Economia da Segurança Social
Unidade 04
Tópicos de economia do bem
estar social-2:
-Escolhas intertemporais;
gerações imbricadas
Carlos Arriaga Costa
1
Resultados de aprendizagem desta
unidade
. Compreender a importância da varíável
tempo na decisão económica.
. Reflectir sobre o relacionamento intergeracional e o bem estar social.
. Reflectir sobre os equilíbrios numa
economia com gerações imbricadas
Carlos Arriaga Costa
2
Aspectos a considerar

Nas próximas décadas, a população do
mundo industrializado deverá registar
um profundo envelhecimento.

O indicador de dependência de velhice é
definido pelo racio da população com
idade igual ou superior a 60 em relação
à população de idades compreendidas
entre os 15 e os 59 anos.
Carlos Arriaga Costa
3
Old-Age Dependency
2000
2050
Germany
71
Italy
76
Spain
81
EU
35
66
Japan
36
70
USA
27
47
Carlos Arriaga Costa
4
O envelhecimento da população terá
implicações no sistema nacional de
pensões.
 A maior parte dos sistemas de pensões
públicos funcionam sem uma base
consistente de sustentação. (pay-asyou-go systems)
 Necessitam de um agrande aumento de
impostos se os benefícios não se
encontrarem sustentadospelo sistema .

Carlos Arriaga Costa
5
Segundo o The Economist (24 Agosto
2002) :
 “Algumas estimativas apontam que em
2050 o déficit público seja equivalente
a 100% do rendimento nacional na
America, 150% na União Europeia e
mesmo de 250% na Alemanha e
França.“
 (Faz-se notar que o pacto de
estabilidade e crescimento da UE aponta
para um tecto de 60% do déficit público
em relação ao rendimento nacional)

Carlos Arriaga Costa
6

Por outro lado, uma imigração baseada
em trabalhadores não qualificados
coloca outro tipo de dificuldades nas
finanças públicas e sobre o bem estar
social.

Sendo os imigrantes trabalhadores de
baixos salários, estes são tipicamente
beneficiários líquidos do sistema de
bem estar social , ou seja, os benefícios
recebidos são superiores às
contribuições efectuadas.
Carlos Arriaga Costa
7

Há medida que a população envelhece,
esta ganha maior peso em termos
eleitorais, o que poderá influenciar o
fortalecimento de medidas pro-bem
estar social…

Deste modo, maiores pressões existem
sobre o processo de sustentabilidade do
sistema e com consequências negativas
para as gerações seguintes…
Carlos Arriaga Costa
8

Todavia podemos encontrar argumentos
opostos:

Pessoas idosas e imigrantes podem
gerar processos políticos indirectos,
contribuindo para o financiamento do
bem estar social através de impostos.
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9

Se o bem estar for mais financiado por impostos
sobre o capital, os velhos contribuirão mais
para o sistema pois parte do seu rendimento
advém de rendimentos de capital.

Deste modo, há medida que a população
envelhece haverá maior propensão de aumento
de impostos sobre o capital.

Logo o bem estar social tenderá a ser mais
financiado através do capital que do trabalho…
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10

Todavia levanta-se um problema:

Com a globalização e um maior movimento
de capitais, esta veio trazer uma maior
competitividade entre as empresas. Será
que uma maior carga fiscal sobre os capitais
não porá em causa a sobrevivência das
economias via menor competição?
Carlos Arriaga Costa
11

Segundo The Economist (31 Maio 1997):

"Globalization is a tax problem for three reasons.
First, firms have more freedom over where to
locate... . This will make it harder for a country to
tax [a business] much more heavily than its
competitors... . Second, globalization makes it
hard to decide where a company should pay tax,
regardless of where it is based... . This gives them
[the companies] plenty of scope to reduce tax bills
by shifting operations around or by crafting
transfer-pricing... . [Third], globalization... nibbles
away at the edges of taxes on individuals. It is
harder to tax personal income because skilled
professional workers are more mobile than they
were two decades ago."
Carlos Arriaga Costa
12

Então, o envelhecimento da população,
migração baseada em salário baixos e
globalização têm uma influência no modleo de
bem estar social.

