Gestão da Demanda de Água Ticiana Marinho de Carvalho Studart São Luis 2005 1 A água tem sido gradativamente reconhecida como um recurso escasso em escala mundial, seja devido às suas limitações relacionadas à quantidade e à qualidade. Equacionamento do desequilíbrio Oferta x Demanda Historicamente: Aumento do suprimento de água GESTÃO DA OFERTA 2 Cear á ?Conta com mais de 8.000 açudes (pequeno, médio e pequeno porte) ?Capacidade máxima de acumulação da ordem de 13 bilhões de m³ de água Açude Castanhão* Oró Or ós Municíípio Munic Capacidade (m ( m³) Alto Santo 6,0 bilhões Oró Or ós 2,0 bilhões Banabuiú Banabui ú Banabuiú Banabui ú Araras Varjota Pedra Branca Pentecoste Gal. Sampaio Banabuiú Banabui ú 1,7 bilhões 891 milhões 434 milhões Pentecoste 395 milhões Gal.Sampaio 322 milhões Fonte: COGERH 3 Consenso Atual ? Aumento da capacidade DEVE passar també també m: ? Conserva Conservaç ção da água GESTÃO DA DEMANDA ? Realoca Realocaç ção da á gua Conservaç ão - conceito Conservaç ? Antes – armazenar e guardá guardá-la para futuro uso produtivo ? Hoje – reduzir ao má máximo o uso da água para uma dada finalidade 4 Consumo de água – alguns nú números: Ser humano 50 – 200 litros/dia Produzir 1 Kg de arroz 1.910 litros Produzir 1 Kg de frango 3.500 litros Produzir 1 Kg de carne de gado 100.000 litros Uma dieta saudá saudável para uma única pessoa 1,2 milhões de litros/ano Cada centavo poupado é um centavo ganho” Benjamim Franklin Economia de água + Re Reú úso da água = reduç redução nos custos de tratamento e de infrainfra-estrutura 5 INSTRUMENTOS PARA A GESTÃO DA DEMANDA 1. MEDIDAS CONJUNTURAIS São as regras bá básicas: ? Direitos de uso, propriedade da terra, instituiç instituiç ões sociais e civis, legislaçç ões formais e informais. legisla 1.1. Arranjos Institucionais ? Legisla Legislaçç ão + instituiç instituiç ões ? produto da trajetó trajetória ? Fenômeno : Dependência da trajetó trajetória (“ (“path dependence dependence””) ? Explica Explicaçç ão para uma mesma aç aç ão ter resultados diferentes em cená cenários ? ? diferentes raíízes - CAPITAL SOCIAL de um povo ra Ex: QWERTY - 100 anos 1.2. Privatizaç Privatização ? Fran Françç a - 40% da populaç populaç ão – companhias privadas ? EUA - 56% 6 ? ? Inglaterra - antes das privatizaç privatizaç ões - 26% Argentina - 2 consó cons órcios - abastecimento bá básico e saneamento na Grande Buenos Aires e na proví província de Corrientes Opçç ões: Op ? bem pú público e o setor privado participar atravé através de contratos de gestão, leasing e concessões ? privatizar tudo 1.3. Polí Políticas Macroeconômicas ? ? Estabilidade econômica - redu reduçç ão dos riscos e possibilidade de planejamento Atenç Aten ção: Subs ídios, barreiras alfandegá alfandeg árias, fixaç fixaç ão de preç preç os m ínimos ? A polí política de recursos hí hídricos não pode ser dissociada das diretrizes macroeconômicas do paí país 7 ? incentivo a prá pr áticas de irrigaç irrigaç ão mais eficientes x preç preç os de mercado e subsíídios que favoreç subs favoreç am à cultura de maior demanda hí h ídrica Ex: Jordânia – incentivo à irriga irrigaçç ão desde os anos 50. Culturas de baixo valor e alto consumo hí h ídrico 2. INCENTIVOS 2.1. Incentivos Econômicos homo economicus "um ser racional que procura maximizar a utilidade ou satisfaç satisfação que pode obter do bem ou serviç serviço adquirido“ adquirido“ ? o homem reage a incentivos econômicos de forma previsí previsível 8 ? A realidade mostra, no entanto, que o homem age freqüentemente de modo diferente do ideal, ou seja, suas ações nem sempre parecem baseadas na razão. ? Segundo Simon (1982), que introduziu o conceito de racionalidade limitada, isto ocorre porque o homem realmente tenta ser racional e maximizar sua utilidade, mas é incapaz de fazê-lo porque (1) no mundo real ele nunca tem informações completas e (2) mesmo que as tivesse, não estaria capaz intelectualmente de processá-las, tornando assim sua racionalidade restrita Alguns tipos de Instrumentos Econômicos: 2.1.1. Tarifa de água ? Meio de recuperaç recuperaç ão de investimento x instrumento econômico ? Elasticidade da demanda ? Setor domé dom éstico ? Setor de irrigaç irrigaç ão ? Setor industrial 9 Tabela - Estimativas empí emp íricas da elasticidade da demanda de água por setor SETOR ELASTICIDADE DA DEMANDA Residencial - 0,20 a – 0,60 Industrial - 0,45 a – 1,37 Irrigaç Irriga ção - 0,37 a – 1,50 2.1.2. Cobranç Cobranç a pela poluiç poluiç ão ? Consumidor pagador - o poder público cobra uma taxa do usuário para que o mesmo possa usufruir de água de boa qualidade ? Poluidor pagador - o poder público cobra uma compensação financeira pela poluição causada pelo usuário. 