PLANO DE AÇÃO PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NO PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA PROPOSTA DE AÇÃO Criar condições para que crianças e adolescentes participem da construção do Projeto Político-Pedagógico da escola. CONTEXTUALIZAÇÃO A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) orienta todas as escolas a terem um Projeto PolíticoPedagógico (PPP), um documento construído coletivamente que organiza o trabalho pedagógico e administrativo da escola, definindo, entre outros itens, qual o foco da instituição, sua estrutura organizacional, que tipo de formação ela pretender promover, que valores devem ser trabalhados etc. Este documento deve orientar as ações de todos os envolvidos no processo educativo: gestores, professores, funcionários, pais e alunos. A elaboração do PPP é, em si, um momento rico de aprendizagem. Envolver os estudantes nesse processo é uma possibilidade concreta de reconhecê-los como sujeitos com voz e participação ativa, incentivá-los a conhecer melhor o lugar onde estudam e de fazê-los sentirem-se corresponsáveis por ele. Essa é uma das formas mais eficientes de despertar a consciência para o papel da escola na suas vidas e na vida social. COMO EXECUTAR Ler os PPPs de algumas escolas do município para familiarizar-se com o documento. Pesquisar artigos e legislação que falem a respeito dos direitos das crianças e de sua participação na escola. O Portal dos Direitos da Criança e do Adolescente - www.direitosdacrianca.org.br - reúne boas informações, incluindo uma biblioteca virtual sobre o tema. Reunir-se com a direção da escola escolhida para desenvolver o trabalho e apresentar a proposta. É importante ter acesso ao PPP da escola antes de iniciar as ações. Marcar uma reunião com os professores para orientá-los sobre o processo e, conjuntamente, elaborar um Plano de Trabalho com as datas e demais detalhes de cada encontro. Todas as atividades devem ser feitas dentro da programação da escola. Com exceção da assembléia para a discussão final das propostas, todas as ações acontecem na sala de aula, conduzidas pelos professores. Por isso é fundamental que acreditem na ideia e comprometam-se com o processo. Pelo menos um representante da rede de agentes-chave deve estar presente em cada ação na escola, para garantir um acompanhamento do processo. É importante que essa pessoa faça um relatório para compartilhar com os demais agentes. QUEM PODE EXECUTAR Diretores e professores da Unidade Escolar, apoiados pela rede de agentes-chave. DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE Obs: a atividade pode ser adaptada conforme a realidade local e os conhecimentos prévios do mobilizador sobre o assunto. Material necessário Papel pardo, flipchart, canetões, papel e caneta, revistas, filipetas coloridas de cartolina, sucata para fazer fantoches e pedaços de tecido para vendar os olhos. Encontro 1 - “Quem Somos Nós?” Objetivo: Conscientizar os estudantes de que a escola é, na realidade, formada pelas pessoas que ali convivem, e que eles fazem parte desse todo. 1) Na sala de aula, o professor convida as crianças a representar em papel pardo o contorno do corpo de cada uma. Podem usar revistas para descrever suas características físicas e filipetas de cartolina para escreverem seus sentimentos e traços de personalidade. 2) Compartilhar as representações em grupo e conversar sobre “quem somos nós” e “como é nosso grupo”. Problematizar que o grupo é composto por pessoas diferentes, com características diferentes. Elaborar um registro coletivo no flipchart. 3) Contextualizar a discussão, mostrando que somos todos parte de um todo que é a escola. Algumas perguntas orientadoras: - Quais são as partes (pessoas e grupos) que compõem a comunidade escolar? - Qual o papel de cada um? - Qual a sua atitude diante da escola? - Como se organizam? Refletir também sobre como cada um pode contribuir para mudar a escola: - Como podemos contribuir para a construção da escola que queremos? - Será que podemos fazer tudo sozinhos? - Com que podemos contar? Encontro 2 - A convivência na escola Objetivo: Refletir sobre as relações interpessoais na escola, os problemas encontrados entre estas relações e formas de melhorá-las. 1) Propor que entrevistem representantes dos vários segmentos da escola (direção, funcionários de apoio, alunos, professores e pais) sobre o tema, perguntando: - Como é a nossa convivência na escola? - Como é a relação das pessoas em sala de aula, no intervalo e durante as atividades? - O que e como poderia melhorar? Trazer os depoimentos registrados. 