Análise Merc. Cult. Corp. em Multimeios – Teorias Comunicação Produção Audiovisual Prof. Franthiesco Ballerini www.franthiescoballerini.com [email protected] Teoria Hipodérmica • Teoria Hipodérmica também é conhecida como modelo da bala mágica. Segundo este modelo, uma mensagem lançada pela mídia é imediatamente aceita e espalhada entre todos os receptores, em igual proporção. • Os conceitos foram elaborados nos Estados Unidos nos anos 1930. Seu principal objetivo foi fornecer bases empíricas e científicas para a elaboração de sistemas de comunicação, com ênfase nos efeitos da comunicação sobre o comportamento da população. Muitos dos cientistas foram contratados pelo exército, a exemplo de Carl Hovland, como parte do esforço de guerra, durante a II Guerra Mundial. Teoria Hipodérmica • A concepção de comunicação que embasa este modelo parte do princípio da sociedade organizada em massa, ou seja, "cada elemento do público é pessoal e diretamente atingido pela mensagem" (Wright Mills, 1975, 79) e " Cada indivíduo é um átomo isolado que reage isoladamente às ordens e às sugestões dos meios de comunicação de massa". Deste modo, o modelo foi considerado, posteriormente, excessivamente simplista pois, em seu modelo não se considerava o papel das diferenças de ordem social, como a pertença a grupos de identificação, e o papel de lideranças de opinião. • Por outro lado, a concepção de "massa" enquanto magma indistinto de sujeitos "atômicos", cada um atingido diretamente pela comunicação, favorecia os cálculos estatísticos e mensuração dos efeitos da comunicação de modo que muitas técnicas de pesquisa e modelos explicativos utilizados atualmente por veículos de comunicação, institutos de pesquisa de mercado e agências de publicidade originam-se neste período. Teoria Hipodérmica • A Teoria Hipodérmica, também chamada de Teoria da bala mágica ou, ainda "mass communication research" coincide, historicamente, com o período do entre-guerras (entre a primeira e segunda guerras mundiais). Responde sobretudo à interrogação: que efeito eles produzem numa sociedade de massa? Além disso, pode-se descrever o modelo hipodérmico como sendo uma teoria da propaganda e sobre a propaganda, compreendendo o termo "propaganda" em sentido muito amplo, ou seja, a difusão de concepções, idéias, valores e atitudes através dos sistemas de comunicação de massa (rádio, jornal, TV, cinema, revista). Trata-se de uma concepção mais ampla de "propaganda", que não se restringe ao que conhecemos por "comerciais", mas a própria difusão de idéias em espaços editoriais, informacionais, educativos e de entretenimento. Teoria Hipodérmica • Para compreender melhor a Teoria Hipodérmica, é fundamental definir o conceito de sociedade de massa. A massa é constituída por um conjunto homogêneo de indivíduos que, enquanto seus membros são considerados iguais, indiferenciáveis, mesmo que provenham de ambientes diferentes, heterogêneos, e de todos os grupos sociais. É composta por pessoas que não se conhecem, que estão separadas umas das outras no espaço e que têm pouca ou nenhuma possibilidade de exercer uma ação ou influência recíprocas.(Blumer, 1936 e 1946). O isolamento do indivíduo na massa é o prérequisito da primeira das teorias das comunicações. Teoria Hipodérmica - Contexto • Em 1914-18, a propaganda de massa começa a ser utilizada como estratégia de guerra e as pessoas despertam para os seus efeitos no totalitarismo. Populações heterogêneas das sociedades industriais não estavam unidas em torno de um sentimento que mantém o cidadão como membro de uma totalidade. Na medida em que os países se comprometiam politicamente, tornava-se indispensável despertar nos cidadãos o sentimento de ódio contra o inimigo e de ânimo diante de tantas privações; surgia a necessidade mais do que urgente de se forjar elos entre o cidadão e a