Economia da Segurança Social Unidades teóricas Unidade 1: Introdução; Objecto de estudo da economia da segurança social; Economia e segurança social Unidade 2: Tipologia da segurança social Unidade 3: Economia Pública e a segurança social- Utilidades individuais e colectivas; Consumo entre períodos; taxa social de actualização Unidade 4: Escolhas intertemporais; gerações imbricadas. Unidade 5: Evolução da segurança social nos países desenvolvidos Unidade 6: Redistribuição e regularização da segurança social Unidade 7: Demografia e economia da segurança social: importância das projecções demográficas nos processos de redistribuição Unidade 8: Procura e oferta de segurança social. Modelos de segurança social. Unidade 9: Sustentabilidade do modelo de segurança social, que variáveis? Que hipóteses? Unidade 10: Gestão da segurança social- previsões de longo e curto prazo; teoria de agencia e a ineficiência X Unidade 11: Segurança Social e o mercado de trabalho- efeitos da segurança social na oferta e procura de emprego Unidade 12: Segurança social em Portugal: reflexão final da problemática da segurança social em Portugal Carlos Arriaga Costa 1 Economia da Segurança Social Unidade 01 Segurança Social e Economia Pública que relações? -A segurança social e os objectivos da economia pública -Um modelo de segurança social Carlos Arriaga Costa 2 Resultados de aprendizagem desta unidade . Identificar as razões de segurança social . Estabelecer as relações entre a economia e a segurança social . Carlos Arriaga Costa 3 Franquelim Alves Modelo Social Europeu: uma via para o empobrecimento geral Os anos oitenta iniciaram um processo de desenvolvimento económico sem precedentes na Europa e no Mundo. Para tal contribuiu, de forma determinante, o processo de abertura das economias, ... Para tal contribuiu, de forma determinante, o processo de abertura das economias, a redução do peso do Estado com o lançamento de processos de privatização de empresas em todos os sectores de actividade. No espaço da União Europeia (UE) o objectivo da criação do mercado interno de bens e serviços mobilizou as forças sociais e económicas para o aproveitamento de uma nova realidade baseada num mercado aberto à escala europeia que nunca antes existira. Na altura, o famoso relatório Checcini elaborado a mando da Comissão Europeia, quantificou os enormes ganhos de crescimento e geração de riqueza associadas à criação desse novo mercado único. Depois desse período de euforia e de optimismo, a Europa mergulhou num bloqueio político sucessivo em que as posições dos líderes políticos evoluíram para políticas proteccionistas e defensivas, sem o menor rasgo de ousadia ou de vontade de romper com o marasmo e o status quo dos grupos de interesses, que se opõem sempre às mudanças que belisquem os seus interesses. Assim, a Europa deixou de ter ideias mobilizadoras da sociedade e dos seus agentes e os seus políticos passaram a entreter-se com jogos florentinos. na sua essência vazios de conteúdo prático e eficaz. Os planos, as estratégias, etc., sucedem-se sem resultados práticos. Ou pior, com um crescente gap de dinamismo económico em relação aos demais blocos económicos. A causa desta anemia europeia está na falta de coragem dos políticas e das elites dominantes em identificarem as verdadeiras causas da paralisia e, em consequência, adoptarem políticas de ruptura que mobilizem, de novo, as energias da sociedade europeia. Carlos Arriaga Costa 4 E a verdadeira causa dos problemas na Europa é o chamado modelo social europeu. Sendo um conceito difuso e difícil de caracterizar como modelo, ele constitui o pretexto para justificar o intervencionismo estatal, a não flexibilização das leis laborais e do aumento da concorrência e a manutenção de níveis de impostos que desincentivam o investimento e a poupança. O modelo social europeu é uma barreira ao crescimento económico e, contrariamente ao que afirmam os seus promotores, tem contribuído para o agravamento das desigualdades sociais e impedido que o Estado cumpra as suas verdadeira funções de promoção da justiça social e combate á pobreza. Num estudo publicado pela Open Europe a que já anteriormente fiz referência - mas que no nosso pais nunca teve eco - Lorraine Mullay colige uma assinalável quantidade de dados desmontando os dogmas associados nomeadamente à superioridade do modelo escandinavo de desenvolvimento económico que é para muitos, o paradigma do modelo social europeu. Analiso alguns dados desse estudo que julgo da maior acuidade no debate em curso sobre o modelo social europeu. O modelo social europeu impediu o maior crescimento dos rendimentos das classes desfavorecidas. O modelo social provocou crescimentos particularmente mais baixo para as classes de menores rendimentos: na década de 1995 a 2004 os rendimentos dos 10% mais pobres