Deste modo, a maior parte das economias
insustrializadas começaram a registar um
travão aos benefícios registados há quatro
décadas.
Entre essas medidas encontramos o aumento
da idade de reformae cortes nos benefícios.


Seguindo o relatório da Comissão Greenspan
(January 1983), os EUA aumentaram a idade
de reforma a atingir os 67 anos em 2027.
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13

Do mesmo modo, a França decidiu, em Julho de
2003, aumentar de 37,5 anos para 40 anos o
periodo de contribuição para o sistema de
pensões dos trabalhadores do sector público ( um
quarto da força de trabalho em França).
Também na Alemanha, que já tinha aumentado a
idade de reforma dos 63 para os 65 anos,
aumentou agora para os 67anos para o período
de 2011 a 2035.
 No que respeita ao corte de benefícios, o principal
é o abandono da indexação dos benefícios aos
salários em favor da sua indexação aos preços.


Naturalmente, com a subida dos salários reais
devido a acrescimos de produtividade, a
indexação aos preços será menos generosa que a
indexação aos salários.
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14

Processos de transferência

O Estado de bem estar social tipicamente
redistribui o rendimento das gerações mais
novas para as mais velhas, seja em dinheiro
seja em espécie.

Também existem processos de redistribuição
para pessoas mais necessitadas, cujo
rendimentos sejam abaixo de limiares de
subsistencia.

Ha redistribuições das pessoas mais ricas para
as mais pobres
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Aspectos intertemporais a
considerar na decisão económica
Modelos de micro-economia financeira :
comportamento dos agentes de forma
individualizada.
 Modelos de agência sobre o controle (exante e ex-post) e consequências das
assimetrias de informação.
 Modelização do tempo (taxa de desconto;
taxa de desconto social)

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Preferências intertemporais
Future
Consumption
(t=1)
U1 > U2 > U3
U1
U2
U3
Consumption Today (t=0)
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Preferências intertemporais
Future
Consumption
(t=1)
U1
U2
U3
Consumption Today (t=0)
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Poupança: Emprestar e pedir emprestado
C’’1 = C’’0 (1+R)
Future Consumption (t=1)
C’1 = C’0 (1+R)
C1 = C0 (1+R)
Slope of Savings Lines = -(1+R)
C0
C’0
Carlos Arriaga Costa
C’’0
Consumption
Today (t=0)
19
Paradigmas do envelhecimento
(Attias-Donfut & Arber, 2000)

Paradigma do ‘Welfare generations’
Fase de vida Activo ou productivo versus não
produtivo:
definição de produtividade  todas as
actividades que adicionam stock e fluxo de
bens e serviços de valor (acrescentado).
No conceito de produtividade as pessoas
mais velhas são um fardo para a sociedade?
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20

Paradigma de ‘Family generations’
– Relações e transferências entre os mais novos e os
indivíduos mais velhos.
– Aging well / Active ageing / ‘Productive’ ageing:
productivity  adds to the stock and flow of valued
goods and services, even if the product is not
actually paid for
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21
Tipos de transferencia :


Financeira; socio-economica
Integração social e familiar 
Frequencia e qualidade de contactos
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Expectativas sobre transferências
familiares intergerações :


Populações mais velhas e não
empregadas são mais envolvidas em
interacções sociais com as populações
mais novas (ao nível social, instrumental
emocional e de apoio).
&
Gerações mais novas têm menos tempos
mas providenciam aos mais velhos um
apoio financeiro.
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Impostos e o processo de
redistribuição do rendimento
Um imposto sobre o rendimento é geralmente incidido
quer sobre o trabalho quer sobre o capital . Enquanto
que carga fiscal incide fundamentalment sobre os
rendimentos do trabalho nas populações mais velhas
incide fundamentalmente sobre poupanças acumuladas,
sob a forma de impostos sobre os capitais.
Existem dois tipos de conflitos na determinação do
imposto sobre rendimentos: O conflito intra-geracção
entre ricos e pobres e o conflito inter-geracão entre
novos e velhos.
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Modelo inter gerações

Cada geração vive em dois períodos: no primeiro periodo da vida
cada indivíduo investe em capital humano e no trabalho; no
segundo periodo da vida o indivíduo reforma-se.