10 É importante no contexto do consumo de água ? Reduzir seu consumo ? Reciclar seus efluentes (reuso) Atenção: ? a cobrança pela poluição não pode ser vista de maneira isolada! ? Associada à Tarifa de água ? Ex: Jamshedpur (Índia) - água barata e taxa de poluição alta 11 2.1.4.Realocaç 2.1.4.Realoca ç ão de água ? O objetivo principal da realocaç realocaç ão da á gua é promover o seu uso mais eficiente ? Entre usos ou entre usu usuá ários ? Modalidades: ? Mercado ? Leilões ? Bancos de água ? Transferência de outorgas 12 a ) Mercado de água – oeste dos EUA e Chile ? numero grande de atores, homogeneidade, informaç informaç ões completas, etc. ? Condiç Condições bá bá sicas sicas:: ? Direitos de propriedade de á gua bem definidos no que diz respeito à quantidade de á gua ? Demandas competindo por um bem escasso ? Um ní n ível razoá razoável de confiabilidade do recurso hí h ídrico ? Aceitabilidade por parte da sociedade do conceito de transferência transferênc ia de direitos de água ? ? ? ? Uma boa estrutura administrativa e reguladora Uma adequada infrainfra-estrutura para assegurar a mobilidade da á gua Uma alocaç alocaç ão inicial dos direitos de água adequada e justa Um sistema justo para realocaç realocaç ão dos direitos de água a medida que a mesma se torne necessá necessária 13 b ) Leilões de água - Austrália (Victoria e Espanha) ?A condição básica para a existência do leilão é que o governo seja livre para vender a água pelo maior lance, o que significa que os usuários não possuem quaisquer direitos sobre a água, sejam eles de caráter legal ou pelo uso histórico de uma certa quantidade de água 14 c ) Bancos de Água – California California,, Idaho (EUA) ? Os bancos de á gua são instituiç instituiç ões que têm como finalidade permitir e facilitar as transferências de água nos estados do oeste americano. ? Os bancos de água estabelecem uma conta única para o total de á gua vendida e comprada, intermediando as transaç transaç ões entre potenciais vendedores e compradores de água. Funcionamento: ? Perí Períodos crí cr íticos – Calif Califó órnia ? 1976/77 ? 1987/91 1987/91-- a água de culturas como arroz, milho e tomate foram alocadas para o setor urbano (80%) e para viní vin ícolas - alto capital investido (20%) ? Permanentes - Idaho Water Bank Supply 15 d ) Transferência de outorgas ? Austr Austrá á lia (rio Murray Murray)) ? sujeitas a veto pelo governo estadual, caso a transferência não seja interessante sob o ponto de vista da sociedade. 2.2. Incentivos Não econômicos ? Basicamente, os incentivos nãonão-econômicos podem ser agrupados em 2 classes: os volunt voluntá ários e os compuls compulsó órios rios.. 2.2.1. Restri Restriç ções e sanç sanções ? Restri Restriç ções são usualmente aplicadas a atividades não essenciais, em tempos de escassez temporá temporária, como por exemplo, a proibiç proibiç ão de lavar calçç adas e carros e regar gramados, entre outras. cal ? San Sanç ções legais podem ser aplicadas a usuá usuários que não obedecem as regras estabelecidas por lei. 16 2.2.2. Quotas e Normas ? Quotas de água e normas podem ser impostas aos usuá usuários no intuito de alocar um suprimento escasso da maneira mais eqü eqü itativa possí poss ível. ? O racionamento pode ser efetuado atravé atrav és do estabelecimento de quotas de consumo por usuá usuário ou de tarifas punitivas para aqueles que consumirem mais que a quantidade pré pré- estabelecida. ? Esta última modalidade pode ser considerada de cará caráter hí híbrido, uma vez que envolve també também um instrumento econômico, tendo um efeito semelhante ao de uma multa, sendo, no entanto, mais eficiente, por cobrar em funç funç ão do volume que excedente àquele estipulado previamente. ? 2.2.3. Campanhas Educativas 17