da população cresceram oito vezes mais rapidamente na Irlanda que na Suécia. Daí resultou que a percentagem da população com rendimento mais baixo na Suécia é, presentemente, superior à da Irlanda e do Reino Unido, países que adoptaram modelos muito mais orientados para o mercado e o liberalismo económico e seguiram políticas fiscais favoráveis ao rendimento. O crescimento do rendimento dos segmentos mais pobres da população foi, na década de 1995 – 2004 muito mais elevado, nos países europeus com economia de mercado mais desenvolvida que no conjunto da Europa dos quinze e muito superior ao verificado na Suécia. Contrariamente ao muito utilizado coeficiente de Gini – que mede o grau de dispersão dos rendimentos – esta análise permite avaliar como o rendimento das camadas baixas da população cresceu de forma significativa. Ainda que, em termos populistas, saia sempre bem a invocação da crescente disparidade entre ricos e pobres é, sem dúvida, muito mais relevante avaliar se a posição absoluta do mais pobres sofreu ou não alteração substancial ao longo do tempo. Carlos Arriaga Costa 5 O modelo social europeu impõe uma presença do Estado na economia destruidora de riqueza. O modelo social europeu gera uma voracidade crescente do Estado perante a riqueza. Para alimentar as pretensas políticas sociais e o aparelho de Estado que as gere, há que recorrer a mais e mais impostos que acabam por constituir um desincentivo ao investimento e à poupança, originando crescentes desequilíbrios orçamentais que constituem um ónus crescente para as gerações actuais e futuras. O colapso do sistema de segurança social na Europa e a necessidade de aumentar cada vez mais a despesa pública e os impostos para tentar evitar a sua ruptura são um elemento de crescente ineficiência da economia europeia e conduzirão, mais cedo ou mais tarde, a rupturas sociais de consequências incalculáveis. Aqui temos mais uma vez um exemplo de sucesso que, estranhamente, os políticos europeus se recusam a seguir. A Irlanda reduziu de forma significativa os seus níveis de impostos nas últimas duas décadas. O resultado foi a obtenção de taxas de crescimento da economia mesmo acima dos 10% na década de 90 que continuam a ser actualmente das mais altas da Europa dos quinze. E o argumento da língua ou da dependência dos EUA não tolhe uma vez que essa realidade sempre existiu e, há apenas três décadas, a Irlanda era um dos países mais pobres da Europa. Na Irlanda, o peso da despesa pública no total do PIB passou de 55% para 35% entre 1982 e o presente. O que é interessante é que, apesar disso, a despesa pública aumentou 450% na Irlanda nesse período contra 200% na zona Euro. Ou seja o problema não está tanto no crescimento absoluto da despesa pública mas na sua quota parte no bolo total da riqueza produzida. Quando se dá prioridade à distribuição da riqueza – ainda por cima de forma ineficiente – em vez da criação de riqueza o que acontece é que não teremos nem mais riqueza nem melhor distribuição. Carlos Arriaga Costa 6 E porque não em Portugal? Não existe nenhuma razão de fundo para que o modelo Irlandês não possa ser adoptado em Portugal. O problema é que continuamos a viver numa sociedade fortemente dependente do Estado em todas as dimensões com uma sociedade civil fraca e fragilizada e sem políticos que assumam verdadeiras políticas de ruptura com o status quo. Aqui o bloco central e as suas políticas têm sido o factor mais pernicioso ao desenvolvimento económico do pais e às reformas estruturais de que tanto carecemos. Mas sem essa política nova, sem essas reformas estruturais, os sinais animadores de alguma recuperação económica e de alguma redução do défice público soçobrarão à primeira esquina vítimas do apetite voraz, sempre crescente, da máquina do Estado e de quem se alimenta à sua custa. Temos que dizer, mais e mais, que a verdadeira justiça social e o maior desenvolvimento económico passam por quebrar a actual estrutura do Estado, dando mais espaço à iniciativa privada e aos cidadãos, reduzindo drasticamente as benesses e os benefícios dos que, instalados no sistema, não se esforçam por contribuir para a geração de riqueza indispensável à criação de um Portugal competitivo. Carlos Arriaga Costa 7 CGA só prevê 18 mil reformados em 2007 Carla Aguiar (in DN) . O número de novas aposentações previstas para o próximo ano na administração pública ascende, no mínimo, a 18 mil. Essa é a estimativa da Caixa Geral de Aposentações (CGA), inscrita no seu plano de actividades para 2007, aprovado esta semana em reunião de conselho consultivo. Uma perspectiva que, a verificar-se, ficará muito abaixo do ritmo de aposentações e pedidos que estão a entrar este ano. A CGA estimava para este ano um total de 24 mil aposentações. Mas esse limite deverá ser ultrapassado. Fonte próxima do processo