pátria. A Teoria Hipodérmica surge nesse período, entre as duas Guerras, como paradigma científico e empirista dos estudos dos efeitos da comunicação. Teoria Hipodérmica • Como consequência do que se viu no período, quando a propaganda de guerra conseguiu unir nações inteiras em torno de um ideal comum, passou-se a acreditar na mídia como capaz de direcionar as pessoas para praticamente qualquer direção desejada pelo comunicador. As mensagens midiáticas ganharam o status de "balas mágicas" com o poder de atingir toda uma população de maneira uniforme. Segundo um dos estudiosos que ajudaram a formular a teoria, o norte-americano Harold Dwight Lasswell, "um instrumento mais novo e sutil tem de caldear milhares e até milhões de seres humanos em uma massa amalgamada de ódio, vontade e esperança. (…) O nome deste novo malho e bigorna de solidariedade social é propaganda." As suposições psicológicas em que se baseou a Teoria da Bala Mágica eram, de certa forma, menos sofisticadas do que as que conhecemos hoje em dia. "Por exemplo, durante a Primeira Guerra Mundial, e sob a influência de Darwin, a psicologia do instinto esteve no auge. Não foi senão ao término da década de 1920 que os fatos da mutabilidade e variabilidade individual humana começaram a tornar-se demonstráveis com o emprego de novos testes mentais e outras técnicas de pesquisa", explica DeFleur.2 Ou seja, a ideia da bala mágica era perfeitamente coerente com as teorias sociais e psicológicas vigentes até então, que acreditavam em uma natureza humana relativamente uniforme. Teoria Hipodérmica - Aspectos • A palavra-chave para esta teoria é " Manipulação da massa" • Todo membro do público de massa é pessoal e diretamente "atacado" pela mensagem. • Se uma pessoa é apanhada pela propaganda, pode ser controlada, manipulada, levada a agir. • A massa engloba indivíduos isolados, anônimos, separados e atomizados. Isso os faz indefesos e passivos diante da comunicação. As pessoas são altamente influenciadas (do contrário do senso comum, os meios de comunicação não manipulam, mas sim influenciam os membros da sociedade em que atuam). • Segundo Bauer (1964), Na Bullet Theory, os efeitos não são estudados, pois são dados como previstos. • Em 1948, Lasswell cria um modelo que representa, simultaneamente, uma herança, uma evolução e uma superação da teoria hipodérmica: o Modelo dos cinco "Q"s • Quem → Diz o quê → Em que canal → A quem → Com que efeito. Teoria Hipodérmica - Aspectos • Este modelo organizou a communication research. • Cada uma destas variáveis define e organiza um setor específico da pesquisa: emissor, conteúdo, meio, audiência e efeitos. • Lasswell também apresenta três funções dos sistemas de comunicação: • 1) Vigilância-denunciando o que afete os valores de uma sociedade • 2) Coesão entre os membros do grupo social • 3) Transmissão e intensificação dos valores naquela sociedade Teoria Hipodérmica - Críticas • Ao criar seu modelo, Lasswell observou que a teoria hipodérmica ignorava até então o contexto no qual ocorria a comunicação • Paul Lazarsfeld observa que não se levam em consideração as variáveis intervenientes no processo comunicativo Teoria da Persuasão • A Teoria da Persuasão, também chamada de Teoria Empíricoexperimental, paralelamente à Teoria Hipodérmica, desenvolve-se a partir dos anos 40 e conduz ao abandono da Teoria Hipodérmica. Consiste na revisão do processo comunicativo entendido como uma relação mecanicista e imediata entre estímulo e resposta. • Oscila entre a idéia de que é possível obter efeitos relevantes se as mensagens forem adequadamente estruturadas e a certeza de que, frequentemente, os efeitos que se procurava obter não foram conseguidos. Persuadir os destinatários é possível se a mensagem se adequa aos fatores pessoais ativados pelo destinatário ao interpretála. A mensagem contém