DOENÇAS PREVINÍVEIS MEDIANTE VACINAÇÃO Professor: Rogerio Ferreira HEPATITE A Doença viral aguda, de manifestações clínicas variadas, desde formas subclínicas, oligossintomáticas e até fulminantes (entre 2 e 8% dos casos). A frequência de quadros ictéricos aumenta com a idade, variando de 5 a 10% em menores de 6 anos, chegando de 70 a 80% nos adultos. O quadro clínico é mais intenso à medida que aumenta a idade do paciente. Possui distribuição universal e apresenta-se de forma esporádica ou de surto. Tem maior prevalência em áreas com mas condições sanitárias e higiênicas. E freqüente em instituições fechadas. Nos países subdesenvolvidos, acomete com mais freqüência crianças e adultos jovens; nos desenvolvidos, os adultos. A mortalidade e a letalidade são baixas e essa ultima tende a aumentar com a idade do paciente. PERÍODOS DA HEPATITE TÍPICA: Incubação: varia de 15 a 45 dias, media de 30 dias. Pré- ictérico: Com duraçãoo em media de 7 dias, caracterizado por mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga intensa, artralgia, nâuseas, vômitos, desconforto abdominal na região do hipocôndrio direito, aversão a alguns alimentos; Ictérico - Com intensidade variavel e duracao geralmente de 4 a 6 semanas. E precedido por 2 a 3 dias de colúria. Pode ocorrer hipocolia fecal, prurido, hepato ou hepatoesplenomegalia. A febre, artralgia e cefaléia vão desaparecendo nesta fase. Covalescença - Retorno da sensaço de bemestar: gradativamente, a icterícia regride e as fezes e urina voltam a coloração normal. Agente etiológico - Vírus da Hepatite A (HAV). Reservatório - O homem, principalmente. Também primatas, como chimpanzes e saguis. Modo de transmissão - Fecal-oral, veiculação hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), alimentos contaminados e objetos inanimados. Transmissão percutânea (inoculação acidental) e parenteral (transfusão) são muito raras, devido ao curto período de viremia. Período de transmissibilidade - Desde a segunda semana antes do início dos sintomas ate o final da segunda semana de doença. Complicações - As formas prolongadas ou recorrentes são raras e caracterizam-se pela manutenção das transaminases em níveis elevados por meses ou, até mesmo, 1 ano. A forma fulminante apresenta letalidade elevada (40 a 80% dos casos). Ocorre necrose macica ou submaciça do fígado. Os primeiros sinais e sintomas são brandos e inespecíficos. Icterícia e indisposição progressivas, urina escurecida, e coagulação anormal são sinais que devem chamar atenção para o desenvolvimento de insuficiência hepática aguda (10 a 30 dias). A deteriorização neurológica progride para o coma ao longo de poucos dias apos a apresentação inicial. DIAGNÓSTICO Aminotransferases – ALT/TGP e AST/TGO; Bilirrubinas são elevadas; Marcadores sorológicos: anti-HAV IgM anti-HAV/IgG Não existe tratamento especifico para a forma aguda. Se necessário, apenas sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como recomendação geral, orienta-se repouso relativo ate praticamente a normalização das aminotransferases. Restrição absoluta a ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo, e, preferencialmente, por 1 ano. MEDIDAS DE CONTROLE As medidas de controle incluem a notificacao de surtos e os cuidados com o paciente; Os cuidados com o paciente incluem: o afastamento do mesmo das atividades normais. Se a infecção ocorrer em crianças, orientar sua ausência temporária da creche, pré-escola ou escola, durante as primeiras duas semanas da doença; A desinfecção de objetos, limpeza de bancadas, chão, entre outros. pode ser feita utilizando cloro ou água sanitária. As medidas preventivas incluem: educação da população quanto as boas praticas de higiene, com ênfase na lavagem das mãos apos o uso do banheiro, quando da preparação de alimentos e antes de se alimentar; disposição sanitária de fezes; medidas de saneamento básico, com água tratada e esgoto; orientação das creches, préescolas e instituições fechadas para a adoção de medidas rigorosas de higiene. HEPATITE B As formas sintomáticas são caracterizadas por mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio direito e aversão a alguns alimentos e ao cigarro. A icterícia, geralmente, inicia-se quando a febre desaparece, podendo ser precedida por coluria e hipocolia fecal. Hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia também podem estar presentes. Agente etiológico - Vírus da Hepatite B (HBV); Reservatório - O homem Experimentalmente, chimpanzés, espécies de pato e esquilo; Período de incubação - De 30 a 180 dias (em media, de 60 a 90 dias). Período de transmissibilidade - De 2 a 3 semanas antes dos primeiros sintomas, mantendo-se durante a evolução clinica da doença. O portador crônico pode transmitir por