Anais do I Simpósio de Linguística, Literatura e Ensino do Tocantins
ISBN: 978-85-63526-36-6 11 a 13 de Novembro de 2013 – UFT/Araguaína –TO
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A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS SURDAS
Dayanne Barbosa Dias
Especializando em Educação Especial Inclusiva - CENSUPEG
[email protected]
Resumo: O presente trabalho apresenta a relevância da ludicidade no processo de ensinoaprendizagem de crianças surdas. Objetivando, propiciar a construção do conhecimento
das mesmas. Pretende-se com este, esclarecer o desenvolvimento do aluno não ouvinte,
suas dificuldades e limitações na aquisição da língua portuguesa namodalidade escrita
como segunda língua, questionando como desenvolver as habilidades dessas crianças com
brincadeiras e exercícios diferenciados, ainda que elas sejam resistentes á participação na
sala de aula. Onde o docente possa intermediar a comunicação e interação da criança surda
com o meio, favorecendo a acessibilidade. Preocupando-se em realizar atividades, partindo
do meio cultural desta criança, sua língua materna (libras), e os contribuintes para a
formação da sua identidade, sendo os seus responsáveis, em que passa a maior parte do
tempo. Mostrando o trabalho de cultivar a personalidade destes alunos, elevando a sua
autoestima e realizando estímulos para que estes, possam se conhecer e visualizar as suas
potencialidades. Sendo uma pesquisa bibliográfica, expondo os desafios da educação
bilíngue e o papel do docente no desenvolvimento da língua do indivíduo surdo, que está
ou não inserido na comunidade surda. Tornando compreensível que a surdez não implica
na cognição do surdo e compreensão dos conteúdos. Utilizando o lúdico como ferramenta
principal no processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chaves: Ludicidade, Crianças surdas, Acessibilidade.
1. Introdução
O trabalho apresenta a relevância da ludicidade no processo de ensinoaprendizagem de crianças surdas. Sabe-se da necessidade de tarefas diferenciadas para
alcançar a aprendizagem significativa da criança, a partir deste, ele mostra a importância
de uma atenção maior para com as crianças não ouvintes.
O ato de brincar possibilita á criança entrar no mundo da imaginação e
vivenciar o personagem, isso faz parte do processo de conhecer e construir a sua
personalidade, o trabalho apresenta o quão é importante os estímulos do educador nestas
ações.
Além dos incentivos, é notável a necessidade de mais estudos á respeito deste
assunto, se a lei n° 5.626, está sendo cumprida como foi estabelecida, se há cobranças
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para mais profissionalismo com este publico alvo, destacando a inclusão escolar e
acessibilidade á elas .
Nesta pesquisa também é abordado os desafios da educação bilíngue, tratando
do respeito quanto ao surdo, que deve receber as informações assim como o ouvinte, e a
escola deve correr atrás para que ele não seja excluído do seu meio escolar. A educação
não pode desistir dos surdos.
Desta maneira o trabalho mostra que ainda pequenos essas crianças devem ser
educadas, e trabalhar nelas a sua identidade, e inclusive o conhecimento da sua cultura
surda, que é a comunidade surda para a composição da sua identidade. Ressaltando a
relevância da brincadeira para o desenvolvimento dos alunos em sala de aula, e
aquisição da língua portuguesa como segunda língua.
2. Desenvolvimento
2.1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO
Com as dificuldades de aprendizagens, e os diagnósticos que vem surgindo
diariamente, não é cabível que o professor se limite somente ao que consta nas bases
curriculares. Hoje para se alcançar o aprendizado, deve seralgo estimulador, que seja
sensato, mas que seja criativo ediferente, para corresponder ao que se pretendeque é
ensinar e gerar conhecimento, sendo importante a utilização de brinquedos, para
facilitar a interação.
Brincar é essencial para a criança, pois é deste modo que ela descobre
o mundo á sua volta e aprende a interagir com ele. O lúdico está
sempre presente, o que quer que a criança esteja fazendo.
Naturalmente curiosa, ela se sente atraída pelo ambiente que a rodeia.
Cada pequena atividade é para ela uma possibilidade de aprender e
pode se tornar uma brincadeira.(ZATZ,ZATZ,HALABAN,2006, p.13)
Para que exista interação e socialização entre as crianças,é importante que seja
espontâneo e que seja algo propiciado pelas ações geradas por planejamentos que
trabalhem esta independência nas mesmas, para que dentro da sala de aula seja
desenvolvido o que a sociedade espera de todos aqueles que estão sendo educados.
A partir da formação do educador, ele está apto para utilizar uma didática, e
metodologias que contribuam para o desenvolvimento e a capacidade de articulação dos
alunos, sendo que aqueles que tenham dificuldades de aprendizagens ou deficiência, não
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podem ser excluídos. Desta maneira a ludicidade vem para facilitar a assimilação dos
conteúdos propostos e interação com os colegas.
