O papel educativo do gestor de comunicação no ambiente das
organizações
Mariane Frascareli Lelis
Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, Bauru/SP
e-mail: [email protected];
Fabio Santos Procópio
Universidade Estadual Paulista – “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, Bauru/SP
e-mail: [email protected]
Comunicação Oral
Pesquisa em andamento
Palavras-chave: comunicação organizacional;
Empoderamento; aprendizagem; gestão.
competências
comunicativas;
Introdução
O século XX resultou em grandes mudanças no âmbito sociocultural em
comparação ao padrão de sociedade existente anteriormente, o qual se baseava em
um modelo de trabalho artesanal. Com o crescimento constante da população nos
séculos XVIII e XIX houve a necessidade da substituição da mão de obra
manufatureira por uma mão de obra mais eficiente, resultando na invenção das
máquinas que culminaram na Revolução Industrial.
Os primeiros modelos de fábricas surgidas durante a Revolução Industrial
sofreram constantes modificações para se adaptarem aos novos modelos de
sociedade, e o mesmo ainda acontece nos dias de hoje. Com a nova realidade,
algumas organizações passaram a se preocupar com os anseios e as perspectivas
de valor e de imagem, caracterizando a transformação para um novo modelo, agora
em rede, que seja colaborativo e promova um ambiente de aprendizagem.
A economia do conhecimento somada à intensa velocidade da globalização
dos mercados modificou a forma como se dão as relações dentro do ambiente
econômico e de trabalho. Organizações sintonizadas com as mudanças advindas da
globalização passaram a se preocupar com o modo de interação e relacionamento
1
com a sociedade e com seus diversos públicos: funcionários, fornecedores, governo,
mídia, etc.
Diminuir conflitos, maximizar a produção e aumentar a satisfação dos
colaboradores ainda é um desafio dentro deste novo contexto das organizações,
além da grande preocupação em saber se relacionar com seus diferentes públicos
de interesse. Desse modo, estudos recentes vêm demonstrando a importância da
presença de um gestor de comunicação que atue diretamente na estratégia de
promoção
de
acarretando
na
um
ambiente
aplicação
e
favorável
à
manutenção
interação
do
organização/sociedade,
conceito
de
aprendizagem
organizacional, que somente pode ocorrer a partir de uma cultura organizacional
voltada ao aprendizado e favorável à interação entre pessoas e ao consequente
desenvolvimento de novos saberes.
Metodologia
Para o desenvolvimento dessa pesquisa optou-se pela pesquisa teórica para
tratar o tema proposto, por meio de uma estruturação conceitual. Serão feitas
análises e levantamentos do que já foi publicado sobre o tema e o problema de
pesquisa escolhidos.
A realização da revisão teórica permite que o tema proposto possa ser
explicado com base em um quadro de referências já existentes de pesquisadores
renomados. Assim sendo, a pesquisa teórica que será realizada nesse estudo se
baseia na análise da literatura já publicada em formas de livros, revistas,
publicações avulsas, imprensa escrita e até por meio eletrônico, disponibilizado em
sites.
Resultados e Discussões
As diferentes formas de gestão dentro das organizações vêm sofrendo
transformações junto com o movimento econômico, social e com o desenvolvimento
de novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) que são incorporadas
no contexto organizacional. Nesta mesma linha, as transformações no campo
humano das organizações também vêm sendo observadas, conforme Dutra (2001,
p. 45):
2
As organizações estão cada vez mais pressionadas, tanto pelo ambiente
externo quanto pelo interno, a investir no desenvolvimento humano. Elas
mesmas percebem a necessidade de estimular o apoio contínuo para o
desenvolvimento das pessoas como forma de conquistar vantagens e de
continuar competitivas no mercado. Ao mesmo tempo, os indivíduos hoje se
dão conta de que aperfeiçoar-se é condição sine qua non para sua inserção
ou manutenção no mercado de trabalho.
Diante dessa nova realidade, é possível compreender essas mudanças por
meio dos diferentes conceitos de competência, os quais foram se desenvolvendo
junto com o movimento da globalização dentro das organizações. Segundo
Chiavenato (2003, p.6), ao conceituar competência como "qualidade que uma
pessoa possui e que é percebida pelos outros", evidencia que o indivíduo não
necessita somente possuir as competências, mas sim que elas sejam reconhecidas
por seus pares e por seus gestores dentro e fora do ambiente organizacional.