disse ao DN que há uma elevada probabilidade de o universo total de novas aposentações atingir as 28 mil até Dezembro, atendendo aos processos que se encontram por despachar A relação entre o volume de aposentações e admissões é fundamental para atingir a meta traçada pelo Governo de reduzir em cerca de 70 mil o contingente de funcionários públicos até final da legislatura. Esse objectivo seria atingido através da observância da regra de, em média, só existir uma admissão por cada duas saídas. Um objectivo cujo cumprimento ainda não é líquido. Com um orçamento de 7275,6 milhões de euros para gerir em 2007, - dos quais 99,4% se destinam ao pagamento de pensões e outras prestações -, a CGA conta com uma parcela do IVA, que financiará 6,2% das despesas. De acordo com o relatório, a que o DN teve acesso, a prioridade da CGA será o investimento numa nova aplicação informática que visa a digitalização de 700 mil processos de funcionários e num novo sistema de informação e gestão. Carlos Arriaga Costa 8 Défice da CGA atingirá 2,2 mil milhões em 2007 Carla Aguiar e Manuel Esteves (in DN) A decisão do Governo em encerrar a Caixa Geral de Aposentações (CGA) a novas inscrições vai ter um impacto financeiro negativo já no próximo ano, assumido no plano de actividade do organismo: o défice deverá agravar-se em 29%. Embora o objectivo a longo prazo seja reduzir o encargo público, isso só acontecerá daqui a mais de 70 anos, quando os funcionários que vão reformar-se daqui a 40 anos falecerem. Até lá, o sistema fechado, sem injecção de novos contribuintes, será mais caro ao Estado. O agravamento do desequilíbrio financeiro do sistema de pensões dos trabalhadores do sector público, motivado pelo encerramento do sistema a novas inscrições, está patente na evolução das quotas pagas pelos funcionários públicos, que, pela primeira vez em muitos anos, registará uma quebra (de 6,4%). Carlos Arriaga Costa 9 Reformas antecipadas dividem parceiros Carla Aguiar Gonçalo Santos (in DN) forma de penalizar as reformas antecipadas, bonificar o trabalho suplementar e actualizar as pensões em função do rendimento são os pontos de maior divergência entre os parceiros sociais na discussão da reforma da Segurança Social, que ontem entrou na recta final. Até lá, Governo e sindicatos terão ainda um braço-de-ferro pela frente no que diz respeito às taxas previstas de penalização para as reformas antecipadas, que o Governo quer aumentar para 6%, quando ocorram depois dos 60 anos, ou para 6,5% se a idade de aposentação for inferior aos 60 anos. O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou "excessiva" aquela penalização, adiantando mesmo que "os cálculos estão a ser refeitos, porque estão mal feitos". Mas o ministro Vieira da Silva continua a defender aqueles valores como os únicos que garantem um custo actuarialmente neutro, de modo a que a antecipação da reforma não agrave o equilíbrio financeiro da Segurança Social, não mostrando, por isso, sinais de poder fazer grandes cedências neste capítulo. Carlos Arriaga Costa 10 Salário médio bruto declarado à Segurança Social é de 620 euros(DN) Os trabalhadores assalariados declararam, em média, à Segurança Social um vencimento mensal bruto de 620 euros em 2005. Em termos anuais, é um rendimento salarial de 8680 euros. Os números são do Instituto de Informática e Estatística da Segurança Social (IIESS) e dão uma outra perspectiva dos salários praticados em Portugal. Estes números correspondem aos salários declarados efectivamente, que podem estar subavaliados. Já os números do Instituto Nacional de Estatística são estimativas, que resultam das res- postas anónimas dadas pelos inquiridos do INE. Estas estimativas permitem filtrar, em parte, o fenómeno da subdeclaração de rendimentos. Nesse documento, o Governo já defendia aquelas taxas de penalização, como sendo as únicas a garantir um custo actuarialmente neutro das aposentações para o sistema, de modo a que a despesa a suportar com o pagamento de pensões não seja superior aos descontos feitos. Não é, por isso, de estranhar que em declarações ao DN, Maria do Carmo Tavares, da CGTP, considere que "o Governo empolou propositadamente as taxas de penalização para sugerir depois um esforço de negociação". Carlos Arriaga Costa 11 Segurança Social e Economia Pública que relações? Numa economia de mercado, o rendimento depende em primeiro lugar dos ganhos, que por sua vez dependem da produtividade dos recursos. O problema de alocação do rendimento com a produtividade reside no facto de uma parte da população ter dificuldade em obter rendimentos. – Diminuições físicas e mentais. – Oportunidades de emprego – Salários reduzidos devido á idade, educação, discriminação, sorte na visa, ou obrigações familiares. Carlos Arriaga Costa 12 Share by percent Exemplo: Repartição dos rendimentos