O cenário de 2013 Em 2013, o mercado financeiro global teve um ano turbulento provocado por uma grande mudança do cenário macro-econômico: a sinalização pelo Banco Central dos Estados Unidos (FED) de redução dos estímulos monetários. Isto provocou uma mudança nas taxas de juros globais, e por consequência também teve impacto no Brasil. Aqui, este cenário foi reforçado pela persistência da inflação o que motivou o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central a iniciar um ciclo de aumento da SELIC. E como este cenário impactou a carteira de investimentos do OABPrev-SC? A carteira do OABPrev-SC é em grande parte composta por ativos (títulos públicos e privados com baixo risco de crédito) que possuem rentabilidade indexada a inflação, ou seja, sua rentabilidade no vencimento consistirá em uma taxa acordada no momento da sua compra mais a inflação. A maior vantagem desta categoria de ativos é a sua grande aderência ao índice de referência da Entidade (5% a.a. + INPC). No entanto, o mercado transaciona diariamente este tipo de ativo, e os preços negociados refletem as condições do mercado no momento. Neste caso, as expectativas do mercado quanto aos juros futuros tem enorme influência. Por outro lado, estes ativos na carteira da Entidade também são precificados da mesma forma, de acordo com as condições de mercado, para isto, dá-se o nome de “marcação a mercado” dos ativos. Esta é a razão para que estes títulos venham a ter rentabilidade negativa em um dia, mês ou ano, mesmo sendo considerados como ativos de Renda Fixa. No entanto, apesar desta volatilidade ser da natureza do ativo, durante o decurso do prazo do ativo estas perdas serão revertidas, e no seu vencimento será pago o valor financeiro correspondente ao capital investido mais as juros acordados no momento da sua compra. Como as Entidades Fechadas de Previdência Complementar se comportaram em 2013? O ano de 2013 foi bastante difícil para a maior parte das Entidades de Previdência, já que os títulos indexados a inflação compõem parcela significa das suas carteiras de investimentos. Como a média da rentabilidade dos títulos públicos indexados a inflação (NTN-B) foi de -10%, a rentabilidade média das EFPC foi de -6%. Como a elevação dos juros futuros impacta negativamente os títulos indexados a inflação? Um ativo financeiro é definido como um ativo que pagará ao seu detentor um determinado fluxo de caixa durante um período, podendo este fluxo de caixa ser pago ao longo de um período ou no vencimento do ativo. O valor de um ativo financeiro é determinado pelo somatório destes fluxos de caixa corrigidos pelo indexador do ativo mais o valor pago para a aquisição deste ativo financeiro. Exemplo: Se comprarmos um título público com vencimento em cinco anos, o qual pagará um fluxo de caixa com periodicidade semestral, saberemos que iremos receber 10 pagamentos semestrais corrigidos pelos juros determinados no momento da compra mais o valor desembolsado para a aquisição do título. Mas como determinar qual valor pagar hoje, na data da compra do ativo financeiro, se iremos receber o montante total apenas daqui a cinco anos? A forma usual de fazermos isto é utilizando a técnica chamada de desconto do valor futuro, ou seja, trazer o valor que receberei no futuro para o presente. O procedimento nada mais é do que atribuir uma determinada taxa de juros, aquela que em nossa visão nos trará um retorno compatível com o mercado, e descontar cada um destes fluxos de caixa por esta taxa de juros. É o raciocínio inverso de quando vamos emprestar dinheiro a alguém. Definido o montante a ser emprestado, atribuímos uma taxa de juros que nos remunera por deixar de dispor destes recursos no presente, uma vez que estamos emprestando a alguém. Trazer um ativo a seu valor presente nada mais é do que responder à pergunta: “Quanto vale hoje o dinheiro que receberei por este ativo no futuro?” Neste processo, a taxa de juros esperada assume um papel fundamental. E ela que permite avaliar quanto um pagamento que me será feito em 2 anos tem de valor hoje, da mesma forma que permite imputar um determinado custo sobre o dinheiro que emprestarei para alguém hoje, e que somente será pago em dois anos. Percebam que se trata do mesmo processo, apenas invertendo o sentido da projeção do valor do dinheiro no tempo. Como estamos falando de futuro, é natural que ocorram mudanças nas expectativas sobre a evolução de diversas variáveis, e não seria diferente com a taxa de juros. Quando os agentes de mercado imaginam que as taxas de juros serão elevadas em um futuro próximo, estes passam a atribuir um “desconto” maior ao valor de um ativo hoje, o qual somente irá pagar todos os fluxos de caixa em alguns anos. O raciocínio por trás da ideia é simples. Se a taxa de juros no futuro for maior, eu exijo um desconto maior sobre um investimento que farei hoje, que só me pagará os recursos no futuro. Caso contrário, mantenho meu dinheiro em caixa, ou aplico em algum ativo de prazo menor. Assim, como em 2013 os agentes de mercado passaram a exigir juros maiores nas negociações de ativos indexados à inflação, o “desconto” no cálculo do preço destes ativos foi maior. Na comparação entre os preços no início e no fim de ano, ocorreu uma queda, traduzindo-se: em um rendimento negativo no período.