos para a construção de uma visão homogênea do negócio; melhoria do fluxo de informações a partir da sua identificação nos modelos de processo; padronização dos processos; melhoria da gestão organizacional a partir do melhor conhecimento dos processos associados a outros eixos importantes de coordenação do trabalho, como por exemplo, indicadores de desempenho, projeto organizacional, sistemas de informação, competências, entre outros; aumento da compreensão teórica e prática sobre os processos; redução de tempo e custos dos processos; aumento da satisfação dos clientes; aumento da produtividade; redução de erros (PAIM et al., 2009, p.26). Nessa linha de pensamento, Campos (2007) corrobora que a gestão por processos traz muitos benefícios para a organização. Dentre eles a autora destaca: [...] concentra o foco no que realmente interessa: o trabalho; é uma ferramenta para a implementação da estratégia organizacional; confere simplicidade e agilidade às atividades; dota a organização de flexibilidade organizacional; facilita a gestão através da identificação de indicadores de desempenho e medição de melhorias nos processos; permite uma visão integrada da organização; instrumentaliza a aplicação de abordagens inovadoras; facilita a gestão do conhecimento organizacional e a gestão de competências (CAMPOS, 2007, p.3). 50 Ainda, Orssatto (1999 apud MORONI; HANSEN, 2006), corrobora que a gestão por processos permite que a organização seja capaz de: eliminar erros; minimizar atrasos; maximizar recursos; e, ser adaptável às necessidades dos clientes. O autor defende que uma reconceituação estratégica das organizações, para uma visão processual deve ter uma preocupação interdisciplinar, pois grande ênfase passa a ser dada ao papel do indivíduo no processo, bem como é necessária uma atenção especial aos processos de comunicação e de resistências às mudanças na organização. Para Zaiden (2013), os benefícios que podem ser alcançados por uma organização com a implantação da gestão por processos são: a remoção de retrabalhos; a otimização de recursos; maior conformidade com normativas; o aumento da eficiência e eficácia operacional; a uniformização de ferramentas e técnicas utilizadas e; a maior clareza de responsabilidades. Já na visão de Kohlbacher (2010), os efeitos positivos gerados para uma organização que adota a gestão por processos como um modelo de gestão são: redução do prazo de entrega (lead time) do produto ou serviço, melhoria na satisfação do cliente, melhoria na qualidade do produto e/ou serviço, redução de custo e melhoria na performance financeira da organização. Contudo, observa-se que apesar da implantação do BPM em uma organização ser algo abrangente e complexo, que requer tempo, envolve mudança de comportamento das pessoas e comprometimento da alta administração, pode trazer diversos benefícios, como a agilidade nas operações e resultados mais eficientes dos negócios. A intenção, portanto, é garantir um modelo de operação que não leve a retrabalho, perda de esforço e de eficiência. Para isso, é imprescindível identificar as oportunidades de melhoria, que não se refere necessariamente a automatização da atividade. A oportunidade de melhoria pode ser uma simples exclusão da atividade ou transferência da mesma para terceiros. Salienta-se, também, a necessidade do uso de uma metodologia adequada para que se obtenha sucesso com a implantação da gestão por processos. Portanto, um aspecto interessante a ser analisado diz respeito aos benefícios adquiridos pelas organizações quanto à adoção do BPM. 51 Quadro 4 – Gestão por processos relacionada às estratégias e cultura organizacional GESTÃO POR RELACIONAMENTOS IMPLICAÇÕES PROCESSOS COM A Implica em Estratégia Melhor entendimento do funcionamento da organização; Permite a definição adequada de responsabilidades; Utilização eficiente dos recursos à prevenção e solução de problemas; A eliminação de atividades redundantes; Identificação clara dos clientes e fornecedores Possibilita Estratégia Atuar com eficiência nos recursos; Eficácia nos resultados Promove meios Estratégicos Capacidades valorizadas pelos clientes Implica em Eficácia Promove Cultura organizacional Gerenciar os processos interrelacionados; Controle contínuo sobre a ligação entre os processos Integração da organização Permite Cultura organizacional Melhor definição de responsabilidades Fonte: Adaptado de Netto (2004). O Quadro 4 apresenta a gestão por processos como estando relacionada às estratégias e à cultura organizacional, e identifica alguns benefícios na visão de Netto (2004). Quadro 5 – Benefícios advindos do BPM BENEFÍCIOS Visão sistêmica da organização Melhor controle de gestão Integração das áreas e compartilhamento de conhecimento Redução de custo Redução do tempo de execução dos processos Confiabilidade para tomada de decisões Melhoria contínua Inovação tecnológica Maior eficiência dos processos Medição de desempenho Melhor divisão de tarefas Eliminação e/ou redução das tarefas repetidas ou desnecessárias Fonte: Elaborado pela autora (2012). No Quadro 5 encontram-se as variáveis que fizeram parte da presente pesquisa no que diz respeito aos benefícios que podem surgir em uma organização que adota o BPM como ferramenta de gestão. Vê-se, então, que a otimização dos processos de trabalho, pode ser um estímulo aos profissionais da organização que passam a ter uma visão geral do processo de que fazem parte e, assim, compreender melhor a sua participação nos resultados alcançados. Contudo, o 52 trabalho assume o pressuposto de que, segundo Abib et al. (2007), o envolvimento das pessoas, por meio de suas capacidades e experiências, pode alterar significativamente os resultados das atividades organizacionais e auxiliar a formação da estratégia, por meio de suas interações, decisões e mecanismos de disseminação informacional. Desta forma, buscou-se entender a corrente teórica da estratégia enquanto prática, que na visão de Whittington (2004) e Wilson e Jarzabowski (2004), quanto mais se aproxima da prática, mais pode ser percebido que a estratégia não é unicamente atributo das organizações, mas constitui também atividade realizada pelas pessoas. 2.5 ESTRATÉGIA ENQUANTO PRÁTICA Pensar no tema da estratégia organizacional remete a inúmeras e distintas abordagens, que buscam aprofundar a compreensão desse campo de estudos. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) ao tratarem do processo da estratégia mencionam dez escolas que propõem diferentes perspectivas sobre o domínio dos estudos estratégicos. De acordo com os mesmos autores, estes estudos foram, aos poucos, sendo enriquecidos com aportes teóricos de várias disciplinas. Porém, conforme Jarzabkowski e Wilson (2006) é com a corrente denominada estratégia enquanto prática, que a teoria social contemporânea, em especial a sociologia, foi incorporada definitivamente aos estudos desta área. Estas contribuições permitiram uma melhor compreensão de determinados processos sociais, organizacionais e estratégicos que não eram considerados até então pelas escolas de pensamento dominantes. Segundo Rese, Casali e Canhada (2011), a estratégia sendo entendida como uma prática social evidencia as micro atividades (processos) realizadas pelos indivíduos, que em constante interação e envolvidos em complexas relações de poder e significados compartilhados na organização, possibilitam que ela constitua resultados (conteúdo) almejados ou não. Congruentes com esse entendimento os teóricos dessa corrente argumentam que a estratégia é um fenômeno ou processo situado e precisa ser entendida dentro de um contexto sociocultural específico. Neste sentido, a estratégia enquanto prática propõe relacionar atividades organizacionais realizadas pelos indivíduos dentro de seu contexto ambiental em uma análise que pode ser chamada de vertical; bem como relaciona essas atividades (processos) com seus resultados (conteúdo), em uma análise horizontal (WHITTINGTON, 1996, 2002, 2003, 2004, 2006; WILSON; JARZABKOWSKI, 2004; JOHNSON et al., 2007). Com isto, percebe-se que um mesmo modelo de estratégia, quando implementado, pode contribuir para atingir os 53 objetivos de uma determinada organização. Todavia, isto não garante a sua aplicabilidade em outro contexto ou mesmo para outra organização diferente daquela estudada. Para Rese, Casali e Canhada (2011), o contexto socioeconômico e cultural em que a organização está inserida, os significados atribuídos aos modelos, teorias e técnicas utilizadas pelos indivíduos nas organizações, bem como as interações pessoais, relações de poder e limitações de recursos que condicionam o uso dos modelos, serão alguns dos determinantes da maneira como essa estratégia é implementada na prática. O sucesso ou fracasso de uma organização não pode ser atribuído apenas aos modelos, teorias ou a técnicas per si, mas aos usos que deles são feitos, ou seja, por meio do modo em que são implementados na prática. Assim, um modelo de estratégia será entendido de acordo com a prática social condicionada, pois adota as peculiaridades da organização que o utiliza. Ainda que os praticantes dissociem um modelo de suas bases teóricas, é importante estudar como estes modelos estão sendo utilizados (WHITTINGTON, 2003; JARZABKOWSKI, 2005) e os resultados sociais e organizacionais alcançados. Conforme Jarzabkowski (2005), assimilar a estratégia como uma prática é enxergá-la como uma atividade situada, concretizada socialmente, estabelecida por meio de ações e interações de diversos atores que realizam a prática estratégica, independente de serem estrategistas ou executores da estratégia. Na mesma linha de pensamento, Johnson et al. (2007), corroboram que a estratégia enquanto prática, preocupa-se com o que as pessoas fazem em relação à estratégia e qual influência exerce em um dado contexto organizacional. Vê-se, então, que a estratégia enquanto prática compreende um conjunto de atividades concretizadas nas interações e trocas sociais entre os praticantes da estratégia nas organizações. A partir dessas atividades, conforme Rese, Casali e Canhada (2011), emergem práticas, formais ou informais, que formam a estratégia. Registra-se, ainda, que as práticas estratégicas resultam em um desempenho organizacional que pode ser mensurado. Havendo mensuração, esta pode ser realizada a partir de diferentes indicadores, sejam eles referentes a resultados econômicos, financeiros ou sociais. Jarzabkowski (2005) sugere que o processo de formação da estratégia envolve concomitantemente três elementos: a práxis, as práticas e os praticantes. Na definição da autora, a práxis é a estratégia como fluxo da atividade organizacional que incorpora o conteúdo e o processo, a intenção e a emergência, o pensamento e a ação. Isto é, está relacionada ao que realmente é feito dentro das organizações no momento da criação das estratégias. São, portanto, as atividades específicas para gerar a estratégia. 54 Já os praticantes são vistos como aqueles que realizam a estratégia, uma vez que são as pessoas que efetivamente fazem a estratégia enquanto prática social. A estratégia, desta maneira, é vista como algo que a organização faz e não como algo que a organização tem. Para a mesma autora, a estratégia enquanto prática emerge das interações entre diferentes pessoas, ou seja, abrange tanto os gerentes de topo, quanto os empregados de nível operacional, assim como consumidores. Por sua vez, as práticas, ainda na visão de Jarzabkowski (2005), estão relacionadas às ferramentas, comportamentos e aos processos utilizados para criar estratégias. Em outras palavras, são formas de comportamento que se tornam institucionalizadas e adquirem um grau de estabilidade e rotina. Classificam-se em três categorias, quais sejam: (i) as práticas racionais administrativas, relacionadas aos propósitos de coordenar e organizar a estratégia, são representadas por mecanismos de planejamento, sistemas de controle, indicadores de desempenho etc.; (2) as práticas discursivas que proporcionam recursos linguísticos, cognitivos e simbólicos para a interação sobre a estratégia e; (3) as práticas episódicas, relacionadas àquelas práticas que criam oportunidades para a interação e organizam essa interação entre os praticantes no fazer estratégia, como as reuniões, workshops etc. (JARZABKOWSKI, 2005). A Figura 2 apresenta os três elementos supramencionados, na visão de Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007). 55 Figura 2 - Práxis, Práticas e Praticantes Elaboração da Estratégia Práxis Ligado socialmente aos fluxos da atividade que permitem delinear estrategicamente a direção e sobrevivência de um grupo, de uma organização ou de uma indústria Práticas Práticas cognitivas, comportamentais, processuais, discursivas e motivacionais que são combinadas, coordenadas e adaptadas para a construção das práticas Praticantes Atores que formam a construção do pensamento prático, relacionando o que são, como agem e com que recursos o fazem Fonte: Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007). Percebe-se que a Figura 2 explicita a inter-relação entre os três elementos e destaca que a estratégia enquanto prática é uma área comum entre: os atores (praticantes) que moldam as práticas que são ajustadas na construção da práxis (ação humana) no dia-a-dia. Após conhecer os elementos que compõem esta corrente teórica, o presente capítulo apresenta um tópico que busca compreender como o BPM pode ser operacionalizado por meio da estratégia enquanto prática. 2.6 OPERACIONALIZAÇÃO DO BPM POR MEIO DA ESTRATÉGIA ENQUANTO PRÁTICA Diante do exposto nos tópicos anteriores, percebe-se que para operacionalizar o BPM por meio da estratégia enquanto prática, a organização precisa utilizar a orientação por processos para se transformar, gerando impactos na melhoria de seus produtos e/ou serviços para o cliente, focando numa nova direção para o pensamento estratégico. De acordo com Whittington (1996), o foco, antes direcionado para as competências essenciais da 56 organização, agora se encontra na busca pela direção estratégica, voltado para as competências práticas e não somente para o nível gerencial. Para o mesmo autor, aspectos relacionados às práticas e às rotinas, ganham espaço nas investigações, e as organizações passam a ser vistas como mundos sociais, nos quais indivíduos interagem e constroem suas estratégias de acordo com as demandas do mercado de forma dinâmica. Contudo, nota-se que a organização não deve se transformar para posteriormente utilizar processos como forma de padronizar suas transformações. E sim, guiar-se pelos objetivos do BPM, permitir que a estratégia e a prática andem juntas e compreender a estratégia como algo que as pessoas fazem, e não, como algo que as organizações possuem. Ainda, deve-se entender que as atividades que os membros de uma organização desenvolvem, não podem ser confundidas com os procedimentos para tornar essas mesmas atividades descritíveis. Neste sentido, construiu-se o Quadro 6 que apresenta algumas orientações, segundo a literatura que permitem, de forma sintética, uma visão de como se pode operacionalizar o BPM por meio da estratégia enquanto prática. 