UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DE PROCESSOS, FUNDAMENTAL OU OPCIONAL? Por: Carla Beatriz de Souza Rabelo Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’ INSTITUTO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DE PROCESSOS, FUNDAMENTAL OU OPCIONAL? Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Logística Empresarial. Por: Carla Beatriz de Souza Rabelo 3 AGRADECIMENTOS A todos os professores do curso de Logística Empresarial, ao professor Jorge Tadeu pela orientação e a todos os demais que me auxiliaram na realização deste trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Sebastião e Maribete, que me deram a oportunidade de realizar esta especialização. Também ao Harllei, meu namorado, pela paciência e apoio durante a confecção deste trabalho. 5 RESUMO A logística se tornou uma ferramenta que proporciona à empresa vantagem competitiva no mercado. Sua função é, principalmente, ser o elo de ligação em um processo que pode começar com um fornecedor e encerrar com um cliente e processo é um conjunto de atividades inter-relacionadas que transformam insumos em produtos. Conhecer seus processos é uma necessidade de toda e qualquer organização de qualquer segmento ou porte. Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, redução de custos e garantia da qualidade. A divisão das atividades da empresa em processos e a análise destes processos separadamente e interligados, visando à plena satisfação do cliente é a importância da gestão de processos na logística empresarial. Para a realização do presente trabalho foi feita uma grande pesquisa bibliográfica em livros e revistas acadêmicas da área e pesquisa na internet em sites de empresas de logística e consultoria em gestão de processos. Para se esclarecer melhor a importância de se utilizar a gestão de processos na logística empresarial, o trabalho em questão conceitua processo e gestão de processos e reflete sobre as competências fundamentais de um profissional de processos e, por fim, chega à conclusão que a gestão de processos é fundamental para que qualquer empresa se mantenha, com sucesso, inserida no mercado de trabalho. 6 METODOLOGIA Esta monografia foi desenvolvida utilizando-se pesquisa bibliográfica em livros e revistas acadêmicas da área, jornais e pesquisa na internet em sites de empresas de logística e consultoria em gestão de processos. De início, conceitua processos e Gestão de Processos. Descreve-se o que é necessário para uma organização implantar a gestão de processos e os benefícios que este modelo de gestão propicia. Cita-se, também, o que é necessário para um indivíduo tornar-se um Profissional de Processos, uma carreira que está em ascensão no momento. Por fim, é traçado um paralelo entre Gestão de Processos e a Logística, mostrando que eles estão interligados e que juntos são sinônimo de sucesso. É importante citar a biblioteca do Banco do Brasil que disponibilizou material para consulta e o professor Mauri Gerhardt que esclareceu em suas aulas algumas dúvidas e curiosidades a respeito do tema deste trabalho. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Conceito de Processo 10 CAPÍTULO II - Gestão de Processos 16 CAPÍTULO III – Profissional de Processos 32 CAPÍTULO IV – Gestão de Processos e a Logística 35 CONCLUSÃO 37 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38 ANEXOS 40 ÍNDICE 47 FOLHA DE AVALIAÇÃO 49 8 INTRODUÇÃO Com a evolução da humanidade, com suas necessidades e desejos a serem satisfeitos, surgem um desafio às empresas: disponibilizar seus produtos, ao menor custo possível, no momento e no local adequado de forma que seus clientes os possam consumir satisfazendo, assim, suas necessidades e desejos. Acompanhando a evolução das organizações, das tecnologias disponíveis e das necessidades do mercado, a logística mudou de ênfase, desconsiderou-se, propositadamente, o período anterior ao século XX, uma vez que até então a logística era desenvolvida de forma totalmente pratica, sem outra preocupação que não fossem as questões relativas ao transporte e a logística de suprimentos nos exércitos. No início do século XXI, com as profundas mudanças e a disputa por mercados, se pôde perceber mais claramente a preocupação com as questões do espaço (onde alocar produtos) e temporais (quando disponibilizá-los) que são dois dos objetivos centrais da logística. Atualmente, com a economia cada vez mais globalizada e altamente competitiva, as empresas têm enfrentado descontinuidades e expectativas muitas vezes conflitantes (fornecedores, clientes, acionistas) que exigem uma gestão organizacional muito mais eficiente e eficaz do que no passado. Tratase de gerenciar essas mudanças organizacionais de forma que as empresas estejam preparadas para enfrentar tais descontinuidades e expectativas de forma rápida, flexível e que proporcione ganhos a todos os envolvidos. E é aí que entra a gestão de processos. As empresas estão procurando se organizar por processo para terem maior eficiência na obtenção do seu produto ou serviço, melhor adaptação à 9 mudança, melhor integração de seus esforços e maior capacidade de aprendizado. A idéia de processo não é nova na administração das empresas, mas é um novo entendimento que diz que o negócio precisa focar aquilo que pode ser feito para agradar aos clientes externos. Também é equilibrar o que é rentável para uma empresa a fim de não quebrá-la agradando aos clientes. Ao procurar se estruturar por processos, as empresas acabam descobrindo que é impossível sobrepor um processo integrado a uma organização fragmentada pelo desenho funcional tradicional. As organizações estruturadas por tarefas precisam ser redesenhadas para poder funcionar por processos. Algumas empresas acabam dando alguns passos e desistem logo depois, sem saber ao certo como prosseguir. Identificar o processo como sendo a maneira típica de realizar o trabalho é importante para definir a forma básica de organização das pessoas e dos demais recursos da empresa. Esta monografia é dividida em quatro capítulos. No primeiro é feita a definição de processo que é um conceito fundamental no projeto dos meios pelos quais uma empresa pretende produzir e entregar seus produtos e serviços aos seus clientes. No segundo explica-se Gestão de Processos que é uma metodologia que procura integrar as atividades de diversas áreas da empresa para tornar os processos mais eficientes, melhorando o desempenho da mesma e reduzindo os custos totais. No terceiro salienta-se que para obter sucesso neste modelo de gestão, deve-se ter um funcionário qualificado e que esteja disposto a quebrar antigos paradigmas e investir no novo em busca de uma gestão com qualidade. E, por fim, no quarto capítulo vemos que a Gestão de Processos aliada à Logística (área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de uma empresa) certamente é receita de sucesso. 