UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU INSTITUTO “ A VEZ DO MESTRE” A ESTRATÉGIA NA GESTÃO DE MARCAS DECORRENTES DO PROCESSO DE FUSÕES E AQUISIÇÕES Por: LUCIANE ROCHA DE SOUZA EDUARDO Orientador: Prof: Francis Rajzman Rio de Janeiro Ago, 2009 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU INSTITUTO “ A VEZ DO MESTRE” A ESTRATÉGIA NA GESTÃO DE MARCAS DECORRENTE DO PROCESSO DE FUSÕES E AQUISIÇÕES Apresentação de monografia ao Instituto A vez do Mestre – Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Empresarial e Gestão de Negócios Por: Luciane Rocha de Souza Eduardo Rio de Janeiro Ago,2009 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho monográfico a minha família: Minha mãe, meu esposo e todos os amigos que contribuíram, para esta vitória. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus criador e responsável por todas as coisas, por minha existência e por mais um desafio que me permitiu superar, por ter conseguido vencer todos os obstáculos ao longo do curso e ao final ter alcançado a vitória, aos amigos que conquistei, pois foram imprescindíveis para a conclusão desse curso com êxito, fizeram parte de momentos em que acrescentei o que há de melhor na minha vida, que fizeram com que eu me tornasse uma pessoa com outra visão do mundo, pois cresci como ser humano. A minha mãe e meu esposo que tanto amo, e que sempre me deram força ao amigo, enfim a todo corpo docente e administrativo da Universidade Candido Mendes, obrigado por terem contribuído para o bom desenvolvimento deste trabalho. 5 RESUMO A presente pesquisa tem por objetivo fazer um breve estudo sobre os processos de fusões e aquisições em nosso País e a estratégia das Empresas adquirentes no que tange a força da marca. Na era da globalização, começaram a ocorrer um elevado número de fusões e aquisições, que ocorreram não só no Brasil como no mundo e isto está atrelado ao fato de determinadas empresas possuírem ativos intangíveis muito valorizados no mercado papel inovador que surgiu com os inúmeros processos de fusões e aquisições e neste contexto como os empreendedores elaboraram as estratégias para garantia do sucesso. A partir de 1990 com a abertura da economia brasileira e a liberalização das importações, o consumidor brasileiro passou a ter acesso a produtos mais baratos e melhores. O controle da inflação pelo plano real em julho de 1994 levou a um crescimento da taxa de consumo, com o ingresso de novos 30 milhões de consumidores ao mercado. A formação do Mercosul em 1991 aumentou ainda mais este mercado, de forma a atrair investidores e empresas estrangeiras ao Brasil. Com isso, o país tornou-se um mercado emergente extremamente atrativo para as empresas estrangeiras, principalmente por configurar-se em um mercado com grande potencial e relativamente pouco explorado. Analisando como neste processo é fundamental a aliança estratégica, onde duas ou mais empresas, através de um acordo, passam a trabalhar juntas formal ou informalmente, combinando seus recursos e técnicas de forma a obter ganhos de inovação, produtividade e eficiência visando a conquista de novos nichos de mercado. Através de um enfoque global identificar que existe uma série de motivos que explicariam por que as empresas buscariam realizar fusões e aquisições. Os vários motivos podem ser agrupados em três grandes contextos: crescimento e diversificação, sinergia e aumento de capacidades. 6 Para 55,6% destas empresas o principal motivador das fusões e aquisições foi o acesso a recursos intangíveis de natureza mercadológica, como marcas e relacionamentos. Apenas 27% afirmaram priorizar ativos tangíveis nesses processos. A gestão do ativo das marcas apresentou aspectos esclarecedores associados à origem do capital. Palavras-chave Fusões; Aquisições; estratégia; Gestão de Marcas 7 METODOLOGIA Para que se consiga atingir os objetivos propostos neste estudo foi realizada uma revisão teórica baseada em dados coletados em livros, artigos e sites especializados no assunto. Assim para melhor compreensão do tema, foi realizada uma pesquisa de dados referente aos fatores que levaram as maiores empresas de capital estrangeiro no Brasil a passarem por processos de fusão e /ou aquisição bem como verificar como as empresas fizeram o gerenciamento de suas estratégias de marcas após efetuarem esses processos. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico em livro de marketing e livros especializados nos assuntos abordados, como fusões, aquisições e marcas. 8 SUMÁRIO RESUMO...................................................................................................................05 METODOLOGIA ......................................................................................................07 INTRODUÇÃO...........................................................................................................09 CAPITULO I - BREVE HISTORICO SOBRE FUSÃO E AQUISIÇÃO................. 10 1.1- Fundamento Teórico da Fusão e Aquisições......................................... 12 1.1.2- Definições e Classificações..........................................................................13 1.2 -Tipo de Fusões e Aquisições..........................................................................16 1.3 - Fusão e Aquisição como forma de entrada nos mercados brasileiros......17 CAPITULO 2 – FUSÔES E AQUISIÇÕES INTERNACIONAIS NO BRASIL..........18 2.1 - Razões e objetivos das Fusões e Aquisições............................................19 2.1.2 - Impactos e principais aspectos ...............................................................21 2.2 – Determinantes de fusões e aquisições no Brasil........................................22 2.2.1 – Alianças estratégicas .................................................................................25 2.2.2 – Como estruturar fusões e aquisições e parcerias....................................26 CAPITULO III - MARCA............................................................................................28 3.1 – O valor da Marca.............................................................................................30 3.1.1 – Marcas importantes e seu valor.................................................................30 3.1.2 – Gestão de marcas........................................................................................32 CAPITULO IV PROCESSO DE FUSÃO E AQUISIÇÃO E AS ESTRATEGIAS DE MARCAS.......34 4 1.Estratégia marcas e espécies.........................................................................36 4.2- Ativos tangíveis e intangíveis em processos de fusão e/ou aquisição....... ......39 CAPITULO V – EXEMPLOS DE AQUISIÇÃO E FUSÃO E ESTRATEGIAS .........40 5.1 – Mudanças Estratégicas.....................................................................................41 CONCLUSAO............................................................................................................42 BIBLIOGRAFIAS......................................................................................................44 9 INTRODUÇÃO Uma vez que o processo de globalização parece ser irreversível, a adequada conscientização das estratégias de internacionalização permite o entendimento da atual onda de fusões e aquisições que ocorre no Brasil, segundo um contexto de ponderação entre vantagens e desvantagens. Mais ainda, permite que o administrador brasileiro possa eventualmente preparar-se não só para o aumento da competição internamente como também preparar-se para uma eventual internacionalização em busca de novos mercados. Processos de Fusão e Aquisição em Empresas de Capital Estrangeiro no Brasil: Motivadores Mercadológicos e Gestão de Marcas Resumo Pesquisa realizada em uma amostra de 63 das maiores empresas de capital estrangeiro que atuam no Brasil revelou aspectos importantes sobre os processos de fusão e aquisição pelos quais passaram estas empresas a partir dos anos 1990. Para 55,6% destas empresas o principal motivador