57 BPM Muitos processos requerem grande interação entre as pessoas. Para Rosemann e Bruin (2005), a interação entre as equipes e o alinhamento de conhecimentos cria sinergia e um senso comum de atuação, que auxilia a operacionalização do processo, visando a otimização dos resultados. Para Morgan (2002), a cultura se desenvolve durante o curso da interação social. Tenner e De Toro (2000), mencionam que um aspecto considerável da orientação para processos com implicações culturais é o apoio da alta administração e a presença de uma liderança que estimule comportamentos interdepartamentais. Responsabilidade - Delegação de Poder Para Avila et al. (2009), em relação à delegação de poder, é necessário compreender melhor como as decisões são tomadas. No processo decisório, quando não existe a prática de ouvir aqueles que atuam diretamente com o assunto, o desempenho da tarefa pode ser comprometido. Destaca-se a importância da empresa ouvir o funcionário ao se criar uma estratégia ou tomar decisões. A participação no processo de formação da estratégia faz com que as pessoas se comprometam com os objetivos e metas definidas. Para Rosemann e Bruin (2005), a delegação de responsabilidades para práticas de BPM ao pessoal relacionado a processos na organização, é uma variável de valor expressivo na implantação da gestão por processos. Deve-se fortalecer a autonomia do agir e pensar dos servidores. A organização é vista como uma série de processos funcionais interligados, em que as políticas e o direcionamento são definidos pela alta gerência, mas a autoridade para examinar, desafiar e mudar os métodos de trabalho é delegada às equipes de trabalho interfuncionais (SANTOS, 2012, p. 34). Conhecimento - Processos de Aprendizagem Variáveis Para Whittington (2006), os conhecimentos adquiridos contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem e para o desenvolvimento da prática da estratégia. Jarzabkowski (2005) expõe que a natureza social das comunidades constitui uma oportunidade de aprendizagem, e novos participantes aprendem, continuamente, com os membros. Segundo Avila et al. (2009), as experiências vividas pelos praticantes da estratégia, quando compartilhadas com as outras pessoas, aprimoram a aprendizagem e impulsionam a inovação e a criatividade da organização. De acordo com De Sordi (2005), um recurso que deve ser empregado no BPM é o conhecimento, que capturado e compartilhado com a organização, proporciona o aprimoramento de todos os demais ativos de negócio. Na visão de Rosemann e Bruin (2005), uma barreira enfrentada numa implantação de BPM é a pouca compreensão da visão de processos pelo nível operacional. Conforme Jarzabkowski (2005), novas práticas sociais surgem desse processo, ou seja, as ações de todos os atores de todos os níveis da organização contribuem para o sucesso na resolução de problemas. No entendimento de Jarzabkowski (2005), sobre "comunidade de prática", a autora defende que cada pensamento é essencialmente social e é desenvolvido em interação com as atividades práticas da comunidade por meio da vivência e participação das suas experiências ao longo do tempo. A gestão por processos precisa de um ambiente colaborativo e voltado para resultados no qual a cooperação das pessoas para resolver problemas é uma prática imprescindível. Afinal, os processos comportam pessoas, suportadas por sistemas e constituídas em áreas de atuação integradas para consolidar a estratégia. O BPM auxilia a prática reflexiva e por meio da premissa de melhoria contínua, incentiva o ajuste do comportamento dos servidores na busca da resolução de problemas. Tal adapatação ocorre “por meio da adoção por parte dos servidores de novos modelos mentais, atitudes e valores diferenciados, que serão estimulados pela própria organização” (GONÇALVES, 2000a, p. 12). Cultura - Interação Social Estratégia enquanto prática Para Avila et al . (2009), os gestores devem interagir com os subordinados no processo de implementação da estratégia. Dentre os principais aspectos da interação social, destacamse: envolvimento de todos na organização; comprometimento; liberdade para trocar ideias. De acordo com Certau (1994), as maneiras de agir, fazem a estratégia funcionar, pois cria interação entre as pessoas e fazem com que se sintam parte do grupo. Segundo Jarzabokowski (2005), a estratégia é uma atividade socialmente construída pelas ações dos atores sociais. Recursos Humanos - Participação social no processo de resolução de problemas Quadro 6 – Operacionalização do BPM por meio da estratégia enquanto prática Fonte: elaborado pela autora, (2013). 58 3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA Este capítulo procurou delimitar a metodologia de pesquisa, apresentando o paradigma embasado, a abordagem, a estratégia de pesquisa e expondo, suscintamente, o objeto de estudo e a forma de coleta de dados. 3.1 PARADIGMA DE PESQUISA Burrel e Morgan (1979) compartilham a ideia de que todas as teorias sobre as organizações estão embasadas em uma filosofia das ciências e uma teoria sobre a sociedade. A respeito das ciências sociais, Guba e Lincoln (1994) propõem três grupos de pressupostos, relativos a aspectos ontológicos, epistemológicos e metodológicos. Apesar de constituírem três campos de análise distintos, estão inter-relacionados. As questões ontológicas “dizem respeito à verdadeira essência do fenômeno sob investigação” (BURREL; MORGAN, 1979, p.5). Já as questões epistemológicas, referem-se à “pressupostos sobre as bases do conhecimento – de como alguém poderia começar a entender o mundo e transmitir este conhecimento para seus semelhantes em forma de comunicação” (BURREL; MORGAN, 1979, p. 5). E, quanto às questões metodológicas, estas procuram, de acordo com Guba e Lincoln (1994), incidir sobre o modo de proceder do investigador de maneira a chegar aos conhecimentos que acredita ser possível obter. Burrel e Morgan (1979) afirmam, ainda, que o conjunto de pressupostos constitui um instrumento valioso para a análise da teoria social. Os mesmos autores destacam que os pressupostos sobre a natureza da ciência estão contidos numa dimensão subjetiva – objetiva; e os pressupostos sobre a natureza da sociedade, em uma dimensão regulação – mudança radical. Essas duas dimensões conduzem à quatro paradigmas, quais sejam: funcionalista, interpretativo, humanista radical e estruturalista radical. De acordo com Khun (1978), os cientistas que compartilham dos mesmos paradigmas estão comprometidos com as mesmas regras e padrões para a prática científica, assim, “um paradigma governa, em primeiro lugar, não um objeto de estudo, mas um grupo de praticantes da ciência” (KHUN, 1978, p. 224). O mesmo autor define paradigma como “realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares a uma comunidade de praticantes de uma ciência”. O termo paradigma supõe “toda uma constelação de crenças, valores, técnicas, etc., partilhadas pelos membros de uma comunidade determinada” (KHUN, 1978, p.218). 59 Com base no exposto, o presente estudo foi embasado na visão do paradigma funcionalista. Segundo Birochi et al. (2012), existe uma predominância deste paradigma na condução da sociologia acadêmica. Nos eixos de classificação propostos por Burrell e Morgan (1979), o paradigma funcionalista está enraizado dentro da sociologia da regulação e na abordagem objetivista do mundo social, sendo caracterizado principalmente pela preocupação de fornecer explanações racionais do status quo, da ordem social, do consenso, da integração social, pautando-se em uma postura realista, positivista, determinista e nomotética da realidade social. Ainda conforme Burrell e Morgan (1979), o paradigma funcionalista possui uma orientação pragmática, em que a compreensão da sociedade deve ser posta em termos de conhecimentos gerais para depois serem colocados em prática. Cabe ressaltar, ainda, que em uma investigação científica, o papel desempenhado na teorização varia de acordo com a perspectiva encarada pelo investigador. Assim, este trabalho seguiu a abordagem dedutiva-indutiva, pois além de ir até o campo empírico com um referencial teórico já consolidado acerca dos temas BPM e Estratégia enquanto Prática, também se partiu de uma realidade em busca de teorizações. Em relação à abordagem dedutiva, é possível chegar até a certeza por meio da razão. Partindo das teorias e leis gerais pode-se chegar a determinação ou previsão de fenômenos. Aqui, parte-se de princípios considerados verdadeiros e indiscutíveis e chega-se a conclusões formais, usando apenas a lógica. O método dedutivo proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (LAKATOS; MARCONI, 1993, p. 92). Já na abordagem indutiva, observam-se casos particulares da realidade para chegar a uma conclusão geral. Pode-se dizer, então, que esta abordagem realiza-se em três etapas: observação dos fenômenos, descoberta da relação entre eles e generalização da relação. O método indutivo proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume, considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações (LAKATOS; MARCONI, 1993, p. 92). 60 Quanto à abordagem do problema, optou-se por uma pesquisa qualitativaquantitativa. Durante muitos anos a pesquisa científica foi marcada por estudos que valorizavam o emprego de métodos quantitativos para descrever e explicar fenômenos. Após, surge outra forma de abordagem identificada como qualitativa que, partindo de uma perspectiva diferenciada, busca interpretar estes fenômenos do mundo social. Porém, os últimos anos revelam que o método misto se firmou como promissora possibilidade de investigação, pois o vínculo entre os dados estatísticos e a visão do pesquisador, serve de base para o surgimento de novos conhecimentos, por meio de técnicas qualitativas e quantitativas que se complementam. Dito isto, cabe mencionar, que a teoria busca realizar o objetivo da pesquisa, oferecendo resposta ao problema que suscitou investigação. Portanto, ao escolher a metodologia de uma pesquisa científica deve-se indagar se os dados concebem proporções ou conceitos. É necessário esclarecer a pretensão de se trabalhar com números, mensurando a realidade, ou com palavras, desenvolvendo uma abordagem mais voltada à compreensão do conteúdo. Observa-se, atualmente, apesar da dicotomia da pesquisa quantitativa versus qualitativa, uma perspectiva significativa da utilização de ambas as estratégias metodológicas concomitantemente. Segundo Creswell (2007), enquanto na pesquisa quantitativa, as hipóteses e as questões são comumente fundamentadas em teorias que o pesquisador procura testar, na qualitativa, o investigador emprega a teoria como uma explicação ampla, para comportamentos e atitudes, que aparece ao final do estudo como uma teoria gerada a partir da coleta e análise dos dados. Em relação aos pesquisadores de métodos mistos, utilizam tanto a teoria dedutivamente, em teste e constatação de teoria, quanto indutivamente, como em uma teoria emergente ou padrão. Assim, em relação à pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa, concebe-se que de fato existe uma diferença entre as duas abordagens, mas que elas não são excludentes e sim complementares. Santos Filho (2001) afirma que pesquisadores têm reconhecido que a complementaridade existe e, é fundamental, tendo em vista os vários e distintos desideratos da pesquisa em ciências humanas, cujos propósitos não podem ser alcançados por uma única abordagem metodológica. A partir dessa visão, percebe-se que as duas formas de abordar a pesquisa científica (qualitativa e quantitativa), que até então eram vistas como antagônicas, estavam apenas preocupadas com problemas e tópicos diferentes, todavia, igualmente importantes. 61 Contudo, percebe-se que o uso dessas duas abordagens na pesquisa de um mesmo problema, pode proporcionar um resultado mais expressivo e considerável, podendo contribuir para um melhor entendimento do fenômeno estudado. Na mesma linha de pensamento Pope e Mays (1995) argumentam que: Os métodos qualitativos e quantitativos não se excluem. Embora difiram quanto à forma e a ênfase, os métodos qualitativos trazem como contribuição ao trabalho de pesquisa uma mistura de procedimentos de cunho racional e intuitivo capazes de contribuir para a melhor compreensão dos fenômenos. Pode-se distinguir o enfoque qualitativo do quantitativo, mas não seria correto afirmar que guardam relação de oposição (POPE; MAYS, 1995, p. 42). Para Triviños (2011), muitos dados sobre a vida das pessoas não podem ser quantificados e necessitam ser interpretados de maneira muito mais ampla que restringe à informação objetiva. Creswell (2007) identifica características que devem estar presentes em um procedimento qualitativo. Para o autor, a pesquisa deve ocorrer em um cenário natural com métodos múltiplos de coleta de dados, deve ser emergente e fundamentada nas interpretações do investigador, ser vista de forma holística, ser reflexiva, usar processos de raciocínio indutivo e dedutivo e aplicar uma estratégia de investigação. Triviños (2011) aponta que na pesquisa qualitativa as informações adquiridas e interpretadas, muitas vezes, demandam novas buscas de dados, devido ao fato de o investigador não ter principiado seu trabalho guiado por hipóteses. Ainda em relação à pesquisa qualitativa, consigna-se o estudo de caso como um dos tipos mais relevantes. O estudo de caso consente ao pesquisador concentrar-se num aspecto ou situação particular e identificar os diferentes processos que interagem no contexto estudado. 3.2 ESTRATÉGIA DE PESQUISA Conforme Remenyi et al. (1998), a definição da estratégia de pesquisa é crítica, pois a partir da sua acepção, estabelece-se as diretrizes para execução da pesquisa. Assim, para a realização de um trabalho científico, é importante a revisão da literatura sobre o problema que se pretende investigar. Nesta fase se verifica as questões relacionadas ao estado da arte da área em que a pesquisa se insere. Entende-se, então, que é por meio da leitura bibliográfica que se estabelece o contexto em que o assunto está inserido, permitindo, assim, situar o trabalho e delinear a 62 futura pesquisa, objetivando preencher lacunas encontradas em estudos anteriores. Segundo Creswell (2007), a revisão da literatura auxilia os pesquisadores a limitar o escopo da investigação e comunicar aos leitores o valor de estudar um tópico. Acrescenta-se, ainda, que o direcionamento do tipo de pesquisa a ser empreendido depende de fatores como a natureza do objeto, o problema de pesquisa e a corrente de pensamento que guia o pesquisador. “O que determina como trabalhar é o problema que se quer trabalhar: só se escolhe o caminho quando se sabe aonde se quer chegar” (GOLDENBERG, 2004, p. 14). Sendo assim, o estudo buscará uma base teórica, além de utilizar como estratégia, a pesquisa documental e o estudo de caso único e intrínseco, já mencionado suscintamente no item 3.1 (anterior). Em relação à pesquisa documental, a escolha justifica-se por acreditar que muitas informações extraídas e resgatadas dos documentos possibilitariam ampliar o entendimento do objeto de estudo, tornando-se a base do trabalho de investigação. A utilização do estudo de caso único e intrínseco se deve à preocupação de não incluir possíveis variáveis intervenientes ao mesclar informações de diversas organizações que não possuem a mesma missão institucional e consequentemente, os mesmos objetivos estratégicos. Os estudos de caso único, que são os mais comuns, focalizam apenas uma unidade, ou seja, um indivíduo, um pequeno grupo, uma instituição, um programa, ou um evento. Todavia, podemos encontrar, também, estudos de casos múltiplos, nos quais vários estudos são conduzidos simultaneamente, como por exemplo, vários indivíduos ou várias instituições. De acordo com Stake (2000), o estudo de caso como estratégia de pesquisa caracteriza-se justamente por esse interesse em casos individuais e não pelos métodos de investigação, os quais podem ser os mais variados, tanto qualitativos como quantitativos. O mesmo autor distingue três tipos de estudos de caso a partir de suas finalidades, quais sejam: intrínseco, instrumental e coletivo. Nos estudos de caso intrínseco, busca-se melhor compreensão de um caso apenas pelo interesse despertado por aquele caso particular. Sobre o assunto em tela, o autor afirma que: Aqui o estudo não é empreendido primariamente porque o caso representa outros casos ou porque ilustra um traço ou problema particular, mas porque, em todas as suas particularidades e no que tem de comum, este caso é de interesse em si. O pesquisador, pelo menos temporariamente, subordina outras curiosidades para que as histórias dos que “vivem o caso” emerjam. O objetivo não é vir a entender algum constructo abstrato ou fenômeno genérico, tal como letramento, ou uso de droga por adolescentes ou o que um diretor de escola faz. O objetivo é construir teoria – 63 embora em outras vezes o pesquisador possa fazer exatamente isto. (STAKE, 2000, p. 437). Sinteticamente, Yin (1984) conceitua o estudo de caso como “[...] uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em seu contexto natural, em situações em que as fronteiras entre o contexto e o fenômeno não são claramente evidentes, utilizando múltiplas fontes de evidência” (YIN, 1984, p. 23). Para este autor, um projeto de pesquisa que envolva o método do estudo de caso, compreende três fases distintas, quais sejam: a) a escolha do referencial teórico sobre o qual se pretende trabalhar e a seleção dos casos e o desenvolvimento de protocolos para a coleta de dados; b) a condução do estudo de caso, com a coleta e análise de dados, culminando com o relatório do caso; e c) a análise dos dados obtidos à luz da teoria selecionada, interpretando os resultados (YIN, 2001, p. 40-77). Quanto ao objetivo do trabalho, trata-se de uma pesquisa exploratória. Segundo Gil (2007b), essas pesquisas podem ser classificadas como pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Para o autor este tipo de pesquisa objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A escolha deste tipo de pesquisa deu-se pelo fato desta técnica buscar um levantamento bibliográfico, possibilitar entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, bem como permitir análise de exemplos que estimulem a compreensão. Quanto ao foco temporal, o método do estudo de caso é bastante amplo, pois permite que o fenômeno seja estudado com base em situações contemporâneas, que estejam acontecendo, ou em situações passadas, que já ocorreram e que sejam importantes para a compreensão das questões de pesquisa colocadas. Assim, em relação ao horizonte do tempo em que os dados foram coletados, trata-se de uma pesquisa transversal, que de acordo com Sampieri (1991), refere-se à coleta de dados que ocorre em um só momento, pretendendo descrever e analisar o estado de uma ou várias variáveis num certo período. Desta forma, o período de análise buscou representar um horizonte de tempo que permitisse analisar o fenômeno no contexto do Poder Judiciário catarinense. Mais especificamente, o intervalo de tempo determinado visou proporcionar a observância dos efeitos do ambiente organizacional desde o início das tratativas para impulsionar o projeto de implantação da gestão por processos no PJSC (2012), por meio da formalização de um contrato com uma consultoria externa, até a fase atual do contrato que se encerra em julho de 2014. 