10 CAPÍTULO I CONCEITO DE PROCESSO ‘Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo. Não existe um produto ou serviço oferecido por uma empresa sem um processo organizacional. ’ (GONÇALVES, 2000, p.6). Podemos dar inúmeras definições para processo, seguem abaixo algumas delas: De acordo com Amin; Champy (1994), processo é um grupo de atividades realizadas numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem, ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes. Davenport (1994) conceitua um processo como uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, inputs e outputs claramente identificados. Segundo o autor, tais atividades são estruturadas com a finalidade de agregar valor aos inputs, resultando em um produto para um cliente. Na abordagem de Oliveira (1996), processo é um conjunto de atividades seqüenciais que apresentam relação lógica entre si, com a finalidade de atender e, preferencialmente, suplantar as necessidades e expectativas dos clientes externos e internos da empresa. Gonçalves (2000) define processo como qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. O autor destaca também a característica de inter-funcionalidade dos processos, ou seja, a maioria dos processos empresariais, especialmente os processos-chave ou primários, atravessa as 11 fronteiras das áreas funcionais da organização, podendo envolver não só aspectos intra-organizacionais (interação entre os processos internos da empresa), mas também inter-organizacionais (interação com os processos de outras organizações). A abordagem de Gonçalves alinha-se com a de Porter (1992) que enfatiza, em uma organização, a importância da sua cadeia de valores e do seu sistema de valores para a criação de vantagem competitiva. A cadeia de valores é definida como o conjunto de ‘atividades física e tecnologicamente distintas através das quais uma empresa cria um produto valioso para os seus compradores’. O sistema de valores representa a integração da cadeia de valores da organização com as cadeias de valores dos fornecedores e dos canais de distribuição. Adair; Murray (1996) citam que um processo consiste em um conjunto de tarefas executadas seqüencialmente com a finalidade de gerar um resultado identificável, que pode ser um bem, um serviço, dados, ou informações. O resultado do processo é sempre direcionado a um cliente - seja ele interno ou externo - que é quem define e avalia esse resultado. Comparando as abordagens dos autores acima citados, podemos concluir que um processo consiste em um conjunto de atividades executadas seqüencialmente e que apresentam uma relação lógica entre si. Tais atividades adicionam valor aos insumos do processo, gerando um resultado identificável sob a forma de bens, serviços ou informações. O resultado do processo é sempre direcionado a um cliente, seja ele interno ou externo. 1.1 – Como enxergar os processos 12 Muitos dos processos das áreas não fabris das empresas não são prontamente reconhecidos porque são pouco visíveis. O trabalho nos escritórios, por exemplo, segue fluxos que são conduzidos pelos cabos da rede informatizada, e não é tão facilmente observável o deslocamento do trabalho sendo realizado. A distinção entre os processos de negócio e os processos auxiliares ou de suporte pode ajudar muito na identificação dos processos essenciais da empresa. Geralmente, os processos essenciais estão diretamente associados às regras básicas do negócio (GONÇALVES, 2000). No caso de uma seguradora, por exemplo, a empresa propõe-se a garantir cobertura no caso de determinados sinistros ocorridos com os clientes selecionados com as quais ela faz contrato de seguro. Para isso, ela deverá: • Selecionar os clientes e fazer contrato de seguro com eles, • Reembolsar os pedidos de indenização por motivo de sinistro nos casos devidos e • Manter vínculo contratual com os clientes selecionados. Esses são os grandes processos essenciais numa seguradora. A análise dos processos nas empresas implica a identificação das diversas dimensões desses processos: fluxo (volume por unidade de tempo), seqüência das atividades, esperas e duração do ciclo, dados e informações, pessoas envolvidas, relações e dependências entre as partes comprometidas no funcionamento do processo. A idéia de hierarquia é fundamental para a identificação dos processos essenciais e para a análise sistêmica das organizações. De acordo com essa idéia, os processos podem ser agregados em macro processos e subdivididos 13 em subprocessos ou grupos de atividades e o nível de agregação mais adequado, depende do tipo de análise que se pretende fazer. 1.1.1 – O ponto de vista do cliente As empresas convencionais foram projetadas em função de uma visão voltada para a sua própria realidade interna, sendo centradas em si mesmas. A implementação do ponto de vista do cliente na gestão das empresas praticamente exige que se faça o redesenho de seus processos de negócio. A adoção de uma estrutura baseada nos processos significa, em geral, dar menos ênfase à estrutura funcional da empresa e, na prática, exige o emprego de outros modelos organizacionais e de negócios. Para organizar a empresa por processos de negócio, precisamos colocar o foco no cliente externo, já que os processos de negócio começam e terminam nele. Os processos enxergam uma linha de atividades que começa com o entendimento exato do que o cliente externo deseja e termina com o cliente externo adquirindo o que ele precisa e deseja de um negócio. O cliente está no centro das organizações por processos, e o objetivo final dessas empresas é oferecer para ele mais valor, de forma mais rápida e a um custo mais baixo. Nossas organizações atuais são um entrave para isso, e é necessário aprender a pensar em novas formas de estruturar as empresas. As pessoas precisam aprender a compreender o negócio, a assumir mais responsabilidades e a trabalhar em equipe. A noção de valor para o cliente é baseada na percepção da vantagem ou do benefício que ele recebe em cada transação com a empresa. O preço pago é apenas uma parte do esforço para obter o produto ou serviço. O cliente avalia também a rapidez e o conforto para obter o produto e a oportunidade de conseguir o que deseja. 