das fusões e aquisições foi o acesso a recursos intangíveis de natureza mercadológica, como marcas e relacionamentos. Apenas 27% afirmaram priorizar ativos tangíveis nesses processos. A gestão do ativo marcas apresentou aspectos esclarecedores associados à origem do capital. Empresas de capital europeu priorizam a estratégia de marcas guarda-chuva em seus processos de fusões e aquisições, enquanto empresas de capital norteamericano priorizam estratégias de marcas múltiplas na gestão das marcas adquiridas ou fruto das fusões ocorridas. O estudo realizado foi feito nos moldes de uma pesquisa descritiva com uma amostra não-probabilística por conveniência e objetiva contribuir para a literatura acerca de fusões e aquisições no Brasil. Palavras-chave: intangível, aquisição, fusão, marca Introdução O elevado número de fusões e aquisições que ocorreram não só no Brasil como no mundo está atrelado ao fato de determinadas empresas possuírem ativos intangíveis muito valorizados no mercado. Em vista disso, a marca passou a assumir uma posição de destaque para as empresas, uma vez que ela não só se traduz para as organizações como uma vantagem competitiva como também representa um fator de diferenciação entre as empresas. 10 CAPITULO I BREVE HISTORICO SOBRE AS OPERAÇÕES DE FUSÃO E AQUISIÇÕES DE EMPRESAS A década de 1990 representou para o Brasil o início de uma nova era econômica, em que o país deixou de ser uma economia fechada e sem competitividade para se tornar uma economia aberta e globalizada, caracterizada principalmente pela redução da proteção tarifária, pelo fim das proibições impostas a um conjunto de importações e pela diminuição gradual das restrições não tarifárias. Essa mudança de perfil econômico proporcionou o acesso a matérias-primas, produtos intermediários e sobretudo a máquinas e equipamentos mais modernos e eficientes, fazendo aumentar a competitividade de grande parte dos segmentos da economia brasileira. Naquela época o bem-sucedido Plano Real contribuiu para a eficácia desse novo cenário, fazendo com que o Brasil se inserisse rapidamente nesse mundo globalizado, que, segundo o sociólogo britânico Anthony Giddens, é definido como um processo de interdependência crescente. O processo de globalização também incentivou o desenvolvimento das operações de fusões e aquisições de empresas no cenário mundial. Fatores como a necessidade de ganhos em escalas de produção; atuação em outras regiões geográficas; surgimento de novos produtos; e busca de sinergias financeiras e tecnológicas levaram grandes conglomerados empresariais a atuar em outros países que não os de sua origem, por meio de aquisições, parcerias e Sérgio Guarita joint ventures com empresas locais. Assim no Brasil, começou a ocorrer com freqüência as operações de fusão bem como aquisições de novas empresas. Mas tanto para a fusão como para a aquisição é preciso, realizar uma pré-avaliação dos riscos, bem como das vantagens em se adquirir ou fundir a empresa-alvo. A onda de fusões e aquisições que assolou a economia mundial nos últimos anos é impressionante. Afetando todos os setores da economia e transferindo o 11 controle de empresas a grupos rivais e estabelecendo nova ordem na economia e nos setores de atuação das organizações, a observação desse fenômeno levanta muitas questões de caráter teórico e prático. As fusões e aquisições (referidas como MA, do inglês mergers and aquisitions) podem ser de natureza horizontal e vertical. Horizontais são aquelas que ocorrem entre empresas na mesma linha de atuação. MA verticais são aquelas realizadas entre empresas de diferentes estágios de produção. Assim, o comprador expande suas atividades em direção ao fornecedor de matérias-primas ou em direção a seu cliente. As operações de MA são, naturalmente, divididas entre compras de uma empresa por outra e fusões nas quais não é possível se identificar realmente qual a empresa que realmente estava comprando ou sendo comprada. A distinção entre essas operações nem sempre é simples, pois muitas vezes os arranjos acionários definidos permitem que ambas as empresas originais nomeiem diretores e participem da administração conjunta da nova empresa. Costuma-se definir aquisição como aquela operação em que uma empresa adquire todos os direitos sobre outra, de modo a não precisar consultar mais os antigos donos para nenhuma ação administrativa. Variantes dessa operação na quais novas organizações são realizadas, permitindo que ambas as empresas possuam algum tipo de participação na nova empresa criada são chamadas de fusões, nesse caso, ressaltados os aspectos econômicos e não seus dobramentos jurídicos, conforme o estudado nos artigos de 1.113 a 1.122 do Código Civil. A fusão é a transmissão de uma sociedade a outra, mediante a aquisição de sócio na sociedade que recebe o patrimônio, dos sócios da sociedade que o transmite . Portanto, “a fusão produz no âmbito das sociedades participantes, baseando-se no negócio jurídico entre elas, concluindo que a fusão é uma transferência do patrimônio de uma sociedade para outra, mediante o ingresso como sócios nessa sociedade, dos pertencentes da sociedade transferente”. 12 Esta operação somente se caracteriza se presente três elementos: a transferência global do patrimônio, pela sucessão universal, o ingresso dos acionistas das sociedades extintas. 1.1 - Fundamentos Teóricos da Fusão e Aquisição Conceito Fusões, sob a ótica financeira, ocorrem strictu sensu quando duas ou mais empresas são combinadas resultando em uma empresa que mantém a identidade de uma delas. A outra empresa desaparece sobre o aspecto jurídico, embora os ativos humanos e materiais com as quais tenha ingressado na fusão, agora sejam geridos pela outra empresa (Brealey e Myers, 1995). A Lei 6404/76 que rege as sociedades por ações no Brasil define fusão de outra forma. Segundo este diploma legal a fusão levaria ao desaparecimento das duas empresas anteriores, resultando em uma nova empresa. No enfoque dos autores de finanças, esta seria a definição da chamada Consolidação. Divergências conceituais e terminológicas a parte, abordaremos aqui a fusão de empresas sob a ótica financeira. Motivos A literatura apresenta uma série de motivos que explicariam por que as empresas buscariam realizar fusões e aquisições. Os vários motivos podem ser agrupados em três grandes contextos: crescimento e diversificação, sinergia e aumento de capacidades. Sinergia Crescimento e diversificação Aumento de capacidades Aspectos de Motivação das Fusões e Aquisições 1) Crescimento e diversificação: o crescimento rápido, quer em tamanho ou na participação de mercado, ou mesmo na diversificação do âmbito dos produtos da 13 empresa pode ser alcançado por meio de fusões e aquisições. Através desta estratégia, diversas barreiras de entrada mercadológicas e até mesmo culturais, podem ser agilmente transpostas, possibilitando rápido acesso a mercados. Adicionalmente, a possibilidade de diversificação embute uma diminuição inerente do risco global ao qual a empresa fica exposta. 2) Sinergia: as sinergias são caracterizadas pelas economias de escala resultantes da redução de custos indiretos das empresas fusionadas. 3) Aumento de capacidades: muitas vezes, empresas combinam-se para aumentar sua capacidade administrativa, financeira e tecnológica (Ross, Westerfield e Jaffe, 1995) Os processos de fusão e aquisição podem ocorrer por razões estratégicas, por razões financeiras ou mesmo por ambos. As fusões estratégicas envolvem a fusão de empresas para atingir economias de escalas por meio de eliminação de funções redundantes, aumento da participação de mercado e melhora das fontes de matérias primas e dos canais de distribuição. As fusões financeiras envolvem a aquisição de empresas que podem ser reestruturadas para melhorar seu fluxo de caixa, por meio de cortes drásticos de custos e vendas de ativos improdutivos ou não compatíveis. 