Como facilitadora,a ludicidade ajuda na quebra de ideias ligadas a perda de
tempo e frustação, ao trabalhar o ensino-aprendizagem de modo diferenciado, sendo
com brincadeiras, atividades coloridas, fora da rotina escolar. Silva (2002, p. 23) afirma
que, o brinquedo, portanto, torna-se elemento mediador na passagem da relação objetoação – no plano prático da atividade da criança- para a internalização de formas de ação
estruturas valendo-se do significado ( significado-ação.). Que estimulem o raciocínio e
a linguagem, objetivando transformar essas crianças surdasem criticas e seguras.
É provável que muitos vejam que é impossível desenvolver qualquer
habilidade que seja das crianças surdas, por não poder ouvir, as pessoas as veem como
incapazes, sendo que a surdez não implica no cognitivo.
O ato de ensinar de maneira diferenciada e com representações simbólicas,
onde surgi a espontaneidade, despertana imaginação da criança a possibilidade de sair
do seu eu e viver um personagem, adequa-se, independente do aluno ser surdo ou não,
pois o ensino deve ser acessível á todos e as dificuldades da criança surda estarão no
ato da comunicação.
A perspectiva histórico-cultural assume posição de que o uso de
brinquedos altera radicalmente o desenvolvimento cognitivo da
criança, por que, ao brincar, ela se envolve em um mundo ilusório
onde tudo pode ser realizado; uma pedra pode-se transformar em um
carro, uma vassoura pode virar cavalo. A transformação promove uma
mudança no desenvolvimento da criança, pois ela age de acordo com
o significado atribuído aos objetos e desprende-se do objeto em si, da
coisa material. ( SILVA, p. 23, 2002).
Sobre tudo o papel do educador é importante nesta mediação, em que ele irá
buscar meios de contar histórias infantis e brincadeiras. Estimulando a imaginação da
criança. E se caso necessário, até mesmo a presença de um interprete para mediar essas
histórias dentro da sala de aula.
2.2 IDENTIDADE
Sabe-se que, quem é ouvinte tem a sua cultura, língua materna e identidade,
assim também é com a criança surda que há a sua maneira de se expressar e comunicarse com o outro. Mas o que deve ser quebrado são os mitos que dificultam a interação
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entre ouvinte e não ouvinte, onde existe a ideia de restrição entre ambos, devida o modo
de conversação ser diferente.
A língua oral, que geralmente é a língua da família da criança surda,
seria a segunda língua desta criança. A criança surda necessita de um
atendimento específico para poder aprender esta língua de sinais, é
muito lendo, haja vista as dificuldades de um surdo em aprender uma
língua oral, já que envolve recursos orais e auditivos, bloqueados por
sua perda auditiva. (GOLDFELD,2002,p. 44).
Tudo que está em processo de formação necessita de um referencial, e o
educador precisa entender que, assim como há costumes diferentes entre os ouvintes em
diversos países, o educando surdo precisa compreender isto, em que ele faz parte de um
povo, com seus costumes, gostos, crenças e hábitos. Segundo Danesi (2007,p.113) a
cultura surda tem sua língua, seus hábitos, costumes, a sua estrutura familiar, seu jeito
de dirigir, de assistir a um filme, de ir a um restaurante.
Dentro ainda na educação infantil já começa a se trabalhar com as crianças a
sua identidade, o que seus pais costumam fazer, para onde passeiam, e etc. Com o aluno
surdo não é diferente, deve-se mostrar á ele a sua cultura e estimular esta vivência com
os mesmos. Onde a escola junto da família é responsável pela formação da identidade
destas crianças surdas, que possuem a sua percepção de mundo visualmente.
Os surdos referem que sua identidade se modifica quando encontram
pessoas surdas. Eles sempre vão encontrar sua identidade em contato
com outros surdos. Porém, muitas vezes, isso ocorre tardiamente,
quando a criança entra na escola, se entrar em uma escola para surdos.
Então formam um eu, um Eu coerente. (DANESI, 2007, p. 112)
Assim a segurança do individuo depende do seu autoconhecimento, de quem
somos na sociedade em que vivemos, sendo que isso deve ser trabalhado, ajudando ao
surdo reconhecer que ele tem o seu valor e papel no meio social, em que não há uma
posição hierárquica entre ouvinte e surdo.
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2.3 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE
Ensinar crianças surdas e criar meios para a assimilação de conteúdos não é
fácil, e os professores ainda no século XXI, não compreendem que o aluno surdo
também faz parte do processo de aprendizagem junto com as outras crianças, e assim
como se fosse um índio, americano ou qualquer outra comunidade, deve haver inclusão,
ou seja, todos devem entender, interagir e aprender.
A leiDecreto n° 5.626, de 22 de dezembro de 2005, Art. 14, impõe que ;
As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às
pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos
processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares
desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação,
desde a educação infantil até à superior.
Há uma necessidade que estes alunos sejam ‘’incluídos’’, mas para que eles
realmente aprendam, há todo um processo, a escola deve está apta para receber estas
crianças surdas, pois não só há uma criança surda, mas sim várias em todas as regiões,
Segundo dados do (IBGE 2010) consta que no Tocantins 13.232 pessoas são surdas,e
nem todas estão nas escolas.