64 Cabe ressaltar ainda que, conforme supramencionado, a etapa não acompanhada pela presente pesquisa nesses meses restantes para findar o contrato, consiste em executar o mapeamento dos últimos processos acordados. 3.3 OBJETO DO ESTUDO O objeto de estudo é analisar a implementação da gestão por processos no PJSC. Cabe mencionar que após algumas iniciativas isoladas por alguns setores do Tribunal, a administração reconheceu a importância desta ferramenta de gestão e instituiu um projeto tendo por objetivo o desenvolvimento de metodologia de gestão por processos. Com isto, o Tribunal pretende possibilitar o mapeamento e o diagnóstico dos atuais fluxos dos processos, a identificação de oportunidades de melhorias, o desenho e a aplicação de novos fluxos, a definição de indicadores táticos e operacionais, o acompanhamento dos resultados, bem como a definição da estrutura organizacional e da força de trabalho ideal para atingir seus direcionadores estratégicos (missão, visão e objetivos). Tal iniciativa efetivou-se formalmente no ano de 2013 por meio de um contrato, o qual conta com o apoio de equipe externa que detém experiência no desenvolvimento e implantação de metodologias de gestão por processos. A presente pesquisa será realizada, portanto, no Tribunal de Justiça de Santa Catarina - TJSC, com sede na capital do Estado e jurisdição em todo o seu território. Fundado em 1891, de acordo com Vieira (1981), foi um acontecimento político-administrativo marcante para a história do Estado. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina é o órgão máximo do Poder Judiciário do Estado. Tem sede na Capital e jurisdição em todo o território estadual. Possui órgãos de natureza administrativa, jurisdicional e disciplinar, além de sua estrutura administrativa (SANTA CATARINA, 2007, p. 10). A Justiça Estadual de Santa Catarina compõe-se de dois graus de jurisdição, quais sejam: os Juízes Estaduais (justiça de primeiro grau), responsáveis por processar e julgar as causas que não estejam afetas à Justiça Federal e às Justiças Especiais e; o Tribunal de Justiça (justiça de segundo grau), o qual compete revisar, em grau recursal, as decisões dos Juízes Estaduais e, originariamente, processar e julgar, entre outras, as ações definidas na Constituição Estadual que tenham determinadas autoridades públicas como parte. 65 A atividade judicial da justiça de primeiro grau é exercida por juízes de direito e juízes substitutos nas 111 (cento e onze) comarcas existentes em todo o Estado. Já a função jurisdicional em segunda instância é exercida pelos 62 (sessenta e dois) desembargadores e 30 (trinta) juízes de direito substitutos de segundo grau. A estrutura administrativa no TJSC está hierarquizada em cinco níveis, na seguinte ordem de subordinação: presidência, direção-geral, diretorias, divisões e seções. A Diretoria-Geral Administrativa contempla sete (7) Diretorias (DMP, DRH, DOF, DEA, DTI, DIE e DS) e outras três (3) Diretorias (DDI, DRI e DCDP) estão vinculadas à Diretoria-Geral Judiciária (vide Anexo V). Hoje, o PJSC é composto por 507 magistrados. Seu quadro conta, ainda, com aproximadamente 6.000 servidores, 2.500 estagiários/bolsistas e 2.700 terceirizados. Acrescenta-se que a escolha da instituição a ser estudada deu-se pela acessibilidade às informações consideradas imprescindíveis ao alcance do objetivo deste estudo. 3.4 COLETA DE DADOS A quantidade de fenômenos passíveis de serem observados e estudados é ilimitada. De acordo com Beuren (2010), a ciência escolhe os que almeja estudar e os abstrai da realidade. Para a autora, a ciência utiliza inúmeras técnicas para o alcance das finalidades objetivadas. “Tecnicamente, os instrumentos de pesquisa são entendidos como preceitos ou processos que o cientista deve utilizar para direcionar, de forma lógica e sistemática, o processo de coleta, análise e interpretação dos dados” (BEUREN, 2010, p. 128). Segundo Triviños (2011), não se pode afirmar categoricamente que os instrumentos utilizados na coleta de dados diferenciam-se nas pesquisas qualitativas e quantitativas. O mesmo autor sugere que os instrumentos de pesquisa são meios neutros que adquirem vida definida quando os investigadores lhes conferem certa teoria. Neste estudo, será abordada a técnica de pesquisa survey. A coleta de dados para subsidiar seus propósitos utilizará alguns instrumentos, quais sejam: entrevista, questionário e documentação. Sobre este assunto, Bryman (1989) afirma que: [...] a pesquisa de survey implica a coleção de dados (...) em um número de unidades e geralmente em uma única conjuntura de tempo, com uma visão para coletar sistematicamente um conjunto de dados quantificáveis no que diz respeito a um número de variáveis que são então examinadas para discernir padrões de associação (BRYMAN, 1989, p.104). 66 Na mesma linda de pensamento Pinsonneault e Kraemer (1993), corroboram que: a pesquisa survey pode ser descrita como a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993, p.76). Em relação à entrevista, esta representa uma técnica de coleta de dados na qual o pesquisador tem um contato mais direto com os sujeitos pertencentes à população selecionada, no sentido de se inteirar de suas opiniões acerca da questão estudada. Porém, requer do entrevistador um cuidado na sua elaboração e aplicação, a fim de que se obtenha o resultado almejado. Na visão de Cervo e Bervian (1983, p. 105), a “entrevista é uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, através do interrogatório do informante, dados para a pesquisa”. Na mesma linha de pensamento, Lüdke e André (1986), corroboram que a coleta de dados por meio de entrevista consente a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais diversos assuntos. Dentre os tipos de entrevista existente (estruturada, semiestruturada e não estruturada) optouse por utilizar neste trabalho a entrevista semiestruturada, portanto, guiada por questões previamente elaboradas, mas que possibilitem ao entrevistado usar toda sua criatividade e espontaneidade. No entendimento de Triviños (1990), a entrevista semiestruturada baseia-se num modelo de entrevista originado em uma matriz, composto por um roteiro de questões-guia que dão cobertura ao interesse de pesquisa. Esse tipo de entrevista “... parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante" (TRIVIÑOS, 1990, p.146). Para o mesmo autor, as questões desse modelo têm origem no problema de pesquisa e procura abordar a amplitude do tema, expondo as perguntas de maneira aberta. Assim sendo, permite conjugar a flexibilidade da questão não estruturada com um roteiro de controle. De acordo com Creswell (2007), Yin (2003), Patton (2002) e Remenyi et al. (1998), não é possível prever com precisão o número de entrevistados em um estudo de caso, pois depende da visão do pesquisador quanto à robustez dos dados e do critério de saturação qualitativa. Esse tipo de critério propõe que se tomem tantos entrevistados para pesquisa 67 quantos se sentir necessário para que as questões que se pretende explorar sejam suficientemente cobertas. Desta forma, esclarece-se que para compor a amostra de pesquisa, no que se refere às entrevistas (vide Anexo I), foram selecionados nove (9) estrategistas. Salienta-se que estes estrategistas foram escolhidos por estarem participando ativamente da implementação da gestão por processos no Tribunal. Elucida-se, também, que esses estrategistas possuem cargo de diretor ou assessor. Ainda, foram entrevistados os três (3) consultores externos contratados pelo Tribunal para orientar e auxiliar o desenvolvimento da metodologia de implantação (vide Anexo III). Outra técnica diz respeito ao questionário, constituído por questões ordenadas, abertas ou fechadas, que devem ser respondidas pelo entrevistado. Na definição de Gil (2007b), o questionário se refere a uma técnica de investigação composta por questões apresentadas às pessoas, tendo como objetivo o conhecimento de suas opiniões, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas e situações vivenciadas. Esta técnica foi aplicada aos demais sujeitos envolvidos no projeto de implantação da gestão por processos no PJSC, representando uma amostra de 78 (setenta e oito) questionários aplicados (vide Anexo II), que foram encaminhados via e-mail. Porém, obteve-se retorno de apenas 50 respondidos. Da mesma maneira, os servidores que compuseram a amostra de pesquisa, são atores importantes nesse projeto, pois participaram efetivamente das etapas previstas no cronograma de implantação. Deste modo, essas técnicas foram escolhidas por acreditar que se compreenderia melhor o objeto de estudo a partir de uma pesquisa empírica e, principalmente, a partir da visão dos estrategistas e demais atores que vivenciam a prática do fenômeno em questão. Entende-se que este método permite aos atores relatarem suas percepções quanto ao processo de implementação do BPM, pois estes tiveram papel ativo ao longo de todo o percurso do projeto. Assim, buscou-se, com essas formas de coleta de dados, confrontar a teoria com a prática e entender os conceitos e pressupostos de um projeto de implementação da gestão por processos com o porte do PJSC. As técnicas de coleta de dados auxiliaram, ainda, evidenciar fatores que levam uma organização a adotar essa ferramenta de gestão e permitiram uma melhor análise da eficiência da implementação do BPM na organização pesquisada. Por fim, também foram utilizados documentos escritos como fonte de coleta de dados. Segundo Beuren (2010) esta técnica divide-se em pesquisa documental (fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (fontes secundárias). De acordo com Carvalho (1988), a pesquisa documental é: 68 aquela realizada a partir de documentos considerados cientificamente autênticos não fraudados; tem sido largamente utilizada nas ciências sociais, na investigação histórica, a fim de descrever/comparar fatos sociais, estabelecendo suas características ou tendências; além das fontes chamadas secundárias, como dados estatísticos, elaborados por institutos especializados e considerados confiáveis para a realização da pesquisa (CARVALHO, 1988, p. 157). Cabe ressaltar que tanto a entrevista quanto o questionário foram precedidos de um pré-teste, etapa considerada de suma importância, para que se possam corrigir eventuais erros de formulação. Foi realizada uma entrevista com um dos gestores participantes do projeto, que prontamente respondeu e sugeriu pequenas alterações que poderiam ser efetuadas nos questionamentos das demais entrevistas. No que diz respeito aos questionários, foram entregues a 15 (quinze) servidores, aleatoriamente, que da mesma forma, fizeram pequenas ponderações. Face aos procedimentos explicados construiu-se o capítulo de resultados. 69 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS Para Beuren (2010, p. 136), analisar dados “significa trabalhar com todo o material obtido durante o processo de investigação, ou seja, com os relatos de observação, as transcrições de entrevistas, as informações dos documentos e outros dados disponíveis”. Para a autora quando se fala em analisar dados, busca-se transformar os dados coletados em informações. Já na fase de interpretação dos mesmos, devem-se correlacionar os dados coletados com a base teórica que sustentou a investigação. Quanto à análise das informações agrupadas, Miles e Huberman (1994) ponderam que: a análise da informação constitui um aspecto-chave e também problemático do processo de investigação. O investigador dispõe de diversos métodos de recolha de material empírico que vão da entrevista à observação direta, à análise de artefatos, documentos, registros culturais, registros visuais ou experiências pessoais. Esta diversidade de métodos e técnicas envolve, no entanto, uma grande minúcia no processo analítico aplicado à informação recolhida. O caráter aberto e flexível desta metodologia e a grande diversidade de perspectivas e, por vezes, a escassez de orientações e de sistematizações constituem a dimensão mais complexa da análise da informação (MILES; HUBERMAN, 1994, p.47). Assim, uma análise dos dados deve buscar organizar o material alcançado, dividindo-o em partes e procurando identificar tendências ou padrões relevantes. Este processo compreenderá a análise de conteúdo e a análise documental. Miles e Huberman (1994) sugerem que a análise qualitativa de dados consiste em três processos, quais sejam: redução de dados, organização/exibição de dados e interpretação/verificação das conclusões. Contudo, nesta pesquisa, a análise dos resultados foi realizada de acordo com estes procedimentos propostos por Miles e Huberman (1994) adaptados para este estudo. Assim, buscou-se realizar a análise das entrevistas e questionários aplicados com os estrategistas e demais atores selecionados, bem como da documentação coletada sobre o assunto, tomando por base a metodologia adotada para a concretização deste estudo. Desta maneira, as entrevistas e os questionários foram interpretados e apresentados na forma de tabelas, gráficos e quadros, levando-se em conta os temas principais e secundários desenvolvidos no presente trabalho, procurando-se compreender, sob a ótica dos entrevistados, como a implementação da gestão por processos está se constituindo no PJSC. Sendo assim, este item foi subdividido em 11 tópicos, cada um representando uma questão que foi elaborada e utilizada tanto no roteiro das entrevistas, quanto nos questionários aplicados, visando alcançar os objetivos desta dissertação. O primeiro tópico buscou atingir o 70 objetivo específico um (1) desta pesquisa. O Sétimo e Oitavo tópico se referem, respectivamente, aos objetivos específicos dois e três (2 e 3). Os demais tópicos, dizem respeito ao objetivo geral, buscando identificar e analisar a organização do objeto de estudo, além de alguns aspectos relevantes encontrados na literatura acerca do tema BPM. 4.1 FATORES MOTIVADORES PARA ADOÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS Considerando o tema abordado neste tópico, procurou-se compreender a perspectiva dos estrategistas e demais atores envolvidos no projeto no que se refere aos fatores que motivaram a administração do PJSC na decisão de adotar esta ferramenta de gestão. A esse respeito, Gonçalves (2000b) considera que as empresas estão procurando se organizar por processos para alcançarem maior eficiência na obtenção do seu produto ou serviço, melhor adaptação à mudança, melhor integração de seus esforços e maior capacidade de aprendizado. No mesmo contexto, um dos consultores externos do PJSC acredita que: a busca da excelência em gestão, passa pela gestão dos processos de trabalho. Também contribui para motivar o projeto, o fato de o Tribunal reconhecer que o investimento em equipamentos, sistemas e maior quantidade de colaboradores não é suficiente para buscar a excelência em gestão (CONSULTOR EXTERNO 3). O mesmo entendimento é visto nas palavras de um estrategista pesquisado, quando afirma que “[...] o principal fator foi a necessidade de se tornar mais eficiente” (ESTRATEGISTA 6). Para este estrategista, quando se percebeu a impossibilidade de acréscimo de pessoal, iniciou-se a busca por alternativas. Considera que a organização necessita se tornar mais eficiente, mais produtiva, porém, com a mesma quantidade de recursos humanos. A mesma visão é percebida nos pronunciamentos de outros entrevistados, quando destacam que: [...] iniciou algumas experiências individualizadas, cujos objetivos primordiais foram a busca pela eficiência organizacional e a racionalização dos processos de trabalho, com o intuito de melhorar a eficiência no serviço público, com a otimização dos fluxos de processos de trabalho (ESTRATEGISTA 1). Provavelmente a visão de que não temos mais recursos ilimitados. Então precisamos conhecer a administração e tirar eficiência de dentro dos processos e não mais na ampliação de estrutura e pessoas. Acho que isso é importantíssimo para um órgão público. Acho que é o principal motivo (ESTRATEGISTA 5). 