1.1 .2- Definições e Classificação – Aquisição O termo aquisição, segundo Orsi (2003), é usualmente utilizado para designar qualquer transação de compra de parte ou de todos os ativos. Caracteriza-se pela obtenção de uma empresa por outra empresa, com o intuito de conservar, operar ou incorporar, neste último caso ocorrendo a extinção da adquirida. “A aquisição de uma empresa dá-se quando o comprador adquire todas as ações ou quotas de capital da adquirida, assumindo, assim, seu controle total”. (FABRETTI, 2005, pg. 178). 14 Segundo Carvalho das Neves & Associados (2003), aquisição de empresa pode ser a aquisição total ou parcial do capital de uma empresa, sendo minoritária ou de controlo. Geralmente, quando se usa o termo fusões e aquisições consideramse as aquisições que conduzem à tomada de controle do capital da empresa adquirida. (2003 apud INSTITUTO DE APOIO ÀS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS E AO INVESTIMENTO). Para Capron e Hulland, (1999 apud FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, [da.2003]) o conceito de aquisição está relacionado ao marketing. A aquisição é a captura de novos recursos no marketing, tais como marcas e/ou força de vendas, que a firma tem dificuldade de desenvolver internamente, além dos recursos que não são capazes de comprar como recursos independentes no mercado externo. Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2002 apud FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, [da. 2003]), as razões que levam à uma operação de aquisição são: a) Ganho de poder de mercado, o que é resultado do tamanho da firma e de seus recursos e capacidade de competir no mercado; b) ]Espera-se que a aquisição auxilie na superação de barreiras à entrada; c) Os altos custos no desenvolvimento de um novo produto; d) Entrada em novos mercados com maior rapidez; e) Diminuição do risco comparado ao de desenvolver novos produtos; f) Maior diversificação de produtos; g) Evitar competição excessiva. Para os mesmos autores, a empresa adquirente pode enfrentar problemas, como: a) Dificuldade de integração; b) Avaliação inadequada da empresa a ser adquirida; c) Dívidas grandes ou extraordinárias podem ser obtidas por meio de aquisições; Segundo esses autores, as empresas que tiverem problemas devidos às razões acima, reestruturam-se para corrigirem as falhas, buscando alcançar um desempenho melhor no mercado. (HITT, IRELAND e HOSKISSON, 2002 apud FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, [da. 2003]). 15 Outra forma de ocorrência do investimento direto é a fusão de uma empresa com outra. De acordo com Suen e Kimura (1997), quando isto ocorre as empresas originais desaparecem e do agrupamento dos ativos materiais e humanos destas surge uma nova empresa. Caracteriza-se pela combinação das duas organizações pressupondo-se a integração das duas empresas em uma só. (SUEN, KIMURA, 1997). - Fusões Segundo a Receita Federal, A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (Lei das S.A. - Lei nº 6.404, de 1976, art. 228; Código Civil Lei nº 10.406, de 2002, art. 1119). Com a fusão desaparecem todas as sociedades anteriores para dar lugar a uma só, na qual todas elas se fundem, extinguindo-se todas as pessoas jurídicas existentes, surgindo outra em seu lugar. A sociedade que surge assumirá todas as obrigações ativas e passivas das sociedades fusionadas. (<http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2005/PergResp20 05/pr212a231.htm>). O Código das Sociedades Comerciais denomina fusão a reunião de duas ou mais sociedades em uma só. Há duas formas de fusão: a) ]Fusão – incorporação, a qual é feita através da transferência global do patrimônio de uma ou mais sociedades para a incorporante, que, em contrapartida, entrega aos sócios, ou acionistas das empresas incorporadas quotas ou ações representativas do seu capital social. b) ]Fusão – concentração é realizada mediante a constituição de uma nova sociedade, que recebe os patrimônios das empresas fundidas. 16 O processo de fusão define-se como uma estratégia de duas firmas que integram suas operações em base relativamente co-igual, porque seus recursos e capacidades unidos podem criar uma vantagem competitiva mais forte. (HITT, IRELAND e HOSKISSON, 2002 apud FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, [da. 2003]). 1.2 - Tipos de Fusões e Aquisições As formas mais importantes que o processo de fusão pode assumir são: a fusão horizontal, a fusão vertical e a fusão de conglomerados (SUEN; KIMURA,1997). Em uma fusão horizontal, as empresas atuam na mesma linha de negócios. As razões que normalmente explicam este tipo de fusão são as economias de escala e a redução de custos. Um exemplo deste tipo de estratégia nos Estados Unidos foi a fusão entre a Chrysler e a American Motors. A fusão vertical caracteriza-se quando as empresas que se fundem estão em etapas diferentes de determinado processo de produção. A fusão de uma empresa fabricante de massas alimentícias e um moinho de trigo configura-se em um exemplo de fusão vertical. As empresas encontram-se em etapas diferentes do processo de produção e decidem-se pela fusão objetivando diminuir custos de transação externos, devido a imperfeições de mercado, e buscando economias de escala através de operações integradas e sistêmicas. A compra da Pão Americano S.A. pelo grupo Bunge & Born argentino é um exemplo de fusão vertical, como planejamento de estoques e de produção, transporte etc. A fusão por conglomerados é a combinação de empresas em negócios não relacionados. A fusão da RJR com a Nabisco pode ser citado como um exemplo de fusão por conglomerados. 17 1.3 - Fusão e Aquisição como forma de entrada nos mercados brasileiros A partir de 1990 com a abertura da economia brasileira e a liberalização das importações, o consumidor brasileiro passou a ter acesso a produtos mais baratos e melhores. O controle da inflação pelo plano real em julho de 1994 levou a um crescimento da taxa de consumo, com o ingresso de novos 30 milhões de consumidores ao mercado. A formação do Mercosul em 1991 aumentou ainda mais este mercado, de forma a atrair investidores e empresas estrangeiras ao Brasil. Com isso, o país tornou-se um mercado emergente extremamente atrativo para as empresas estrangeiras, principalmente por configurar-se em um mercado com grande potencial e relativamente pouco explorado. Nos períodos entre 1990 e 1996 de acordo com as fonte Securities Data Company, os dados foram bastante expressivos, principalmente após o Plano real, onde houve um crescimento extremamente elevado de fusões e aquisições. Esta onda de fusões e aquisições no mercado brasileiro naquela época não estava restrita a determinado setor ou segmento econômico que porventura propiciasse uma maior atratividade, em diversos setores, empresas estrangeiras estavam utilizando da estratégia de fusão e aquisição para entrar no mercado brasileiro. Assim, existem circunstâncias estruturais, não somente conjunturais ou específicas, que promoveu um crescente interesse pelo Brasil. Portanto, desde 1996 até 2007 houve de fato um crescente interesse pelas fusões e aquisições, fato que começou a diminuir em 2008 e em 2009 com a crise econômica que iniciou-se nos estados Unidos, houve uma queda, mas 18 CAPÍTULO II FUSÕES E AQUISIÇÕES INTERNACIONAIS NO BRASIL No desenvolvimento das estratégias empresariais, as marcas mais visíveis da globalização são as fusões e aquisições internacionais, principalmente “quando envolvem grandes empresas, grandes montantes de recursos financeiros e amplas reestruturações organizacionais”. (CEPAL,2002, pg.15). As fusões e aquisições internacionais (F&A), têm sido o principal motivador os IDE (Investimento Direto Externo). A Estimativa é que cerca de 90% dos IDE realizados sejam ligados às transações de compra de empresas já existente. LACERDA, 2001). Com estas operações as empresas podem adquirir rapidamente uma carteira de ativos localizados, essenciais no processo de fortalecimento de sua posição competitiva na economia local, regional ou mundial. Muitas