Em lei predomina que se deve utilizar a sua língua nativa como primeira, assim
ensinar e adaptar-se á diferentes culturas e necessidades com um numero significativo
de alunos e somente um professor, implica na qualidade de como essas aulas serão
executadas. O maior desafio é lecionar o português para eles, entender que a Libras é a
língua materna e o português sua segunda língua.
Todos tem direito á educação de qualidade, e o governo deve assegurar isto,
mesmo á aqueles que são diagnosticados com alguma deficiência. Uns dos desafios do
professor bilíngue são a falta de estímulos, pois como ele é desvalorizado e sem
reconhecimento, os mesmos não veem o por que, de estudar uma nova língua para
atender á estes alunos, com ou sem saber a Língua de Sinais, o educador permanece da
mesma maneira, com isso continua o fracasso escolar, e todos os dias educandos surdos
ou não desistem da escola.
Desta forma, ainda pequenos e quando diagnosticados cedo, o docente deve
trabalhar este vinculo da língua portuguesa oral e/ou escrita, mediando este contato com
uma língua que irá facilitar a sua inclusão social e não afasta-los, como geralmente
acontece, devido a sua dificuldade de aprender o português, MAINIERI(2002) diz que;
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Vários surdos acabam isolando-se em suas casas por sentirem
vergonha, ou optam por passar maior tempo na escola, por terem com
quem conversar (amigos surdos), pois, em muitos casos, familiares
não dominam o uso da língua de sinais e acabam muitas vezes
esquecendo-se de conversar e se comunicar com seus filhos.
Sabe-se que é relevante que a criança expresse as suas experiências e vivencias
particulares, daí parte o quão é necessário que o docente compreenda para interagir e
entender estas crianças, criando significados, não visualizando somente as dificuldades,
mas entendendo que este é um processo, onde todos os dias nascem crianças surdas e se
faz necessário está preparado para atender este publico.As ensinando primeiro á serem
fluentes na língua de sinais e depois serem alfabetizadas no português.
3.0 Conclusão
Através desta pesquisa bibliográficapôde-se observar que há muita teoria, mas
que diante dos índices ainda á muito que se trabalhar para alcançar as crianças surdas e
oferecer uma educação de qualidade dentro da sua linguagem.
Conclui-se que a lei de Libras deve ser cumprida onde houver a necessidade
do surdo se comunicar, estimulando que os professores aprendam para ensinar as suas
crianças os conteúdos, e também á contar histórias infantis para as crianças com
deficiência auditiva.
Foi destacada a identidade da criança surda,o quanto é importante que ela tenha
um referencial, e conviva no meio á sua comunidade para aprender a se comunicar
dentro da sua comunidade e se posicionar na sociedade, estimulando a sua interação
social.Ainda que tantas crianças desistam da escola, pelas dificuldades de comunicação
e assimilação de conteúdos.
Uma das inteligências múltiplas é a interpessoal, sendo a capacidade de
comunicar-se com uma ou mais pessoas, para o seu sucesso depende não só da
linguagem, mas também do autoconhecimento do individuo. Deste modo é através da
linguagem que acontece as relações sociais. As pessoas que rodeiam a criança surda
devem buscar se aprimorar da língua dela para que haja comunicação, pois por meio da
audição não há possibilidades.
É preciso que a criança se conheça que enxergue o seu valor, que os adultos
busquem interagir com ela, pois só a partir de diálogos é que ela irá desenvolver as suas
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habilidades. Através destes diálogos realizados entre a criança surda e seu referencial,
sendo seu responsável, é que ela formará as ideias de si mesma, de quem ela é, onde
isso não deve partir somente da escola, mas sim uma parceria com a família.
Assim faz-se entender que os profissionais ligados á este publico alvo, devem
buscar de modo teórico e prática mudar a realidade destas crianças, oferecendo lhes
acessibilidade, cobrando junto da família á inclusão social das mesmas. Estimulando as
diariamente no processo de ensino aprendizagem, de interação com os colegas e
desenvolvimento da sua identidade.
Referências
Cláudia Mara PadilhaMainieri. Desenvolvimento e aprendizagem de alunos surdos:
Cognitivo, Afetivo e Social. – Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2012. 168 p. Disponível
em;<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, disponível em
<http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=to&tema=censodemog2010_defic>
Marlene Canarim Danesi. O admirável mundo dos surdos: novos olhares do
fonoaudiólogo sobre surdez/ Org. –Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007. 220 p.2° Edição.
Marcia Goldfeld. A criança surda:linguagem e cognição numa perspectiva sóciointeracionista. São Paulo: Plexus Editora, 2002. 2° Edição.
Silva, Daniele Nunes Henrique. Como brincam as crianças surdas. São Paulo: Plexus
Editora, 2002. 2° Edição.
Silvia Zatz, André Zatz, Sergio Halaban. Brinca comigo!:tudo sobre brincar e
brinquedos. – São Paulo: Marco Zero, 2006.
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