6081 Trabalho 587 - 1/4 CARACTERIZAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA AGUIAR, Athaynne Ramos Vasconcelos de Aguiar1 1 AGUIAR, Joycianne Ramos Vasconcelos de Aguiar2 SANDES, Naiana Martins3 MACEDO, Elza Mayara Antunes de Macedo4 ARAÚJO, Sarah Nilkece Mesquita5 MOURA, Elaine Cristina Carvalho Moura6 INTRODUÇÃO: A síndrome da estafa profissional, também denominada síndrome do Burnout, foi descrita pela primeira vez em 1974 pelo psicólogo H.J. Freudenberger, para referir um sentimento de fracasso e exaustão causado por um excessivo desgaste de energia, força e recursos. O primeiro trabalho publicado sobre o tema foi em 1986, sendo Maslasch uma das pioneiras nos estudos empíricos sobre a estafa profissional (SOARES; CUNHA, 2007). A síndrome da estafa constitui um quadro bem definido, caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Esta síndrome normalmente acomete trabalhadores que atendem ou assistem pessoas em situação de risco ou de extrema responsabilidade. A exaustão emocional caracteriza-se pela sensação de esgotamento emocional e físico no trabalho. É considerado o traço inicial da síndrome. A despersonalização é caracterizada pela insensibilidade emocional do profissional, que passa a tratar clientes e colegas como objetos, traduzindo a desumanização, a hostilidade, a intolerância e o tratamento impessoal. Esta característica é um aspecto fundamental para caracterizar a síndrome de Burnout, já que suas outras características podem ser encontradas nos quadros depressivos em geral. Por fim, a sensação de baixa realização profissional ou ineficácia revela uma auto-avaliação negativa associada à insatisfação e infelicidade com o trabalho e evidencia que pessoas que sofrem de Burnout tendem a acreditar que seus objetivos profissionais não foram Acadêmica da graduação de Enfermagem da UFPI do 7º período ([email protected]) Acadêmica da graduação de Enfermagem da NOVAFAPI do 5º período 4 Enfermeira Assistencial do Hospital São Marcos (PI) 5 Acadêmica da graduação de Enfermagem da UFPI do 7º período 6 Enfermeira. Mestre em educação. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí. 1 2 6082 Trabalho 587 - 2/4 atingidos e vivenciam uma sensação de insuficiência e baixa auto-estima profissional (BARROS et al, 2007). OBJETIVOS: A revisão de literatura foi realizada a fim de caracterizar a síndrome de Burnout e as questões envolvidas na discussão acerca da mesma frente ao estresse gerado pelo cotidiano do trabalho entre profissionais da saúde. METODOLOGIA: Realizou-se um levantamento bibliográfico por meio de revisão da literatura, com ênfase na revisão das publicações na área de saúde disponíveis Biblioteca Virtual Bireme, tendo sido consultadas as bases de dados Scielo. O período da pesquisa foi de 2000 a 2009. Utilizou-se como descritores: Burnout; estresse ocupacional; saúde do trabalhador e estafa profissional. RESULTADOS: Com a revisão da literatura a esse respeito, pôde-se caracterizar a síndrome de Burnout como uma síndrome de esgotamento profissional, proveniente da exposição prolongada a fatores interpessoais crônicos no trabalho e apresentando três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e ineficácia (BARROS et al, 2007; SOARES; CUNHA, 2007). O trabalho é uma atividade que pode ocupar grande parcela do tempo de cada indivíduo e do seu convívio em sociedade, e nem sempre possibilita realização profissional. Pode, ao contrário, causar problemas desde insatisfação até exaustão. Portanto, a Síndrome de Burnout foi reconhecida como um risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos e tem sido definido como um fenômeno psicossocial que emerge como uma resposta crônica dos estressores interpessoais ocorridos na situação de trabalho (MUROFUSE et al, 2005). A perda de energia e a fadiga dos profissionais podem se manifestar por