vezes, a sobrevivência pode ser o principal incentivo estratégico para uma empresa realizar estas operações, principalmente porque as empresas que mostram maior resistência podem enfrentar sérios perigos de absorção ou que as empresas rivais se fundam e gerem desvantagens competitivas. Como Fusões e Aquisições, entendem-se todas as operações que determinam uma modificação permanente na estrutura societária de uma ou mais empresas. Tratam-se de atividades complexas e estranhas à "gestão ordinária" das companhias, que pedem, normalmente, a intervenção de profissionais especializados para finalizá-las com sucesso. (MILANESE, [2006] apud Análise Financeira). As Fusões e Aquisições normalmente são associadas à noção de crescimento externo e podem ser uma estratégia de diversificação. Uma empresa realiza a aquisição ou a fusão com uma empresa que já atua no mercado. A nova empresa irá incorporar a estrutura organizacional da empresa objeto de fusão ou 19 aquisição, utilizando esta estrutura para incrementar seu nível de especialização e aumentar o horizonte de diversificação e crescimento. (KUPFER, 2002). Segundo Orsi (2005), quando há interesse em novos mercados, algumas corporações optam pela incorporação de bases externas de conhecimento, através da aquisição de outras empresas que já passaram pelo processo de aprendizado e têm reconhecimento no mercado. Esta, aparentemente, rápida solução esconde problemas de gestão da mudança em fusões e aquisições, principalmente no aspecto cultural. (ORSI, 2005). Estas empresas podem enfrentar dificuldades, pois o conhecimento é detido por pessoas, o que agrega risco e alta complexidade à operação. Quanto mais tácito o conhecimento que se busca em outra empresa, mais difícil é a sua aquisição. Também é verdade que quanto mais tácito o conhecimento, maior a probabilidade que este conhecimento tenha mais valor (Inkpen, 1998 apud ORSI, 2005). Quando ocorrem fusões internacionais, há transferência de conhecimentos e habilidades de uma empresa para outra de um país diferente, o que resulta no aprendizado mútuo de outras técnicas e conhecimentos. (SUEN; KIMURA, 1997). 2.1 - Razões e objetivos das Fusões e Aquisições As razões que levam à realização de uma operação de F&A podem ser classificadas em quatro macro categorias: razões estratégicas, razões econômicas, razões financeiras e razões fiscais. (MILANESE, [2006] apud Análise Financeira). As razões estratégicas são as seguintes: aumento da fatia de mercado, eliminação de um concorrente, entrada em novos mercados ou novos segmentos de atividades, redefinição do foco, aquisição de um fornecedor ou cliente chave, internacionalização, melhoramento da imagem da companhia, reestruturação societária. 20 Como razões econômicas entendem-se economia de escala e ampliação do leque de produtos. As razões financeiras seriam a redução da dívida, através do aporte de novo capital e o melhoramento do rating. A possibilidade de o comprador aproveitar o prejuízo acumulado na companhia adquirida e a oportunidade de gerar maior vantagem fiscal são as razões fiscais da realização de F&A. (MILANESE, [2006] apud Análise Financeira). Segundo Orsi (2003), podem ser considerados objetivos mais específicos das empresas ao empenharem-se em fusões ou aquisições: a) O desenvolvimento de novos produtos para os mercados já existentes e os novos mercados; b) ]Desenvolver novos mercados ou ampliar vias de distribuição para produtos existentes; c)Controlar fornecedores (integração vertical) ou ampliar em direção a linhas de clientes dos produtos (integração à frente); d) A obtenção de economia de escala como condição para reduzir custos de produção; e) ]Aumentar o reconhecimento da marca; f) Melhorar habilidades gerenciais; g) ]A aquisição de novas tecnologias, patentes ou capacitação em P&D. Normalmente o sucesso ou fracasso das operações de F&A é determinado pela perspectiva do mercado, sob a ótica da expectativa de retorno sobre o capital investido. Por outro lado, o controle do mercado não é a única motivação para as fusões, visto que alguns executivos as vêem como os pré-requisitos legais para a centralização e racionalização administrativas. 21 Segundo Haspeslagh & Jemison (Apud OLIVEIRA, 2006), uma das principais razões motivadoras de falhas nas F&A é a má condução da integração pósaquisição. Já Sudarsanam (Apud OLIVEIRA, 2006), observando alguns dos fatores de sucesso e de fracasso dos processos de aquisição, definiu-os como sendo: tratamento adequado do potencial da aquisição no processo de implementação; clareza na lógica de criação de valor, objetivando maximizar a extensão e a velocidade dos benefícios da integração; flexibilização do plano de integração, para se adaptar a realidades não percebidas no processo de negociação. 2.1.2 - Impactos e principais aspectos Para BIRCHAL (2004), o impacto das empresas multinacionais sobre as economias receptoras pode ser separado em sete aspectos principais: 1. A empresa estrangeira pode contribuir positivamente no início do investimento, com a introdução de novos produtos, mas negativamente nos estágios posteriores, quando os dividendos são enviados à matriz; 2. A qualidade do Investimento Direto Externo determina o impacto das multinacionais, pois se a economia recebe operações de baixo valor agregado ela pode ter um crescimento econômico rápido, mas não terá perspectiva de crescimento de longo prazo positiva; 3. A nacionalidade da empresa estrangeira pode ser importante, pois empresas de países que possuem melhores sistemas organizacionais e tecnológicos podem trazer maiores benefícios para a economia receptora; 4. Embora não haja consenso sobre a diferença dos impactos de um novo investimento e a aquisição de uma empresa doméstica existente, há um entendimento de que o primeiro é preferível ao segundo. 5. A disposição de uma ETN de transferir tecnologias ou marcas para uma 22 subsidiária estrangeira pode depender das diferentes formas contratuais e institucionais de operar em países estrangeiros; 6. O impacto na economia receptora depende da capacidade desta e das empresas domésticas absorverem tecnologias e capacidade gerencial de seus competidores estrangeiros; 7. Outra forma de avaliar o impacto das multinacionais seria responder à questão, difícil de mensurar, do que teria ocorrido caso o IDE não tivesse sido realizado. (BIRCHAL, 2004). Para Capron e Hulland (1999 apud FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, [da. 2003]), as aquisições são realizadas em maior número como resposta às desregulamentações, ao aumento na concorrência fruto da globalização dos países, maior exigência dos consumidores e à complexidade para se estabelecer novas marcas. As empresas que buscam novas organizações no mercado, através de F&A, têm por objetivo obter vantagens competitivas no cenário empresarial, que pode ser manifestado pela compra de ativos tangíveis e/ou intangíveis. Os ativos intangíveis, como tecnologia em processos de fabricação, patentes, redes de distribuição e marcas, são os grandes responsáveis pela geração de valor. Já os ativos tangíveis, ou seja, prédios, máquinas e instalações são rapidamente e facilmente reproduzidos e se tornam obsoletos. (BARRETO; FAMÁ, 1998 apud FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, [da. 2003]). 