14 Nem sempre o valor para o cliente é identificado de maneira clara e indiscutível, e sua avaliação é difícil, já que existem componentes irracionais e emocionais. De uma maneira simplificada, podemos dizer que o comportamento do cliente e suas expectativas se baseiam em algumas idéias simples. O cliente avalia cuidadosamente o que ele recebe em função do que paga e não enxerga aspectos internos da organização, por mais maravilhosos que eles possam parecer para o pessoal interno. Com raras exceções, o cliente não se interessa por detalhes de como a empresa produz o que oferece e, certamente, não compra para melhorar o resultado da empresa fornecedora. 1.2 – Os processos nas empresas Algumas empresas já exploram o potencial da centralização das suas prioridades, ações e recursos nos seus processos essenciais (ou de negócio). São empresas que têm demonstrado desempenho superior em termos de agilidade, flexibilidade e capacidade de resposta. Os processos de negócio ou de cliente são aqueles que caracterizam a atuação da empresa e que são apoiados por outros processos internos, resultando no produto ou serviço que é recebido por um cliente externo. Os processos de negócio são ligados à essência do funcionamento da organização. Eles são típicos da empresa em que operam e são muito diferentes de uma organização para outra. Eles têm o suporte dos sistemas informatizados que têm sido desenvolvidos ao longo de muitos anos de desafios e aperfeiçoamento. São os três ou quatro processos essenciais para a obtenção dos produtos ou serviços que são oferecidos aos clientes da empresa. São tipicamente processos de agregação de valor, e seu bom desempenho é crítico para o resultado da empresa. 15 Por outro lado, as atividades essenciais (aquelas atividades que são críticas para que sejam atingidos os objetivos da empresa) também podem, algumas vezes, ser chamadas de processos. Elas envolvem um conjunto de atividades operacionais, diversos níveis organizacionais e práticas gerenciais. Assim, elas são os processos que precisam ser executados para que a empresa exista. A importância dos processos essenciais na gestão das empresas vai da identificação e definição desses processos, passa pelo aperfeiçoamento de tais processos, pela priorização deles na gestão da empresa como um todo e chega até a redefinição da estrutura organizacional e do funcionamento da empresa em função dos seus processos básicos. 16 CAPÍTULO II GESTÃO DE PROCESSOS 2.1 – A organização orientada para processos Na opinião de Dreyfus (1995), ‘as empresas tradicionais tendem a fragmentar o trabalho em atividades especializadas, encerradas dentro de unidades organizacionais delimitadas e estáticas’, cada uma comandada por ‘um chefe’ que controla as tarefas de seus subordinados. Nesse tipo de organização ‘as atenções estão voltadas para dentro’ de cada ‘célula organizacional’ e não para a sua ‘cadeia de atividades’ que cria os bens e serviços para os seus clientes, sejam eles externos ou internos. A Figura 1 representa uma abordagem de organização tradicional. Entretanto, segundo as opiniões de diversos autores, esse enfoque tradicional já não se adequa ao novo contexto em que as organizações se encontram: Gonçalves (2000) destaca que a ênfase – anteriormente dada aos departamentos da estrutura e às tarefas isoladas – migrou para um modelo organizacional mais simples e dinâmico: a visão centrada em processos. A orientação para os processos do negócio possibilita que a organização seja vista, não como um conjunto de departamentos estanques, mas como um fluxo contínuo de atividades encadeadas que começam e terminam no cliente. De acordo com o autor, entender como os processos funcionam e quais são os tipos de processos existentes em uma organização é importante para determinar como eles devem ser gerenciados para a obtenção do máximo resultado. Segundo Davenport (1994), grande parte do sucesso das empresas japonesas nas décadas de 80 e 90 decorreu da implementação da visão de 17 processos, o que resultou em processos mais rápidos em áreas importantes como inovação de produtos, logística e vendas. Morris (1994) ressalta que ‘o processo de trabalho pode ser visto como a essência da empresa’ pois um dos principais aspectos de diferenciação de uma empresa em relação aos seus concorrentes e que contribuem para a sua vantagem competitiva é a forma diferenciada de executar os seus processos. Segundo Kaplan; Norton (1997) as organizações modernas operam com processos de negócio inter-funcionais e enfatizam a melhoria contínua dos produtos e processos visando garantir o sucesso organizacional. Hammer (1997) enfatiza que a essência do gerenciamento de um negócio é o gerenciamento de seus processos: garantindo que seu desempenho esteja de acordo com seu potencial, procurando oportunidades de aperfeiçoá-los e traduzindo tais oportunidades em realidade. Assim sendo, a organização centrada em tarefas deve dar lugar à organização orientada para os processos do negócio (vide Figura 2). Figura 1: A Organização Tradicional (Adaptado de SLACK, Nigel, 1997, p. 464) 18 Figura 2: A Organização Orientada para os Processos do Negócio (Adaptado de SLACK, Nigel, 1997, p. 464) Para gerir uma organização, com base na gestão por processos, faz-se necessário investigar entre outras as seguintes variáveis, conforme ilustra a Figura 3. Inicialmente, as questões, embora não exclusivamente do modelo de gestão por processos, são: • Para que a organização existe, ou seja, qual a sua missão ou negócio? • Quais são os processos críticos de negócio, isto é, aqueles que mais impactam os negócios e afetam os clientes? • Quais os recursos necessários para gerar os produtos que os clientes desejam adquirir? • O que de essencial a organização oferece para os clientes? • Como gerenciar o fluxo de informação, trabalho ou atividades e produtos, visando satisfazer os clientes? 