Comunicação e PECS Por Carolina Ramos Os déficits na área da comunicação são umas das maiores preocupações, no caso de pessoas com autismo, que afetam a compreensão e a expressão, o gestual e a linguagem falada. Muitas crianças dentro do espectro do autismo desenvolvem as habilidades de comunicação mais tarde que as outras. Podem apresentar como indicadores de déficits comunicativos ausência de reação à modulação dos sons da fala sendo em alguns momentos confundidos com surdez, dificuldade em manter contato ocular e atenção compartilhada, falhas na comunicação interpessoal, ausência de sorriso e troca de olhares, ausência de antecipação dos gestos de ser pego no colo, ausência do uso de gestos para apontar ou dar tchau, ausência de imitação, pouca participação em acrescentar novas informações, expandir o tema ou introduzir novos tópicos no diálogo entre outras características. Diante disto uma boa ferramenta utilizada para auxiliar a comunicação é o PEC-S – Picture Exchange Communication System (Sistema de Comunicação por Troca de Figuras). O PEC-S foi desenvolvido em 1985 por Andy Bondy, Ph. D. e Lord Frost, M.S. para uso com crianças em idade pré-escolar com Transtornos do Espectro do Autismo e outros transtornos em comunicação social que não apresentam fala funcional ou socialmente aceitável. Crianças que utilizam o PECS aprendem primeiro a abordar um parceiro de comunicação e a dar uma imagem de um item desejado em troca por esse item. Ao fazer isso, a criança inicia um ato comunicativo para um resultado concreto dentro de um contexto social de forma a aprender a fazer pedidos e a descrever o que observam. O protocolo de treinamento PECS baseia-se na investigação e na prática dos princípios da Análise Comportamental Aplicada (ABA, na sigla em inglês). Distintas estratégias pedagógicas de reforço, estratégias de correção de erros e estratégias de generalização são essenciais para ensinar cada habilidade. O protocolo de treinamento do PECS também vai estreitamente paralelo ao desenvolvimento normal da linguagem no sentido de que, primeiro, ensina a criança “como” se comunicar ou quais são as regras básicas de comunicação. Em seguida, as crianças aprendem a comunicar mensagens específicas. Crianças utilizando PECS aprendem a comunicar primeiro com figuras isoladas, mas mais tarde aprendem a combinar imagens para aprender diversas estruturas gramaticais, relações semânticas e funções comunicativas. O PECS trabalha com atividades e materiais funcionais e pode ser utilizado com o aluno que tenha fala porque serve de comunicação aumentativa como método para suplementar a fala e/ou comunicação alternativa como método ou sistema para comunicação quando a fala não se desenvolve ou foi perdida. Visa espontaneidade e generalização. Quanto mais fatores de generalização forem considerados, melhor comunicador o aluno será. Esta ferramenta é muito importante, pois não possibilita apenas a comunicação independente, mas também a esperar, a pedir ajuda, a aceitar o não e em alguns casos a comentar o que vê o que escuta. Texto extraído da Revista Autismo - Número 1 - Ano 2 - Abril de 2011