2.2-Determinantes de Fusões e Aquisições no Brasil O processo de globalização tem estimulado a aceleração do processo de fusões e aquisições na economia brasileira. Segundo Kupfer & Hasenclever (2002), esse processo ampliou os mercados por meio da queda das barreiras aos fluxos de 23 bens, serviços e capitais, além de provocar a alteração do ambiente institucional no qual as empresas operavam, induzindo ao aumento da concorrência. A abertura financeira externa da década de 1990 representou uma mudança acentuada no tratamento do capital estrangeiro. Este sempre enfrentou resistências internas ao seu ingresso no Brasil, em geral associadas ao nacionalismo reinante, especialmente nos anos 1950 e 1960. O mercado brasileiro também sofreu mudanças com a abertura da economia e a liberalização das importações, pois os consumidores brasileiros passaram a ter acesso a produtos mais baratos e melhores. (SUEN; KIMURA, 1997). Por outro lado, o incremento dos negócios internacionais possibilitou às empresas comercializarem seus produtos num mercado muito mais amplo. Este cenário influenciou o crescimento das F&A entre empresas a partir da década de 90. (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, [da. 2003]). Em pesquisa realizada por Wood, Vasconcelos e Caldas as três principais razões para a realização de F&A constituem razões estratégicas. A primeira razão é a reação ou a antecipação ao movimento dos concorrentes. O surgimento de novos entrantes ou produtos e serviços substitutos foi apontada como segunda razão. A terceira razão é a necessidade de gerar economias de escala. (WOOD, VASCONCELOS e CALDAS, 2004). Os motivos políticos e institucionais formaram um grupo secundário de razões, sendo elas a influência dos acionistas, motivos políticos dentro da organização e o exemplo de outras companhias tomadas como modelos. Isso mostra que muitos dos movimentos de F&A podem ser influenciados por interesses pessoais dos executivos ou pela tendência das empresas de seguir umas às outras. (WOOD ; VASCONCELOS; CALDAS, 2004). Foi na década de 1990, acompanhando o movimento geral de liberalização, que o Brasil não mais restringe, mas tenta convencer o capital estrangeiro a ingressar no país. O processo de liberalização, especialmente a comercial, inicia 24 com o governo Collor, mas a liberalização financeira é executada sobretudo no governo de Fernando Henrique Cardoso. No início do Plano Real o Governo introduziu medidas tributárias para regular o ingresso de capitais. (PRATES apud CORAZZA, [2004]). Mas, em 1997, com a crise asiática, o governo brasileiro suavizou as medidas tributárias de controle e reintroduziu os estímulos ao ingresso de novos capitais. Desde então, as Empresas transnacionais têm podido se beneficiar mais do que proporcionalmente da redução das barreiras à circulação de bens e fatores de produção, pois encontram-se em melhor situação que as nacionais em relação à sua capacidade tecnológica e financeira, à possibilidade de aplicar conhecimento e experiência acumulados em suas filiais com o intuito de racionalizar e modernizar suas estruturas locais, e à facilidade de comércio intrafirma proporcionado pela abertura comercial. Como visto acima, o acesso dos investidores estrangeiros ao mercado financeiro brasileiro foi facilitado por mudanças importantes na década de 90. Em relação ao IDE, novas e lucrativas oportunidades foram abertas com a privatização dos setores de infraestrutura, a abertura do mercado de informática e o registro de patentes no setor de bioquímica. A Emenda Constitucional de 1994, equiparou a empresa nacional e a empresa estrangeira, dando a esta última acesso ao sistema de crédito público, incentivos fiscais, flexibilização das exigências administrativas e redução da tributação para remessa de lucros, suprimindo-se a proibição de remessas por marcas e patentes. O Banco Central, além de ter exagerado o grau de abertura da conta de capitais autônomos, afrouxou os controles e descuidou da administração, aceitando a generalização de práticas e cláusulas contratuais que permitiam a antecipação de pagamentos e conduziram a perda de controle sobre a estrutura de vencimentos da dívida externa. Por outro lado, as medidas de liberalização também facilitaram a saída de recursos de residentes, aumentando a possibilidade de fuga de capitais nos momentos de turbulência financeira (BATISTA apud CORAZZA, [2004]). 25 Segundo pesquisa da consultoria KPMG (Apud Jornal do Comercio), no primeiro semestre de 2007 o Brasil registrou 266 operações de fusões e aquisições, número 16% maior que no mesmo período de 2006. O destaque foi o setor de alimentos, bebidas e fumo, com 31 operações realizadas. A partir destas reflexões pode-se apontar alguns dos principais determinantes das F&A no Brasil. Um deles seria o aumento da concorrência, imposto pela liberalização da economia brasileira e sua inserção na economia global, e pelos incentivos concedidos pelo governo. Outro ponto importante é a expansão do mercado interno, que atraiu o investimento de muitas ETNs e, um terceiro aspecto, diz respeito a obtenção de sinergias entre empresas do mesmo setor e economias de escala. Com o processo de Fusões e Aquisições as Empresas transnacionais também conseguem reduzir gastos com transporte, com pesquisa e desenvolvimento tecnológico nacional, além de terem acesso aos recursos naturais brasileiros e ao conhecimento mais aprofundado do mercado local. 2.2.1 - ALIANÇAS ESTRATÉGICAS VANTAGENS E DESVANTAGENS Embora a definição de aliança estratégica não seja uniforme podemos dizer que trata-se de um acordo por meio do qual duas ou mais empresas ou organizações passam a trabalhar juntas formal ou informalmente, combinando seus recursos e técnicas de forma a obter ganhos de inovação, produtividade e eficiência visando a conquista de novos nichos de mercado. Estes acordos de cooperação parcial que as empresas podem formar para melhorar seu desempenho em mercados internacionais representa a forma mais prudente de internacionalização. Sem montar uma nova empresa, as partes concordam em colaborar em produtos específicos e em mercados para mútuos benefícios. Como os riscos são limitados ao projeto em questão, esta é uma maneira segura para aprender uns com os outros. Vantagens das alianças estratégicas (Hill,1991): 26 1) Rápida preparação para entrar em um novo mercado; 2) Traz incorporado linhas de produtos complementares; 3) Proporciona à companhia estrangeira, produtos com credibilidade instantânea no novo mercado quando combinado com os produtos das empresas domésticas; 4) Proporciona novos mercados e informações para ambas as partes; 5) Expansão de pesquisa e desenvolvimento disponível e de recursos de marketing; 6) Reduz riscos econômicos e políticos. 2.2.2 - Como Estruturar fusões, aquisições e parcerias Especificamente no caso brasileiro, o grande problema que encontramos em várias ocasiões é a dificuldade do empresário brasileiro em saber como estruturar a sua empresa para o início do processo; quais as alternativas a adotar; quais os tipos de operações em uso; como se elabora um projeto e quais as suas fases; e, principalmente, qual é o valor da sua empresa para uma eventual operação de venda ou compra. Diante de várias negociações pode se perceber que esta última a maior dificuldade do empresário, ou seja, precificar o valor do seu negócio. Torna-se, assim, muito importante o aprofundamento das discussões sobre este tema e sobre os métodos de avaliação de empresas usualmente utilizados, visando sempre estabelecer um preço justo para o negócio em análise. O processo de fusões e aquisições apresenta alguns problemas. Um levantamento da consultoria A. T. Kearney permitiu as seguintes constatações: • dos processos de fusões e aquisições que envolveram 25 mil empresas de 53 países entre 1988 e 2000, 75% não atingiram os seus objetivos estratégicos e 58% delas destruíram valor; • as diferenças culturais entre as empresas representam o grande obstáculo para o sucesso das novas negociações; • as principais dificuldades estão relacionadas às pessoas e a sua gestão. Ocorre em grande número a “perda da memória” da empresa adquirida; 27 • normalmente os executivos da empresa compradora querem dominar a outra, impondo sua cultura, e os resultados não são bons. Apesar disso, os processos de fusão e aquisição no Brasil e no mundo são irreversíveis. Independentemente de qual setor da economia brasileira terá uma maior participação em negócios futuros, cabe aos empresários adequar suas empresas a esta nova ordem, profissionaliza-las e prepará-las para o futuro. Na condição de compradores e/ou vendedores, estes empresários deverão estar preparados para participar, mais cedo ou mais tarde, de um processo de negociação com outros grupos nacionais ou estrangeiros. A interdependência global chegou para ficar. 