Algumas competências básicas são fundamentais nas empresas e nos novos
ambientes de negócio como diz Chiavenato (2000, p. 166 e 167):
•
Aprender a aprender;
•
Raciocínio criativo e resolução de problemas;
•
Comunicação e colaboração;
•
Conhecimento de negócios globais;
•
Conhecimento tecnológico;
•
Desenvolvimento da liderança;
•
Autogerenciamento da carreira.
Neste contexto foi levantada a problemática de como as organizações estão
trabalhando a sua comunicação estratégica e os conceitos de Competência para a
criação de um ambiente educativo que proporcione o fluxo de ideias, sugestões e
inovações.
Para Perrenoud (1999, 2000, 2001) a junção e mobilização de recursos
cognitivos como informações, saberes, capacidades, entre outros, para enfrentarem
um objetivo em comum pode ser um dos melhores conceitos de competência. Além
disso, o autor também enfatiza que a construção do conhecimento é uma trajetória
coletiva criada por situações, ou seja, torna-se inviável a criação de um guia que
proponha a solução dos problemas.
Esta problemática também abre caminhos para a inserção dos conceitos de
Empoderamento (empowerment), como uma estratégia de gestão já utilizada,
principalmente em empresas de crescimento acelerado (startups). O educador Paulo
3
Freire utilizou este conceito de Empoderamento em diversos estudos dentro do
contexto educacional, porém trata-se de um conceito com grande campo de
exploração em ambientes organizacionais.
Para o educador, uma instituição ou pessoa „empoderada‟ é aquela que
possui a capacidade de realizar mudanças por si mesma, conquistando autonomia,
ou seja, ficando claro que não trata-se de um movimento simplesmente de fora para
dentro. Então, qual a solução?
Estabelecer novas relações de trabalho por meio de uma estratégia de gestão
e comunicação baseadas em conceitos de Competência e Empoderamento, com o
intuito de proporcionar maior autonomia aos colaboradores no fluxo de ideias. Tratase de um grande desafio, pois atinge relações que estão em prática há muito tempo
mas que necessitam promover mudanças diante deste cenário globalizado, sem
esquecer os conflitos causados pelo choque de gerações, pelo excesso de
burocracia e pela falta de ideias totalmente inovadoras em processos, produtos e
gestões.
Diante deste contexto, é preciso compreender os conceitos de competência
para que as trocas (organizações e pessoas) se deem em um ambiente inovador e
que o cooperativismo entre em cena no lugar da competitividade. Para Fleury (2002,
p. 55), as competências das pessoas dentro das organizações devem envolver um
"saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber
aprender, saber se engajar, assumir responsabilidades, ter visão estratégica. Do
lado da organização, as competências devem agregar valor econômico para ela e
valor social ao indivíduo".
Além disso, é importante pensarmos no papel estratégico do gestor de
comunicação como um “Pedagogo Organizacional” no sentido de auxiliar na
implementação da consciência de que o espaço organizacional é um espaço de
aprendizagem, intercâmbio de culturas e de sentidos que, por meio da comunicação,
podem proporcionar ambientes mais inovadores e agregadores de um novo discurso
organizacional.
Considerações Finais
É impossível pensar em uma comunicação organizacional contemporânea
sem levar em consideração que as organizações são espaços de disputas de
sentidos e de aprendizado. Diferentes culturas, saberes, quereres e objetivos se
4
relacionam em um ambiente que se assemelha a uma “teia”, que deve ser gerida de
acordo com o discurso organizacional e de uma forma que leve em consideração
toda a complexidade dos indivíduos que fazem parte da mesma.
Ao compreender a organização como uma extensão da sociedade, é preciso
promover ambientes educativos que gerem o compartilhamento de conhecimentos,
experiências, aprendizados e habilidades individuais que possam ser utilizados de
forma coletiva. Assim sendo, este estudo pretende trazer à tona a importância dessa
gestão dentro do contexto organizacional, feita pelo gestor de comunicação, levando
em consideração o seu papel pedagógico enquanto responsável pela comunicação
e pela coerência do discurso organizacional.
Referências
CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos.
São Paulo: Atlas S.A, 2003.
DUTRA, J. S. (Org.) Gestão por competências. São Paulo: Gente. 2001.
DUARTE, J. Potencializando a comunicação nas organizações. In: KUNSCH, M.M.K
(org). Comunicação organizacional: linguagem, gestão e perspectivas. Volume 2.
São Paulo: Saraiva, 2009.
FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de
competências. São Paulo: Atlas. 2006.
PERRENOUD, P. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre:
ArTmed, 1999.
5
Download

O papel educativo do gestor de comunicação no ambiente