Na primeira parte da vida o seu rendimento é considerado de 1
(uma simplificação do modelo).
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25

No modelo há dois tipos de trabalhadores, caracterizados
por uma caracteristica que é o tempo necessário para a
sua formação. Trabalhadores do tipo I que decidem
investir
na sua formação e os trabalhadores do tipo II eque

1
não investiram em formação.

Uma vez que um indivíduo decide adquirir formação e
assim produzir x unidades de qtrabalho
efectivo. Os
l
trabalhadores do tipo II são não qualificados e produzem
apenas Y (<x) unidades de trabalho efectivo.
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26

A função de produção é linear no trabalhoL e capital :
(1)
Y  wL  rK
Onde Y é a produção bruta. A taxa salarial, w, e a taxa de
renda do preço do capital, K , são determinados pelas
condições de produtividade marginal.
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Equilíbrio político económico
Uma taxa de imposição é determinada para a maioria da
população (novos e velhos).

Equilíbrio Type I : equilíbrio racional miópico (RME):
Politicas futuras são consideradas como um dado.

Equilíbrio Type II : Equilibrio racional de observação á
posteriori (RFE): Os indivíduos tomam em consideração
as respostas às políticas futuras considerando as políticas
actuais (Krusell e Rios-Rull (1999).
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Equilibrio racional de observação á
posteriori (RFE)
As decisões de voto presentes afectam as
decisões das poupanças correntes. Por sua vez,
estas decisões afectam a votação no período
seguinte e por ai fora. Os indivíduos assumem
tomadas de decisão em cadeia.
Isto é, os indivíduos internalizam a ligação entre
as decisões de votação corrente e as decisões
de votação no periodo seguinte.
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
Comparação entre equilíbrios Non RME e RME :
a.
No RME (miópico) o efeito do envelhecimento na taxa de
imposição é zero (solução de canto). O regime de imposto sobre
os rendimentos dos mais velhos faz diminuir a taxa de imposição.
O regime de imposto sobre os capitais na população envelhecida
faz aumentar a taxa de imposição.
O efeito da idade nos níveis de utilidade dos diferentes grupos
de rendimento e etários são :
No regime de imposto sobre o rendimento, a idade tem efeitos
semelhantes em todos os regimes de imposto da população
qualificada mais nova e na mais velha não qualificada mas com
efeitos opostos na população mais nova não qualificada e na
população mais velha qualificada.
No regime de imposto sobre o capital, a idade tem efeitos
semelhantes na população mais velha mas com efeitos opostos
sobre os mais novos.
b.
Carlos Arriaga Costa
30
Observações finais


a.
Comparação entre o imposto sobre capitais e imposto sobre os
rendimentos:
A idade faz diminuir a taxa de imposição no que respeita à taxa
de imposição sobre o rendimento mas aumenta a taxa de
imposição no imposto de capital.
A idade faz diminuir o nível de utilidade da população mais nova
qualificada e não qualificada; enquanto que aumenta a utilidade
da população mais velha não qualificada em ambos os regimes de
imposição; A idade faz aumentar o nível de utilidade da
população mais velha não qualificada em ambos os regimes de
imposição; O nível de utilidade da população mais velha
qualificada aumenta no que respeita ao imposto sobre
rendimentos mas este nivel de utilidade diminui no regime de
imposição sobre o capital.
Carlos Arriaga Costa
31
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taxa social de actualização