2) A partir dos depoimentos, convidar as crianças a organizarem as respostas em cartazes. Expor os trabalhos em sala de aula ou num outro espaço da escola. 3) Refletir sobre os cartazes e, a partir dessa discussão, propor que produzam fantoches (com sucata) representando os diferentes sujeitos da comunidade escolar (aluno-aluno, aluno-professor, direçãoprofessor, professor-família, aluno-funcionário etc). Em duplas, elaborar diálogos entre os fantoches, revelando como é a convivência na escola e o que poderia melhorar. 4) Cada dupla apresenta seu diálogo para a turma, que deverá apontar quais os problemas de convivência apresentados e como podemos melhorar. 5) Sistematizar as produções dos alunos, anotando quais os problemas e as possíveis soluções que encontraram para eles. Encontro 3 - Conhecendo nossa escola Objetivo: Aprofundar a discussão anterior e socializar as sensações sentidas para o grupo. 1) Começar a atividade com uma dinâmica de sensibilização. As crianças deverão formar duplas. Uma delas deverá fechar os olhos e, a outra a conduzirá para dar um passeio, fazendo-a tomar contato com a realidade e objetos que a cercam, com os olhos vendados. Se possível, devem passar por situações diversas, como escada, gramado, no meio de cadeiras, tocando objetos, flores com cheiro, etc. Depois de 5 a 7 minutos, invertem-se os papéis. No final avalia-se a experiência, descobertas e sentimentos. Questões orientadoras: - Como se sentiu? Por quê? - Como foi conduzido pelo seu colega? - Foi capaz de identificar algo? - Que importância deu aos diversos sentidos? - Quando caminhamos no dia-a-dia, nos deixamos tocar pela realidade que nos cerca? 2) Elaborar junto com as crianças um roteiro de perguntas que as ajudem a observar a escola com um olhar crítico, tendo em vista sua melhoria. Com esse questionário em mãos e divididas em grupos, elas deverão percorrer os diferentes espaços da escola (sempre identificando como ele é e como poderia ser). 3) Em seguida, todos retornam à roda de conversa para socializar as observações. Algumas perguntas para provocar a discussão: - Como é o espaço escolar? - Por que ele é assim? - O que poderia mudar? 4) Após essa discussão, as crianças podem colar num papel pardo os questionários preenchidos no trabalho de campo, decorando-o para expor na escola, como forma de socializar com os demais alunos. Podem dar um título para o painel (Ex: “A escola que temos e a escola que queremos”). Encontro 4 - Construindo as propostas Objetivo: Elaborar propostas para o PPP da escola a partir dos principais pontos levantados pelos estudantes no trabalho em campo. 1) Os alunos deverão observar o painel elaborado no encontro anterior, levantar os aspectos que aparecem com mais frequência e que lhes parecem mais fundamentais para a construção da “escola que queremos”. Discutir propostas de melhoria para cada um deles, refletindo sobre como os diferentes sujeitos da comunidade escolar podem contribuir para que elas se realizem. 2) Listar as propostas em cartazes, ilustrando-as com desenhos ou colagem. 3) Organizar uma assembléia para que os alunos apresentem as ideias à comunidade escolar, para que todos possam dar suas contribuições. A partir desse encontro, os alunos, com a ajuda de um grupo de professores, podem elaborar uma “carta de propostas” com os pontos consensuados pelo grupo. 4) Essa carta deve ser levada à direção e ao Conselho de Escola, para que seja incorporada, na medida do possível, ao Projeto Político-Pedagógico. RECOMENDAÇÕES A elaboração do PPP é sem dúvida um assunto sério. Porém, todas as atividades que busquem envolver as crianças na sua elaboração devem ser pensadas de forma lúdica, que despertem seu interesse. É preciso também manter um cuidado constante com a linguagem, procurando sempre uma forma clara e próxima do universo das crianças. É muito importante respeitar os tempos das crianças. Se não for possível realizar todas as atividades previstas para um determinado encontro, é preferível marcar outro momento para terminá-las, ao invés de acelerar as etapas. O PPP deve ser revisto anualmente ou sempre que a comunidade escolar sentir tal necessidade. A partir dessa avaliação periódica, é mais fácil que o documento esteja em sintonia com as reais demandas da comunidade escolar, em constante transformação. Apesar de dizer respeito ao universo da escola, é importante que o PPP traga também alguns posicionamentos da escola em relação a temas relevantes também do lado de fora de seus muros (violência, consumismo, pluralidade cultural, meio ambiente, drogas etc), já que todos eles se reproduzem, em maior ou menor escala, em seu interior. OBSERVAÇÃO A atividade aqui apresentada foi elaborada pelo Instituto Paulo Freire.