71 [...] ter um melhor aproveitamento dos recursos humanos que temos disponíveis (ESTRATEGISTA 4). Comparando o posicionamento dos estrategistas com os demais servidores do Tribunal que participaram das etapas de implementação até o presente momento, verifica-se que as ideias estão alinhadas. Extrai-se que 74% dos servidores que participaram da pesquisa compartilham da mesma opinião que os estrategistas e, acreditam que um dos motivos mais relevante que levou a administração a adotar esta ferramenta de gestão foi a busca pela eficiência organizacional, conforme se observa na Tabela 1. Tabela 1 – Fatores Motivadores FATORES Qtde % busca pela eficiência organizacional 37 74 necessidade de otimizar os fluxos de processos de trabalho necessidade de visualizar, de maneira sistêmica e integrada, os processos de trabalho da organização necessidade de externalizar o conhecimento, por meio do mapeamento de processos, devido a alta rotatividade de pessoal alta taxa de congestionamento processual proximidade do limite prudencial para gasto com pessoal crescimento do número de processos entrados no PJSC outros. Quais? Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). 34 68 32 64 20 40 12 8 2 1 24 16 4 2 Da mesma maneira, a Tabela 1 mostra que 68% dos respondentes consideram que há uma necessidade premente de otimização dos fluxos de processos de trabalho. Essa visão também é compartilhada pelo estrategista 1, como visto anteriormente, e nas palavras dos demais entrevistados: “[...] necessidade de otimizar os fluxos de trabalho” (ESTRATEGISTA 2); “ [...] otimizar como nós fazemos” (ESTRATEGISTA 3); “[...] diminuir o tamanho dos processos de trabalho” (ESTRATEGISTA 4); “[...] conhecer o próprio fluxo, que acho que deve ter muito retrabalho que podemos otimizar na hora de desenhar o novo fluxo” (ESTRATEGISTA 5); “[...] necessidade de otimizar os fluxos de processos de trabalho” (ESTRATEGISTA 7); “[...] bem como a percepção de que precisamos otimizar os fluxos dos processos de trabalho, motivaram a administração” (ESTRATEGISTA 8); “[...] necessidade de otimização dos fluxos dos processos de trabalho, porque nem sempre os problemas estruturais são resolvidos apenas com o acréscimo de funcionários” (ESTRATEGISTA 9). Ainda, verifica-se convergência da opinião de alguns estrategistas com 64% dos servidores que responderam que acreditam ser a necessidade de visualizar, de maneira sistêmica e integrada, os processos de trabalho da organização, um fator que motivou a 72 administração na decisão de adotar essa ferramenta de gestão, tais como: “observou-se que as diretorias não trabalham de forma integrada e, esse também foi um fator que levou a administração, por intermédio da Asplan, a adotar essa ferramenta” (ESTRATEGISTA 1); “[...] necessidade de visualizar, de maneira sistêmica e integrada, os processos de trabalho da organização” (ESTRATEGISTA 7); “[...] acredito também, que a necessidade de enxergar a organização de forma sistêmica e integrada” (ESTRATEGISTA 8); “[...] necessidade de uma visão sistêmica acerca do funcionamento da instituição” (ESTRATEGISTA 9). 4.2 PADRONIZAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE TRABALHO Galbraith (1995) define processo como um conjunto de atividades agrupadas de forma lógica com o propósito de gerar um (sub) produto ou serviço. Para o mesmo autor, a padronização de processos além de minimizar ou eliminar desperdícios ou retrabalhos, e reduzir informações necessárias para a concretização das atividades que compõem o processo, visa minimizar a necessidade de coordenação para a execução desse conjunto de atividades. Esse mesmo entendimento é visto nas palavras de um dos estrategistas pesquisados quando afirma que: a padronização dos processos também permite delegar a condução dos mesmos às pessoas que os operam, deixando os gestores com um tempo maior para se preocuparem com os projetos de melhoria (ESTRATEGISTA 8). Para Freitas e Guareschi (2012), todo produto ou serviço só se materializa por meio de um processo e da mesma forma, um processo não ocorre sem um produto ou serviço. As autoras consideram que quando se padroniza um processo, reduzem-se efetivamente as perdas, pois a padronização almeja o máximo desempenho das atividades. Assim, “[...] nas empresas modernas do mundo, a padronização é considerada a mais fundamental das ferramentas gerenciais” (CAMPOS, 1992, p.1). Ainda, no que tange o conceito de processo, Cretella (2000) considera um conjunto sistemático de procedimentos que interagem, transformando recursos tangíveis e intangíveis em resultados benéficos para partes interessadas ou clientes deste processo. Já Mendonça (2010) acredita que os processos podem ser realizados por uma única função, porém, em sua maioria, tendem a assumir características interfuncionais. 73 Portanto, um processo pode existir em um determinado setor ou até ultrapassar esse limite. Porém, Freitas e Guareschi (2012) acrescentam que o processo deve ser executado de maneira controlada, sendo monitorado para que venha agregar valor à organização. A esse respeito, um dos estrategistas do PJSC considera que: acho que a padronização é muito importante quando se quer qualidade. Ela permite a previsibilidade e manutenção dos resultados. Quando possuímos um processo padronizado, temos a estabilidade dos resultados. Isto porque a padronização reduz as dispersões e os resultados tornam-se previsíveis. Assim, com uma base estável, temos resultados previsíveis e consequentemente podemos pensar em melhorias. Pois não conseguimos melhorar o que não conhecemos ou o que se modifica constantemente (ESTRATEGISTA 8). Mendonça (2010) lembra que após a padronização, os processos devem ser documentados. Para o autor, esta é uma decisão que todas as organizações deveriam adotar, visando à manutenção atualizada dos registros que garantam a sua sobrevivência, e concomitantemente, permitam a execução de esforços objetivando a sua perpetuação. Em relação a este assunto um estrategista expõe: também precisamos ter em mente que quando se busca a eficiência no serviço público por meio da padronização de processos, não podemos esquecer a elaboração e do uso de manuais. Ainda podemos afirmar que a padronização é a base para o treinamento operacional. Quando temos procedimentos definidos, conseguimos desenvolver mais facilmente nas pessoas, habilidades e conhecimentos necessários para a execução das tarefas. E a execução das tarefas de acordo com os padrões garante a manutenção dos resultados (ESTRATEGISTA 8). A esse respeito, o estrategista 9 acredita que “... os manuais de procedimento objetivam documentar, de forma organizada e coordenada, as atividades que são realizadas no cotidiano”. Acrescenta, ainda, que os manuais são úteis para a capacitação de novos servidores que ingressam na organização ou que mudam de setor, auxiliam na disseminação do conhecimento entre as diversas áreas e contribuem para a padronização de rotinas. Verifica-se que, conforme Tabela 2, apenas 24% dos servidores que responderam o questionário desconhecem alguma forma de padronização dos processos de trabalho na área em que atuam. Portanto, percebe-se que já existe nas áreas pesquisadas, uma preocupação com a formalização dos procedimentos operacionais. 74 Tabela 2 – Padronização dos processos de trabalho FORMAS DE PADRONIZAÇÃO Qtde % manuais na intranet 28 56 Fluxogramas 16 32 manuais impressos 14 28 Desconheço outra. Qual? Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). 12 2 24 4 Menciona-se que as duas outras formas de padronização destacadas pelos respondentes, como se observou na Tabela 2, são: check list para conferência de processos e Programa Operacional Padrão (POP). 4.3 INTERAÇÃO DAS ÁREAS QUE ATUAM NO MESMO PROCESSO DE TRABALHO Para Gonçalves (2000a), a primeira característica importante dos processos é a interfuncionalidade. Para o autor, apesar de alguns processos serem inteiramente realizados dentro de uma única unidade funcional, a maioria dos processos importantes das organizações atravessa as fronteiras das áreas funcionais. Acrescenta ainda, que “uma das mais importantes aplicações da ideia de processos é a simulação do funcionamento de novas formas operacionais de obtenção dos resultados da organização” (GONÇALVES, 2000a, p. 14). Portanto, observa-se a necessidade de interação entre as áreas para auxiliar a operacionalização do processo e, consequentemente, buscar a otimização dos resultados. Deste modo, considerando-se que a gestão por processos tem como um de seus objetivos a interação das áreas organizacionais, questionou-se se esta prática vem ocorrendo no Tribunal, visando à otimização dos fluxos de trabalho. De acordo com a Tabela 3, percebese que 72% dos servidores que participaram da pesquisa confirmam a existência deste tipo de ação. Tabela 3 – Interação com outras áreas que atuam no processo OCORRÊNCIA Qtde % Sim 36 72 Desconheço Não Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). 14 28 0 0 Segundo os estrategistas 4 e 8, o projeto de implantação da gestão por processos tem oportunizado mais interação entre as áreas. Estes consideram que as diretorias têm sido 75 participativas e que as oficinas têm sido satisfatórias. “As horas dispensadas nesses encontros têm sido oportunas para o levantamento de ideias que visam melhorar a performance dos processos” (ESTRATEGISTA 8). Os estrategistas também citaram algumas práticas de interação entre áreas que visam otimizar os fluxos de trabalho. O estrategista 1 exemplifica o processo de recolhimento de caixas de processos findos nas comarcas, onde a interação com a Divisão de Transportes da Diretoria de Infraestrutura (DIE) tem ocorrido de forma sistemática e bem coordenada. As áreas buscaram melhorias que aprimorassem o fluxo do processo e o resultado tem sido positivo. O mesmo estrategista revela que tem conhecimento de iniciativas de outras áreas com o mesmo objetivo. Menciona as reuniões para esclarecimentos sobre elaboração de projetos básicos, promovidas pela Diretoria de Material e Patrimônio (DMP), bem como interações entre algumas áreas visando a melhoria do sistema de patrimônio. Citou ainda, as reuniões de ajuste orçamentário, nas quais interagem Diretoria de Orçamento e Finanças (DOF), demais diretorias e Asplan. O estrategista 2 considera que as oficinas de mapeamento têm sido favorável para troca de conhecimentos entre as áreas. Dessa interação têm surgido ideias e oportunidades de melhorias que vão de encontro a uma das finalidades da gestão por processos que, de acordo com De Sordi (2005) é assegurar a melhoria contínua do desempenho da organização por meio da elevação dos níveis de qualidade de seus processos de trabalho. Também foi citada a “Mostra de Boas Práticas” que acontece de dois em dois anos no Tribunal. Expõe que “a ideia é disponibilizar experiências de sucesso, tanto nas atividades administrativas quanto nas finalísticas, para que o pessoal possa aproveitar essas boas práticas” (ESTRATEGISTA 2). Isto proporciona o auxílio à melhoria contínua dos processos organizacionais. O estrategista 3 acrescentou como prática de interação entre áreas, as reuniões realizadas pela Asplan para apoiar à instalação de novas varas. Tem-se buscado melhorias para otimizar o fluxo desse processo e, de forma mais eficiente, “atingir aquele intento, para ter o produto final que é a vara instalada” (ESTRTEGISTA 3). Para o estrategista 9, “a adoção da gestão por processos auxiliou a interação da Diretoria de Recursos e Incidentes (DRI) com outras áreas”. Cita como exemplo de interação entre áreas para a troca de conhecimentos, a realização de workshops e reuniões para ajustes de rotinas, tanto entre os setores internos da diretoria, quanto entre setores de outras diretorias, inclusive, com as vice-presidências e a própria presidência do Tribunal. 76 Já o estrategista 5, revelou que o desenho do fluxo mostrou situações em que a sua área sofre impacto das demais. Desta maneira, percebeu que necessita ter maior interação com esses setores para otimizar o processo. 