alterações psíquicas e físicas ou a combinação delas com a apresentação de respostas negativas para a atividade laboral, como depressão, auto-estima baixa, retraimento pessoal, queda na produtividade e incapacidade de suportar pressões. Na literatura, os fatores associados ao esgotamento profissional incluem idade, estado civil, tempo de trabalho, sobrecarga de trabalho, conflitos interpessoais e entre os ocupantes do cargo e sua clientela, falta de suporte social, de autonomia e de participação nas decisões (SILVA; MENEZES, 2008). A primeira reação do estresse ligado ao trabalho é a sensação de exaustão, esgotamento, sobrecarga física e mental e dificuldades de relacionamento. Esses primeiros sentimentos negativos são direcionados aos desencadeantes do 6083 Trabalho 587 - 3/4 processo, ou seja, clientes e colegas de trabalho, posteriormente atingindo amigos e familiares e, por último, o próprio profissional. Sintomas físicos associados ao desgaste incluem cefaléia, alterações gastrointestinais e insônia, entre outros. As conseqüências da síndrome da estafa profissional podem ser graves, incluindo desmotivação, frustração, depressão e dependência de drogas (SOARES; CUNHA, 2007). Os profissionais dos serviços de saúde estão entre os mais afetados pela síndrome de Burnout por possuírem, em geral, uma filosofia humanística de trabalho e se defrontarem com um sistema de saúde desumanizado, além de apresentam envolvimento emocional e afetivo com seres humanos em sofrimento durante seu exercício profissional (SILVA; MENEZES, 2008). CONCLUSÃO: A síndrome de Burnout pode ser observada em todas as profissões, principalmente naquelas que envolvem altos níveis de estresse, particularmente, profissionais da área de saúde, já que estes durante seu exercício profissional apresentam envolvimento emocional e afetivo com seres humanos em sofrimento. É importante salientar que somente indivíduos que atribuem grande significado a seu trabalho são suscetíveis ao Burnout, pois estão envolvidos de forma intensa com o que realizam, podendo sofrer uma ruptura da adaptação no confronto com os estressores. Essa síndrome ainda é desconhecida para grande parte dos profissionais de saúde. A presente pesquisa desperta a necessidade de conhecer mais sobre os mecanismos de prevenção desse agravo em profissionais de saúde, sugerindo a importância de programas de humanização, melhoria nas condições de trabalho, criação de equipes multidisciplinares e a conscientização das vulnerabilidades e limitações dos profissionais. PALAVRAS-CHAVES: Burnout; estresse ocupacional; estafa profissional; saúde do trabalhador. REFERÊNCIA: BARROS, D. S. et al . Médicos plantonistas de unidade de terapia intensiva: perfil sócio-demográfico, condições de trabalho e fatores associados à síndrome de burnout. Rev. bras. ter. intensiva, São Paulo, v. 20, n. 3, set. 2008 .Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0103-507X2008000300005&lng=pt&nrm=iso>.acesso em18ago2009. 6084 Trabalho 587 - 4/4 MUROFUSE, N. T.; ABRANCHES, S. S.; NAPOLEAO, A. A. Reflexões sobre estresse e Burnout e a relação com a enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 2, abr. 2005 .Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692005000200019&lng=pt&nrm=iso>.acessos em18 ago2009. SILVA, A. T. C.; MENEZES, P. R. Esgotamento profissional e transtornos mentais comuns em agentes comunitários de saúde. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 5, out. 2008 .Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000500019&lng=pt&nrm=iso>.acessos em 18ago2009. SOARES, H.L.R.; CUNHA, C. E. C. A síndrome do "burn-out": sofrimento psiquico nos profissionais de saúde. Rev. Dep. Psicol.,UFF, Niterói, v. 19, n. 2, Dec. 2007 .Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0104-80232007000200021&lng=en&nrm=iso>.access on18Aug2009.