28 CAPITULO III A MARCA Conceito No passado, a marca possuía dois objetivos básicos: identificar um produto e diferencia-lo da concorrência. Esses objetivos continuam atuais, porém o conceito de marca está evoluindo, passando por grandes transformações e incorporando outras aplicações. Atualmente, a marca tem desempenhado um papel fundamental nas transações comerciais entre as empresas durante os processos de fusão e aquisição. Hoje, fala-se muito em Brand Equity, que consiste em: Um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que somam ou se subtraem do valor proporcionando um produto ou serviço para uma empresa e/ou para os consumidores dela. (AAKER,1998,P.16). Dessa forma, o valor monetário pelo qual são vendidas as empresas não corresponde, na maioria dos casos, somente em razão de seus edifícios, instalações, maquinário, ou seja, dos seus ativos e sim, representa um enorme valor os ativos intangíveis, incluindo a construção de uma marca que demora um bom tempo para ser consolidada no mercado, ou seja, atingir sua força total. Hoje, O valor da Marca passou a ser componente importante do valor total da empresa. Através desses apontamentos pode-se constatar, que na maioria das negociações, o patrimônio da marca eleva o preço da venda de uma empresa, um exemplo clássico desta situação é a venda da Rowntree (Reino Unido) pela Nestlé que a adquiriu por um valor 5 vezes maior do que o valor do patrimônio da empresa (KOTLER,2000). Assim o que esta sendo considerado ao avaliar o processo de compra e venda de empresas, além dos ativos tangíveis, é na verdade todo o trabalho de construção de uma marca de sucesso na mente dos consumidores. Pode-se encontrar diversas definições para o conceito de marca, renomados autores a definem segundo suas concepções. 29 Como por exemplo, segundo conceito de Keller(1998), ele define a marca segundo sua origem histórica: As Marcas tem sido, por séculos, uma forma de distinguir os bens de um produtor de outro. A “brand” é derivada da palavra “brandr” do escandinavo antigo que significa “queimar”, uma vez que as marcas eram e ainda são, a forma como os proprietários de animais usam para marcá-los, sendo também uma forma de identificá-los (KELLER, 1998,p.2). A importância da marca é amplamente fundamentada pelos autores, que demonstram sua relevância na evolução da empresa, por esta razão em um processo de fusão e aquisição é de suma importância avaliar o peso da marca e qual a estratégia que deverá ser utilizada para manter o que já foi alcançado. Pois a boa marca traz um comprometimento e uma recompensa para o consumidor, pois este está sempre esperando um algo a mais quando compra um produto ou serviço de marca. Assim define Aaker (1998: A marca não só serve como um nome para a distinguir dos demais produtos como também serve de resguardo para o produtor e para o consumidor. Uma marca é um nome diferenciado e /ou símbolo (tal como um logotipo), marca registrada, ou desenho de embalagem) destinado a identificar os bens ou serviços de um vendedor ou de um grupo de vendedores e a diferenciar esses bens se serviços daqueles dos concorrentes (AAKER,1998,P.7). Deste modo, de acordo com as definições encontradas em diversas bibliografia, a marca é uma palavra que carrega em sua essência toda uma identidade, uma forma de expressão que faz parte do cotidiano das pessoas, pois guardam na mente o nome ao lembrar do produto, ou serviço, e na tentativa de obter sucesso no mercado, as empresas se utilizam das marcas em suas ações estratégicas. 30 3.1 - O Valor da Marca É de suma importância o marco definitivo na relevância da marca, que se deu a partir do século XX, a marca passa também a representar uma alavancagem de desempenho econômico diante de processos de fusão e aquisição, “impondo”, assim, toda sua força durante as negociações. Além de identificar e diferenciar o produto de seus concorrentes. Ficando claro toda a sua força e seu real valor, as pessoas também depositam uma enorme confiança em determinados nomes, tornando-se fiéis aos seus itens, por crêem que os valores da empresa estão expressos nos seus produtos, no que diz respeito à responsabilidade social, credibilidade e qualidade. É interessante ressaltar que a empresa deve fazer com que seus consumidores se identifiquem com a marca e não apenas com o produto. Pois, caso a corporação tenha que descontinuar uma determinada mercadoria, o consumidor deverá se adaptar a um outro produto da empresa de mesma marca, garantindo, assim, sua fidelidade à organização. 3.1.1 - Marcas Importantes e seu Valor A marca de uma empresa é o seu ativo mais valioso, e por isso mesmo, empresas especializadas fazem periodicamente o levantamento das marcas mais valiosas do mercado. Por exemplo, em 2006, no ranking das marcas mais valiosas realizados pela BrandAnalitycs, as três marcas que lideravam eram respectivamente Bradesco, Itaú e Banco do Brasil, mas em 2007 a marca Google, superou inclusive as marcas tradicionais como Coca-cola, Marlboro e toyota, sendo à época avaliada em US$66,3 bilhões valor que aumentou consideravelmente em 2008, aumentou para US$86 bilhões de acordo com uma análise de consultoria feita pela MilWard Brown, especialista em analise de marcas, ou seja, em ano teve um avanço de 30%. 31 Assim, um dos fatores mais relevantes que determina o valor de uma marca é o próprio mercado. Uma inteligência coletiva nasce dele de maneira a erigir uma marca ao Olimpo ou lançá-la ao ostracismo. Assim como o Google, há diversas marcas bilionárias no mundo, como a Coca-cola que liderou durante muito tempo e que, segunda a pesquisa, hoje está em quarto lugar valendo US$58,2 bilhões. Marcas que estão na disputa, segundo pesquisa em 2008, General Eletric, segundo lugar, o valor de US$71,4 bilhões; terceiro lugar a Microsoft, avaliada em US$70 bilhões; china Móbile 5º lugar, US$57,2 bilhões, IBM 6º lugar, US$55,3 bilhões; Apple 7º lugar com US$55,2 bilhões; Mc Donald’s 8º lugar, valor de US$49,5 bilhões; Nokia 9º lugar avaliada em US$44 bilhões e Marlboro 10º lugar, valor US$37,3 bilhões. Diante da análise no valor da marca dessas empresas, pode-se concluir que, de uma forma geral, a precificação do valor da marca não se deve a sua presença no cotidiano dos consumidores, mas sim a imagem que estas companhias projetam no imaginário das pessoas, como modernidade e vanguarda. Por muitas vezes, esta projeção é tamanha que chega a superar o próprio produto ou serviço que ela representa. Muito além da marca, atualmente já se fala em imagem corporativa, que deve ser estruturada por um processo continuo. A partir daí que as pessoas, passam a reconhecer o produto pela marca, como são os celebres exemplos da Gilette, Maisena, Pirex, Xérox, Bombril e, o próprio Google. Dessa maneira, a marca da empresa, produto ou serviço, passa a ter um valor relevante na contabilidade financeira dos ativos da empresa. Em razão disto, o governo aprovou, em 28 de dezembro de 2007 a Lei 11.638, que estende às sociedades de grande porte, as “S.A”, disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras, e que foi ratificada, pela Instrução 469 da Comissão de Valores Mobiliários CVM). Esta Lei impõe a obrigatoriedade de avaliação e contabilização do valor da (s) marca (s) destas empresas, esta nova medida facilita o ambiente de negócios e o 32 impacto que a marca tem com o público, essa legislação tem o escopo de aproximar o Brasil dos padrões internacionais de contabilidade. Com o valor da marca contabilizado, as empresas passam a ter maior transparência e credibilidade perante os investidores e o mercado em geral. Em relação de mercado, a equidade e facilidade de comparação entre empresas concorrentes, facilitam os processos de fusão e aquisição de empresas e também melhora a preparação das empresas para a hipótese de ser vendida. Assim, conclui-se que a marca tem a força, ela tem uma função individualizadora. Isto porque o intangível vale muito mais do que o valor do imóvel, somente. É, um instrumento de gestão que o empresário tem em seu poder. 