4.4 INDICADORES ASSOCIADOS AOS PROCESSOS DE TRABALHO Segundo Carregaro (2003), os avanços tecnológicos e a quantidade de informações que surge a cada dia exigem das organizações um maior compromisso com o aperfeiçoamento contínuo. E para o autor, uma medida indispensável ao aperfeiçoamento contínuo é a definição de indicadores de desempenho capazes de aferir os resultados práticos dos processos. Na definição de De Rolt (1998), indicadores de desempenho são elementos que medem níveis de eficiência e eficácia de uma organização, ou seja, medem o desempenho dos processos produtivos, relacionados à satisfação dos clientes. No entendimento de Mafra (1999), serve para saber se estes processos estão apresentando progresso, comparando-os consigo mesmos num momento anterior ao tempo, ou a partir de um referencial estabelecido. Por sua vez, Padoveze (1994) conceitua indicador de desempenho como um número que auxilia no processo de clarificação do entendimento da situação da organização e objetiva detectar situações, verificar a tendência dos acontecimentos e dar subsídios para que a administração concentre os esforços corretivos nas direções necessárias. Por sua vez, Smart, Maddern e Maull (2009), entendem que medição do processo é a parte de BPM que visa otimizar o desempenho do processo em relação aos requisitos dos clientes e metas econômicas da organização. Para Nogueira (2012) a análise do contexto organizacional e do desempenho da organização, bem como dos indicadores chaves dos processos, visa identificar as lacunas e rupturas dos processos críticos de trabalho. Após, procura-se estabelecer o foco de projetos de melhorias e alcançar o posicionamento esperado, bem como verificar quais processos críticos precisam ser remodelados para atingir as metas de desempenho estabelecidas. Hammer (2007) acredita que uma maneira de garantir que um sistema de medição de desempenho seja focado nos devidos processos é enfatizar os processos de trabalho que criam valor ao cliente. O autor acrescenta que ao focar seu sistema de medição de desempenho em processos ao invés de funções, uma organização auxilia a criar alinhamento e um foco comum em todas as unidades. Isso acontece porque os setores são incentivados a 77 trabalhar em conjunto para melhorar o desempenho dos processos dos quais fazem parte, ao invés de cada um buscar otimizar a sua própria métrica de forma isolada. Hammer (2007) ainda afirma que se deve garantir que as métricas corretas sejam selecionadas para alcançar os objetivos da organização em termos de processos. Para o autor, a medida de desempenho de processos torna-se um fator fundamental a ser considerado no trabalho de melhoria e isto deve acontecer por meio do gerenciamento de processos que proporciona a visão holística de processos. Segundo Smart, Maddern e Maull (2009), muitas vezes as métricas utilizadas na gestão de desempenho de processos não estão alinhadas com as metas estratégicas da organização, o que conduz à necessidade de reavaliação das definições operacionais das métricas de desempenho. González et al. (2010) entendem que a medição dos processos é importante para compreender as atividades e riscos envolvidos nestes, controlar estas atividades, gerenciar os riscos, prever o tempo de conclusão do processo e, ainda, gerenciar de forma pró-ativa para evitar crises no ambiente organizacional. Em relação ao exposto, as entrevistas revelaram que a grande maioria dos setores ainda não possui indicadores de desempenho associados aos seus processos de trabalho. “Estamos numa fase inicial, com uma consultoria para implantação da gestão por processos, e os indicadores irão surgir naturalmente” (ESTRATEGISTA 4). Esses indicadores que representam um determinado fenômeno e que são utilizados para medir um processo ou seus resultados, “já foram percebidos no desenho do fluxo, mas ainda não estão sendo coletados e não foram implementados de forma total (ESTRATEGISTA 5). O entrevistado 8 observa que os indicadores de desempenho são fundamentais e devem fazer parte da rotina diária das organizações, pois sinalizam possíveis desvios nos planos articulados. Ainda acrescenta que: [...] atuam preventivamente e contribuem para a minimização dos gastos e para melhoria na eficiência dos processos de trabalho. Então podemos considerar que os indicadores são instrumentos de planejamento e gerenciamento, pois apresentam medidas de gestão de processos e resultados, norteando em uma ótica maior, a realização da missão institucional (ESTRATEGISTA 8). Outro estrategista revela que na diretoria em que atua, já existem indicadores acerca do resultado do trabalho desenvolvido, e estes “[...] são obtidos por meio de relatórios gerenciais nos quais cada setor arrola as suas principais atividades e as quantifica 78 mensalmente” (ESTRATEGISTA 9). Informou ainda, que os relatórios são disponibilizados dentro da rede de compartilhamento interno da diretoria. Em síntese, de acordo com Paim et al. (2009), a gestão por processos pode ser utilizada para auxiliar a definição de indicadores de desempenho de uma organização. E isto está sendo concretizado no PJSC com a instituição do projeto de implantação da gestão por processos. Um dos estrategistas acrescenta que para o alcance de uma gestão efetiva de processos, o PJSC precisa medir e controlar o desempenho. E para isto é preciso “estabelecer objetivos, metas e indicadores; mensurar o desempenho atual; e, por fim, revisar a eficiência e eficácia dos processos de trabalho (ESTRATEGISTA 8). 4.5 A COMUNICAÇÃO DO NÍVEL DE DESEMPENHO DOS PROCESSOS DE TRABALHO "A comunicação constitui um dos elementos essenciais no processo de criação, transmissão e cristalização do universo simbólico de uma organização" (FLEURY, 1996, p.24). Para Bueno (2003), os desafios que a nova economia impõe às organizações, resvalam sempre em questões afetas ao bom desempenho da comunicação. Segundo o “Guia referencial para medição de desempenho e manual para construção de indicadores” publicado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão MPOG, a comunicação do desempenho é um fator preponderante para a integração da organização e o desdobramento dos resultados em todos os níveis. Considera que a interação entre as equipes e o alinhamento de conhecimentos cria sinergia e um senso comum de atuação. Ainda, orienta que o processo de comunicação move as ações, estimula a mudança, gera a consciência e o engajamento, e mantém o ritmo da organização na busca do melhor desempenho. A esse respeito, um dos estrategistas do PJSC corrobora que: um plano de comunicação do desempenho dos processos organizacionais certamente auxilia no processo de avaliação de resultados, tornando possível analisar o alcance do que foi planejado e orientar decisões. Desta forma, permite redimensionar ações e políticas, sempre visando o melhor desempenho da organização (ESTRATEGISTA 8). 79 Na mesma linha de pensamento, os demais entrevistados consideram que comunicar o nível de desempenho dos processos de trabalho, às áreas e às partes interessadas, é essencial. Um plano de comunicação deve existir. É essencial para que a própria área entenda o que está acontecendo com o processo que ela desenvolve. Mas se o plano deve ser eventual ou de forma estruturada, acredito que depende muito da nossa estrutura de mapeamento de processos (ESTRATEGISTA 5). Certamente tem que ter comunicação. Deve ter comunicação de diferentes níveis de abrangência, com interessados diferentes. Terão informações mais estratégicas sobre um determinado processo e terão outras informações mais do dia a dia. Na medida do possível, acho que a maioria deveria ser estruturada e ter um plano de comunicação. O gestor que cuida direto do processo deveria ter uma forma de comunicação periódica do desempenho dos processos da área dele e dos processos em que a área dele participa. Para isso deve ter um processo de comunicação bem estabelecido na metodologia, que contemple os níveis de necessidade... E tem que ter uma informação que não é estruturada que é aquela que não podemos fazer com que deixe de existir que é a da percepção do gestor (ESTRATEGISTA 6). Acrescenta-se, ainda, que a área de comunicação “é, por excelência, um elemento de apoio fundamental para o acompanhamento de todas as outras áreas de gerenciamento, já que estas necessitam da obtenção, acompanhamento e emissão das informações para todos os interessados e participantes do processo” (CHAVES, 2006, p. 13). Este pensamento é corroborado pelo estrategista 4 quando afirma que “[...] deve existir um plano de comunicação muito estruturado, onde as pessoas tenham acesso. Que seja fácil de entender e que chegue muito rapidamente a todos os setores e servidores” (ESTRATEGISTA 4). Chaves (2006, p. 29) acrescenta que uma pesquisa feita para o Construction Industry Institute10 (CII) dos Estados Unidos, “concluiu que a realização de projetos bemsucedidos está diretamente ligada à boa comunicação”. Deste modo, para que o projeto de implementação da gestão por processos alcance o resultado almejado, entende-se necessário uma boa comunicação do nível de desempenho dos processos mapeados. Assim, com o objetivo de garantir a ‘boa comunicação’, sugere-se garantir a eficiência e eficácia de cada um dos processos apresentados no Quadro 7, empregando técnicas e ferramentas que potencializarão cada uma das etapas de execução da comunicação 10 O Instituto de Construção Civil tem sede na Universidade do Texas e foi criado em 1983 para melhorar os projetos de construção e os processos de investimento de capital na indústria da construção civil. É formado por proprietários, empresas/construtoras, fornecedores e acadêmicos. 80 do projeto. Segundo o Guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK®)11 (2004) o gerenciamento das comunicações é composto pelos seguintes processos: Quadro 7 – Gerenciamento das comunicações do Projeto GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DO PROJETO Planejamento das Comunicações Distribuição das Informações Relatório de Desempenho Gerenciar as Partes Interessadas Fonte: PMBOK® (2004). Concordando com os estrategistas, para 96% dos servidores que participaram desta pesquisa, a existência de um plano de comunicação é considerada um passo importante para implantação de um sistema de gestão eficiente. Confirma-se o enunciado na Tabela 4. Tabela 4 – Como deve ocorrer a comunicação? NECESSIDADE um plano de comunicação acerca do desempenho dos processos as comunicações devem ser eventuais e não estruturadas não há necessidade de comunicação Qtde 48 2 0 % 96 4 0 Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). Como comenta Marcondes Filho (2004, p.11), “a comunicação em sua essência deve buscar uma modificação interior no indivíduo”. E com base na pesquisa, por meio da Tabela 4, reforça-se o enunciado anterior, destacando o significativo percentual de servidores (96%) que consideram essencial a existência de um plano de comunicação na organização, onde a informação é disseminada para todos os interessados. 4.6 ESCRITÓRIO DE PROCESSOS Um escritório de processos é responsável por promover e induzir a realização da gestão por processos numa organização. Formado por um grupo de especialistas, segundo Paim et al. (2008), o escritório de processos busca auxiliar e garantir que a prática e a lógica da gestão por processos continuarão internalizadas e atualizadas dentro da organização. De acordo com Scheer (1994), Vernadat (1996), Rosemann (2006) e Harmon (2003), nos últimos 11 O PMBOK® (2004) apresenta “boas práticas” como sendo um acordo geral das aplicações de habilidades, técnicas e ferramentas de gerenciamento que propiciem o sucesso do projeto. 81 anos são crescentes o interesse e a efetiva incorporação de tarefas para gerenciar processos nas organizações. Para Smith e Fingar (2003) e Davenport (2005), em razão da complexidade e abrangência destes processos, e a frequência com que a modelagem, melhoria, implantação, integração e coordenação de processos têm acontecido, muitas vezes de forma isolada, cada vez mais se torna preciso que as organizações se estruturem para gerenciar seus processos. “[...] sempre será necessária uma equipe trabalhando essa questão. Trabalhando a questão dos processos” (ESTRATEGISTA 3). Para o estrategista 5, essa figura central é um catalizador da gestão por processos. Para ele, um escritório de processos seria um centralizador de comando das áreas. O estrategista 4 compartilha da mesma opinião e acrescenta que, uma das responsabilidades deste setor seria auxiliar a gestão administrativa, minimizando os entraves burocráticos e o tempo de execução dos processos, e ainda, proporcionando maior economicidade. Já o estrategista 8 define que um escritório de processos no PJSC abarcaria a responsabilidade de promover e induzir a realização da gestão por processos na organização. De acordo com Paim et al. (2008), a visão sistêmica do escritório de processos sobre os processos permite uma análise mais eficaz, gerando e coordenando sugestões de melhoria que beneficiem um determinado processo como um todo. Os autores corroboram, ainda, que a formação de uma unidade relacional, normativa e coordenadora, que prescreve métodos e ferramentas que orientam o gerenciamento dos processos da organização, e que atue como um elo de comunicação entre os diversos setores envolvidos nos processos a serem gerenciados, proporciona à organização uma visão compartilhada dos processos, capaz de apoiar cada uma das partes envolvidas na gestão de seus processos e no alcance dos resultados estratégicos definidos. A esse respeito, indagados sobre a importância de se formalizar um setor no PJSC para institucionalizar a gestão por processos, 76% dos servidores pesquisados responderam considerarem fundamental. Apenas 24% acreditam numa mudança cultural sem que seja preciso a implantação de um escritório de processos. Observa-se o exposto na Tabela 5. 82 Tabela 5 – Escritório de Processos NECESSIDADE Qtde % considera importante a existência de um Escritório de Processos para institucionalizar a gestão por processos de trabalho, promovendo iniciativas isoladas para iniciativas sinérgicas e integradas acredita que possa existir uma mudança cultural, onde as pessoas passam a executar suas atividades com uma visão por processos, buscando a melhoria contínua e melhor performance organizacional, sem a necessidade de implantação de um Escritório de Processos Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). 38 76 12 24 Portanto, mais uma vez, a opinião dos servidores assemelhou-se com a dos estrategistas, confirmando um posicionamento alinhado. Ambos entendem que a gestão de processos se estruturada pode dotar a organização da capacitação para efetivamente conseguir ter um referencial de desenvolvimento e aprimoramento organizacional. O estrategista 8 considera que se a gestão por processos for estruturada no PJSC, contribuirá “para integrar e coordenar as atividades e recursos que resultam nos serviços da organização que são realizados por meio dos processos no dia a dia”. Do mesmo modo, o entrevistado alegou que uma estrutura formal ajudará na obtenção dos resultados estabelecidos, pois irá atuar na melhoria do desenho dos processos, auxiliando, assim, a gestão e operacionalização. O estrategista 2 estende o enunciado, afirmando que deve haver “um setor para pensar especificamente a forma de operacionalizar o mapeamento, a maneira como se dará a comunicação e, consequentemente, os passos para a melhoria contínua”. Para o estrategista 9, é muito difícil ocorrer uma mudança na cultura sem um direcionamento ou um setor que coordene essa ferramenta de gestão. Considera fundamental a existência de um escritório de processos ou uma estrutura que dê suporte às áreas. Na visão do estrategista 1, a existência de um escritório de processos no Tribunal contribuirá para a mudança da cultura institucional, desde que acompanhado de políticas de disseminação desse conhecimento. Igualmente, o estrategista 2 acredita que deve haver uma sensibilização para que ocorra uma mudança cultural suficiente e todos comecem a pensar uma forma diferente de trabalhar. Caso contrário, o mesmo estrategista considera que o escritório trabalhando sozinho estará fadado ao insucesso. Acrescenta-se, ainda, o que o estrategista 7 comenta a esse respeito: considero necessário o surgimento de uma cultura organizacional voltada à visão por processos, bem como a criação de um grupo, ou setor, que estimule essa nova cultura, organize os projetos, estabeleça uma metodologia única, mantenha os padrões estabelecidos, gerencie os projetos e harmonize as práticas isoladas, promovendo a troca de informações e estabelecendo uma estreita relação com o setor de planejamento estratégico e de projetos da instituição, buscando a criação de 83 uma ferramenta informatizada que disponibilize um painel de controle do BSC em tempo real com os indicadores operacionais extraídos dos processos de trabalho (ESTRATEGISTA 7). Em suma, na visão de Zaiden (2013, p. 4), “um indício que reflete a maturidade da organização que implementa BPM é a existência de um grupo especializado em melhoria de processos”). 4.7 BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS Foram questionados aos atores quais os benefícios podem suceder decorrentes do projeto de implantação da gestão por processos no Tribunal, sendo assim, solicitado que apontassem os mais significativos, até o máximo de cinco. Nota-se na Tabela 6 que 36 respondentes, representando 72%, consideraram que esta ferramenta deve proporcionar um melhor controle de gestão. Dois outros benefícios foram apontados por 60% das pessoas, quais sejam: contribuir para a visão sistêmica da organização e a integração das áreas e compartilhamento de conhecimento. Também obtiveram destaque por 52% dos respondentes os benefícios de redução do tempo de execução dos processos e despertar nas pessoas a ideia de melhoria contínua. Tabela 6 – Benefícios sucedidos da implantação da gestão por processos na visão dos demais atores BENEFÍCIOS Qtde % melhor controle de gestão 36 72 visão sistêmica da organização 30 60 integração das áreas e compartilhamento de conhecimento 30 60 redução do tempo de execução dos processos melhoria contínua maior eficiência dos processos eliminação e/ou redução das tarefas repetidas ou desnecessárias redução do custo aumento da visibilidade para tomada de decisões melhor divisão de tarefas medição de desempenho inovação tecnológica outros. Quais? Nenhum Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). 