dos agregados familiares nos EUA 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 increase The share of income going to the top 5% of households has grown since 1980, accounting for all the growth in the top 20% of households 49.9 43.3 24.5 24.9 24.0 46.6 43.7 23.2 21.5 decrease 17.4 16.7 10.8 10.3 18.6 15.9 16.6 15.8 14.9 9.6 8.9 Top 5 % 4.1 4.3 3.9 3.6 1 97 0 1 98 0 1 99 0 2 00 Lowest quintile 0 1 97 0 1 98 0 1 99 0 2 00 Second quintile 0 1 97 0 1 98 0 •Households in the lowest, or poorest, fifth of the population received only 4.1% of the income in 1970 •Households in the highest, or richest, fifth received 43.3% of the income • U.S. Census Bureau measures income after cash transfer payments are received but before taxes are paid. 1 99 0 2 00 Third quintile 0 1 97 0 1 98 0 1 99 0 2 00 0 Fourth quintile 1 97 0 1 98 0 1 99 0 2 00 0 Highest quintile Middle 60 percent Carlos Arriaga Costa •Share of income going to the top fifth has increased •Share going to the bottom fifth has decreased slightly Primary contributor to the larger share going to the highest group has been the growth of two-earner households in the top growth and the growth in single-parent households in the bottom group. 13 Ciclo económico e pobreza Carlos Arriaga Costa 14 Segurança Social e Economia Pública que relações? Programas de ajuda à pobreza Que respostas da sociedade à pobreza? Famílias com trabalhadores a tempo inteiro têm nove vezes maior probabilidade de escapar à pobreza que em famílias sem trabalhadores Uma economia da riqueza parece ser a melhor forma de combater a pobreza. No entanto, mesmo quando a taxa de desemprego é baixa a pobreza ainda persiste. Carlos Arriaga Costa 15 Que protecção social ? Programas de segurança social : que permitem responder aos que perderam rendimento por se terem reformado, desempregados temporários, diminuídos ou incapacitados para o trabalho. Segurança Social é destinada a fornecer rendimento aos que se refromaram e que contribuíram para o programa. – Cuidados de saúde: protecção na saúde de curto ou médio prazo. Carlos Arriaga Costa 16 Que protecção social ? Outros programas incluem protecção no desemprego ou protecção por incapacidade proveniente da actividade profissional. Ambos os programas implicam que os beneficiários tenham tido um registo prévio de emprego. O sistema de segurança social pressupõe a existência de prémios de protecção a pagar pelos trabalhadores e/ou empregadores. Alguns destinam-se a apoiar outra parte da população (os prémios destinam-se a pagar pensões de reforma dos actuais reformados por exemplo). Carlos Arriaga Costa 17 Rendimentos mínimos Programas de assistência no rendimento- providenciar rendimentos mínimos aos pobres. Não requerem um historial prévio de emprego. São considerados meios de subsistência. Suplementos de rendimento: normalmente destinados a pessoas mais velhas e diminuidos fisicos e mentais. Carlos Arriaga Costa 18 Protecção na saúde Cuidados de saúde pagos a quem tem um rendimento abaixo de um determinado valor; Pode haver programas de cuidado combinados. Tem crescido mais do que outros programas de assistência na pobreza. Carlos Arriaga Costa 19 Outras formas de assistência Alimentos Programas de apoio ao pagamento de rendas de casa; alojamentos sociais etc. Carlos Arriaga Costa 20 Pobreza por estratos etários: 1959– 2000 Carlos Arriaga Costa 21 Objecto de estudo da economia da segurança social Consiste na análise da produção e consumo dos serviços de segurança social. Como é que a teoria económica se aplica á segurança social. Que métodos de análise? Carlos Arriaga Costa 22 Porquê segurança social? incerteza do amanhã A segurança social faz parte do comportamento da espécie humana Aumenta com o nível de desenvolvimento (riqueza?) de um país. Criação do Estado Social Grau de aversão ao risco d euma população Carlos Arriaga Costa 23 Delimitação da investigação Segurança social cobertura social obrigatória por parte do Estado em sociedades mais desenvolvidas Tipo de protecção: Assistência na doença Acidentes de trabalho Doenças profissionais Invalidez Desemprego Maternidade Família Reforma Rendimentos mínimos Ajuda social Carlos Arriaga Costa 24 Delimitação da investigação Duas possibilidades: Protecção nos cuidados de saúde Na segurança social: trocas intergeracionais Carlos Arriaga Costa 25 Modelo segurança social A segurança social é uma variável endógena que pode ser explicada pelo comportamento de diversas variáveis. A escolha de segurança social é uma escolha racional dependente da remuneração que se procura em comparação com outras remunerações Intervém o estado que assegura a colaboração intergeracional, o privado com seguros para a segurança social ou misto Carlos Arriaga Costa 26 Que justificações? 1-20 anos População empregada Carlos Arriaga Costa reformados 27