3.1.2 - GESTÃO DE MARCAS Cada empresa possui seu próprio estilo de gerir seus negócios. Conforme seu setor, seu porte, sua cultura, sua posição competitiva, a organização adota uma gestão de marcas que melhor satisfaz às necessidades da empresa e do mercado que se quer atender. As empresas optam por adotar estratégias de marcas conforme a alternativa que melhor se adapte ao encaminhamento traçado pela direção da organização. Objetivam, assim, aumentar seu desempenho no mercado, incrementando suas vendas. As empresas podem escolher por assumir produtos com marcas ou sem marcas. A marca é fator critico de sucesso para todas as organizações, sejam elas comerciais, industriais, instituições de caridade, partidos políticos, etc., e também para para profissionais. As marcas são ativos financeiros e, sobretudo, estratégicos, haja vista seu poder de influenciar consumidores, parceiros, colaboradores, e de interferir nos canais de vendas e distribuição e até nas condições e termos de fornecimento. Além disso, a marca mobiliza interesse dos 33 investidores e pode transformar a performance da organização e seu resultado financeiro. Por essas razões, a gestão das empresas está cada vez mais desejosa de saber acerca da contribuição das marcas para o sucesso dos seus negócios. (R e v i s t a F A E B U S I N E S S , n .7, nov. 2003) 34 CAPITULO IV PROCESSO DE FUSÃO E AQUISIÇÃO E AS ESTRATÉGIAS DAS MARCAS No processo de fusão e aquisição, principalmente no que tange a empresas que já alcançaram uma credibilidade em razão da marca forte, onde já ao longo do tempo se construiu toda uma estrutura voltada para elaboração e aceitação da marca no mercado. No momento da finalização das negociações a empresa deverá cercar-se de uma organização estratégica que deverá envolver não só toda parte do pessoal, assim como a escolha da marca que deverá ser incorporada, em razão deste fator essencial é que a empresa adquirente muitas das vezes, opta por manter a marca que já alcançou credibilidade no mercado. Portanto, a marca representa desde inicio da transação o ponto crucial, pois será determinante inclusive como visto no capitulo anterior, o que irá valorizar as negociações em razão do valor que a marca já alcançou dentro do mercado. Na maioria das vezes as fusões revelam valores ocultos, se no balanço das empresas os ativos intangíveis são bastante obscuros, na hora de um acordo de fusão ou aquisição, necessariamente algum valor terá de ser a eles atribuído. À exemplo disto, quando houve a negociação na ocasião da compra da marca União da Coopersucar pelo Grupo Nova América Agro energia, em março de 2005, o Presidente da companhia compradora, à época Roberto de Rezende Barbosa, afirmou que a aquisição coroava o objetivo da empresa de reforçar sua atuação no varejo. Inferiu-se a necessidade de ter uma imagem mais forte para a venda da commodity. Diz Sr. Roberto de Rezende Barbosa: 35 “A marca União é tradicional, possui um share of mind, importante, o que nos motivou a realizar a compra e investir no negócio”. Este fator predominante, na operação da compra citada acima, fez também com que o Presidente, mantivesse também as equipes para preservar o capital intelectual. Assim, é notório que os fatores intangíveis entram na conta da aquisição de uma empresa, exemplos clássicos também podem ser claramente demonstrado quando em 1997, a Unilever adquiriu a Kibon por US$ 930 milhões, a indústria de sorvete na época tinha um patrimônio contabilizado em pouco mais de US$300 milhões, mas tinha uma imagem associada à idéia de que “seus produtos são gostosos e fazem bem”. A diferença entre os valores contábeis e os valores de aquisição pode ser atribuída em grande parte aos ativos intangíveis, recebidos em paralelo com os bens físicos das companhias. No caso em questão, a marca KIBON foi mantida devido a sua relevância dentro do mercado do gênero. Contudo, inserido nessa expectativa, há um preço nebuloso embutido nas ações, que se refere a capital organizacional, relacionamentos, capacidade intelectual, estratégia, cultura interna, marcas e patentes, entre outros. Assim muitas empresas de olho na precificação desses ativos, acabam por dedicar esforços específicos para listar a e gerenciar seus bens intangíveis mais de perto. Partindo dessa determinante, se a empresa tiver uma estratégia estruturada de marca, logística, tecnologia e mostrar ao mercado que investimentos não são desconectados dessa estratégia, ela ficará menos suscetível ao vaivém da percepção do mercado e a especulações. Assim mediante vasta pesquisa, pode-se observar que atualmente nos vários procedimentos de fusões e aquisições de empresa, os ativos intangíveis ganham 36 importância por uma conjunção de fatores tão eclética quanto a maior preocupação de consumidores com a sustentabilidade e o avanço da tecnologia da informação, que aguça o apetite de investidores por anteciparem às inovações. Assim ganhos de escala e redução de custos, tradicionais motivadores das fusões, parecem perder espaço pra aquisição de estratégias, relacionamentos, capacidade de inovação, entre outros fatores. Especialista no tema abordado, Eduardo Kayo, cita um exemplo típico de fusão com base em ativo intangíveis por excelência, a negociação entre A submarino e Americanas. Com. Uma pesquisa feita sobre 140 fusões no período de 1994 a 2004 Diz Eduardo; “A geração de riqueza do negocio entre Americanas. Com e Submarino virá principalmente do conhecimento tecnológico de ambos os grupos, do relacionamento com clientes, dos canais de distribuição”. Assim a precificação da marca, a sua importância como foco das negociações, tem que esta embasada na estratégia utilizada, no sucesso que a marca já alcançou no mercado, fator determinante tanto no momento pré negociação quanto pós negociação, para que seja alcançado o sucesso no futuro. 4.1 - A estratégia, marcas e sua espécie Ressalta-se que as empresas utilizam-se de espécies diferenciadas de marcas, como por exemplo: Marcas Múltiplas As empresas que se utilizam desta estratégia e marcas múltiplas ou nominais individuais almejam fazer de cada produto da empresa uma marca única de grande sucesso com alto poder competitivo. O termo marcas múltiplas é seguido por alguns autores (KOTLER, 2000; SOUZA: NEMER, 1993). 37 Já outros autores como Chrchil Jr. E Peter, Tavares e Pinho, adotam a expressão marcas nominais individuais. Para Souza e Nemer (1993, e Kotler (2000), as marcas múltiplas podem trazer a impressão de novidade ao consumidor, podendo ocupar um maior espacço nas prateleiras dos pontos-de-venda. Mas no entender destes renomados autores, a utilização de marcas múltiplas podem trazer desvantagens, que afirmam que um posicionamento errado pode levar a canibalização de produtos, pois a maior ameaça desta estratégia é a empresa possuir vários produtos da mesma categoria com enfoques para diferentes grupos, podendo não alcançar uma porcentagem considerável de market share, não obtendo, de fato, uma participação rentável. Acrescentando Tavares (1998), que ainda existe a possibilidade de não ocorrer à sinergia entre os produtos. Marca guarda-chuva O cerne desta estratégia está na transferência de um nome forte para outros produtos lançados sob o mesmo “guarda-chuva”. A adoção da marca guarda-chuva caracteriza-se pelo emprego de um mesmo nome a todos os produtos em uma ou mais linhas. Esta prática ainda é pouco utilizada no Brasil, porém na Europa, as empresas se valem muito da utilização da marca guarda-chuva visto que para cada marca existem pelo menos 5 produtos diferentes. Segundo (BACOCCINA, 1998). Este conceito de marca guarda-chuva é mais bem empregado quando a empresa possui produtos de qualidade e preço similares. 