26 26 25 24 10 10 8 6 2 0 0 52 52 50 48 20 20 16 12 4 0 0 84 Comparando-se os dados com as entrevistas realizadas com os estrategistas, notase, por meio das Tabelas 6 e 7, que a percepção acerca dos benefícios que tendem a emergir foram as mesmas para ambas categorias de pesquisados. Tabela 7 – Benefícios sucedidos da implantação da gestão por processos na visão dos estrategistas BENEFÍCIOS Qtde % melhoria contínua 7 78 redução do tempo de execução dos processos 6 67 melhor controle de gestão 5 55 integração das áreas e compartilhamento de conhecimento 5 55 visão sistêmica da organização 4 45 maior eficiência dos processos Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). 4 45 Porém, percebe-se que os servidores acreditam que um dos mais significativos benefícios é a possibilidade de conhecer melhor a organização como um todo e os gestores, que provavelmente já possuem essa visão sistêmica, deram maior ênfase à melhoria contínua. Ainda, por meio de entrevista realizada com os consultores externos contratados pelo PJSC, pode-se vislumbrar o surgimento de outros benefícios, tais como: o alcance da excelência. Isso significa: redução de custos, satisfação dos beneficiários, uso parcimonioso de recursos públicos, satisfação dos funcionários, melhoria nas relações políticas, compromisso conjunto e projetos comuns. A abertura para novas ideias e incentivos para desenvolvimento de novas competências internas e de mercado. A revisão constante da missão organizacional e seus valores e aproximação ao contexto de sustentabilidade (CONSULTOR EXTERNO 1). 4.8 BARREIRAS DIAGNOSTICADAS NA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS Da mesma forma como no tópico 4.7, foi indagado tanto aos estrategistas, quanto aos demais atores pesquisados, quais barreiras foram perceptíveis durante as etapas de implementação da gestão por processos no PJSC, até o presente momento. Observa-se que 76% dos servidores que responderam o questionário consideram que a principal barreira diz respeito à resistência a mudanças, e 72% acreditam que a cultura organizacional também é um obstáculo a ser enfrentado. 85 Porém, ainda duas variáveis foram apontadas por um número relevante de respondentes: a pouca compreensão da visão de processos pelo nível operacional (60%) e a falta de monitoramento e controle dos processos (52%). Verifica-se o enunciado na Tabela 8 a seguir. Tabela 8 – Barreiras que emergem durante a implantação da gestão por processos BARREIRAS Qtde % resistência a mudanças; 38 76 cultura organizacional; 36 72 pouca compreensão da visão de processos pelo nível operacional; 30 60 falta de monitoramento e controle dos processos; carência de tecnologia; ausência de uma metodologia pré-definida; outras. Quais? falta de recursos no orçamento destinados à melhoria de processos; nenhuma; Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). 26 18 6 2 0 0 52 36 12 4 0 0 Confrontando as respostas dos questionários com as entrevistas realizadas, percebe-se que seguem a mesmo raciocínio. Os estrategistas também vislumbram que a resistência a mudanças e a cultura organizacional terão que ser enfrentadas e superadas para que seja alcançado o objetivo traçado. O estrategista 9 revelou que na sua diretoria percebeu “resistência ao novo”. Veja-se o que ressaltam os demais entrevistados: a pessoa fica naquela zona de conforto, está acostumada a fazer de determinada maneira, e naturalmente fica resistente a alguma inovação. O que um grupo de escritório de processos vai me ensinar o que eu já faço dessa maneira há muitos anos. E também, que é uma iniciativa de gestão que vai mexer na cultura organizacional. Seriam os dois principais pontos (ESTRATEGISTA 3 ). Uma das principais barreiras é a resistência das pessoas. Muitos estão trabalhando durante longo período da mesma forma e estão confortáveis desse jeito (ESTRATEGISTA 6). [...] a resistência a mudanças, pois os colaboradores com o passar do tempo vão se acomodando (ESTRATEGISTA 4). A falta de monitoramento e controle dos processos também é considerada uma dificuldade. Destacam-se alguns pronunciamentos que ilustram a visão dos estrategistas entrevistados, sobre a referida questão: começando a trabalhar, trazendo essa questão de gestão de processos, percebemos que não temos um controle efetivo por falta de monitoramento. Não temos 86 indicadores para dar elementos de forma mais contínua, dar números. O gestor fica muito no feeling (ESTRATEGISTA 3). Entendo que a falta de monitoramento e de controle dos processos, e a carência de informatização dos processos, que dificultará a obtenção de indicadores operacionais, serão os grandes obstáculos ao sucesso do projeto (ESTRATEGISTA 7). Ainda, foi mencionada a pouca visão de processos, porém, não somente pelo nível operacional. Um dos estrategistas revela que: acho que a pouca compreensão da visão de processo é que é o problema, mas não só no nível operacional. Alguns diretores, também. Quando as pessoas que estão participando do projeto, não conseguem ver processos como atividades que agregam valor e que resultam num benefício com a atuação de várias áreas, nós temos um problema. E isso é o que mais tem dificultado (ESTRATEGISTA 2). Ainda foi destacada a “pequena adesão da metodologia por outros setores com forte relação com a diretoria” (ESTRATEGISTA 9) É pertinente mencionar ainda, que alguns estrategistas consideram como barreira a falta de comprometimento da alta administração. E, aqui se destaca a ocorrência de troca de gestão a cada dois anos. “[...] não conseguir manter o patrocínio para tocar o projeto ao longo do tempo” (ESTRATEGISTA 5); “[...] a dúvida quanto ao prosseguimento do projeto na mudança de gestão” (ESTRATEGISTA 8); “[...] e, ainda, a falta de comprometimento da cúpula do TJSC” (ESTRATEGISTA 1). A entrevista realizada com os consultores externos também permite ponderações a esse respeito, veja-se: variações na postura das lideranças internas. A gestão por processo sugere uma nova filosofia de gestão e por isso precisa ser encampada pela alta gestão. (CONSULTOR EXTERNO 1). A ausência de governança de processo. Ausência de coordenação horizontal e deficiências no desenvolvimento de líderes de processos desvinculados da hierarquia de cargos (CONSULTOR EXTERNO 1). [...] a resistência natural à mudanças, tirando os servidores da zona de conforto. Porém, penso que a barreira principal seja a falta de apoio da alta administração (CONSULTOR EXTERNO 2). 87 4.9 FATORES DETERMINANTES PARA O SUCESSO DA IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO POR PROCESSOS Analisando o resultado da pesquisa de Lopes e Bezerra (2008) apresentada no IV Congresso Nacional de Excelência em Gestão, alguns fatores foram considerados determinantes para o sucesso da implantação da gestão por processos, quais sejam: sensibilização e envolvimento das pessoas que irão atuar no projeto; seleção e capacitação das pessoas que irão liderar o projeto; divisão do trabalho de acordo com os conhecimentos, habilidades e atitudes; envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos; conhecimento técnico dos processos; disponibilidade de técnicos e gerentes para atuarem nas fases do projeto; sistema de acompanhamento de resultados funcional. Confrontando os dados da citada pesquisa com o presente estudo, observa-se que tanto os estrategistas quanto os demais atores pesquisados, também consideram como fator determinante para o sucesso da implantação da gestão por processos no PJSC, o envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos. Outro fator destacado foi o apoio da alta administração. Portanto, a investigação permite dizer que é preciso promover o envolvimento para gerar a motivação nas pessoas que efetivamente irão operar os processos. Percebe-se que é importante a participação dos servidores na construção no modelo de gestão a ser adotado. Desta maneira, de acordo com Herzberg (1997), dá-se responsabilidade com possibilidade de realização e reconhecimento. Para Maslow (1970), é preciso fornecer meios para que as pessoas descubram motivos para agirem em direção ao resultado planejado, ou seja, que se apaixonem pelo que irão realizar e descubram que estão sendo pagas para fazer o que apaixonadamente adoram fazer. “Os grandes dirigentes organizacionais sabem que os homens são movidos por paixões, sonhos e desejos, mais do que por necessidades” (FREITAS, 1999, p.160). Lopes e Bezerra (2008) observam, neste fator determinante, a importância da liderança no projeto, a dedicação, o envolvimento, a acessibilidade e o entusiasmo. Os autores, acreditam que estas são fontes de combustível para não só movimentar as pessoas, mas principalmente motivá-las no sentido de comprometimento. Na mesma linha de pensamento, Falconi (2002, p.2) acredita que “são condições vitais para que ocorra de fato um gerenciamento: Liderança com comprometimento e participação dos gerentes e, Focalização da emoção, do entusiasmo e dos conhecimentos de todos envolvidos no processo”. A esse respeito, o estrategista 8 entende que: 88 [...] precisa-se de líderes muito engajados no projeto. O papel do gestor público passa a considerar a busca constante de capacitação e conhecimentos aplicáveis ao setor que atua, considerando os métodos fundamentais de administração. ... precisa ser um agente catalisador de inovações transformadoras, visando implementar estratégias em busca de melhorias contínuas. Acima de tudo, para que seja um gestor público merecedor de credibilidade, precisa manter-se atento à conduta ética e a essência fundamental da esfera pública: atender a sociedade (ESTRATEGISTA 8). A Tabela 9 revela os principais fatores apontados pelos servidores participantes da pesquisa. Tabela 9 – Fatores determinantes para o sucesso da gestão por processos FATORES Qtde % apoio da alta administração 36 72 envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos 30 60 implantação de um Escritório de Processos 20 40 definição prévia da metodologia política e diretrizes voltadas para a melhoria contínua dos processos divulgar noções de gestão por processos para toda a organização sistema de acompanhamento de resultados disseminar boas práticas manter processos atualizados feedback de desempenho para a equipe divulgar periodicamente os indicadores de resultados estimular a cultura organizacional clima organizacional 18 18 16 16 14 14 12 8 8 4 0 36 36 32 32 28 28 24 16 16 8 0 outras. Quais? Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). Confirma-se a convergência de opiniões, ao observar-se o resumo do Quadro 8, que revela os principais fatores mencionados pelos estrategistas. Quadro 8 – Fatores determinantes para o sucesso na visão dos estrategistas ESTRATEGISTA 1 - apoio da alta administração; - envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos; - definição e divulgação da metodologia; - divulgar conhecimento de gestão por processos para servidores e magistrados; - implantação de um escritório de processos; ESTRATEGISTA 2 ESTRATEGISTA 3 ESTRATEGISTA 4 - envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos; - apoio da alta administração; - evoluir a cultura organizacional; - apoio da alta administração; - divulgação periódica dos indicadores; - comunicação fácil; - constante motivação das equipes; 89 ESTRATEGISTA 5 - apoio da alta administração; - padronização da linguagem e software (metodologia); - envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos; - implantação de um escritório de processos; ESTRATEGISTA 6 ESTRATEGISTA 7 - apoio da alta administração; - capacitação das pessoas envolvidas no projeto (gerente, equipe e usuários); - apoio da alta administração; - desenvolvimento dos gestores e de novos líderes; - automatização dos processos e a facilidade de extração dos indicadores ESTRATEGISTA 8 - apoio da alta administração; - envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos; ESTRATEGISTA 9 - apoio da alta administração; - metodologia definida; - divulgar conhecimento; - motivar e envolver as pessoas que atuam nos processos; - estimular a cultura organizacional; Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). O Quadro 8 revela que dos 9 (nove) estrategistas, 8 (oito) consideram o apoio da alta administração um dos fatores que conduzem ao sucesso da implementação da gestão por processos. Isto demonstra que as opiniões e visões dos estrategistas estão alinhadas. 4.10 EXPECTATIVAS DOS ESTRATEGISTAS E DEMAIS ATORES Questionados sobre suas expectativas, tanto os estrategistas quando os gestores seguiram a mesma linha de pensamento. A perspectiva de ambas as categorias de entrevistados é de que se efetive na instituição a cultura de repensar processos, ou seja, despertar nas pessoas a visão de melhoria contínua. Para o estrategista 9, os servidores precisam repensar a forma de trabalhar. “[...] passem a entender o funcionamento da instituição como um todo e busquem a melhoria contínua das atividades desenvolvidas” (ESTRATEGISTA 9). A Tabela 10 demonstra que 76% dos servidores que responderam o questionário esperam por isso. Porém, 28% destes pesquisados consideram importante a criação de um escritório de processos. 90 Tabela 10 – Expectativas do público pesquisado EXPECTATIVAS Qtde % despertar nas pessoas a visão de melhoria contínua, repensar processos 38 76 formalizar uma estrutura de gestão por processos (escritório de processos) estruturação de metodologia, pois as iniciativas até o momento não tinham padrão não tenho expectativas 14 28 10 20 4 0 8 0 outras. Quais? Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). Na visão dos estrategistas, estas variáveis também se configuram como uma grande expectativa. A questão de formalizar a metodologia ou ter um escritório, são meios, faz parte para alcançar os resultados. Minha expectativa é em relação à mudança da cultura, a grande maioria pensando em melhoria de seus processos, conseguindo mudar a visão de setorizada, conseguindo enxergar seus processos de forma integrada, pensando na entrega do produto final, entendendo a importância dele, trabalhando de forma cooperativa como os demais colegas das outras áreas, esquecendo a ideia de setores. Esse é o ganho menos mensurável e mais perceptível. Será o ganho maior (ESTRATEGISTA 6). A primeira expectativa é a formalização e criação do escritório de processos e a segunda é despertar nas pessoas a visão de melhoria contínua, repensar processos, para não mais realizar suas tarefas de forma mecânica e “porque sempre foi assim” (ESTRATEGISTA 1). Expectativa de formalizar uma estrutura de gestão por processos, construir um escritório de processos, estabelecer onde ele ficará no organograma, construir uma metodologia para o Tribunal, como forma de disseminar essa metodologia e de despertar nas pessoas a visão de melhoria contínua (ESTRATEGISTA 2). Novamente, acredito que a formalização de um escritório de processos, a estruturação de uma metodologia e a melhoria contínua dos processos (ESTRATEGISTA 5). Em relação à expectativa, vejo como primordiais uma metodologia mais estruturada, uma sequencia de padronização de fluxos de processos e despertar nas pessoas uma visão mais global da instituição (ESTRATEGISTA 4). Minha expectativa é o TJSC criar um escritório de processos constituído por pessoas comprometidas com a instituição e com perfil para o tema. Outra expectativa é que, com esse projeto, ocorra uma renovação em todos os níveis gerenciais da instituição, quer seja chefe de seção, divisão e diretores. Sem gestores competentes o projeto estará correndo sérios riscos de insucesso (ESTRATEGISTA 7). Outras expectativas citadas pelo estrategista 9 foram: a padronização das atividades das áreas afins; efetivos meios de medição dos processos de trabalho; melhoria da comunicação com o cliente interno e externo do Tribunal; e, o aumento da celeridade e eficiência no desenvolvimento das atividades. 