19 Figura 3: Modelo de Gestão de Processos, simplificado. (Adaptado de TAKASHINA, N. Tadachi, 2001). Outra maneira de entender a Gestão baseada em Processos consiste em observar a organização de uma perspectiva, ao mesmo tempo, interna e externa (Figura 4). Com foco nos clientes, a organização faz o levantamento das suas necessidades e expectativas, definindo os ‘requisitos’ dos produtos e serviços requeridos para satisfazer os clientes. Esses requisitos serão transformados em ‘especificações’, que comandarão o processo de transformação de insumos em produtos ou serviços (P & S), modelando e orientando esse processo, de modo a que os P & S sejam produzidos de acordo com o padrão esperado. Com base nesse contexto, a produção é o resultado do processo de transformação em ação. Analisando, a Figura 4, nota-se uma ‘cadeia de processos’, ou cadeia produtiva, constituída por dois conjuntos de processos 20 ‘A’ e ‘B’. Nesse caso, cada processo representa uma série de atividades (subprocessos) que podem ser executadas paralelamente. Cada processo, em cada conjunto, possui um responsável pela sua execução e controle. Desse modo, pressupondo uma fábrica de ternos com duas linhas de produção, uma de paletós e a outra de calças, sendo que o processo ‘A’ representa a linha de fabricação de paletós e o processo ‘B’, a linha de fabricação de calças. As letras ‘F’ e ‘C’ representam, respectivamente, ‘fornecedor’ e ‘cliente’. O funcionário responsável pelo seu processo, pode, em um dado instante, ser o cliente e, em outro momento, ser o fornecedor. Por exemplo, quando ele estiver recebendo um trabalho de um colega para agregar valor, ou continuar este trabalho, nessa hora ele é cliente. Mas, após terminar a sua parte e estiver passando o trabalho para ser continuado por outro colega, então nesse instante ele estará sendo o fornecedor desse colega. E, assim, a produção acontece, de processo em processo, até que paletós e calças sejam juntados no final da cadeia produtiva para comporem os ternos. 21 Figura 4: Cadeia de Processos Produtivos (Adaptado de BARBARÁ, Saulo, 2006 p.143) Muitas pessoas acreditam que os processos podem burocratizar a atividade organizacional e que, seguir à risca o que determina a norma ISO 9000:2000, possa engessar ou reduzir a flexibilidade da organização, tendo em vista a execução de tarefas ou tomada de decisão. A verdade é que criar documentos, rotinas, normas, procedimentos e instruções para tudo o que se faz numa organização pode realmente contribuir para isso. Contudo, também adotar esse procedimento somente para as atividades essenciais da organização não resolve o problema. O que fazer então? A saída seria combinar poder, autoridade e capacidade de criar regras com flexibilidade, mantendo sempre o equilíbrio e o bom senso. A Figura 5 auxilia no entendimento dessa questão. 22 Figura 5: Rigidez versus Flexibilidade Organizacional (Adaptado de Campos, 1998, p. 40) Pouca autoridade, poder e capacidade de criar regras, e pouca flexibilidade conduz a organização para o caos. Muita autoridade, poder e capacidade de criar regras, e pouca flexibilidade faz a organização ser burocrática. Pouca autoridade, poder e capacidade de criar regras, e muita flexibilidade leva a organização para a anarquia; e muita autoridade, poder e capacidade de criar regras com bastante flexibilidade para mudar as regras, cria um ambiente favorável à mudança e criatividade. Que conclusão pode-se tirar dessas considerações? Não há organização que prospere sem que tenha autoridade, poder e capacidade para criar regras (padrões, normas, políticas, procedimentos e outros) e a flexibilidade necessária para quebrá-las. E qual seria o critério certo para as regras? O mesmo critério que deve ser usado para criá-las: ‘bom senso e 23 equilíbrio’. E quando quebrá-las? Sempre que for preciso. Sempre que estiverem impedindo a mudança, a criatividade a inovação. Regras devem ser criadas para colocar ordem, disciplina, prioridade para fazer as coisas (organização) e estabelecer padrões de planejamento, execução e controle do desempenho organizacional, e jamais para dificultar ou burocratizar as atividades organizacionais. 2.2 – Passos fundamentais para a implantação da gestão de processos (Business Process Management - BPM) O ponto de partida para a implantação de uma gestão por processos é identificar os processos relevantes e como devem ser operacionalizados com eficiência. Questões que podem ajudar nesta análise são: • Qual o dimensionamento de equipe ideal para a execução e o controle dos processos? • Qual o suporte adequado de ferramentas tecnológicas? • Quais os métodos de monitoramento e controle do desempenho a serem utilizados? • Qual é o nível de integração e interdependência entre processos? A resposta a essas questões representa a adoção de uma visão abrangente por parte da organização sobre os seus processos e de como estão relacionados. Essa ‘visão’ é o que chama de uma abordagem de BPM. Sua implantação deve considerar no mínimo cinco diferentes passos fundamentais: Tradução do negócio em processos, Mapeamento, detalhamento e redesenho dos processos, Definição de indicadores de desempenho, Geração de oportunidades de melhoria, Implantação de um novo modelo de gestão. 24 2.2.1 – Tradução do negócio em processos É importante definir quais são os processos mais relevantes para a organização e aqueles que os suportam. Isso é possível a partir do entendimento da Visão Estratégica, como se pretende atuar e quais os diferenciais atuais e desejados para o futuro. Com isso, é possível construir o Mapa Geral de Processos da Organização. 2.2.2 – Mapeamento (as is), detalhamento e redesenho (to be) dos processos A partir da definição do Mapa Geral de Processos inicia-se a priorização dos processos que serão detalhados. O mapeamento estruturado com a definição de padrões de documentação permite uma análise de todo o potencial de integração e automação possível. O mapeamento do processo é a descrição gráfica deste, onde devem ser relacionadas às atividades necessárias para a execução do serviço ou produto desejado. Ele fornece uma representação gráfica das ações executadas, evidenciando a seqüência de atividades, os agentes envolvidos, os prazos e o fluxo de entradas e saídas, informações e documentos em uma organização ou unidade. Isso permite identificar mais facilmente oportunidades para a racionalização e aperfeiçoamento dos processos de trabalho em uma organização Esta é uma técnica que permite introduzir melhorias nos procedimentos de trabalho, através da análise crítica das atividades, em fluxograma, permite a simplificação das práticas de trabalho acrescentando inteligência e mais eficiência ao processo; 25 O redesenho é a proposta de otimização do processo (to be). Esse é entendido como as melhorias realizadas por meio da racionalização do fluxo de trabalho. Gera uma base referencial que permite, entre outras aplicações, criar condições para a construção da estrutura organizacional, a definição e avaliação de indicadores de resultados de atendimento em nível interno e/ou institucional, a formulação de planos de sistemas de informações e a aplicação do Ciclo PDCA - Plan Do Check Action. É também a base para uma reestruturação organizacional com a elaboração de novo modelo de gestão e respectivo organograma. Um exemplo de sucesso pode ser observado no anexo 1. De forma complementar são identificados os atributos dos processos, o que permite, por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que compõe o processo, dimensionar o tamanho da equipe que deverá realizá-lo, reduzir tempo de processamento de documentos internos, diminuir prazos de entrega etc. 2.2.3 – Definição de indicadores de desempenho O objetivo do BPM é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar e melhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é definir os indicadores de desempenho, além dos modelos de controle a serem utilizados. 