38 Segundo pensamento de KOTLER: “Uma marca é tanto mais forte quanto estreito for seu foco” (KOTLER,2000, p.438). Com exemplo de empresas que se utilizam da estratégia da marca guardachuva, pode-se citar a Bauducco, que comercializa produtos sob um mesmo nome, passando do panetone ao biscoito. É o que ocorre também com o Bradesco e a Nívea, que se utiliza dessa estratégia de marca, tentando levar e manter toda a qualidade e prestígio de que dispõem, para todos os seus produtos. Seguindo este raciocínio, percebe-se também que um produto detentor de uma marca guarda-chuva de sucesso bem colocado no passado, não implica, necessariamente, que os outros produtos lançados sob o mesmo nome terão o mesmo o desempenho no mercado. Deste modo, comparando as duas estratégias de marca guarda-chuva com a estratégia de marcas individuais, Aaker, afirma: “Que quando a empresa possui uma única marca, sua linha de produtos necessita ter sinergia de forma a maximizar os investimentos em comunicação”. Pode-se concluir com tudo isso, que o importante é ter marcas fortes em diferentes mercados, pois muitas vezes, a marca-mãe não funciona em todas as categorias, ocorrendo, neste caso, falta de personalidade. 39 O que na verdade pode-se concluir com este estudo é que o importante ter uma marca forte, sabendo a exata estratégia a adotar para fazer dessa marca um sucesso sendo assim, mais valorizada, em caso futuro de venda. 4.2 - Ativos tangíveis e intagíveis em processos de fusão e /ou aquisição Através do levantamento feito por este estudo pode ser detectado claramente, o que as empresas buscam ao realizar transações comerciais. A maioria das empresas ao passarem por processos de fusão e /ou aquisição, almejam ativos intangíveis. Assim esse resultado reforça que as empresas, ao comprarem outras organizações ou até mesmo quando realizam fusões, visam a algo que é mais difícil de se consolidar num curto espaço de tempo, como as marcas e o relacionamento. 40 CAPITULO V EXEMPLOS DE PROCESSO DE AQUISIÇÃO E FUSÃO E SUAS ESTRATÉGIAS As diferentes estratégias adotadas por companhias que passaram por processos de fusão e aquisição, pode ser observada no caso da compra da BWU Comércio e Entreterimentos SA detentora da franquia da marca Blockbuster no Brasil pelas Lojas Americanas e a aquisição do Banco BMC pelo Bradesco, essas companhias optaram por diferentes estratégias, em relação as marcas negociadas, aliada à questão institucional e publicitária, estão também as dificuldades referentes à reestruturação de equipes e à adaptação de um modelo de gestão. Tanto o Bradesco como a Lojas Americanas optaram por preservar os nomes dos grupos adquiridos e garantir, assim, que as operações e os clientes não sofressem os efeitos da transação. No contrato estabelecido pela Blockbuster Internacional Inc. e Lojas Americanas, definiu-se a licença da marca pelo prazo de 20 anos. No processo de aquisição do BMC, o Bradesco já decidiu em manter a marca e a equipe do Banco comprado. Segundo o Presidente do Bradesco na época da transação Marcos Cypriano disse: “sabemos o quanto é difícil construir uma estrutura para atuar no segmento de crédito consignado. Por isso, vamos manter a marca BMC, além de toda sua equipe, incluindo a diretoria, os cerca de 7 mil agentes e os 750 correspondentes bancários”. 41 Outro exemplo de estratégia, foi a do Banco Itaú que na operação de compra do BankBoston no Brasil, junto ao Bank of América Corporation (BAC), optou por transformar todas as agências do banco adquirido em Itaú Personalité. Assim observa-se que, no setor financeiro, os Bancos tem que trabalhar para provar aos clientes os benefícios gerados pela transação. As marcas não são das empresas, mas das pessoas, e é necessária uma convivência temporária para ver se o cliente não vai embora. 5.1 - Mudanças Estratégicas Algumas empresas utilizam mudanças estratégias, com o máximo de cuidado para não alunar o sucesso consolidado pela marca adquirida. A exemplo a Cocacola quando em 2005, adquiriu a marca Suco Mais, levou algum tempo para mudar o nome para Minute Maid Mais, com a justificativa de que a alteração se deu, pois a Sucos mais era uma empresa bem consolidada no mercado e a associação com a Minute Maid ampliaria a projeção Internacional e permitira maior sinergia com outros paises e economia de escala e promoções e marketing. O clima de instabilidade não pode de forma alguma ocorrer durante o processo de fusões e aquisição. Inicialmente, é importante definir a estrutura ideal do novo grupo, direcionar a estratégia da marca adquirida, trabalhar com transparência e integração essa é a formula para o sucesso. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por todo o conteúdo analisado acerca do tema, pode-se concluir facilmente que os fatores que são de suma importância para o sucesso de fusões e aquisições, são a estratégia utilizada na negociação, o valor que a marca já alcançou no mercado, e a gestão de marcas. Este trabalho analisou o motivador dos processos de fusão e aquisição bem como o gerenciamento das marcas das empresas que passaram por processo de fusão e/ou aquisição a partir da década de 1990, marco desses processos. As transformações ocorridas no cenário mundial evidenciadas com a globalização e com o avanço das tecnologias fizeram com que as empresas percebessem que a cada dia está mais difícil diferenciar um produto de seus concorrentes. Por isso, a marca passou a assumir um papel cada vez mais importante no cenário empresarial, seja do ponto de vista da empresa, ao realizar processos de fusão e /ou aquisição, seja na concepção do consumidor ao comprar o produto. Ressalta-se que, o valor da marca adquirida tem enorme peso na transação, em razão disso pode-se observar que as empresas que passam por processos de fusões e aquisições, preferencialmente visam a obtenção dos bens intangíveis, como as marcas, pois estas levam anos para serem consolidadas no mercado. As maiorias das empresas estão preocupadas com sua imagem no mercado, em razão disso, qualquer fato negativo que ocorra com a empresa pode ameaçar a imagem e o prestigio da organização. 43 Com a pesquisa realizada, conclui-se que, as empresas atualmente, estão preocupadas em maior número com os ativos intangíveis uma vez que a maioria delas objetiva a marca como um diferencial competitivo. Insta salientar que um dos fatores relevantes também como já mencionado anteriormente é o valor de muitas negociações envolvendo fusões e aquisições que ultrapassam a importância de seus ativos tangíveis como os prédios, as instalações etc.,, demonstrando o poder que a marca assume sobre o preço durante a transação comercial, representando assim, uma alavancagem no desempenho econômico de uma empresa. Outro aspecto abordado de suam importância é a gestão de marcas que apresentou convergências para a estratégia de espécies de marcas. As empresas em maioria optam em investir em uma única marca porque isto traz maior transparência à comunicação, além de reduzir custos e minimizar os impactos da redução no ciclo de vida dos produtos. Em vista disso, este estudo teve por objetivo mostrar a força que a marca assumiu no cenário empresarial, como um ativo de prestigio para uma empresa bem como apresentou também como é realizado o gerenciamento do conjunto de marcas das organizações que passaram por processos de fusões e aquisições a partir da década de 1990, representando o esforço das empresas em obter os melhores resultados com tais processos. 44 BIBLIOGRAFIA AAKER, D.A. brand Equity “Gerenciando o valor da marca”. São Paulo: Negócios, 1998. BARRETO, A.C.P de M.; FAMÁ, Rubens. Valor da marca:uma reflexão sobre conceitos. Revista de Administração, São Paulo, v.33, nº 4, p.56-64, out-dez 1998. BIRCHAL, Sérgio de Oliveira. Globalização e Desnacionalização das Empresas Brasileiras: 1990 a 1999. Ibmec MG Working Paper, 2004. Disponível em: <http://www.ceaee.ibmecmg.br>. Último acesso em: 9 maio de 2009. CAPRON, L. HULLAND, J. 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