91 4.11 RESULTADOS ATÉ O PRESENTE MOMENTO De uma maneira geral, conforme apontado pelo Estrategista 3, a organização está passando por um processo de mudança da forma de pensar e agir. E como em qualquer mudança assemelhada, o processo é lento, pois necessita do amadurecimento da instituição e das pessoas que nela exercem suas atividades. No PJSC, antes da instituição deste projeto de implementação da gestão por processos, ocorreram várias iniciativas isoladas utilizando esta ferramenta, que oportunizaram conhecimentos a muitos servidores. A partir destas iniciativas, percebeu-se a necessidade de desenvolver uma metodologia de gestão por processos. [...] o mercado foi dando sinais de que era um processo consistente. Até que se despertou a necessidade de que a implantação deveria ser de forma mais abrangente, mais institucionalizada. Conseguimos dar esse passo, consolidar um projeto considerado estratégico. Muitas pessoas estão participando, amadurecendo, vendo a gestão por processos de uma forma diferente. Acho que estamos dando passos bem consistentes no sentido de consolidar isso (ESTRATEGISTA 3). Para outro estrategista já ocorreram resultados perceptíveis no que se refere à rotina equivocada de algumas atividades. Apontaria como resultado, a padronização das demandas de alterações dos registros de bens. Nós não teríamos o conhecimento centralizado de onde surgem essas alterações. Então isso já diretamente nos propiciou a determinar, a fazer algumas exigências às demais áreas. Não só para facilitar o nosso trabalho, mas para deixar claras as exigências legais que não estavam sendo cumpridas. Isso vinha de histórias que “era assim [...]” (ESTRATEGISTA 5). Para o estrategista 9, a implementação está ocorrendo em fases sucessivas. Iniciou com um pequeno movimento liderado por alguns entusiastas da metodologia e com pequena aceitação e participação dos gestores do Tribunal. Aos poucos, a resistência inicial à mudança em alguns setores foi minimizando. Na visão deste estrategista, atualmente, após algumas experiências positivas, está havendo uma aceitação mais efetiva da gestão por processos. Existe um projeto estruturado, com o objetivo de implementar esta ferramenta de gestão em todo o PJSC, “com um plano de atuação sólido, com uma metodologia pré-definida, com base, inclusive, na ideia de criação de um escritório de processos” (ESTRATEGISTA 9). Cabe ainda mencionar, nota publicada no site do PJSC destacando que a Diretoria de Recursos Humanos (DRH), em cumprimento de etapa proposta no processo de implementação da Gestão de Processos do Poder Judiciário catarinense, apresentou várias 92 melhorias nos processos de nomeação de servidor para cargo efetivo que, em breve, serão implementadas. Além da redução de assinaturas em despachos, as melhorias se estendem à eliminação de documentos requeridos no ato de nomeação e proposição de novas funcionalidades aos sistemas informatizados desenvolvidos e em desenvolvimento pela Diretoria de Tecnologia da Informação, as quais permitirão a eliminação de controles realizados por meio de planilhas eletrônicas, além de novos procedimentos para a convocação de candidatos aprovados. De acordo com o diretor da DRH, essas melhorias aumentarão a performance do processo de nomeação, com a agilização no provimento dos cargos (SANTA CATARINA, 2014 p.1). Para o estrategista 4, a determinação dos servidores da DRH, da Diretoria-Geral Administrativa e da Auditoria Interna, na proposição de melhorias, bem como o empenho e rapidez na sua implementação, mostram o profissionalismo e comprometimento dessa equipe. Na percepção do Consultor Externo 1, a implementação da gestão por processos no PJSC está evoluindo gradativamente com o desenvolvimento de uma metodologia e ganhos sucessivos de espaço. O consultor acredita que o Judiciário catarinense possui a cultura do enfrentamento dos desafios de melhoria. Percebe em alguns servidores o comprometimento e o perfil de capacidade de disseminar a metodologia. Acredita que a implementação da gestão por processos está se constituindo no PJSC com reconhecimento das limitações existentes ao avanço do processo de mudança. Já o Consultor Externo 2, entende que está ocorrendo um aumento da maturidade para lidar com as metodologias de gestão por processo e ao mesmo tempo ampliando o conhecimento das pessoas sobre a organização como um todo. Além disso, esse instrumento de gestão exerce um papel motivacional, porque apoia iniciativas de mudança. Para os demais atores envolvidos no projeto de implementação a opinião encontra-se equilibrada. Dos 50 pesquisados, 60% acreditam que está havendo muita aceitação desta ferramenta, porém, 40% compartilham da opinião de que a aceitação, até o presente momento ainda é pouca. Confira-se o exposto no Gráfico 1. 93 Gráfico 1 – Processo de Implementação Aceitação 0% 40% 60% muita aceitação pouca aceitação nenhuma aceitação Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). Por fim, elaborou-se um quadro resumo (vide Quadro 9), com conceitos apontados pela literatura e fatores destacados tanto pelos estrategistas quanto pelos demais atores envolvidos no projeto de implantação da gestão por processos no PJSC. 94 Quadro 9 – Quadro conceitual na visão dos estrategistas e demais atores VARIÁVEIS Cultura Organizacional Estrutura Organizacional Desempenho Responsabilidades Metodologia Tecnologia da Informação O QUE A LITERATURA APONTA - maneira pela qual a organização trabalha - crenças, valores e princípios com os quais a organização está comprometida - a orientação para processos deve fazer parte da cultura organizacional - desenvolver uma cultura: de equipe, inovadora, comprometimento com a melhoria dos processos, pensamento interfuncional e orientado para os resultados dos processos - as áreas devem atuar de forma integrada e não como funções isoladas na organização - a existência de um grupo especializado em melhoria de processos, reflete a maturidade da organização que implementa BPM - o BPM revê a organização em prol de seus processos, equipes e resultados - atividades realizadas por equipes de diferentes departamentos - a organização é vista como uma série de processos funcionais interligados - captura de dados que geram informações e auxiliam a tomada de decisão - otimização dos fluxos dos processos - comunicar periodicamente os indicadores - fatores que influenciam a mensuração: tempo e investimento, liderança, resistência a mudanças, alocação de recursos, métodos de melhorias, alinhamento estratégico dos objetivos departamentais, áreas selecionadas - delegação de responsabilidades para práticas de BPM - autoridade às equipes de trabalho interfuncionais, para examinar, desafiar e mudar os métodos de trabalho (concebe poder) - aumento das responsabilidades - adoção de notações formais - integração das áreas - automatização para melhoria dos processos Recursos Humanos - as pessoas são a base para os processos de melhoria e inovação organizacionais - melhor aproveitamento dos recursos humanos - o BPM deve ser entendido por todos - modelos alternativos de gestão de RH - envolvimento e comprometimento - forte liderança e apoio da alta administração - trabalho em equipe e redução do conflito Conhecimento - todos precisam ter uma visão sistêmica da organização - novas habilidades e conhecimento - treinamento e aprendizado VISÃO DOS ESTRATEGISTAS E DEMAIS ATORES EM RELAÇÃO AO PJSC - visão departamental - precisa estimular a cultura organizacional - busca por uma cultura orientada por processos - capacitação (compreender a finalidade da mudança) - pessoas resistentes a mudanças - a mudança cultural é um obstáculo a ser enfrentado - identificar uma estrutura que permita a organização trabalhar em torno dos processos, e não de suas funções - criação de um grupo ou setor que estimule esta nova cultura - tirar eficiência de dentro dos processos e não mais na ampliação da estrutura e pessoas - visualizar, de maneira sistêmica e integrada, os processos de trabalho - pouca compreensão da visão de processos pelo nível operacional - confiabilidade para tomada de decisões - busca pela eficiência organizacional - maior eficiência dos processos - quem opera o processo precisa de informações para entender o todo - falta de monitoramento e controle dos processos - redução do tempo de execução dos processos - maior autonomia às equipes dos processos - fortalecer o agir e pensar das pessoas - melhor controle de gestão - padronização da linguagem e do software - sistemas integrados - necessidade de automatizar os processos - sistema deve facilitar a extração dos indicadores - as pessoas precisam sentir-se envolvidas e motivadas - eficiência organizacional com a mesma quantidade de recursos humanos - apoio da alta administração - compartilhamento do conhecimento (disseminar o conhecimento por meio do mapeamento de processos) - disseminar noções de BPM por toda a organização (capacitação) - conhecer todo o processo, independente da área em que atua Fonte: elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa (2014). De maneira geral, o estudo aponta que o modo pelo qual a organização pesquisada desenvolve suas atividades, revela a influência da visão departamental. Todavia, percebe-se 95 que se tem buscado desenvolver uma cultura orientada por processos, estimulando o trabalho em equipe, o comprometimento com a melhoria contínua e, o pensamento interfuncional voltado para os resultados. É perceptível também, a resistência por parte de alguns, o que torna a mudança cultural um obstáculo a ser enfrentado no Poder Judiciário de Santa Catarina. Identificou-se a necessidade de existência de um grupo que estimule esta nova cultura e conduza as áreas da organização atuarem de maneira integrada. Desta forma, vislumbrar-se-ia a maturidade da organização no que diz respeito à implementação da gestão por processos. Observou-se que a busca pela eficiência organizacional, por meio da melhoria dos processos, é o principal fator que impulsionou a decisão da alta administração adotar o BPM como ferramenta de gestão. Quer-se a otimização dos fluxos dos processos, a obtenção de dados que gerem informações e auxiliem a tomada de decisão e um melhor controle organizacional. Por fim, a necessidade de envolver e motivar as pessoas, a imperativa capacitação dos servidores e magistrados, o compartilhamento do conhecimento, a integração dos sistemas e o apoio da alta administração. 96 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme visto ao longo desta dissertação, o seu interesse esteve voltado a reunir os principais aspectos teóricos a respeito da contribuição que a gestão por processos pode prestar às organizações e, a partir desta literatura, analisar o que se assemelha com o projeto de implementação da gestão por processos no Poder Judiciário de Santa Catarina. Para tanto, buscou-se compreender como o processo de implementação se desenvolveu até o presente momento e identificar os fatores que motivaram a administração da organização investigada, adotar esta ferramenta de gestão. Procurou-se, ainda, pesquisar os benefícios diagnosticados durante as fases de implementação e por fim verificar a existência de barreiras no percurso do projeto. Tomando por base o primeiro objetivo específico deste estudo, pode-se perceber um alinhamento nos dados coletados e mencionar que um dos fatores mais significativos que motivaram a administração do Tribunal procurar uma metodologia que auxiliasse a implantação do BPM foi a busca pela eficiência organizacional. No que se refere ao segundo objetivo específico, a pesquisa identificou algumas variáveis que foram consideradas expressivas tanto na visão dos estrategistas quanto na percepção dos demais atores envolvidos no aludido projeto. Afirmou-se que a ferramenta de gestão proporciona redução do tempo de execução e melhoria contínua dos processos de trabalho. Enfatizou-se, ainda, que melhora o controle de gestão e possibilita visualizar a organização como um sistema integrado, onde o trabalho é executado por meio de seus processos. Em relação ao terceiro objetivo específico, algumas variáveis se destacaram. Os sujeitos da pesquisa observaram que existe uma resistência a mudanças por parte de alguns servidores. A pouca compreensão da visão de processos prevalece em grande parte da organização, o que dificulta a implementação, considerando que ao se adotar o BPM deve existir uma integração das áreas. Isto deriva de fatores culturais e estruturais inerentes à visão departamental. Acredita-se, então, que esforços devem ser investidos para modificar a cultura organizacional. Precisa-se despertar nas pessoas a visão de melhoria contínua e conseguir fazê-las enxergar seus processos de forma integrada, atuando sempre de maneira cooperativa com as demais áreas da organização. O estudo também apontou a falta de monitoramento e controle destes processos como uma barreira à implementação. Verificou-se a necessidade de criar mais indicadores associados aos processos de trabalho do PJSC. Cabe ressaltar que “durante muito tempo, as 97 empresas foram dirigidas por meio de metas estabelecidas para as áreas funcionais, mas hoje as metas são definidas para os processos essenciais, que constituem um nível fundamental de avaliação de desempenho da organização” (GONÇALVES, 2000a, p. 16). Aferiu-se do estudo que o sucesso do projeto está diretamente ligado à boa comunicação, não só dentro da equipe do projeto, mas também com as demais partes interessadas. Vale ressaltar que apenas a comunicação eficiente não foi considerada fator suficiente para garantir o sucesso da implementação. Também foram elencados como fatores determinantes, a interação entre as áreas, o apoio da alta administração, o envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos, a definição e divulgação da metodologia e, por fim, a padronização da linguagem e do software utilizado. Após compreender como a implementação está ocorrendo e identificar, por meio da compilação dos dados coletados, as variáveis mais destacadas pelo público pesquisado, procurou-se reunir, num quadro resumo, os principais conceitos inerentes a cada uma destas variáveis, o que se constitui o objetivo geral deste estudo. Dentre as variáveis pesquisadas, pode-se verificar a presença, na organização investigada, tanto daquelas que auxiliam o alinhamento das atividades e processos aos objetivos estratégicos, quanto das que podem inviabilizar todo um investimento voltado à concretização da missão organizacional. Ainda, a bibliografia mostrou que a utilização da gestão por processos como ferramenta de gestão proporciona que mudanças na estratégia organizacional sejam levadas diretamente ao processo de maior impacto. Por fim, conforme Gonçalves (2000a), a gestão por processos traz desafios inéditos em termos de complexidade, já que é, por exemplo, relativamente simples explicitar a liderança de tarefa, mas é muito mais complicado tornar explícita a liderança de processo. Assim, diante da pesquisa realizada, entende-se necessário o comprometimento dos gestores e, sobretudo, que se adequem aos instrumentos de gestão adotados pela organização, de modo que a prestação jurisdicional se torne cada vez mais célere e efetiva. Cumpre-lhe, também, perceber a sua importância na gestão do sistema no qual está inserido, observando constantemente a estratégia organizacional. Deles se exige ainda, além de uma conduta orientada pelos princípios éticos, a aplicação de conceitos da Ciência da Administração, tudo com o escopo de alcançar os melhores resultados na condução do interesse público. Em relação às limitações da pesquisa, registra-se que pelo fato de se analisar a implementação da gestão por processos em uma única organização, e considerando que a maneira como está sendo conduzida, a implementação é resultante de um contexto 98 organizacional específico, as generalizações e inferências podem não ser adequadas a qualquer organização. Ainda, cabe salientar que a investigação ocorreu num momento delimitado, não sendo possível acompanhar a etapa final do projeto. Acredita-se também, que muitas reflexões sobre o processo de implementação surgem depois de algum tempo de convívio com a mudança. Por fim, destaca-se o crescimento e o aprendizado da organização com a instituição deste projeto de implementação desta ferramenta de gestão. As habilidades e competências que estão surgindo, subsidiarão a continuidade deste projeto nas próximas gestões e desafiarão o redirecionamento da visão departamental tradicional para a busca por uma cultura orientada por processos, dando um novo dimensionamento à organização. Acrescenta-se, ainda, que o tema abordado poderá suscitar novos estudos. Assim, como possibilidade de pesquisas futuras, pode-se, a partir da consolidação de um conjunto de indicadores para acompanhamento dos processos, mapear as competências necessárias à gestão dos processos, possibilitando que a gestão por processos seja considerada uma área estratégica para o alcance dos resultados almejados pelo PJSC. Seria de grande valia, também, buscar explorar mais profundamente as contribuições aqui apresentadas. As variáveis apresentadas na Tabela 8 podem ser estudadas com maior detalhes, de forma a trazer elementos adicionais para a discussão aqui iniciada. A apresentação de soluções, por meio de uma pesquisa descritiva, que contribuíssem com a eliminação das barreiras enfrentadas num processo de implementação da gestão por processos em organizações públicas, auxiliaria futuros estudiosos da área que buscam compreender os processos como elemento básico de análise da qualidade da gestão. 