características particulares do estímulo, que interagem de maneira diferente de acordo com os traços específicos da personalidade do destinatário. • Ou seja, o avanço consiste em que a teoria passa a levar em conta as diferenças individuais do público. Dessa maneira, estabelece-se uma estrutura lógica, muito semelhante ao modelo mecanicista da Teoria Hipodérmica: • CAUSAS -> PROCESSOS PSICOLOGICOS INTERVENIENTES -> EFEITOS Teoria da Persuasão - Aspectos • Dentro do contexto da Segunda Guerra Mundial • Estuda os fatores que provocam o sucesso e o insucesso do processo comunicativo tomando por base mensagem e audiência. • A massa é vista como grupo, não mais como indivíduo isolado • A mensagem deve ser adequada às características do grupo que se quer persuadir • Existem intervenientes psicológicos no público que influem nos efeitos da mensagem • O foco desta teoría é a mensagem e o destinatário • Esta Teoria tem orientação sociológica • Hyman e Sheatsley determinam em seu ensaio processos intervenientes ou algumas razões pelas quais as campanhas de informação falham. Teoria da Persuasão – Fatores relativos à mensagem • Credibilidade do comunicador • Integralidade da argumentação: estudar o impacto que causa a apresentação de um único aspecto ou ambos aspectos de um tema controverso • Ordem da argumentação: • Efeito Primacy: apresenta-se os argumentos a que se quer dar ênfase no início. • Efeito Recency: apresenta-se os argumentos a que se quer dar ênfase no final. • Explicitação das conclusões: se é mais eficaz deixar as conclusões explícitas ou implícitas. Teoria da Persuasão – Principais autores • Karl Hovland • Harold Lasswell Teoria Empírica de Campo ou dos Efeitos Limitados • Também conhecida como o modelo teórico de Paul Lazarsfeld • Década de 1940 • Pesquisas relacionadas a eleições • Premissas de base: Todo ser humano é capaz de fazer escolhas e O público tido como “massivo” não reage somente Teoria Empírica de Campo ou dos Efeitos Limitados • Portanto... • Os meios de comunicação não possuem um “poder hipnótico” e alienador sobre os receptores. • Os efeitos limitados são tanto quantitativa quanto qualitativamente diferentes. Teoria Empírica de Campo ou dos Efeitos Limitados • Busca associar os processos de comunicação às características do CONTEXTO SOCIAL em que esses processos realizam. • Ou seja: • A eficácia dos mass media só pode ser analisada no contexto social em que funcionam. Mais do que conteúdo que difundem, a sua influência depende das características do sistema social. Teoria Empírica de Campo ou dos Efeitos Limitados • Segundo Lazarsfeld (1940): os efeitos provocados pelos meios de comunicação dependem das forças sociais que predominam num determinado período. • Essa teoria deixa de enfatizar a RELAÇÃO CAUSAL DIRETA entre propaganda e manipulação da audiência para enfocar num PROCESSO INDIRETO DE INFLUÊNCIA em que dinâmicas sociais se intersectam com os processos comunicativos. Teoria Empírica de Campo ou dos Efeitos Limitados • E por que processo indireto de influência: • Pois nesta teoria aparece a figura do “líder de opinião” ou “formador de opinião” • Não basta analisar os meios de comunicação, é preciso considerar os líderes de opinião encontrados em diferentes camadas sociais e aptos a influenciar de maneira informal atitudes e padrões coletivos de comportamento. Teoria Empírica de Campo ou dos Efeitos Limitados • E por que processo indireto de influência: • A essa dinâmica Lazarsfeld deu o nome de “TWO STEP FLOW OF COMMUNICATION” ou fluxo de comunicação de dois níveis. • 1 – As mensagens dos meios de comunicação nem sempre atingem os potenciais receptores de forma direta. • 2 – Esses receptores serão informados pelos líderes de opinião. Teoria Empírica de Campo ou dos Efeitos Limitados • Quem são esses líderes de opinião: • Os líderes de opinião são “pessoas bem informadas”, socialmente influentes, de elevado grau de instrução e que inspiram confiança. “Seus juízos, suas opiniões, suas atitudes e o gosto que revelam contagiam o corpo social”. Líderes de Opinião • Segundo Lazarsfeld, Berelson e Gaudet (1944), os líderes de opinião são os indivíduos “muito envolvidos e interessados no tema (política) e dotados de maiores conhecimentos sobre ele” • São um setor mais ativo na participação política e mais decidido no processo de formação das atitudes de voto. Tipos de Líderes de Opinião • Merton (1949) vai definir dois tipos de líderes de opinião: • Líder de opinião local: conhece um grande número de pessoas, sua influência baseia-se mais no conhecimento de senso comum do que em habilidades específicas, exerce influência em diferentes áreas temáticas, isto é, é polimorfo. Tipos de Líderes de Opinião • Líder de Opinião Cosmopolita: possui competências específicas. • Influência em áreas temáticas específicas, ou seja, é um líder monomórfico. Cristalização (ou emersão) das opiniões • Mas os líderes de opinião e o fluxo comunicativo a dois níveis são apenas um dos processos de formação das atitudes do indivíduo. • O outro processo é o da cristalização (ou emersão) das opiniões. • Isto é, mesmo que não haja um líder de opinião no grupo, as interações recíprocas dos componentes do grupo reforçam as atitudes não definidas de cada um. Baseada nessas interações, a repartição de opiniões e atitudes organizadas se cristalizam. A influência pessoal • Desta forma, podemos dizer que os efeitos dos meios de comunicação são parte de um processo mais complexo que é o de INFLUÊNCIA PESSOAL. • Os Meios de Comunicação e tudo mais que envolvia uma campanha política (os discursos, os acontecimentos, os documentos escritos, as discussões, todo o material de propaganda) causam um efeito global em 3 dimensões: Efeitos dos Meios de Comunicação • Efeito de ativação – que transforma tendências latentes em comportamento de voto efetivo. • Efeito de reforço – que preserva as decisões tomadas, evitando mudanças de atitude. • Efeito de Conversão – limitado pelo fato de as pessoas mais expostas e atentas à campanha eleitoral serem as que já tem atitudes de voto bem estruturadas e consolidadas, ao passo que ao mais indecisos são também aqueles que menos consomem a campanha eleitoral. MAS.... • Do ponto de vista da presença e da difusão do mass media, o contexto social a que essa teoria se refere era profundamente diferente do contexto atual, pois A TV MODIFICOU DRASTICAMENTE O USO DO TEMPO LIVRE DAS PESSOAS. MAS... • Os líderes de opinião perderam quase completamente sua função de FILTRO em decorrência da difusão dos temas, informações e opiniões • A maior parte das mensagens dos meios de comunicação são recebidas diretamente • A comunicação interpessoal passa a ter um caráter de conversa acerca do conteúdo veiculado, mais do que como instrumento de passagem de informação MAS... • Desta forma, mantendo-se inalterável a conclusão geral da teoria – a eficácia das comunicações de massa estuda-se em relação ao contexto de relações sociais em que os mass media agem – a hipótese dos dois níveis de comunicação teria de ser revista levando-se em conta a alteração da situação na distribuição, penetração e concorrência e, consequentemente, também na eficácia dos próprios mass media. Em resumo • Pode-se dizer que o modelo da influencia interpessoal destaca, por um lado, o caráter NÃO LINEAR do processo pelo que se determinam os efeitos sociais dos mass media e, por outro lado, a seletividade inerente à dinâmica comunicativa. • Neste caso, contudo, a seletividade está menos associada aos mecanismos psicológicos do indivíduo (teoria da persuasão) do que à rede de relações sociais que constituem o ambiente em que esse indivíduo vive e que dão forma aos grupos que faz parte.