2.2.4 – Geração de oportunidades de melhoria A intenção é garantir um modelo de operação que não leve a retrabalho, perda de esforço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos ao negócio. 26 Para tal é necessário identificar as oportunidades de melhoria, que por sua vez seguem quatro alternativas básicas: incrementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto que na primeira busca-se o ganho de escala, na última busca-se a simples exclusão da atividade ou transferência da mesma para terceiros. 2.2.5 – Implantação de um novo modelo de gestão O BPM não deve ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação maior é assegurar melhores resultados e nesse caminho trata-se de uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos. 2.3 – Modelagem na Gestão de Processos Modelo é a representação da realidade através da construção de diagramas, protótipos, ou qualquer recurso que permita visualizar o funcionamento do objeto a ser estudado, permitindo compreensão de suas características e simulação do comportamento submetido à ação de eventos programados. Na gestão de processos utilizam-se dois tipos de modelos: • Modelo de Negócio – É a representação gráfica da estrutura funcional da organização, com foco na dinâmica de seus processos, atividades, recursos e procedimentos operacionais necessários 27 ao desempenho de seu core business. Modelo de Processo - Visão de cada processo através da • construção de diagramas com a contextualização funcional do processo em seu ambiente, descrita em forma de objetos – figuras utilizadas para diagramação – e seus relacionamentos representados por ‘conexões’ com outros processos ou entidades internas / externas ao negócio. 2.3.1 – Benefícios do uso de Modelos O uso de modelos traz uma série de benefícios, dentre eles podemos citar: Entendimento conjuntural do negócio – missão, estrutura, • políticas, ambiente, potencial de crescimento, objetivos e estratégia mercadológica; • Facilitar ações de melhoria para fortalecer a vocação da organização; • Aderência dos processos à estratégia empresarial adotada; • Identificação das interdependências entre processos; • Avaliação de requisitos; • Promover mudanças do enfoque da gestão permitindo a gestão por processos; • Garantir eficiência funcional à organização; • Estruturação da engenharia do negócio; • Reforçar a colaboração e a integração entre processos e pessoas; • Identificação das unidades de negócio (automatização operacional); • Dar suporte ao Planejamento Estratégico; • Fortalecer o vínculo entre processo de gestão e sistemas de informação. 28 Existem vários de modelos aplicáveis na Gestão de Processos, um modelo bem objetivo e simples é baseado nos 5W1H, como demonstrado abaixo: ‘Check List 5W1H para conhecimento do processo’ • Who (Quem) / Responsabilidades Quem é o cliente / usuário / beneficiário do processo? Quem executa? Quem gerencia? Quem fornece? Quem participa das decisões? • What (O Que) / Etapas Quais são as entradas do processo? Quais são as saídas? Quais são os indicadores? Quais são as metas? Quais são os recursos? Quais são os problemas? Quais são os Métodos / Tecnologias empregados? • When (Quando) / Tempo Quando é planejado o processo? Quando é executado? Quando é avaliado? • Where (Onde) / Local Onde é planejado o processo? Onde é executado? Onde é avaliado? 29 • Why (Porque) / Justificativa Porque / Para que esse processo existe? • How (Quanto) / Método Quanto/Como é planejado o processo? Quanto/Como é executado? Quanto/Como é avaliado? O quanto as informações são registradas e disseminadas? Quanto/Como é avaliada a satisfação do cliente? Quanto/Como está o desempenho do processo? 2.4 – Por que usar Processos? A Gestão por Processos tem-se tornado cada vez mais um requisito essencial de grande parte dos sistemas de gestão organizacional, sendo atualmente uma exigência do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) e das normas da série ISO 9000/2000 (9001 e 9004), pois a Gestão por Processo é um instrumento eficaz na busca da satisfação dos clientes e do aperfeiçoamento contínuo do Sistema de Gestão da Qualidade; ajuda e facilita o planejamento, a organização, a liderança e o controle de tudo o que é feito na organização e, além disso, torna fácil a comunicação e o trabalho em todos os setores da organização. Os fundamentos nos quais se baseiam os critérios de excelência do PNQ são os seguintes: • Visão sistêmica da organização; • Aprendizado organizacional; • Agilidade; • Inovação; • Liderança e constância de propósitos; • Visão de futuro; 30 • Foco no cliente e no mercado; • Responsabilidade social; • Gestão baseada em fatos; • Valorização das pessoas; • Abordagem por processos e • Orientação para resultados. No caso das normas da ISO 9001 e 9004, a Gestão por Processo visa, principalmente, assegurar a conformidade. Para IDS-Scheer (1999), tem o propósito de: • Definir os requisitos para o pessoal da organização; • Facilitar a condução das atividades; • Distribuir a documentação para todos os envolvidos; • Envolver as pessoas com foco nas instruções de trabalho; • Facilitar um gerenciamento eficaz de mudança; • Assegurar a manutenção da continuidade de rotinas, em caso de alteração no quadro de pessoal – reduzir curva de aprendizagem e • Facilitar as atividades de monitoramento (isto é, de auditorias). Harrington e seus colegas apresentam um modelo desenvolvido pela International Benchmarking Clearinghouse (IBC), sediada em Houston, no Texas, e que descreve treze grupos ou categorias de processos. Trata-se de uma arquitetura destinada a servir de modelo para a classificação de processos de negócios e facilitar a realização de Benchmarking. Os grupos, considerados processos de gestão de negócio, são: Entender mercado e clientes; Desenvolver Visão e Estratégia; Projetar produtos e serviços; Elaborar plano de venda e vender; Produzir e entregar; Prestar serviços; Faturar e assistir clientes; Desenvolver e gerenciar atividades de recursos humanos; Gerenciar recursos de informações (TI); Gerenciar recursos físicos e financeiros; Executar programa de gestão ambiental; Gerenciar relacionamentos externos e Gerenciar melhorias e mudança. Nesse 31 modelo, os processos de gestão de pessoas pertencem à categoria citada no oitavo lugar. 