Título: TRABALHO E PROCESSO DE COMUNICAÇÃO: O CASO DA
COOSTURARTE
Aluna: Melissa Yumi Inoue
Orientadora: Profª. Drª. Rosemeire Aparecida Scopinho
Resumo:
Nos últimos anos, devido à preocupação com o problema do desemprego que atinge
milhões de pessoas no Brasil, tem crescido o interesse sobre os assuntos que envolvem as
empresas autogestionárias. A literatura sobre o tema é escassa e polêmica, mas muitos
autores consideram que esta forma organizativa pode representar uma opção ao trabalho
informal, caracterizado pelo baixo tempo de permanência no trabalho, pela renda baixa,
incerta e variável, jornadas de trabalho longas e onerantes, falta de direitos sociais e/ou
garantias trabalhistas básicas, ameaças da violência (roubo, furto, agressões físicas) e falta
de perspectivas de reversão desta situação. Além disso, aqueles que ingressam no mercado
informal, geralmente, são pessoas que desistiram de procurar emprego ou não possuem
mais condições materiais para fazê- lo. Neste contexto, é que as cooperativas populares
autogestionárias têm sido entendidas como formas de enfrentar o desemprego e a pobreza.
No entanto, elas enfrentam dificuldades organizativas no seu funcionamento cotidiano,
tanto de ordem econômica quanto cultural, para se constituir enquanto empresas
autogestionárias. Considerando a importância da comunicação no processo organizativo e
na construção do sujeito da autogestão e a escassez de estudos sobre o tema nas empresas
autogeridas, o presente trabalho, de forma geral, teve como objetivo estudar o processo de
comunicação entre os trabalhadores de uma cooperativa popular autogestionária, localizada
no interior do estado de São Paulo. Especificamente, procurou-se compreender como se dá
a comunicação entre as cooperadas no âmbito da organização e gestão do trabalho nos seus
aspectos formal e informal. A inserção na comunidade ocorreu através dos princípios de
que se vale a pesquisa etnográfica em Psicologia. Como meio de se obter as informações,
foram feitas visitas semanais à cooperativa, para realizar sessões de observações
participantes, levantamento e análise de documentos formais tais como as atas de
assembléias e controles fiscais, participar de reuniões, realizar entrevistas semiestruturadas, coletivas e individuais, sendo os registros feitos em diário de campo. A análise
confrontou o que foi observado com o conteúdo dos documentos formais e das entrevistas.
No aspecto informal, verificou-se uma dificuldade de comunicação quanto à tomada de
decisões e planejamento do trabalho, para conciliar interesses e expectativas diversos,
manter reuniões constantes e formais, e trocar informações. Do ponto de vista formal,
observaram-se dificuldades quanto à organização, manutenção e atualização de registros e
documentos, principalmente por falta de entendimento da importância, falta de
conhecimento técnico específico e por manterem, predominantemente, relações de trabalho
informais entre si, com seus clientes e fornecedores. No entanto, apesar das dificuldades em
firmar-se como uma cooperativa autogestionária, ela foi um espaço de convivência social
importante para as cooperadas.
Palavras chave: cooperação, cooperativa popular, comunicação interpessoal, comunicação
no trabalho.
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