vários anos. Modo de transmissão - O HBV e altamente infectivo e facilmente transmitido pela via sexual, por transfusões de sangue, procedimentos médicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas normas de biosseguranca, pela transmissão vertical (mãe-filho), por contatos íntimos domiciliares (compartilhamento de escova dental e laminas de barbear), acidentes perfurocortantes, compartilhamento de seringas e de material para a realização de tatuagens e piercings. Complicações - Cronificação da infecção, cirrose hepática e suas complicações (ascite, hemorragias digestivas, peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia hepática) e carcinoma hepatocelular. Tratamento – mesmo da hepatite A. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS Estima-se que o HBV seja responsável por 1 milhão de mortes ao ano e existam 350 milhões de portadores crônicos no mundo. Grupos populacionais com comportamentos sexuais de risco acrescido, como profissionais do sexo e homens que fazem sexo com homens, alem de usuários de drogas injetáveis que compartilham seringas, profissionais de saúde e pessoas submetidas a hemodiálise apresentam prevalências maiores que a população em geral. MEDIDAS DE CONTROLE Incluem a profilaxia pré-exposição, pós-exposição; o não-compartilhamento ou reutilização de seringas e agulhas; triagem obrigatória dos doadores de sangue; inativação viral de hemoderivados; medidas adequadas de biossegurança nos estabelecimentos de saúde. A vacinação e a medida mais segura para a prevenção da Hepatite B. Agente etiológico - Virus da Hepatite C (HCV). Reservatório - O homem. Experimentalmente, o chimpanzé. TRANSMISSIBILIDADE VIA PARENTERAL. indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados pessoas que compartilham material para uso de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexos vitamínicos), inaláveis (cocaina) e pipadas (crack); pessoas com tatuagem, piercings ou que apresentem outras formas de exposição percutânea. A transmissão sexual pode ocorrer, principalmente, em pessoas com múltiplos parceiros e com pratica sexual de risco acrescido (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma DST – inclusive o HIV – constitui um importante facilitador dessa transmissão. A transmissão perinatal e possível e ocorre, quase sempre, no momento do parto ou logo apos. A transmissão intra-uterina e incomum. Período de incubação - Varia de 15 a 150 dias (media de 50 dias). Período de transmissibilidade - Inicia-se 1 semana antes dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente apresentar RNA-HCV detectável. Complicações - Cronificação da infecção, cirrose hepática e suas complicações (ascite, hemorragias digestivas, peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia hepática) e carcinoma hepatocelular. DIAGNÓSTICO Mesma para outras hepatites. A presença do vírus deve ser confirmada pela pesquisa qualitativa de HCV-RNA MEDIDAS DE CONTROLE Não ha vacina, nem imunoglobulina para a Hepatite C; Aos portadores crônicos do HCV são recomendadas as vacinas contra Hepatite A e B, se forem suscetíveis, evitando o risco dessas infecções; É importante orientar os portadores do HCV para evitar a transmissão do vírus. A possibilidade da transmissão vertical (mãe - filho) e pelo aleitamento materno; Usuários de drogas injetáveis, inaláveis e crack não devem compartilhar seringas, canudos e cachimbos; Embora o risco de transmissão sexual seja pequeno, essa informação deve ser repassada para casais discordantes; O portador não deve fazer doação de sangue. HEPATITE D Agente etiológico - Vírus da Hepatite D ou Delta (HDV); Reservatório - O homem; Modo de transmissão - Semelhante ao da Hepatite B; Período de incubação - De 30 a 180 dias, sendo menor na superinfecção: de 14 a 56 dias. Período de transmissibilidade - Uma semana antes do inicio dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente apresentar HCV-RNA detectável. HEPATITE E Doença viral aguda e autolimitada. Apresenta curso benigno, embora tenham sido descritos casos, principalmente em gestantes, com evolução para a forma fulminante. Apresenta-se de forma assintomática (usualmente em crianças) ou com sintomas semelhante a Hepatite A, sendo a icterícia observada na maioria dos pacientes. Agente etiológico - Vírus da Hepatite E (HEV). Reservatório - O homem, entre outros animais. Período de transmissibilidade - Duas semanas antes do inicio dos sintomas ate o final da segunda semana de doença. Modo de transmissão - Fecal-oral, principalmente pela água e alimentos contaminados por dejetos humanos e de animais. Apesar de ser evento raro, pode, também, ser transmitido por via vertical e parenteral. DIAGNÓSTICO Tratamento e medidas de controle – mesma da hepatite A.