2.5 – Benefícios da Gestão de Processos A Gestão de Processos traz à sua organização uma série de benefícios dentre eles podemos citar: Visibilidade: controle e transparência do processo de negócio, permitindo a análise de um processo por meio de dados históricos ou de sua monitoração em tempo real. Maior agilidade: processos e tecnologias mais gerenciáveis e flexíveis, permitindo rápida adaptação às demandas de mercado. Redução de custos: gestão efetiva dos processos, proporcionando meios para redução de retrabalho e gastos com materiais. Aumento de receita: processos mais produtivos e eficientes, além de melhoria significativa no serviço aos clientes. Melhoria contínua e inovação: constante refinamento do processo por meio de melhorias baseadas em métricas extraídas da sua execução. Compliance: atendimento a políticas internas e a regulamentações como SOX, ISO e específicas por indústria. Colaboração e Padronização: compartilhamento do conhecimento e garantia de execução consistente do processo por meio de uma definição clara do que deve ser feito, como, quando e por quem. 32 CAPÍTULO III PROFISSIONAL DE PROCESSOS A Gestão de Processos é uma metodologia que procura integrar as atividades de diversas áreas da empresa (vendas, financeiro, logística, marketing etc.) para tornar os processos mais eficientes. A área funciona como uma ‘ponte’ entre a Gestão Estratégica da empresa e as suas diversas Áreas de Negócios, usando como suporte a Tecnologia da Informação (TI) e outros processos suporte, como os do RH. De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual (Insadi) apenas entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro o número de profissionais atuando na área passou de 8 mil em 2004 para 19 mil nos últimos 12 meses (divulgado em setembro de 2007). Os profissionais podem trabalhar em consultorias externas ou em um escritório de processos específico da própria organização. Diversas empresas optam ainda em alocar profissionais de processos dentro das unidades de negócios ou de apoio. A profissão possui, pelo menos, quatro especializações com salários que podem variar de R$ 2 mil a R$ 15 mil. O primeiro nível é o de Mapeador e Modelador de Processos, no qual o profissional fica responsável por ‘desenhar’ todas as etapas e atividades dos processos da organização, ou seja, como eles funcionam no momento. Depois está o Arquiteto de Processos, que monta um projeto para melhorar e otimizar as atividades, eliminar desperdícios, gargalos e retrabalhos, visando os processos ideais na ‘situação futuro’. Logo em seguida está o Gestor de Projetos de Processos, que implementa o que foi projetado e transfere a condução para a área 33 responsável e, por último, o Gestor de Processos quem irá gerenciar e controlar os principais processos e suas atividades da organização. Normalmente, nesta posição o profissional é interno da corporação. Segundo Kelber, do Insadi, não é necessário uma formação acadêmica específica para atuar na área de Gestão de Processos, o caminho é traçado por meio de cursos de especialização ou mestrados nas áreas de Gestão de Processos e afins. No entanto, ele explica que a tendência são os profissionais de TI, Administração e Engenharia trabalharem nesta área por conta da proximidade do assunto e por existirem faculdades que já incluíram na grade curricular dos cursos de graduação e pós-graduação disciplinas relacionadas ao tema. Roberto Pereira é um exemplo de profissional que atua na área. Gerente de contas da IDS-Scheer, ele é responsável pelos novos negócios de Gestão de Processos da multinacional alemã na América Latina. Formou-se em Administração com ênfase em Recursos Humanos e antes trabalhava no setor bancário. Sem nenhuma experiência na área, iniciou sua carreira em gestão de processos na consultoria Trevisan, atuando na implementação de processos de qualidade em grandes empresas. ‘A partir daí, foquei na melhoria contínua e investi em cursos de especialização em processos’, diz. Hoje, atua também como professor do Insadi e da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista). 3.1 – Como ser um Profissional de Processos? Especialistas apontam as principais características para quem deseja atuar na área: • Ser questionador, saber fazer a pergunta certa para conseguir a informação que precisa; • interpessoal; Saber lidar com as pessoas e ter bom relacionamento • 34 Ser paciente, pois como a profissão lida diretamente com as pessoas é necessário conquistar a confiança dos que estão envolvidos e que executam os processos; • Conhecimentos em sistemas de informação (como ferramentas de mapeamento e otimização de processos, ERP, BI, CRM, BPMS etc.) e em diversas outras ferramentas que são fundamentais para as etapas de levantamento e proposição de um novo processo (vide anexo 2); • Bom inglês Algumas atribuições funcionais do Profissional de Processos: • Identificar e medir os resultados do seu processo; • Atender seus clientes; • Articular-se / Negociar com seus fornecedores internos ou externos; • Manter o seu processo funcionando; • Analisar as variáveis operacionais do seu processo; • Coordenar a força de trabalho para atingir os resultados; • Motivar ou desafiar sua equipe (metas); • Identificar necessidades de treinamento e informar ao RH; • Otimizar as variáveis do processo; • Articular-se com outras áreas da empresa; • Garantir operação segura para sua equipe e empresa / segurança; • Reduzir os impactos ambientais do seu processo; • Manter todos informados sobre as limitações do seu processo (produção, máquinas, pessoal...); • Solicitar inspeções e manutenção de máquinas, equipamentos, instrumentos etc. 35 CAPÍTULO IV GESTÃO DE PROCESSOS E A LOGÍSTICA As empresas vivem num cenário caracterizado pela busca por maior competitividade, maior desenvolvimento tecnológico, maior oferta de produtos e serviços adequados às expectativas dos clientes e maior