99 REFERÊNCIAS ABIB, G.; BULGACOV, S.; AMORIM, A. L. M. 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Quais fatores você considera que motivaram a administração do Tribunal na decisão de adotar esta ferramenta de gestão? 2. A padronização é uma técnica que visa reduzir a variabilidade dos processos de trabalho sem prejudicar sua flexibilidade. É considerada também, um elemento básico para ter controle de um processo. Pode servir de material didático para treinamento de um novo servidor, bem como servir de sistema de informação da organização, preservando o conhecimento. Com a instituição do projeto de implantação da gestão por processos no PJSC, surgiu alguma prática de padronização ou de formalização dos processos de trabalho na área em que atua (por exemplo: manuais impressos, manuais na intranet ou noutro sistema de informatização, fluxogramas)? Essa documentação é atualizada periodicamente? Com que periodicidade? Existe um responsável? 3. A adoção da gestão por processos auxiliou de alguma maneira a interação da sua área com outras da organização que atuam nos seus processos de trabalho, com vistas à melhoria contínua desses processos? Você conhece, no Tribunal, práticas de interação entre áreas para a troca de conhecimentos, visando à otimização dos fluxos de trabalho? 4. Existem indicadores associados aos processos de trabalho na área em que atua? Os dados são coletados periodicamente? São coletados de forma automatizada ou manual? Estão disponíveis de forma on-line? 5. A gestão por processos também deve contemplar a comunicação do nível de desempenho dos processos de trabalho. Nesse sentido, em sua opinião, como deve ocorrer a comunicação nass áreas e partes interessadas no desempenho dos processos? Deve existir: a) um plano de comunicação acerca do desempenho dos processos? b) as comunicações devem ser eventuais e não estruturadas? Ou ainda, c) não há necessidade de comunicação? 6. Existem práticas de mercado associadas à implantação de um Escritório de Processos, que vêm sendo adotadas em organizações que acreditam na gestão por processos como um diferencial na otimização dos resultados e na melhoria de performance. Os papéis de um 114 Escritório de Processos vêm evoluindo gradativamente dentro das organizações, desde uma área de apoio à gestão de operação, até se tornar um suporte da alta administração para implementação, desdobramento e controle de suas estratégias. Você considera importante a existência de um Escritório de Processos no PJSC para institucionalizar a gestão por processos de trabalho ou acredita que possa existir uma mudança cultural, onde as pessoas passam a executar suas atividades com uma visão por processos, buscando a melhoria contínua e melhor performance organizacional, sem a necessidade de implantação formal de um Escritório de Processos? 7. Na sua visão, quais os principais benefícios podem suceder da implantação da gestão por processos no PJSC? 8. E em relação às barreiras que naturalmente surgem durante um processo de implantação, quais você destacaria nesse projeto de implantação da gestão de processos no PJSC? 9. O que você considera fator determinante para o sucesso da implantação da gestão por processos no PJSC? 10. Quais as suas expectativas em relação à implantação da gestão por processos de trabalho no PJSC? 11. Em sua opinião, de maneira geral, como está se constituindo a implementação da gestão por processos no PJSC? 115 APÊNDICE B – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO 1. O PJSC instituiu um projeto denominado Gestão de Processos de Trabalho que está em fase de implementação. Quais fatores você considera que motivaram a administração do Tribunal na decisão de adotar esta ferramenta de gestão? ( ) necessidade de visualizar, de maneira sistêmica e integrada, os processos de trabalho da organização ( ) necessidade de otimizar os fluxos de processos de trabalho ( ) crescimento do número de processos entrados no PJSC ( ) alta taxa de congestionamento processual ( ) proximidade do limite prudencial para gasto com pessoal ( ) necessidade de externalizar o conhecimento, por meio do mapeamento de processos, devido a alta rotatividade de pessoal ( ) busca pela eficiência organizacional ( ) outros. Quais? _________________________________________________ 2. A padronização é uma técnica que visa reduzir a variabilidade dos processos de trabalho sem prejudicar sua flexibilidade. É considerada elemento básico para um controle mais eficiente de um processo, auxiliando, consequentemente, a tomada de decisão. Pode servir de material didático para treinamento de um novo servidor, bem como servir de sistema de informação da organização, preservando o conhecimento. Você conhece alguma prática de formalização dos processos de trabalho na área em que atua? ( ) manuais impressos ( ) manuais na intranet ( ) fluxogramas ( ) outra. Qual? ______________________________ ( ) desconheço 3. A adoção da gestão por processos auxiliou de alguma maneira a interação da sua área com outras da organização que atuam nos seus processos de trabalho, com vistas à melhoria contínua desses processos? ( ) sim ( ) não ( ) desconheço 116 4. Existe indicadores de desempenho associados aos processos de trabalho da área em que você atua? ( ) sim. Quais? _______________________________________________________ ( ) não ( ) desconheço 5. A gestão por processos também deve contemplar a comunicação do nível de desempenho dos processos de trabalho. Nesse sentido, em sua opinião, como deve ocorrer a comunicação nas áreas e partes interessadas no desempenho dos processos? Deve existir: ( ) um plano de comunicação acerca do desempenho dos processos ( ) as comunicações devem ser eventuais e não estruturadas ( ) não há necessidade de comunicação 6. Existem ferramentas e práticas de mercado associadas à implantação de um Escritório de Processos, que vêm sendo adotadas em organizações que acreditam na gestão por processos como um diferencial na otimização dos resultados e na melhoria de performance. Os papéis de um Escritório de Processos vêm evoluindo gradativamente dentro das organizações, desde uma área de apoio à gestão de operação, até se tornar o braço direito da alta administração para implementação, desdobramento e controle de suas estratégias. Qual a sua opinião acerca de um Escritório de Processos no PJSC? ( ) considera importante a existência de um Escritório de Processos para institucionalizar a gestão por processos de trabalho, promovendo iniciativas isoladas para iniciativas sinérgicas e integradas ( ) acredita que possa existir uma mudança cultural, onde as pessoas passam a executar suas atividades com uma visão por processos, buscando a melhoria contínua e melhor performance organizacional, sem a necessidade de implantação de um Escritório de Processos 7. Na sua visão, quais os principais benefícios podem suceder da implantação da gestão por processos no PJSC? (assinalar no máximo 5 itens) ( ) visão sistêmica da organização ( ) melhor controle de gestão ( ) integração das áreas e compartilhamento de conhecimento ( ) redução do custo 117 ( ) redução do tempo de execução dos processos ( ) aumento da visibilidade para tomada de decisões ( ) melhoria contínua ( ) inovação tecnológica ( ) maior eficiência dos processos ( ) medição de desempenho ( ) melhor divisão de tarefas ( ) eliminação e/ou redução das tarefas repetidas ou desnecessárias ( ) outros. Quais? ______________________________________________________ ( ) nenhum 8. Em sua opinião, quais as principais barreiras ou dificuldades podem ser percebidas na implantação da gestão por processos no PJSC? (assinalar no máximo 4 itens) ( ) resistência a mudanças ( ) pouca compreensão da visão de processos pelo nível operacional ( ) falta de monitoramento e controle dos processos ( ) ausência de uma metodologia pré-definida ( ) carência de tecnologia ( ) falta de recursos no orçamento destinados à melhoria de processos ( ) cultura organizacional ( ) outras. Quais? _______________________________________________________ ( ) nenhuma 9. O que você considera fator determinante para o sucesso da implantação da gestão por processos no PJSC? (assinalar no máximo 5 itens) ( ) definição prévia da metodologia ( ) apoio da alta administração ( ) política e diretrizes voltadas para a melhoria contínua dos processos ( ) divulgar noções de gestão por processos para toda a organização ( ) divulgar periodicamente os indicadores de resultados ( ) disseminar boas práticas ( ) feedback de desempenho para a equipe ( ) envolvimento e motivação das pessoas que irão operar os processos ( ) estimular a cultura organizacional 118 ( ) clima organizacional ( ) sistema de acompanhamento de resultados ( ) manter processos atualizados ( ) implantação de um Escritório de Processos ( ) outras. Quais? _______________________________________________________ 10. Quais as suas expectativas em relação à implantação da gestão por processos de trabalho no PJSC? ( ) formalizar uma estrutura de gestão por processos (escritório de processos) ( ) estruturação de metodologia, pois as iniciativas até o momento não tinham padrão ( ) despertar nas pessoas a visão de melhoria contínua, repensar processos ( ) não tenho expectativas ( ) outras. Quais? _______________________________________________________ 11. Em sua opinião, como está se constituindo a implementação da gestão por processos no PJSC? ( ) nenhuma aceitação ( ) pouca aceitação ( ) muita aceitação Obrigada por responder. Sua opinião é muito importante. 119 APÊNDICE C – ROTEIRO DA ENTREVISTA (CONSULTORES EXTERNOS) 1. O PJSC instituiu um projeto denominado Gestão de Processos de Trabalho que está em fase de implementação. Quais fatores você considera que foram motivadores para a decisão da administração do Tribunal optar pela adoção desta ferramenta de gestão? 2. A gestão por processos também deve contemplar a comunicação do nível de desempenho dos processos de trabalho. Nesse sentido, em sua opinião, como deve ocorrer a comunicação nas áreas e partes interessadas no desempenho dos processos? Deve existir: a) um plano de comunicação acerca do desempenho dos processos? b) as comunicações devem ser eventuais e não estruturadas? Ou ainda, c) não há necessidade de comunicação? 3. Existem práticas de mercado associadas à implantação de um Escritório de Processos, que vêm sendo adotadas em organizações que acreditam na gestão por processos como um diferencial na otimização dos resultados e na melhoria de performance. Os papéis de um Escritório de Processos vêm evoluindo gradativamente dentro das organizações, desde uma área de apoio à gestão de operação, até se tornar um suporte da alta administração para implementação, desdobramento e controle de suas estratégias. Você considera importante a existência de um Escritório de Processos em uma organização pública para institucionalizar iniciativas de gestão por processos? Por que? 4. Na sua visão, quais os principais benefícios podem suceder da implantação da gestão por processos no PJSC? 5. E em relação às barreiras que naturalmente surgem durante um processo de implantação da gestão por processos, quais você destacaria nesse projeto de implantação da gestão de processos no PJSC? 6. O que você considera fator determinante para o sucesso da implantação da gestão por processos no PJSC ? 7. Na sua opinião, como está se constituindo a implementação da gestão por processos no PJSC? 120 ANEXO (S) 121 ANEXO A – ORGANOGRAMA DO PJSC 122 ANEXO B – CADEIA DE VALOR DO PJSC 123 ANEXO C – DESCRIÇÃO DOS OBJETOS DA CADEIA DE VALOR DO PJSC Reconhecimento da Demanda Descrição: Abrange os processos que viabilizam o acesso do cidadão à justiça, relacionados ao atendimento aos usuários. Inicia com a solicitação ou recebimento da demanda e termina com a definição da forma como será atendida. Instrução Processual Descrição: Abrange os processos envolvidos na preparação do processo para o julgamento. Inicia com a formação do processo e termina com o processo preparado para o julgamento. Mediação ou Conciliação Descrição: Abrange os processos envolvidos para viabilizar o acordo entre as partes permitindo o julgamento por homologação. Inicia com o agendamento da audiência conciliatória (fórum ou mutirão) e termina com o acordo entre as partes para homologação pelo magistrado ou prosseguimento do processo. Mediação e Conciliação Pré-processual Descrição: Abrange os processos envolvidos na promoção do acordo entre os interessados permitindo a homologação. Inicia com o pedido da intermediação e termina com o acordo ou não entre as partes, podendo o acordo ser homologado pelo magistrado. Julgamento e Publicação Descrição: Abrange os processos envolvidos nas decisões de 1º e 2º Graus e homologação de acordo, tornando-as públicas. Inicia com o processo instruído e termina com a decisão do magistrado publicada. Cumprimento da Decisão Descrição: Abrange os processos envolvidos nas atividades de cumprimento da decisão do magistrado no que concerne a parte dispositiva. Inicia com o recebimento da decisão do magistrado e termina com o cumprimento das definições contidas na decisão. 124 Serviços de Sustentação aos Processos Primários Descrição: Abrange os processos de suporte envolvidos na realização das atividades finalísticas. Inicia conforme a necessidade de cada processo envolvido e termina com o atendimento dessa necessidade. Acompanhamento Orçamentário e Gestão Financeira Descrição: Abrange os processos da gestão dos recursos orçamentários e financeiros da instituição, registros dos fatos contábeis, bem como a gestão de depósitos judiciais. Inicia com o recebimento das Leis Orçamentárias e finaliza com a publicação dos relatórios contábeis e prestação de contas aos órgãos de controle. Gestão de Bens, Serviços e Convênios Descrição: Abrange os processos necessários à contratação de bens ou serviços ou a celebração e controle da execução de convênios. Inicia com a identificação da necessidade e termina com a execução do contrato/ convênio ou a sua rescisão. Gestão de Serviços Compartilhados Descrição: Abrange os processos envolvidos no atendimento à demanda de infraestrutura de serviços necessários a execução das atividades do Poder Judiciário. Gestão de Tecnologia da Informação e Comunicação Descrição: Abrange os processos necessários à Inovação Tecnológica, Provimento e Manutenção de sistemas computacionais, Provimento e Manutenção de Infraestrutura Tecnológica e Atendimento/Suporte aos Usuários. Gestão do Capital Humano Descrição: Abrange os processos envolvidos na alocação de pessoal e no acompanhamento da vida funcional de magistrados, servidores e demais colaboradores. Inicia com a sua captação e termina com o estágio de inatividade. Gestão Patrimonial e Logística Descrição: Abrange os processos envolvidos na gestão patrimonial de bens permanentes, a gestão de estoque e de transporte de bens e pessoas. 125 Gestão Predial e de Obras Descrição: Abrange os processos necessários ao planejamento da execução e acompanhamento de obras e manutenções prediais. Governança Descrição: Abrange os processos envolvidos à implementação do modelo de governança adotado pelo Poder Judiciário.