desenvolvimento e motivação de seu capital intelectual (seus recursos humanos). E é neste cenário que a logística faz-se uma estratégia competitiva bastante eficaz. Esta é considerada a última fronteira, ainda não explorada, para redução de custos de qualquer produto. Trata-se do processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem de matérias prima, inventário em processo, produtos acabados e informações correlatas do ponto de origem ao ponto de consumo em conformidade com os requisitos do cliente. As empresas planejam e coordenam suas ações gerenciais de uma forma integrada, avaliando todo o processo desde o fornecimento da matéria prima até a certeza de que o cliente teve suas necessidades e expectativas atendidas pelo produto ou serviço entregue. Através da logística podemos obter uma visão integrada e sistêmica de todos os processos da empresa evitando com que cada área/departamento da empresa pense e trabalhe de forma isolada (o que pode gerar conflitos internos por poder e fazer com que os maiores concorrentes de uma empresa estejam dentro dela mesma). A logística nos permite movimentar mais rapidamente materiais e informações, conseguindo assim otimizar os investimentos em ativos (estoques); Faz-nos enxergar toda a cadeia de suprimentos como parte importante do seu processo, seus fornecedores, colaboradores, comunidade e clientes são como elos de uma corrente e estão intimamente interligados, por isso, devemos sempre avaliar se suas necessidades e expectativas estão 36 sendo plenamente atendidas; E obter um melhor planejamento (estratégico, tático e operacional) e a constante avaliação de desempenho, por meio de indicadores. O sucesso gerenciamento da integrado integração dos logística diversos é sistemas dependente internos, do bom eliminando retrabalhos, e externos, através de parcerias e relacionamentos cooperativos com os vários participantes da cadeira de suprimentos, baseados na confiança, capacitação técnica e troca de informações, para reduzir custos, eliminar duplicidades e acelerar o aprendizado. E podemos conseguir isso através da utilização da Gestão de Processos. 37 CONCLUSÃO Gestão de Processos é o conjunto de atividades inter-relacionadas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas). Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, redução de custos e qualidade. Na Gestão de Processos devemos sempre avaliar se as necessidades e expectativas dos clientes, sejam eles internos ou externos, estão sendo plenamente atendidas. A Gestão por processos pode ajudar a Organização de vários modos, tornando ‘público’ o conhecimento inerente ao fluxo do trabalho produtivo, quebrando a rigidez imposta pela estrutura hierárquica tradicional e propiciando a integração, interação, e colaboração entre as atividades do ciclo produtivo. Através dela temos uma nova forma de analisar e decidir como será o dia-a-dia da organização de hoje, amanhã, na semana que vem, no próximo ano e assim por diante. Por sua vez, a logística visa providenciar bens e serviços corretos, no lugar certo, no tempo exato e na condição desejada pelo cliente ao menor custo possível. O inter-relacionamento entre Gestão de Processos e Logística foi descrito como uma maneira de mostrar que o sucesso de um é praticamente dependente do correto desenvolvimento do outro. Deve-se aplicar ambos visando transformar a organização. Gestão de Processos, fundamental ou opcional? Após todo este estudo, chega-se a conclusão de que Gestão de Processos é fundamental, 38 visto que o resultado é a superação de todos os desafios e conseqüentemente um melhor posicionamento no mercado. 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ADAIR, C. B.; MURRAY, B. A. Revolução total dos processos. São Paulo: Nobel, 1996. BARBARÁ, Saulo et al. Gestão por processos – fundamentos, técnicas e modelos de implementação. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. CAMPOS, José Antonio. Cenário Balanceado: painel de indicadores para a gestão estratégica dos negócios. São Paulo: Aquariana, 1998. COULSON -THOMAS, Colin. Reengenharia dos processos empresariais. Rio de Janeiro: Record, 1996. DAVENPORT, Thomas H. Reengenharia de Processos. São Paulo: Campus, 1998. GONÇALVES, José Ernesto Lima. As empresas são grandes coleções de processos. ERA – Revista de Administração de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Vol. 40 No. 1, pp. 6-19. 2000. ___________. A necessidade de reinventar as empresas. São Paulo: Revista de Administração de Empresas, Abr./Jun. 1998, v. 38, n. 2, p. 6-17. ___________. Processo, que processo? São Paulo: Revista de Administração de Empresas, Out./ Dez. 2000, v. 40, n. 4, p. 8-19. GRAHAM, Morris; LeBARON, Melvin. The horizontal revolution. San Francisco: Josey-Bass, 1994. HAMMER, Michael. A empresa voltada para processos. HSM Management, n. 9, ano 2, jul./ago. 1998. 40 ____________. Além da reengenharia. Rio de Janeiro: Campus, 1997. HARRINGTON, H. James et al. Business Process Improvement Workbook. USA: McGraw-Hill, 1997. KAPLAN, R. ; NORTON, D. A estratégia em ação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. LIN, Fu-Ren et al. A Generic Structure for Business Process Modeling. Business Process Management Journal, Vol. 8 No.1, pp.19-41, 2002. OLIVEIRA, Djalma de Pinho R. Revitalizando a empresa: a nova estratégia de reengenharia para resultados e competitividade: conceitos, metodologia, práticas. São Paulo: Atlas, 1996. PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1992. SLACK, Nigel et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997. TAKASHINA, N. Tadachi. Conceitos e Fundamentos de Gestão. NBQT doEAD/SENAI. Petrobras/UM-RIO, 2001. 41 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 >> REPORTAGEM Lucro do Icatu Hartford subiu 11% em 2009 e atingiu recorde de 106 milhões Anexo 2 >> ENTREVISTA A importância da Gestão de Processos 42 ANEXO 1 REPORTAGEM Jornal O Globo – Caderno Plantão - Rio, 24 de fevereiro de 2010 43 44 ANEXO 2 ENTREVISTA Fonte: http://profbarcia.com ‘A Importância da Gestão de Processos’ - Entrevista com o Prof. Luiz Barbieri O Professor e Consultor Luiz Barbieri é uma autoridade em um dos temas mais relevantes para as organizações na atualidade: Os Processos Organizacionais. Seja na sala de aula, cursos in company ou através de seu trabalho em Consultoria Técnica, realizado por sua empresa INFOBARBIERI, Luiz está cada vez mais convencido de que os Processos são essenciais para o ambiente empresarial na atualidade. Nesta entrevista ao site, Luiz Barbieri, explicou gentilmente as principais novidades nesta área. Como Definir um Processo? Prof. Luiz Barbieri- Existem diversas definições de processos por diversos autores e metodologias de Gestão de Processos. A mais comum e mais completa, em minha opinião, é a definição da norma NBR ISO 9001:2000 ‘ Conjunto de atividades inter-relacionadas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas). Por que os Processos são importantes para todas as organizações? Prof. Luiz Barbieri- É fato que desde as primeiras iniciativas formais para a organização de agrupamentos empresariais, os pensadores imaginaram formas de administração hierárquicas, de acordo com o funcionamento natural das sociedades organizadas. Essas estruturas organizacionais são representadas pelos famosos organogramas. Na Gestão de Processos é feito um mapeamento de todas as atividades da organização. Para conhecer seus processos e após modelagem e otimização dos mesmos, elaborados. Se a melhor estrutura em uma visão horizontal, priorizando o fluxo de trabalho e não a hierarquia, transformando os silos comumentes encontrados em uma 45 estrutura enxuta e integrada capaz de responder as demandas do mercado com eficiência e eficácia. Logo, por uma questão de sobrevivência e foco no negócio. Conhecer seus processos é uma necessidade de toda e qualquer organização de qualquer segmento e porte. O Que é Redesenho de Processos? Prof. Luiz Barbieri- Redesenho de Processos é uma etapa após o mapeamento de processos (AS IS- Denominação da situação atual). Após a fotografia da situação atual dos processos da empresa, a equipe de analistas de processos, em conjunto com os responsáveis pelos processos irão buscar o melhor fluxo de trabalho, a fim de otimizá-lo. Para tal, muitas vezes as organizações optam por adotar sistemas integrados como o ERP( Enterprise Resource Planning), que são sistemas de gestão integrados baseados na Gestão de Processos com funcionamento em módulos capazes de atender todas as unidades organizacionais da empresa. Em estruturas menores, as organizações podem optar por uma simples automatização de algum processo específico, visando ganhos de tempo e produtividade. Logo, para se obter êxito na etapa de Redesenho de Processos (TO BE - Denominação para a situação futura), é fundamental conhecer profundamente o negócio e os processos atuais da empresa, conhecer as ferramentas de TI que possam auxiliar a organização na implementação de sistemas e melhorias nem sempre sistêmicas, mas que podem gerar aumento de produtividade, qualidade e ambiente de trabalho mais adequado para a execução de atividades. Quais os conhecimentos necessários para consolidar os processos de uma empresa? Prof. Barbieri - É necessário conhecer as técnicas e metodologias existentes no mercado da antiga disciplina Organização e Métodos e da atual Gestão de Processos. Dominar alguns dos softwares disponíveis do mercado para o desenho e redesenho de processos, além das diversas ferramentas aprendidas na graduação de Administração de Empresas e em cursos de Gestão de Processos, que são fundamentais para as etapas de levantamento e proposição de um novo processo: Matriz GUT, Diagrama de Pareto, 5W2H, Fluxograma, Metodologia IDEF, Normatização, Indicadores de Desempenho e 46 Acompanhamento dos Processos, Benchmarking, Brainwriting, Folha de Verificação, Brainstorming, Diagrama de Contexto, Check List etc. O mercado neste segmento está crescente e carente de profissionais que possuam experiência e perfil necessário para atuar como Analista de Processos. São diversas vagas disponíveis sem profissionais qualificados. Como perfil necessário, costumo dizer que o profissional da área deve possuir atitude interrogativa, competência conversacional, criatividade, ser bom vendedor, ter ética, humildade e saber pelo menos ler e escrever em inglês. O que é BPM? Prof. Luiz Barbieri - BPM (Business Process Management) é um modelo de gestão, porque pretende maximizar o desempenho de um determinado processo ou processos. Obriga a olhar o Processo de forma horizontal, independentemente da Organização (unidades de estrutura da mesma entidade ou mesmo diversas entidades distintas por onde passa o processo), a representá-lo desde seu estímulo até a entrega final do resultado ao cliente. O Processo é representado como uma sequência ou árvore de unidades de trabalho mais elementares, com respectivos caminhos de execução e registros de informação, todos determinados pelas regras em vigor. É uma plataforma tecnológica porque é sobre ela que vão ser desenhados os processos, seus subprocessos e respectivos fluxos de informação. É esta plataforma que vai permitir o Workflow e a colaboração dos diversos intervenientes, quer estejam perto quer estejam geograficamente distantes. Como é a atuação da INFOBARBIERI? Prof. Luiz Barbieri- A Infobarbieri é uma empresa de Consultoria que desde 2004 atua no desenvolvimento de soluções de Governança de Processos e Projetos, promovendo a sustentabilidade das organizações de todos os portes e segmentos. Contamos com uma equipe de Consultores altamente capacitados nas metodologias de Gestão de Processos e Projetos, traduzindo as necessidades dos usuários em soluções de qualidade adequadas à realidade do negócio. 47 Além da Consultoria oferecemos cursos de Gestão de Processos e Gestão de Projetos com turmas reduzidas para públicos específicos e cursos in company. 48 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I CONCEITO DE PROCESSO 10 1.1 - Como enxergar os Processos 12 1.1.1 - O ponto de vista do cliente 13 1.2 - Os Processos nas empresas 14 CAPÍTULO II GESTÃO DE PROCESSOS 16 2.1 - A organização orientada para Processos 16 2.2 - Passos fundamentais para a implantação de gestão de Processos (Business Process Management – BPM) 2.2.1 - Tradução do negócio em Processos 23 24 2.2.2 - Mapeamento (as is), detalhamento e redesenho (to be) dos Processos 24 2.2.3 - Definição de indicadores de desempenho 25 2.2.4 - Geração de oportunidades de melhoria 25 2.2.5 - Implantação de um novo modelo de gestão 26 2.3 - Modelagem na Gestão de Processos 26 2.3.1 – Benefícios do uso de modelos 27 2.4 - Por que usar Processos? 29 2.5 - Benefícios da Gestão de Processos 30 49 CAPÍTULO III PROFISSIONAL DE PROCESSOS 32 3.1 – Como ser um Profissional de Processos 33 CAPÍTULO IV GESTÃO DE PROCESSOS E A LOGÍSTICA 35 CONCLUSÃO 37 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39 ANEXOS 41 ÍNDICE 48 50 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: